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A função de administração financeira

Profissionais de todas as áreas de responsabilidade em cada empresa precisam interagir com o pessoal e os procedimentos de finanças para desempenhar suas tarefas. Para que o pessoal de finanças possa fazer previsões e tomar decisões úteis, devem estar dispostos e habilitados a conversar com colegas de outras áreas. Por exemplo, ao avaliar um novo produto, o gerente financeiro precisa obter da equipe de marketing previsões de vendas, diretrizes de precificação e estimativas de publicidade e promoção. A função de administração financeira pode ser genericamente descrita por meio de seu papel na organização, de sua relação com a teoria econômica e as ciências contábeis e das principais atividades do administrador financeiro.

Estrutura da função financeira

O porte e a importância da função de administração financeira dependem do tamanho da empre- sa. Nas pequenas, essa função costuma ser realizada pelo departamento de contabilidade. À medida que a empresa cresce, ela naturalmente evolui para um departamento em separado que se reporta ao presidente executivo por meio do principal executivo financeiro (CFO). A parte inferior do organogra- ma apresentado na Figura 1.1 mostra a estrutura da função de finanças de uma empresa comum de médio ou grande porte.

Cargo Descrição

Analista financeiro Sua principal tarefa é preparar os planos financeiros e orçamentos da empresa. Suas responsabilidades também incluem projeções e comparações financeiras e trabalho em contato próximo com a contabilidade.

Gerente de investimentos de capital Avalia e recomenda propostas de investimento de longo prazo. Pode envolver-se com os aspectos financeiros da implantação de investimentos aprovados.

Gerente de project finance Em grandes empresas, obtém financiamento para os investimentos de capital aprovados. Coordena consultores, bancos de investimento e assessores jurídicos. Gerente de caixa Mantém e controla os saldos diários de caixa da empresa. Com frequência,

gerencia as atividades de recebimento e pagamento e as aplicações financeiras de curto prazo; coordena o financiamento de curto prazo e as relações com bancos.

Analista/gerente de crédito Aplica a política de crédito da empresa, avaliando solicitações, concedendo crédito e tratando da cobrança de contas a receber.

Gerente de fundo de pensão Nas grandes empresas, supervisiona ou administra os ativos e passivos do fundo de pensão dos funcionários.

Gerente de operações de câmbio Gerencia operações internacionais específicas e a exposição da empresa a flutuações de taxas de câmbio.

Oportunidades de carreira em administração financeira

T

ABELA

1.3

8 Princípios de administração financeira

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Reportam -se ao CFO o tesoureiro e o controller. O tesoureiro (principal administrador financeiro) costuma ser responsável por atividades relacionadas a capital, como planejamento financeiro e captação de fundos, tomada de decisões de investimento de capital, gestão de caixa, gestão de atividades creditícias, gestão de fundos de pensão e gestão de câmbio. O

controller (principal contador) geralmente lida com atividades contábeis, como a contabilida-

de empresarial, gestão tributária, contabilidade financeira e contabilidade de custos. O foco do tesoureiro tende a ser mais externo, e o do controller, mais interno. As atividades do tesoureiro,

ou administrador financeiro, são o principal tema deste livro.

Se compras ou vendas no exterior forem importantes para a empresa, ela pode empregar um ou mais profissionais de finanças dedicados a monitorar e gerenciar a exposição a perdas causadas por flutuações da taxa de câmbio. Um administrador financeiro bem treinado pode fazer hedge (isto é, criar uma proteção contra tais perdas) a um custo razoável, por meio de diversos instrumentos financeiros. Esses gerentes de câmbio costumam reportar -se ao tesoureiro.

Relação com a economia

O campo das finanças está intimamente associado ao da teoria econômica. Os adminis- tradores financeiros precisam entender o arcabouço da economia e estar alertas para as con- sequências de níveis variáveis de atividade econômica e de mudanças de política econômica. Também precisam saber usar as teorias econômicas como diretrizes para uma operação efi- ciente da empresa. Alguns exemplos disso são análise de oferta e demanda, estratégias de maximização de lucros e a teoria de preços. O principal princípio econômico usado na admi- nistração financeira é o da análise marginal custo -benefício, segundo o qual decisões finan- ceiras devem ser tomadas e atos têm de ser praticados somente quando os benefícios adicionais superarem os custos adicionais. Quase todas as decisões financeiras se referem, em última análise, a uma avaliação de seus benefícios e custos marginais.

