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Formas de organização e estrutura da Via Campesina

INTRODUÇÃO 23 CAPÍTULO 1 QUESTÃO AGRÁRIA, LUTA PELA REFORMA AGRÁRIA E

CAPÍTULO 3. A FORMAÇÃO DA VIA CAMPESINA NO BRASIL E SUAS AÇÕES TERRITORIAIS

1. QUESTÃO AGRÁRIA, LUTA PELA REFORMA AGRÁRIA E MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO BRASILEIRO

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA FORMAÇÃO DA VIA CAMPESINA

2.2.1 Formas de organização e estrutura da Via Campesina

A estrutura interna da Via Campesina é organizada em 4 grupos, conforme o organograma 1: a Conferência Internacional (CI), o Comitê Coordenador Internacional (CCI), os Escritórios Regionais (ER) e a Secretaria Operativa Internacional (SOI).

De acordo com Fernandes (2012) a Conferência Internacional (CI) é o principal órgão da Via Campesina por ser nessa que se delibera as políticas e estratégias do movimento, reunindo-se a cada 4 anos em lugares diferentes a fim de atingir todas as regiões. O movimento realizou ao todo seis CIs sendo a última em Jacarta na Indonésia em junho de 2013.

O Comitê Coordenador Internacional (CCI) é escolhido a cada CI, sendo as 8 regiões representadas por um coordenador e uma coordenadora, de distintos movimento com intuito de dividir as responsabilidades, totalizando 16 membros. O comitê reúne-se duas vezes por ano. Em caso de problema e necessitar consultar demais membros da Via Campesina, buscam-se primeiramente contatar os membros da CCI e depois a coordenação regional. De acordo com Desmarais (2013)

Fora da Conferência Internacional, a CCI é o órgão coordenador e decisório principal da Via Campesina. Todas as decisões mais importantes feitas através de consulta aos seus dezesseis membros. Em se tratando de problemas fundamentais, o processo de consulta vai além da CCI, porque cada coordenador regional deve refletir as necessidades, preocupações e decisões das organizações da sua região. É somente por meio de processos de consulta e comunicação intensos que os coordenadores regionais obtêm um mandato regional para apresentar posições e resoluções para a CCI (p.36)

Já os Escritórios Regionais (ER) possibilitam as relações e as articulações em cada região, denominado de “trabalho central” da Via Campesina. E por fim, a Secretaria Operativa Internacional (SOI) é responsável pela comunicação e pelo cumprimento das resoluções políticas. Dentro dessa estrutura ligam-se os movimentos de bases camponesas na organização. Por sua vez, estes proporcionam a forma necessária para engrenar a Via Campesina. A secretaria operativa é rotativa e, portanto, o movimento não possui de uma sede fixa. Por exemplo, na II Conferência da Via Campesina, em 1996 a Asociación de Organizaciones Campesinas Centroamericanas para la

Cooperación y el Desarrollo (ASOCODE)58, de Honduras, foi estabelecida como a secretaria operativa, pois segundo Vieira (2011), deve-se pela sua experiência regional na articulação59. Como dirigente foi escolhido Rafael Alegria que participou durante 8 anos na Via Campesina. Em 2004, na IV Conferência a secretaria operativa foi alterada para Jacarta na Indonésia, tendo uma mudança de secretaria da América para a Ásia60. O objetivo dessa mudança era iniciar uma participação dos movimentos e organizações da África e para conseguir aproximá-los da Via Campesina.

58Segundo Vieira (2011) e Eldeman (2003) a Asocode existiu entre 1991 e 2001 e foi uma das

principais articulações camponesas da América Central, tanto que tornou-se sozinha a Via Campesina Centroamérica.

59 Batista (2013) aponta que antes da criação da Secretaria Operativa Internacional a Via

Campesina teve como sede de secretaria a Bizkaia da Organização EHNE - Euskal Herriko Nekazarien Elkartasuna.

60 Desmarais (2013) explica que não houve uma rotatividade da Secretaria Operativa, na III

Conferência, por conta de uma possível divergência interna do movimento candidato da Índia,a Karnataka Rajya Raitha Sangha (KRSS).

