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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.3. Bacias de Retenção

2.3.1. Função das bacias de retenção

As bacias de retenção são estruturas de armazenamento de águas pluviais, destinadas à regularização de caudais, através do armazenamento temporário, diminuindo os caudais de ponta para jusante, que terão de ser compactáveis com o limite fixado pela capacidade de vazão de uma rede ou curso de água existente.

A sua conceção geral baseia-se na construção de um reservatório para o armazenamento temporário da recolha de águas pluviais que escoam por telhados, ruas, vias rodoviárias e redes pluviais, libertando essa água de forma gradual, garantindo assim que o sistema de drenagem local regularize os caudais.

As funções das bacias de retenção podem ainda passar pelo controlo da poluição difusa através da decantação dos materiais sólidos suspensos e/ou pela infiltração do escoamento superficial, com o objetivo de promover a recarga de aquíferos (Robinson, 2010).

A integração das bacias de retenção no sistema de drenagem, quando bem concedidas e exploradas, podem constituir uma mais-valia para o meio urbano, contribuindo para a obtenção de diversos objetivos.

Melhoramento do sistema de drenagem, reduzindo os riscos de inundação:

A urbanização tem conduzido a uma impermeabilização do solo e consequentemente, a um aumento de escoamento superficial. Este aumento descontrolado faz com que as redes de drenagem a jusante (coletores, passagens hidráulicas ou, até mesmo, os próprios rios) passem a estar sobrecarregadas, afetando o seu normal/correto funcionamento. Para evitar o risco de inundações são criadas redes de drenagem adicionais que muitas das vezes, não passam de soluções para transferir apenas a inundação de um ponto para outro da bacia.

Com a utilização de bacias de retenção podem ser regularizados os caudais de ponta de cheia, evitando a sobrecarga dos sistemas de drenagem urbana já existentes e um aumento excessivo dos caudais a jusante, além de se tratar de uma solução técnica de baixo custo.

Proteção do meio ambiente:

A retenção das águas pluviais nas bacias favorece a infiltração das mesmas no solo, melhorando as condições de abastecimento dos lençóis freáticos e a qualidade de água armazenada.

Com a diminuição de velocidade da entrada da água provocada pela resistência hidráulica da vegetação e pelo solo existente na bacia de retenção, ou ainda através de dispositivos dissipadores de energia, o teor de sólidos em suspensão e de matéria orgânica diminui, reduzindo a turbidez da água e aumentando a qualidade da água pluvial.

Os escorrimentos provenientes das áreas urbanas, das estradas e das atividades industriais e agrícolas contribuem cada vez mais para a poluição das águas superficiais. A água pluvial muitas vezes é uma composição da própria precipitação juntamente com partículas arenosas, matéria orgânica, óleos, gorduras, micro-organismos patológicos, entre outros.

Atualmente, as bacias de retenção também têm como função a despoluição das águas através de transformações de natureza física, química, e microbiológica que ocorrem no seu interior. O primeiro sistema de tratamento das águas de escorrência de estradas em Portugal surgiu em 1990, localizado no sublanço Torres Nova – Fátima (Bichança, 2006). Desde então, o uso de bacias de retenção para o controle de inundações e outros fins tem vindo a crescer em Portugal.

Durante o ano de 2008, em Souselas, recorreu-se à construção de uma bacia de retenção para solucionar o problema de escoamento, como também a qualidade das águas provenientes da pedreira da Serra do Alhastro. Na bacia de armazenamento e decantação de água foi instalado um sistema de filtragem, um grupo de bombagem e um descarregador de grande caudal para otimizar a ocorrência de cheias. O sistema de filtragem instalado permite a descarga do excesso de água para o circuito de decantação original, mas já com

reutilização dos saldos hídricos para funções de rega de jardins e de estradas (Cimpor, Portugal).

Criação de reservas de água para combate a incêndios e de água para rega:

Os pequenos reservatórios de retenção de água podem constituir importantes meios de combate a incêndios e de fornecimento de água para a rega de pequenas parcelas de terrenos agrícolas ou outras atividades.

No armazenamento permanente de água é necessário ter em conta as características do solo, visto que se pretende evitar as infiltrações. Os solos devem ser constituídos à base de argila e silte, com índices de plasticidade superiores a 10 % e espessura não inferior a 920mm, caso contrário terá de se recorrer a bacias com fundo impermeável (Figura 2.2) (Fernandes, 1994).

Figura 2.2 – Bacia de retenção impermeabilizada com geomembrana, França (STU, 1994).

Regularização dos caudais de ponta:

As alterações climáticas têm provocado uma série de impactos sobre os recursos hídricos. Os caudais de ponta de cheia têm atingido valores muito elevados devido à ocorrência de fenómenos extremos de precipitações.

A necessidade de criar estruturas que impeçam perturbações a jusante, através do amortecimento de caudais, não só devido a impactos das alterações climáticas, mas também ao aumento de áreas impermeabilizadas, é cada vez maior (Figura 2.3). Com a construção do Itinerário Complementar nº29 (IC29) houve um aumento da área impermeabilizada na zona adjacente e, por consequência, um acréscimo de caudais, conduzindo à necessidade de uma bacia de retenção no sentido de os diferir.

Figura 2.3 – Bacia de retenção utilizada para diferir os caudais, IC29, Espinho

(Bichança, 2006).

Criação de espelhos de água com interesse estético e recreativo:

Muitos dos pequenos e grandes lagos existentes em parques, além de funcionarem como contributo para a drenagem pluvial, apresentam-se como uma alternativa muito interessante do ponto de vista paisagístico e de lazer.

Podem ser criadas zonas de lazer apropriadas, por exemplo, para a prática de pesca e canoagem.

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