EXEMPLO

Jamie Teng é administradora financeira da Nord Department Stores, uma grande rede de lojas

de departamentos de luxo concentrada principalmente no Oeste dos Estados Unidos. Atualmente ela está decidindo se substituirá um dos computadores da empresa por outro mais novo e sofis- ticado, que aceleraria o processamento e permitiria operar um volume maior de transações. O novo computador exigiria o desembolso de $ 80.000 e o antigo poderia ser vendido por $ 28.000 líquidos. Os benefícios totais com a nova aquisição (medidos em moeda atual) seriam de $ 100.000. Os benefícios produzidos pelo computador antigo no mesmo período (em moeda de hoje) seriam de $ 35.000. Aplicando a análise marginal, Jamie organiza os dados da seguinte maneira:

Benefícios com o novo computador $ 100.000 Menos: benefícios com o computador antigo 35.000

(1) Benefícios marginais (adicionais) $ 65.000 Custo do novo computador $ 80.000

Menos: lucro líquido com a venda do computador antigo 28.000

(2) Custos marginais (adicionais) 52.000 Benefício líquido [(1) – (2)] $ 13.000

Como os benefícios marginais (adicionais) de $ 65.000 superam os custos marginais (adicio- nais) de $ 52.000, Jamie recomenda a compra do computador novo para substituição do antigo. A empresa terá um benefício líquido de $ 13.000 com essa decisão.

Relação com a contabilidade

As atividades de finanças (tesoureiro) e contabilidade (controller) estão intimamente relacionadas e, via de regra, se sobrepõem. Na verdade, muitas vezes é difícil distinguir a administração financeira da contabilidade. Nas empresas de pequeno porte, o controller com frequência executa a função

Tesoureiro O principal gerente

financeiro da empresa, responsável por suas atividades financeiras, tais como planejamento financeiro e captação de fundos, tomada de decisões de investimento e gestão de caixa, crédito, fundo de pensão e operações de câmbio.

Controller Contador -chefe da empresa,

responsável por atividades contábeis, tais como contabilidade gerencial, gestão de assuntos fiscais, contabilidade financeira e contabilidade de custos.

Dica O controller é às vezes chamado de comptroller. Organizações sem fins lucrativos e governamentais muitas vezes usam o título de comptroller.

Gerente de câmbio Gerente

responsável pelo monitoramento e pela gestão da exposição da empresa ao risco de perda com flutuações cambiais.

Análise marginal custo -benefício

Princípio econômico segundo o qual as decisões financeiras devem ser tomadas, e as ações implementadas, somente quando os benefícios adicionais superam os custos adicionais.

Capítulo 1 – O papel e o ambiente da administração financeira 9

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financeira e, nas maiores, muitos contabilistas estão fortemente envolvidos com diversas atividades finan- ceiras. Mas há duas diferenças básicas entre finanças e contabilidade: ênfase nos fluxos de caixa e a tomada de decisões.

Ênfase nos fluxos de caixa

A função primordial do contabilista é desenvolver e relatar dados para mensurar o desempenho da empresa, avaliar sua situação financeira, atender aos requisitos dos reguladores de títulos e apre- sentar os relatórios por eles exigidos, além de registrar e pagar impostos. Usando determinados prin- cípios padronizados e geralmente aceitos, os contabilistas preparam demonstrações financeiras que reconhecem as receitas no momento da venda (tenha o pagamento sido recebido ou não) e reconhecem as despesas no momento em que são incorridas. Essa abordagem é conhecida como regime de com-

petência.

O administrador financeiro, por outro lado, enfatiza os fluxos de caixa, as entradas e saídas de dinheiro. Ele mantém a empresa solvente, planejando os fluxos de caixa necessários para que ela honre suas obrigações e adquira os ativos necessários para realizar suas metas. O administrador financeiro aplica esse regime de caixa para reconhecer as receitas e despesas apenas quando das entradas e saídas efetivas de caixa. Independentemente de seus lucros ou prejuízos, cada empresa precisa ter

fluxo de caixa suficiente para atender suas obrigações à medida que se tornem devidas.