Buscando compreender a evolução de organização e estrutura da Via Campesina com a finalidade de vermos as diferenças e mudanças ao longo do tempo, recorremos a Martinez-Torres e Rosset (2010). Os autores sistematizam 5 estágios sobre a formação e evolução da Via Campesina. Nestes estágios, os autores marcam um momento anterior a criação da Via Campesina em 1993 até o período de 2010.

Martinez-Torres e Rosset (2010) entendem que o início do estágio da formação da Via Campesina está entre 1980 a 1990, quando a ideia de criação do movimento passa a se diferenciar das ONG’s. O segundo estágio é 1993-1999 que marca a oficialização da Via Campesina e participação nos debates internacionais. No terceiro estágio de 2000-2003, apresenta a Via Campesina disputando o cenário internacional pela representação dos camponeses para assumir um papel de liderança nas lutas globais. No quarto estágio de 2004-2008, a Via Campesina fortalece a estrutura interna, ou seja, fortalece as relações locais. No quinto estágio, de 2008 a 2010, a Via Campesina insere em sua luta a questão de gênero e neste momento define mais claramente ser oposta e combater às corporações transnacionais.

A partir de 1996 a Via Campesina amplia suas organizações membros para 69, sendo estas de 27 países diferentes. Neste momento a Via Campesina apresenta uma estrutura mais definida com o fortalecimento interno com a CLOC (Coordinadora Latino Americana de Organizaciones del Campo). Este período ainda marca o debate sobre as ONGs, que foi um importante espaço para confirmar a relação conflituosa entre o movimento e as organizações sociais. Outro ponto marcante é a inserção da ideia de soberania alimentar, pelo qual, se tornou a principal bandeira do movimento camponês.

Entre 2000 a 2003 ocorre o ápice da Via Campesina ao se destacar no cenário internacional e desafiar as organizações internacionais. A Via Campesina passou a participar de inúmeras manifestações e da organização e participação de várias edições do Fórum Social Mundial (FSM) cujo momento foi decisivo para a Via Campesina ser reconhecida em escala mundial (MARTINEZ-TORREZ; ROSSET, 2010; VIEIRA, 2011).

No período de 2004 a 2008, o movimento fortalece internamente com uma reformulação em sua organização, conforme apresentaremos na próxima seção. O IV congresso do movimento realizado no Brasil na cidade de Itaici, em São Paulo, foi um momento para reavaliar a estrutura e a organização interna do movimento. De acordo com Martinez-Torrez e Rosset (2010, p.164, tradução nossa)

La Vía Campesina percebe que o espaço político externo que tem ocupado a nível internacional é desproporcionalmente grande em comparação com o seu próprio grau de desenvolvimento político e de organização interna, que, em certo sentido, tem sido mais bem sucedido do que o esperado, e ficou à frente de si mesmo. Assim, a decisão é feita para se concentrar em aproximar-se internamente, dando um esforço extra para formação interna para as organizações membros, no fortalecimento de mecanismos operacionais e na construção de secretarias regionais para garantir o envolvimento regional e local sustentado. Este é um desafio fundamental, assim como algumas organizações são muito mais fracos do que outros.

Como reconhecem os autores, a organização internacional da Via Campesina foi maior do que a organização interna do movimento. Assim, o movimento buscou fortalecer a formação do movimento, nos mecanismos operacionais e na articulação de contatos. Neste ponto vemos uma consideração da Via Campesina com sua ação e organização em escala local e regional que embora o cerne do movimento seja atuar em escala internacional, tem-se o reconhecimento de fortalecer seus pontos, ou seja, suas escalas – local, nacional e internacional.

Dentro das mudanças da organização do movimento destaca-se o fortalecimento do CCI, a rotação da secretaria do movimento a cada 4 anos para alterar seu local de funcionamento, a utilização da mística dentro dos movimentos internos e a busca da formação de lideranças em escola de formação.

