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Neste tópico, propõe-se a formulação de hipóteses a partir da revisão da literatura e dos resultados dos estudos empíricos localizados. Para Hair et al. (2009), o pesquisador pode enunciar hipóteses baseadas em estudos precedentes que mantenham conexões similares. De acordo com os autores, considera-se hipótese como sendo “um enunciado geral de relações entre as variáveis (fatos, fenômenos), [...] uma reposta suposta, provável e provisória” (HAIR et al., 2009, p.110-1).

Hipótese 1:

Evidências empíricas sinalizam que as maiores organizações possuem uma extensão de divulgação de informações mais ampla, pois acredita-se que estas organizações tendem a receber uma atenção maior da sociedade, dos órgãos reguladores, imprensa e analistas. Os custos de publicação geralmente são menores, uma vez que se acredita que já existe a circulação interna da informação. Assim, as exigências de acionistas e/ou demais interessados pelas atividades da organização

podem contribuir para uma maior transparência de informações, com o intuito de atrair mais investimentos a custos de capital menor. Enquanto isso, empresas menores poderiam relutar em divulgar informações completas em razão de desvantagens competitivas. (RAFFOURNIER, 1995; SANTOS; PONTE; MAPURUNGA, 2014; ROVER; SANTOS, 2014; ROVER; MURCIA; MURCIA, 2015; AHMED; COURTIS, 1999; PEREIRA, 2012). Assim sendo, propõem-se a seguinte hipótese:

H1: Existe uma relação positiva entre o tamanho da mantenedora de IES

privada em termos de ativo total médio e uma maior extensão na divulgação de informações nas demonstrações contábeis.

Hipótese 2:

Uma lucratividade maior sugere uma relação positiva com o grau de divulgação de informações pelas organizações em suas demonstrações contábeis, uma vez que essas organizações estariam propensas a explorar esse fato positivo da sua gestão. Contudo, os achados empíricos estão associados de forma conflitante, ou seja, ao mesmo tempo em que alguns estudos encontram uma associação positiva (CUNHA; RIBEIRO, 2007), outros revelam uma associação fraca (RAFFOURNIER, 1995) ou nenhuma (MAPURUNGA; PONTE; HOLANDA, 2014; PEREIRA, 2012) ou, ainda, uma relação negativa entre a rentabilidade e a divulgação de informações. (MACAGNAN, 2009). De qualquer forma, esse estudo espera uma relação positiva entre a lucratividade e um maior grau de transparência nas demonstrações contábeis divulgadas. Dessa forma, propõem-se a seguinte hipótese de pesquisa.

H2: Existe relação positiva entre o nível de transparência de informações

contábeis e a rentabilidade da mantenedora de IES privada.

Hipótese 3:

Segundo Macagnan (2009), quanto maior o grau de endividamento total de uma organização, maior será a necessidade de evidenciação, na tentativa de reduzir a assimetria de informação entre credor e proprietário, justificando o endividamento. Estudos relativos a este tema encontraram uma associação positiva entre o grau de

endividamento e o nível de transparência. (MACAGNAN, 2009; AHMED; COURTIS, 1999). No entanto, os achados empíricos são controversos. Diversos estudos localizados encontraram uma relação negativa entre o endividamento total e a divulgação de informações nas demonstrações contábeis (MURCIA; SANTOS, 2009; CUNHA; RIBEIRO, 2007; LIMA; PEREIRA, 2011; ROVER; SANTOS, 2014; RAFFOURNIER, 1995; PEREIRA, 2012; SOUZA; ALMEIDA, 2017). Dessa forma, coloca-se a seguinte hipótese:

H3: Em razão dos achados conflitantes em pesquisas anteriores, este

estudo não pré-estabelece uma relação entre a alavancagem e uma extensão na divulgação de informações pelas mantenedoras de IES privadas em suas demonstrações contábeis.

Hipótese 4:

As mantenedoras de IESSFL prestam serviços à sociedade de forma gratuita para cumprirem os requisitos do disclosure obrigatório e voluntário. Nesse sentido, o estudo de Lima e Pereira (2011) encontrou evidências positivas de uma maior divulgação de informações em relação ao volume de gratuidades concedidas. O estudo realizado por Pacheco, Macagnan e Seibert (2016) mostrou uma relação positiva entre a evidenciação de informações ao público de interesse de organizações do terceiro setor e a divulgação do número de pessoas atendidas e organizações apoiadas ou beneficiadas. Dessa forma, surge a seguinte hipótese:

H4: O nível de evidenciação de informações nas demonstrações contábeis

das IESSFL tem uma relação positiva com o volume de recursos aplicados em gratuidades.

