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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

2.1 HISTÓRICO E TRABALHOS ANTERIORES

O Quadrilátero Ferrífero (QF) localiza-se no extremo sudeste do Cráton São Francisco (FIG. 2.1) e compreende três grandes domínios tectono-estratigráficos (FIG. 2.2): Terrenos granito-gnaisse-migmatíticos (TTG), uma seqüência do tipo greenstone belt (Supergrupo Rio das Velhas) e sequências supracrustais de rochas metassedimentares clásticas e químicas (Supergrupo Minas, Grupo Sabará, Grupo Itacolomi e Supergrupo Espinhaço) (FIG. 2.2).

FIGURA 2.1 – A localização do Quadrilátero Ferrífero no Cráton São Francisco Fonte: Alkmin & Marshak (1998).

FIGURA 2.2 – Mapa geológico simplificado da região do Quadrilátero Ferrífero Fonte: (LOPES, 2010)

Atribui-se a Almeida (1967, 1976, 1977) o conceito geotectônico de Cráton São Francisco e das suas diversas faixas de dobramentos circundantes, além do destaque da importância do Ciclo Brasiliano.

As primeiras e mais importantes referências sobre aspectos geológicos da porção central de Minas Gerais são creditadas aos pioneiros trabalhos de Eschwege (1822), que estabeleceu uma proposta de divisão estratigráfica em quatro andares (formações) para a então denominada Serra do Espinhaço, que em sua concepção significa o grande divisor de águas que separa os rios que correm diretamente para o Atlântico e os que desembocam nos rios Uruguai, Paraná e São Francisco.

As conhecidas ocorrências de ouro e diamante da região entre Ouro Preto e Diamantina foram abordadas ainda em relatos de viagens de inúmeros estudiosos do período colonial brasileiro, dentre outros podem ser citados: Spix & Martius (1823), Helmreichen (1846), Pissis (1857), Hartt (1870), Henwood (1871), Gorceix (1881) e Hussak (1898). (APUD Machado, 2009)

Derby (1906) acata as proposições de Eschwege (1822) e reconhece adicionalmente as sequências quartzíticas Lavras e Paraguaçu na Chapada Diamantina, Bahia. Credita-se ainda a Derby (1906) a criação do termo Série Minas para a sequência de rochas pouco metamorfizadas da região do Quadrilátero Ferrífero, tais como quartzitos, xistos, itabiritos e calcários.

Harder & Chamberlain (1915) consideraram os quartzitos da região de Diamantina como parte da Série Minas (DERBY, 1906) e equivalentes ao Quartzito Caraça do Quadrilátero Ferrífero. Guimarães (1931) considera tais quartzitos como mais jovens e o denomina como Série Itacolomi.

Dentre outros estudos geológicos importantes para a compreensão da geologia da região do QF, podem ser listados aqueles creditados a Rimann (1921), Freyberg (1932), Barbosa (1954), Oliveira (1956).

Sob a coordenação do Prof. Pflug, foi realizado um programa de pós-graduação, patrocinado por diversas entidades do Brasil e da Alemanha, e que resultou na

publicação de dezenas de trabalhos enfocando aspectos geológicos da Serra do Espinhaço. Pflug (1965a,1965b, 1968), Pflug & Renger (1973), Schöll & Fogaça (1979).

A região do QF foi mapeada por Dorr e colaboradores na escala 1:25.000 e compilada em escala 1:150.000 (DORR, 1969), no âmbito do convênio DNPM / USGS, realizado entre 1946 e 1961.

O Convênio UFOP / Universidade Clausthal produziu um conjunto de informações a respeito de geologia estrutural e do metamorfismo de unidades litoestratigráficas da região do QF (GUERRA, 1979; HACKSPACKER, 1980;HOEFS et al., 1982; JORDT EVANGELISTA, 1984; 1985; ALCKMIN, 1985).

Trabalhos regionais posteriores foram realizados no âmbito do Programa de Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil (CPRM / DNPM), na escala de 1:25.000, e sintetizados em mapa na escala 1:100.000 ( BALTAZAR & ZUCCHETTI, 1998). Um mapa de compilação integrando o Supergrupo Minas e o Supergrupo Rio das Velhas foi desenvolvido por Lobato et al (2005).

QUADRO 2.4

Coluna estratigráfica simplificada e modificada de Machado et al. (1996) e Ladeira (1980) das rochas aflorantes na região do QF incluindo dados geocronológicos.

Idade Supergrupo Grupo Formação Litologias

Espinhaço Rochas sedimentares clásticas marinhas.