Nesta época foi criada uma série de comissões temáticas tendo o homem e a mulher com um representante de cada uma das nove regiões. Segundo Martinez-Torres e Rosset (2010, p.166, tradução nossa) as comissões formadas eram as seguintes:

(i) Reforma Agrária, (ii) a Soberania Alimentar e Comércio, (iii) Biodiversidade e Recursos Genéticos, (iv) Mudança do Clima e Agricultura Camponesa,(v) os Direitos Humanos, (vi) Sustentável

Agricultura Camponesa, (vii) Migração e Trabalhadores rurais, (viii) Mulheres e Gênero Paridade, (ix) Educação e Formação, e (x) Juventude.

De acordo com Vieira (2011) cada organização deve participar de pelo menos uma comissão temática, contudo, sua inserção deve ser dentro de sua área de atuação. Para Geraldo Fontes (apud Vieira, 2008, p.150) o MST participa da comissão de reforma agrária e o MPA na Soberania Alimentar61.

Outro ponto é a criação das campanhas globais que o movimento passou a participar como a “Campanha Global pela Reforma Agrária”, “Sementes: Patrimônio do Povo Rural a Serviço da Humanidade”, a “Campanha para acabar com todas as formas de violência contra as Mulheres”, e a “Campanha para uma Carta Internacional de Direitos dos camponeses”. Estes pontos serão reforçados em outro momento quando discutirmos as Campanhas Mundiais da Via Campesina.

A partir de 2008, o movimento amplia e renova suas ações com a incorporação de outros temas como a questão de gênero, capitalismo e corporação transnacional. Para Martinez Torres e Rosset (2010) neste ano ocorreu a V Conferência da Via Campesina em Maputo próximo a Moçambique na África, cujo momento permitiu a aproximação dos movimentos desta região para tornarem-se membros da Via Campesina. Neste momento, viveu-se numa crise de alimentos o que levou a questionar-se na Conferência os reais problemas que originaram a crise e, como consequência, definiu que o capitalismo seria o problema central62. Outro ponto acordado nesse espaço foi que as corporações transnacionais são o principal inimigo dos camponeses e, em consequência, criou-se uma comissão específica para fazer uma campanha contra as corporações transnacionais. De acordo com Batista (2013) no mesmo momento da Conferência ocorreu a III Assembleia de Mulheres e a II

61 Não é comentado por Vieira (2011), e por nenhum outro pesquisador ou nem no próprio site

da Via Campesina e dos movimentos articulados, a participação dos demais movimentos ou organização nas comissões. Contudo, podemos especular que a o MMC participa da comissão de gênero, a PJR da juventude e o MAB nos direitos humanos.

62 Nesta época a ideia de soberania alimentar foi ampliada buscando enfatizar o capitalismo

Assembleia da Juventude da Via Campesina e no final dos eventos foi elaborado uma carta declarando o apoio do movimento contra a opressão contra a mulher e lançaram a Campanha “Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres”. A seguir um trecho da Declaração de Maputo63 que destaca a importância deste tema:

Um tema ficou muito claro em nossa V Conferência: que todas as formas de violência que enfrentam as mulheres em nossas sociedades – entre elas a violência física, a econômica, a social, a machista, a de diferenças de poder, e cultural – estão também presentes nas comunidades rurais e por fim em nossas organizações. [...] Por isso, na V Conferência tomamos a decisão de romper o silêncio e lançamos a Campanha da Via Campesina “Pelo Fim da Violência Contra As Mulheres” (não paginado).

A temática da questão de gênero já vinha sendo discutida no movimento desde 1996 (VIEIRA, 2008) e a campanha foi uma forma de conscientizar a sociedade e realizar ações fixas sobre o assunto. Ainda neste capítulo traremos a abordagem sobre a temática de gênero e da campanha sobre as mulheres.

A Via Campesina afirma que sua estrutura é organizada de forma horizontal, ou seja, sem hierarquias internas, a fim de garantir a participação de todos os movimentos articulados nas deliberações políticas.