EXEMPLO

A Nassau Corporation, uma pequena revendedora de iates, vendeu uma embarcação por $ 100.000

no ano passado. O iate foi comprado durante o ano ao custo total de $ 80.000. Embora a empre- sa tenha quitado integralmente esse custo no decorrer do ano, ao final dele ainda não tinha recebido os $ 100.000 de seu cliente. A visão contábil do desempenho do negócio durante o ano é oferecida pela demonstração de resultado, e a visão financeira, pelo fluxo de caixa, a seguir:

Visão contábil (regime de competência) Visão financeira (regime de caixa) Nassau Corporation Demonstração do resultado no ano encerrado em 31/12 Nassau Corporation Demonstração do fluxo de caixa

no ano encerrado em 31/12

Receita de vendas $ 100.000 Entrada de caixa $ 0 Menos: custos 80.000 Menos: saída de caixa 80.000 Lucro líquido $ 20.000 Fluxo líquido de caixa ($ 80.000)

Do ponto de vista contábil, a Nassau Corporation é rentável, mas no que concerne a fluxo efetivo de caixa, representa um fracasso financeiro. A falta de fluxo de caixa resultou do saldo de contas a receber em aberto, no valor de $ 100.000. Sem entradas adequadas de caixa para saldar seus compromissos, ela não sobreviverá, qualquer que seja seu nível de lucratividade.

Como mostra o exemplo, os dados contábeis por competências não descrevem com exatidão a situação da empresa. Dessa forma, o administrador financeiro precisa ir além das demonstrações financeiras para detectar problemas existentes ou potenciais. É claro que os contabilistas estão cientes da importância dos fluxos de caixa e que os administradores financeiros entendem e usam demonstra- ções financeiras por competências. Mas o administrador financeiro, ao se concentrar nos fluxos de caixa, deve conseguir evitar a insolvência e atingir as metas financeiras do negócio.

EXEMPLO

As pessoas não usam o regime por competência. Em vez disso, baseiam -se apenas em fluxos de

caixa para medir seus resultados financeiros. De modo geral, elas planejam, monitoram e avaliam suas atividades financeiras com base nos fluxos de caixa de um dado período, geralmente de um mês ou um ano. Ann Bach projeta seus fluxos de caixa para outubro do ano corrente da seguin- te forma:

Regime de competência (accrual basis) Na elaboração

de demonstrações financeiras, reconhece a receita no momento da venda e as despesas quando são incorridas.

Regime de caixa (cash

basis) Reconhece a receita e as

despesas somente quando ocorrem as efetivas entradas e saídas de caixa.

Dica A contabilidade enfatiza os métodos por competência; a administração financeira enfatiza os métodos de fluxo de caixa.

EXEMPLO

DE FINANÇAS

PESSOAIS

10 Princípios de administração financeira

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Valores Item Entrada Saída

Recebimento líquido $ 4.400 Aluguel $ 1.200 Automóvel 450 Serviços públicos 300 Supermercado 800 Roupas 750 Restaurantes 650 Combustível 260 Juros recebidos 220 Despesas diversas 425 Totais $ 4.620 $ 4.835

Ann subtrai suas saídas totais de caixa de $ 4.835 das entradas totais de $ 4.620 e constata que seu fluxo de caixa líquido em outubro será de $ 215 negativos. Para cobrir esse déficit, ela terá que tomar um empréstimo de $ 215 (usando o cartão de crédito, por exemplo) ou sacar $ 215 da poupança. Alternativamente, pode optar por reduzir suas saídas de caixa nas áreas de gastos opcionais — como roupas, restaurantes ou nos itens que compõem os $ 425 de despesas diversas.

Tomada de decisões

A segunda grande diferença entre finanças e contabilidade tem a ver com a tomada de decisões. Os contabilistas dedicam a maior parte de seus esforços à coleta e apresentação de dados financeiros. Os administradores financeiros avaliam as demonstrações contábeis, desenvolvem mais dados e tomam

decisões com base na análise marginal resultante. É claro que isso não quer dizer que os contabilistas

jamais tomem decisões, ou que os administradores financeiros jamais coletem dados. Apenas que o foco principal das duas atividades é bastante diferente.