Hipótese 5:

Vários estudos foram conduzidos utilizando a variável tamanho da empresa de auditoria para explicar a extensão da divulgação de informações, porém com resultados divergentes. Alguns estudos encontraram uma associação positiva entre tamanho da empresa de auditoria e o nível de divulgação (DeANGELO, 1981; RAFFOURNIER, 1995;

MAPURUNGA; PONTE; HOLANDA, 2014; ROVER; SANTOS, 2014), enquanto outros estudos obtiveram resultado parcial (ROVER; MURCIA; MURCIA, 2015) ou não encontraram qualquer associação (MURCIA; SANTOS, 2009).

Petrovits, Shakespeare e Shih (2011), a partir dos achados em seu estudo, acrescentam que as maiores organizações sem fins lucrativos, por terem mais acesso a recursos, serem melhor organizadas, terem uma gestão mais profissionalizada e melhores controles internos, tendem a contratar grandes firmas de auditoria (BigN), o que contribui para divulgarem menos opiniões com ressalva nos em seus relatórios. Isso vai ao encontro do fato de que as grandes firmas de auditoria tendem a fazer contratos com as grandes entidades do setor. (PETROVITS; SHAKESPEARE; SHIH, 2011). DeAngelo (1981) complementa, afirmando que as maiores firmas de auditoria podem fornecer uma melhor qualidade de serviços, pois a autora entende que quanto maior a firma de auditoria, menor será o incentivo para um comportamento oportunista. Surge, dessa forma, a seguinte hipótese de pesquisa.

H5: Mantenedoras de IES privadas auditadas por empresas de auditoria

pertencentes ao grupo das BigN apresentam maior nível de transparência em suas demonstrações contábeis divulgadas.

Hipótese 6:

A localização geográfica da mantenedora pode interferir para uma maior divulgação de informações em suas demonstrações contábeis. (PEREIRA, 2012). Em seu estudo sobre a divulgação de informações para conformidade às normas de mantenedoras de IESSFL, Pereira (2012) encontrou uma associação significativa e positiva para as entidades localizadas na região sudeste do Brasil. Surge assim, a seguinte hipótese de pesquisa.

H6: A localização geográfica da mantenedora de IES privada interfere

positivamente na divulgação de informações de natureza obrigatória e voluntária em suas demonstrações contábeis.

Apresenta-se no Quadro 2, um resumo das hipóteses formuladas a serem testadas nesta proposta de estudo e o sinal esperado.

Quadro 2 – Quadro resumo das hipóteses propostas

HIPÓTESES FORMULADAS E RELAÇÃO ESPERADA

Variável Mensuração Sinal esperado

H1 TAM LN do Ativo Total médio (+)

H2 RENT ROE Médio (+)

H3 END Passivo Exigível Total médio / Ativo total médio (+ ou -)

H4 GRAT LN Gratuidade Total média – IESSFL (+)

H5 AUD Dummy – BigN (+)

H6 LOCAL Dummy – Região Sudeste (+)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Uma vez formuladas as hipóteses para este estudo, serão apresentados, no próximo capítulo, os procedimentos metodológicos.

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Para Marconi e Lakatos (2010), o método científico reúne um conjunto de atividades sistemáticas e racionais que contribuem para o alcance do objetivo da pesquisa, detectando erros e auxiliando nas decisões do pesquisador. A observação científica, aliada ao raciocínio, busca compreender a relação entre a causa e a natureza íntima das coisas. O método ou os vários métodos utilizados na pesquisa ajudam o pesquisador a atingir seu objetivo, racionalizando recursos e tempo e fornecendo segurança na ação. (SILVA, 2008).

Até o século XVI, os fenômenos naturais eram explicados por potências sobrenaturais e ou religiosas, estabelecendo o acesso ao conhecimento dos homens por meio de revelações divinas, sem crítica dos mesmos. A partir de então, o homem busca não mais a causa absoluta ou a natureza íntima das coisas, mas sim, procura compreender a relação entre elas por intermédio da observação científica aliada ao raciocínio. (MARCONI; LAKATOS, 2010).

Com a apresentação da amostra da pesquisa num primeiro plano, abordam-se, na sequência, os procedimentos metodológicos utilizados para alcançar os objetivos deste estudo.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

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