A estrutura organizativa [...] demonstra alguns aspectos de seus princípios de coletividade e horizontalidade, onde se tenta evitar as hierarquias internas. Segundo uma entrevista realizada com Egídio Brunetto, Vieira (2011), houve inicialmente algumas disputas internas para se que sua estrutura organizativa fosse vertical, como uma Federação Internacional. Entretanto houve uma compreensão comum de todas as regiões que compõem a VCI que esta estrutura organizativa deveria ser altamente coletiva. “Ela tem que ser coletiva, participativa e democrática. (Entrevista com Egídio Brunetto em 23/mar/2007)” (VIEIRA, 2011, p. 202). As experiências concretas dos movimentos servem de base para a construção da articulação internacional, desde os países e para além dos países e da luta corporativa local (BATISTA, p.90).

63 Disponível em: < http://viacampesina.org/en/index.php/our-conferences-mainmenu-28/5-

A estrutura em escala global da Via Campesina foi essencialmente baseada na estrutura da CLOC, com a CCI e a coordenação regional por cada região (MARTINEZ- TORRES; ROSSET, 2010, p.157). A saber, a CLOC (200?, não paginado) é :

[...] é uma instância de articulação continental com 16 anos de compromisso constante com a luta social e que representa os movimentos camponeses, os trabalhadores e trabalhadores, indígenas e afro-descendentes de toda a América Latina. Atualmente, contamos com 84 organizações de 18 países da América Latina e do Caribe que constituem uma força social de mobilização presente em todos os espaços que ofereçam propostas alternativas a nível do nosso continente.

A criação da CLOC foi oficializada em 1994 e esta organização foi responsável por ajudar a consolidar a organização da Via Campesina, cujo momento aconteceu em 1996. Ou seja, mesmo que a Via Campesina tenha sido oficializada no ano anterior da criação da CLOC, ou seja, em 1993, a sua estrutura somente foi solidificada em 1996 com a experiência da CLOC (DESMARAIS, 2013; MARTINEZ, TORREZ, ROSSET, 2010). De acordo com a Desmarais, (2013) a CLOC foi formulada após a realização de diversos intercâmbios entre os movimentos camponeses da América do Sul na região e para outros lugares, trocando experiências e enrijecendo seus contatos. Outro fato relevante, é que a experiência da estrutura da CLOC para a Via Campesina demonstra a forte relação com a América Latina. Podemos afirmar que a Via Campesina sem os movimentos e organizações da América Latina, certamente, não teriam a mesma pertinência e desempenho no cenário mundial e nas lutas sociais. Atualmente, a função da CLOC na Via Campesina é de coordená-la em escala continental.

A estrutura da Via Campesina é extremamente ampla podendo nos momentos importantes de decisão sofrer com a extensa e sinuosa composição para resolver a questão rapidamente. Para Paul Nicholson, ex-coordenador da Via Campesina e membro da Coordenação Camponesa Europeia (CPE), a saída para este problema foi determinar a consulta e responsabilização por coordenadores, “[...] facilitadas pela estrutura bem definida e por processos de representação e decisão democráticos” (DESMARAIS, 2013, p.36). Isto é, os coordenadores possuem uma autonomia em

algumas situações para não precisar esperar a organização dos espaços de decisão como Encontros, Assembleia ou Congresso. A consulta facilita a rapidez de decisão entre os coordenadores que buscam de forma ágil decidir algumas situações. Um movimento mundial como a Via Campesina, extremamente diversificada em relação a quantidade de movimentos e de pessoas, têm como dificuldade em manter o funcionamento e a eficiência de suas estruturas administrativas. Desmarais (2013, p.36) reconhecendo esta dificuldade na organização do movimento, afirma o seguinte:

Em se tratando de problemas fundamentais, o processo de consulta vai além da CCI, porque cada coordenador regional deve refletir as necessidades, preocupações e decisões das organizações da sua região. É somente por meio de processos de consulta e comunicação intensos que os coordenadores regionais obtêm um mandado regional para apresentar posições e resoluções para a CCI. Para as organizações da Via Campesina, as regiões são pontos cruciais de intersecção entre as comunidades e as lutas nacionais e internacionais (p.36).

Assim, o movimento vem intensamente preparando os militantes nos congressos, encontros, oficinas e entre outros buscando sempre fortalecer a identidade e o sistema de comunicação construindo uma unidade na diversidade de lutas (DESMARAIS, 2013).