Principais atividades do administrador financeiro

Além do envolvimento constante com a análise e o planejamento financeiros, as principais ativi- dades dos administradores financeiros são tomar decisões de investimento e de financiamento. As decisões de investimento determinam a combinação e os tipos dos ativos que a empresa detém. As de financiamento determinam a combinação e os tipos de financiamento por ela usados. Essas decisões podem ser mais facilmente compreendidas por meio do balanço patrimonial, como mostra a Figura 1.2. Entretanto as decisões são efetivamente tomadas com base nos efeitos do fluxo de caixa sobre o valor geral da empresa.

Dica Tecnicamente falando, os administradores financeiros fazem recomendações quanto a decisões tomadas, em última instância, pelo CEO e/ou pelo conselho de administração.

Ativo imobilizado

Dívidas de longo prazo e patrimônio líquido Ativo circulante Tomada de decisões de investimento Tomada de decisões de financiamento Passivo circulante Balanço patrimonial Atividades principais do administrador financeiro Atividades financeiras FIGURA

1.2

Capítulo 1 – O papel e o ambiente da administração financeira 11

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Q U E S T Õ E S PA R A R E V I S Ã O

1-7 Por quais atividades financeiras o tesoureiro, ou diretor financeiro, é responsável numa

empresa madura?

1-8 Qual o princípio fundamental da teoria econômica usado na administração financeira? 1-9 Quais as principais diferenças entre a contabilidade e as finanças no que se refere à ênfase

dada aos fluxos de caixa e à tomada de decisões?

1-10 Quais as duas principais atividades do administrador financeiro relacionadas com o balanço

patrimonial da empresa?

OA

4

1.3

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OBJETIVO DA EMPRESA

Como já vimos, é comum os proprietários de uma sociedade por ações não serem os seus admi- nistradores. O administrador financeiro deve agir no sentido de realizar os objetivos dos proprietários, seus acionistas. Na maioria dos casos, se os administradores financeiros tiverem sucesso nessa missão, também atingirão seus próprios objetivos financeiros e profissionais. Dessa forma, eles precisam saber quais são os objetivos dos donos do negócio.

Maximização do lucro?

Há quem acredite que o objetivo da empresa é sempre maximizar o lucro. Para tanto, o adminis- trador financeiro somente praticaria atos que tendessem a fazer uma grande contribuição para os lucros totais da empresa. Dentre cada conjunto de alternativas considerado, o administrador financeiro esco- lheria o que devesse resultar em maior resultado monetário.

As sociedades por ações costumam medir sua lucratividade em termos de lucros por ação (LPA), que representam o montante ganho a cada período para cada ação ordinária em circulação. O LPA é calculado dividindo -se o lucro total do período disponível para os acionistas ordinários da empresa pelo número de ações ordinárias em circulação.

EXEMPLO

Nick Dukakis, administrador financeiro da Neptune Manufacturing, empresa fabricante de

componentes para motores náuticos, está preocupado com a escolha entre duas alternativas de investimento, Rotor ou Válvula. A tabela apresentada a seguir mostra o LPA que cada inves- timento deverá proporcionar no prazo de três anos.

Lucro por ação (LPA)

Investimento Ano 1 Ano 2 Ano 3 Total dos anos 1, 2 e 3

Rotor $ 1,40 $ 1,00 $ 0,40 $ 2,80 Válvula 0,60 1,00 1,40 3,00

No que concerne à meta de maximização de lucro, a escolha recairia sobre a Válvula, pois seus resultados em termos de lucro por ação são maiores no prazo de três anos ($ 3,00 contra $ 2,80 do Rotor).

Mas será a maximização do lucro um objetivo razoável? Não, por diversos motivos: desconsidera (1) o momento de ocorrência dos retornos; (2) os fluxos de caixa disponíveis para os acionistas e (3) o risco.2

Momento de ocorrência dos retornos

Como a empresa pode obter um rendimento sobre os fundos que recebe, é preferível recebê -los

o quanto antes. Em nosso exemplo, apesar de o lucro total do Rotor ser menor do que o da Válvula, o

primeiro fornece um lucro por ação muito maior no primeiro ano. A maior rentabilidade no ano 1 pode ser reinvestida para proporcionar maiores lucros futuros.

2 Outra crítica feita à maximização do lucro é a possibilidade de manipulação do lucro por meio do uso criativo de práticas contábeis opcionais. Essa questão foi recentemente alvo de criterioso exame por parte das agências reguladoras de títulos.

