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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.4 Hipóteses da pesquisa

Este trabalho pretende alcançar o objetivo geral proposto através de 14 hipóteses que serão testadas. As mesmas foram agrupadas em três categorias, a fim de verificar suas validades. A primeira categoria envolveu quatro hipóteses, apresentadas no quadro 9, cujo objetivo foi averiguaar a relação entre agrupamentos de empresas, ou clusters, de acordo com o nível de aperfeiçoamento de processsos na gestão de projetos sociais, obtidos na etapa 1

desta pesquisa, e as seguintes variáveis: (1) posição da empresa no ranking Maiores e Melhores, (2) vendas líquidas, (3) lucro e (4) número de funcionários.

Hipóteses da etapa 1 Análise Fundamentação teórica para

a formulação de hipóteses

H1 - O nível de desenvolvimento dos processos de gestão de projetos não depende da posição da

empresa no ranking “Maiores e melhores”

Clusters X Posição no ranking

O conceito de processos de gestão em projetos sociais é discutido por Gaudeoso (2014).

H2 - Não há diferença em valor de vendas entre os

diferentes agrupamentos Clusters X vendas

O conceito de agrupamento em diferentes níveis de RSC é abordado por Zadek (2004), Correa et. al (2010) e Benites e

Polo (2013).

H3 - Não há diferença em valor dos lucros entre os

diferentes agrupamentos Clusters X lucro

O conceito de agrupamento em diferentes níveis de RSC é abordado por Zadek (2004), Correa et. al (2010) e Benites e

Polo (2013).

H4 - Não há diferença em número de funcionários entre os diferentes agrupamentos

Clusters X número de funcionários

O conceito de agrupamento em diferentes níveis de RSC é abordado por Zadek (2004), Correa et. al (2010) e Benites e

Polo (2013).

Quadro 9 - Hipóteses da etapa 1 Fonte: Elaborado pelo autor

Essas quatro primeiras hipóteses possuem relação com a primeira etapa desta pesquisa, cujo objetivo é analisar a estrutura de projetos sociais nas 100 maiores empresas brasileiras a partir da análise de relatórios de responsabilidade social. A segunda categoria contém 10 hipóteses as quais se relacionam com os cinco constructos da pesquisa. Tais constructos são descritos no quadro 10.

Constructos: Descrição:

Engajamento dos stakeholders Processos que relacionam a colaboração entre diferentes grupos de

stakeholders.

Considerações sobre a opinião dos beneficiários

Processos que compõem aspectos relevantes que influenciam na avaliação dos projetos sob a perspectiva dos beneficiários.

Formação de equipe

Processos cujo objetivo é formar equipes com pessoas de diferentes gêneros e raças e com conhecimentos sobre a comunidade na qual ela está inserida.

A avaliação de impacto Processos que consideram os impactos sociais na comunidade no entorno.

Contexto do lugar e da comunidade Processos que analisam a localização do projeto e as condições de acesso da comunidade.

Quadro 10 - Constructos indicados pela Teoria dos Stakeholders Fonte: Adaptado pelo autor, de Valdes-Vasquez e Klotz (2013).

Cada um desses constructos foi testado em relação ao posiocionamento das 25 maiores empresas classificadas no ranking Maiores e Melhores, da EXAME. Buscará saber se as

empresas melhores posicionadas utilizam em sua gestão, com maior ou menor intensidade, variáveis advindas desses constructos. Selecionou-se as 25 maiores empresas listadas no

ranking, a fim de testar a existência de maior nível de gestão de processos relacionados a um

maior nível de receita líquida de vendas. Partiu-se do pressuposto que se essa relação não se verificasse para as 25 empresas com maiores níveis de receitas líquidas, provavelmente não se verificaria para as demais empresas do ranking.

Cada um desses constructos também foi testado em relação aos agrupamentos de empresas, ou clusters, de acordo com o nível de aperfeiçoamento de processsos na gestão de projetos sociais. O quadro 11 apresenta as 10 hipóteses levantadas para a etapa 2, bem como as relações dos constructos com (1) o posicionamento das 25 maiores empresas classificadas e (2) aos agrupamentos (clusters).

Hipóteses da etapa 2 Análise Fundamentação teórica para

a formulação de hipóteses

H5 - Não há diferença de engajamento entre empresas melhor ou pior colocadas no ranking

Ranking (empresa entre as 25 melhores ou não) X engajamento

O engajamento de stakeholders em projetos sociais é defendido

por Buchholz e Rosenthal (2005), Purnell e Freeman (2012), Harrison e Wicks (2013) e Valdes-Vasquez e

Klotz (2013).

H6 - Não há diferença de consideração sobre a opinião dos beneficiários entre empresas melhor ou pior colocadas no ranking

Ranking (empresa entre as 25 melhores ou não) X opinião dos

beneficiários

A consideração de opinião dos beneficiários é abordada por

Subtrand (1994), Clarkson (1995), Weiss (1998), Marrewijk (2003), Rodrigues (2010), Salazar Husted e Biehl

(2012) e Valdes-Vasquez e Klotz (2013) H7 - Não há diferença no nível de gestão

de stakeholders internos entre empresas melhor ou pior colocadas no ranking

Ranking (empresa entre as 25 melhores ou não) X stakeholders

internos

A gestão de stakeholders internos é discutida por Buchholz e Rosenthal (2005) e Valdes-Vasquez e Klotz (2013). H8 - Não há diferença no nível de

avaliação de resultados da empresa entre empresas melhor ou pior colocadas no ranking

Ranking (empresa entre as 25 melhores ou não) X avaliação de

resultados

A avaliação de resultados em projetos sociais é discutida por

Gilbert e Rasche (2008), Harrison e Wicks (2013) e Valdes-Vasquez e Klotz (2013).