Por isto, a Via Campesina argumenta que a principal forma de garantir o funcionamento da organização é com o fortalecimento da escala regional e local das organizações. Não obstante que o movimento tenha em seu cerne a internacionalização, a escala local é extremamente importante conforme comprovaremos com o caso da Via Campesina no Brasil.

Outra citação que demonstra a importância da regionalidade na Via Campesina é destacada por Martinez-Torres e Rosset (2010, p.164, tradução nossa):

La Vía Campesina percebe que o espaço político externo que tem ocupado a nível internacional é desproporcionalmente grande em comparação com o seu próprio grau de desenvolvimento político e de organização interna, que, em certo sentido, tem sido mais bem sucedido do que o esperado, e ficou à frente de si mesmo. Assim, a decisão é feita para se concentrar em aproximar-se internamente, dando um esforço extra para formação interna para as organizações

membros, no fortalecimento de mecanismos operacionais e na construção de secretarias regionais para garantir o envolvimento regional e local sustentado. Este é um desafio fundamental, assim como algumas organizações são muito mais fracos do que outros. Na Quarta Conferência realizada em Itaici, perto de São Paulo, Brasil, em junho de 2004, a ênfase adicional foi colocado a trabalhar nos mecanismos internos do movimento, e no fortalecimento de suas organizações membros. Muitos novos membros foram adicionados, especialmente da Ásia, mas também nomeadamente da África. O Comitê Internacional de Coordenação já existente é ainda mais consolidado, a decisão feita é para rodar a Secretaria Operacional Internacional de Honduras para a Indonésia, um salto qualitativo foi tomado com o papel da mística [...] como uma espécie de cola social dentro da La Vía Campesina, e a decisão é tomada para enfatizar a política interna e treinamento de liderança para fortalecer as organizações membros.

Para os autores, a rotação dos coordenadores mostra a força do movimento a partir da coletividade e funciona para reduzir o individualismo, a personificação das lideranças e até de um clientelismo dos líderes do movimento com alguma empresa, presidente ou partido político que possam desvirtuar ou comprometer a luta do movimento. Conforme relatam os autores, esses aspectos eram comuns nas antigas gerações dos movimentos camponeses e a criação da Via Campesina buscou exatamente evitá-la, favorecendo então a coletividade.

Borras Junior (2005) ao analisar a estrutura organizativa da Via Campesina reflete o seguinte:

As estruturas organizacionais são mecanismos importantes para promover (ou não) a representatividade e responsabilidade dentro de um movimento, e assim como entre um movimento e outras partes interessadas. Neste sentido, a Via Campesina identifica sua assembleia geral com o organismo superior responsável pela formulação de políticas, com o poder de delinear os princípios e campanhas da Via Campesina, assim como de decidir sobre a admissão de novos membros. Entre as assembleias, o poder depende do Comitê de Coordenação Internacional (CCI), composto por representantes das sete64 regiões abrangidas pela Via Campesina.

Recentemente, Via Campesina decidiram duplicar o número de membros do ICC e solicitou que cada região participe nela com duas pessoas (um homem e uma mulher), como parte da política interna da Via Campesina de gênero. Abaixo da ICC, estão os vários grupos de coordenação regional. Então, Via Campesina atribui importância à

64 O texto de Borras Junior (2004) foi publicado em 2004 e nesta época a Via Campesina estava

apenas em 7 continentes. O continente da África ingressou na Via Campesina na V Conferência, em Maputo, no ano de 2007. Totalizando a espacialização da Via Campesina em 8 continentes como mencionado anteriormente.

natureza das estruturas organizacionais [...] (BORRAS JUNIOR, 2005, p.25)

Este trecho comprova que a Via Campesina considera relevante as estruturas organizacionais. Com esse trecho de Borras Junior (2005) demonstra que a estrutura organizativa da Via Campesina é usada pela própria estrutura dos movimentos articulados, portanto, a dependência das articulações nacionais é responsável por dar força e sustentação na organização da Via Campesina Internacional.