2.059

Ga. Itacolomi

Orto e protoquartzitos, conglomerados, grit. Fácies Santo Antônio: filitos,

quartzito, conglomerado. Discordância erosiva e angular profunda

< 2.124

Ga. Sabará Indiviso

Grauvacas, xistos cloríticos, filitos, rochas metavulcânicas, conglomerados, quartzitos e subordinadas lentes de

formação ferrífera. Discordância erosiva local

Minas

Barreiro Filitos e filitos grafitosos.

Taboões Ortoquartzitos.

Fecho do

Funil Filito dolomítico e quartzoso, dolomitos silicosos. Piracicaba Cercadinho filito ferruginoso, subordinadas lentes de Quartzito ferruginoso, quartzito, filitos,

conglomerados e dolomitos. 2.42

Ga.

Itabira

Gandarela

Dolomito e subordinadas lentes de calcários, itabirito dolomítico, filito

dolomítico.

2.5 Ga. Cauê itabirito dolomítico e subordinadas lentes Itabirito (formação ferrífera fácies óxido), de filitos e dolomitos.

<2.66 Ga.

Caraça

Batatal

Filitos, filito grafitoso, subordinadas lentes de metachert, e formação ferrífera fáceis

óxido.

Moeda Ortoquartzitos, grit, conglomerados, filitos, quartzitos sericíticos, filitos, protoquartzitos.

Discordância erosiva e angular

Rio da

s Velh

as

Maquiné

Casa Forte

Protoquartzitos, grit, conglomerado, subordinadas lentes de filitos e

subgrauvacas.

Palmital Filitos, filito quartzoso, protoquartzito, grauvaca, subordinadas lentes de conglomerado na base. 2.772 Ga. Nova Lima Unidade Superior

Grauvacas e xistos carbonáticos, quartzitos imaturos, quartzo xistos e subordinadas lentes de conglomerados. Unidade

intermediária

Xistos grafitosos, cloríticos e tufáceos com inúmeras lentes de formação

ferrífera bandada (BIF). 2.78

Ga. Unidade inferior Xistos verdes, metabasaltos espilitizados, xistos tufáceos, metaultramáficas. Quebra osso Indiviso Lavas komatiiticas e tholeiticas, sedimentos clásticos, químicos,

vulcânicos e vulcanoclásticos < 3.2

A área de pesquisa insere-se no contexto regional da borda leste do QF (FIG. 2.2), encerrando mineralizações auríferas em veios de quartzo hospedados em sequências metavulcanossedimentares do Supergrupo Rio das Velhas, que é referido como Cinturão de Rochas Verdes por Almeida (1976) e como um greenstone belt arqueano, do tipo Barberton, por Schorscher (1978 e 1992).

O Supergrupo Rio das Velhas representa a principal sequência metavulcanossedimentar e que hospeda as principais jazidas de ouro de Minas Gerais (FIG. 2.2).Suas rochas circundam diversos complexos granito-gnaisse- migmatíticos, incluindo os Complexos Belo Horizonte, Bonfim, Caeté, Bação e Santa Bárbara (BALTAZAR & ZUCCHETTI, 1998).

No perfil geológico A-A’ (FIG. 2.3), de sudeste para noroeste, retrata-se a situação em que as rochas arqueanas do Complexo granito-gnaisse-migmatítico Santa Bárbara se sobrepõem, por falha de empurrão, ao Supergrupo Rio das Velhas e que este se estende para oeste até o Sinclinal Gandarela e faz contato, por discordância angular, com o Supergrupo Minas (QUADRO 2.4). Enxames de diques máficos de diferentes idades intrudem as unidades arqueanas e proterozóicas (SIMMONS, 1968b).

Em Almeida (1976) há o registro da importância do sistema de falhas de empurrão de idade brasiliana que atinge as porções sudeste e leste do Quadrilátero Ferrífero.

FIGURA 2.3 – Mapa geológico da Porção Nordeste do Quadrilátero Ferrífero Fonte: modificado de Lobato et al. (2001b).

A A´

A seguir são sumarizadas as principais características litoestratigráficas e estruturais da região e que são consideradas significativas para a presente pesquisa, compreendendo:

(i) Complexos granito-gnaisse-migmatíticos; (ii) Supergrupo Rio das Velhas;

(iii) Supergrupo Minas;

(iv) Outras unidades (Grupo Sabará, Grupo Itacolomi, Supergrupo Espinhaço, Sequência Serra da Boa Vista, rochas metabásicas intrusivas e unidades Fanerozóicas).

2.2 TERRENOS GRANITO-GNAISSE-MIGMATÍTICO DO TIPO TONALITO-