H9 - Não há diferença de engajamento dos stakeholders entre empresas melhor ou pior colocadas no ranking

Ranking (empresa entre as 25 melhores ou não) X engajamento

O engajamento de stakeholders em projetos sociais é defendido

por Buchholz e Rosenthal (2005), Purnell e Freeman (2012), Harrison e Wicks (2013) e Valdes-Vasquez e

Klotz (2013). H10 - Empresas com nível intermediário e

avançado de gestão de projetos sociais possuem maior engajamento do que as empresas em nível inicial/insipiente

Clusters X contexto de lugar e comunidade

O envolvimento de stakeholders nas etapas de planejamento, gestão e avaliação em projetos

sociais é defendido por Freeman (1984), Buchholz &

Rosenthal (2005), Freeman et al. (2010) e Salazar, Husted e

Biehl (2012).

H11 - Não há diferença de consideração de opinião dos beneficiários entre empresas com menor ou mair nível de gestão de projetos sociais

Clusters X opinião dos beneficiários

A consideração de opinião dos beneficiários é abordada por

Subtrand (1994), Clarkson (1995), Weiss (1998), Marrewijk (2003), Rodrigues (2010), Salazar Husted e Biehl

(2012) e Valdes-Vasquez e Klotz (2013) H12 - Não há diferença no nível de gestão

de stakeholders internos entre empresas com maior ou menor nível de gestão de projetos sociais

Clusters X stakeholders internos

A gestão de stakeholders internos é discutida por Buchholz e Rosenthal (2005) e Valdes-Vasquez e Klotz (2013). H13 - Não há diferença no nível de

avaliação de resultados da empresa entre empresas com maior ou menor nível de

gestão de projetos sociais

Clusters X avaliação de resultados

A avaliação de resultados em projetos sociais é discutida por

Gilbert e Rasche (2008), Harrison e Wicks (2013) e Valdes-Vasquez e Klotz (2013). H14 - Não há diferença de contexto entre

empresas com maior ou menor nível de gestão de projetos sociais

Clusters x contexto de lugar e comunidade

A ideias de contexto de lugar e comunidade é descrita por Harrison e Wicks (2013) e Valdez-Vasquez e Klotz (2013).

Quadro 11 - Hipóteses da etapa 2 Fonte: Elaborado pelo autor

A etapa 2 tem por objetivo levantar junto a gestores de projetos sociais corporativos a frequência com que estes utilizam variáveis presentes em trabalhos teóricos da Teoria dos

Stakeholders na gestão desses projetos.

As hipóteses levantadas nas etapas 1 e 2 possuem ligação com os objetivos geral e específicos do trabalho. Não foram contruídas hipóteses para a etapa 3, pois trata-se de uma fase da pesquisa de caráter qualitativo. Essa etapa, caracterizado como o estudo de um caso aplicado em uma das 100 maiores organizações brasileiras, consistiu em entrevistas com

3 METODOLOGIA

Para viabilizar o objetivo geral desta tese, o de verificar a existência e em que etapas ocorrem a participação de stakeholders em projetos sociais corporativos, foi estruturada uma pesquisa teórico empírica que compreende uma metodologia mista, dividida em três etapas, como indica a figura 3.

Figura 3 - Etapas da pesquisa Fonte: Elaborado pelo autor

A primeira, inspirada em Tate, Ellram e Kirchoff (2010), possui caráter exploratório, com utilização de fontes secundárias de dados: os relatórios de sustentabilidade disponibizados pela organização. Seu objetivo foi o de compreender como se organiza a gestão de projetos sociais das 100 maiores empresas a partir das 12 variáveis construídas, dentre elas se a organização declara financiar projetos sociais, se declara envolver seus

stakeholders na gestão desses projetos, se disponibiliza indicadores e metas utilizados por elas

para avaliar seus projetos e se considera seus impactos junto aos beneficiários. As 12 variáveis desenvolvidas para a avaliação de projetos sociais, assim como os autores utilizados como base inspiradora, são apresentados no quadro 10 deste trabalho.

Na segunda etapa, construída sob o suporte teórico de Valdes-Vasquez e Klotz (2013), foi aplicada uma pesquisa Survey a partir de um questionário enviado aos gestores das 100 maiores organizações brasileiras, utilizando-se uma escala de cinco pontos. A construção do questionário, com 54 questões, foi resultado de uma compilação de 49 variáveis que se mostraram passíveis de trazer contribuições para a área de avaliação de projetos sociais.

Na última etapa, desenvolvida dentro das ideias de Salazar, Husted e Biehl (2012), realizou-se entrevistas em profundidade com sete stakeholders ligados a um projeto social de uma fundação pertencente a uma das 100 maiores empresas brasileiras, atuante no setor agrícola. Os stakeholders participantes das entrevistas foram 1 gestora do projeto social, duas professoras, 1 familiar de um dos participantes e três beneficiários finais do projeto.

O projeto desenvolveu atividades voltadas para o incentivo à leitura, com temas sobre o folclore brasileiro, e beneficiou, aproximadamente, 1600 crianças durante 12 meses em sua última edição. O objetivo foi aumentar o conhecimento sobre o fenômeno e avaliar se o projeto social escolhido é participativo ao incluir em sua gestão a opinião e participação de seus públicos: os gerentes de projetos sociais, professores, familiares dos participantes dos projetos e seus beneficiários.

Buscou-se saber, também, se os resultados obtidos na segunda etapa, a partir das respostas advindas do questionário aplicado ao gestor, estão alinhados com as declarações feitas pelos participantes do projeto.

O critério de seleção para a escolha da empresa para aplicação da entrevista em profundidade, dentro desta última etapa, ocorreu mediante o critério não probabilístico, exposto por Mattar (1996), explicado detalhadamente neste trabalho.