Lucro por ação (LPA) O

montante de lucro obtido durante um período por cada ação ordinária em circulação. É calculado dividindo -se os lucros totais disponíveis aos acionistas ordinários da empresa pelo número de ações ordinárias em circulação.

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Fluxos de caixa

Os lucros não resultam necessariamente em fluxos de caixa disponíveis para os acionistas. Os proprietários recebem fluxos de caixa sob a forma de dividendos em dinheiro que lhes são pagos, ou dos proventos da venda de suas ações a um preço maior do que o originalmente pago. Um maior LPA não significa, obrigatoriamente, que o conselho de administração aprovará um aumento dos dividendos.

Ademais, um maior LPA não se traduz necessariamente em um maior preço da ação. As empresas às vezes apresentam aumento do lucro sem uma variação favorável correspondente do preço por ação. Somente se deve esperar essa elevação quando o aumento do lucro se faz acompanhar de maiores fluxos de caixa. Por exemplo, uma empresa que vendesse um produto de alta qualidade num mercado altamente competitivo poderia aumentar seus lucros se reduzisse significativamente suas despesas com manutenção de equipamentos. Com isso, os gastos diminuiriam e o lucro aumentaria. Mas como a menor manutenção resultaria em menor qualidade, a empresa comprometeria sua posição competiti- va e o preço da ação cairia à medida que muitos investidores bem informados vendessem suas ações em resposta aos menores fluxos de caixa futuros. Nesse caso, o aumento do lucro viria acompanhado de menores fluxos de caixa futuros e, portanto, de menor preço por ação.

Risco

A maximização do lucro também ignora o risco — a possibilidade de divergência entre os resul- tados reais e os esperados. Uma premissa básica da administração financeira é a de que existe um

tradeoff entre retorno (fluxo de caixa) e risco. O retorno e o risco são, na verdade, as principais deter- minantes do preço da ação, que representa a riqueza que os proprietários têm investida na empresa.

O fluxo de caixa e o risco afetam o preço da ação de diferentes maneiras: um maior fluxo de caixa costuma estar associado a um maior preço por ação. Um maior risco tende a resultar em menor preço por ação porque o acionista exige ser remunerado pelo risco adicional. Por exemplo, se um presiden- te altamente bem -sucedido falecer inesperadamente e não houver um sucessor adequado, o preço da ação da empresa tenderá a cair de imediato. Isso se dá não por causa de qualquer redução do fluxo de caixa, em curto prazo, mas como reação ao aumento do risco do negócio — existe a possibilidade de que a ausência de liderança, em curto prazo resulte em redução dos fluxos de caixa futuros. Em suma, o maior risco reduz o preço da ação da empresa. De modo geral, os acionistas têm aversão ao risco — isto é, preferem evitar riscos. Os acionistas esperam receber taxas de retorno maiores sobre os inves- timentos de maior risco e taxas de retorno menores sobre investimentos de menor risco. O elemento fundamental, que desenvolveremos no Capítulo 5, é que as diferenças de risco podem afetar signifi- cativamente o valor de um investimento.

Por não atender aos objetivos dos proprietários da empresa, a maximização do lucro não deve ser o objetivo principal do administrador financeiro.

Maximização da riqueza do acionista

O objetivo da empresa e, portanto, de todos os seus administradores e funcionários, consiste em

maximizar a riqueza dos proprietários em cujo nome é operada. A riqueza dos proprietários das socie-

dades por ações se mede pelo preço da ação, que, por sua vez, baseia -se no momento de ocorrência, na magnitude e no risco dos retornos (fluxos de caixa).

Diante de cada decisão ou atitude financeira possível no que concerne a seus efeitos sobre o preço da ação da empresa, os administradores financeiros devem selecionar somente aquelas que tendam a

aumentar o preço da ação, processo esse ilustrado na Figura 1.3. Como o preço por ação representa

a riqueza dos proprietários aplicada na empresa, a maximização do primeiro maximizará a segunda. É importante observar que o retorno (fluxos de caixa) e o risco são as principais variáveis decisórias

para fins de maximização da riqueza dos proprietários.

Também é importante reconhecer que o lucro por ação, por ser visto como um indicador dos retornos (fluxos de caixa) futuros da empresa, muitas vezes parece afetar o preço da ação.

E quanto aos outros interessados (stakeholders)?

Embora a maximização da riqueza do acionista seja o principal objetivo, muitas empresas ampliam