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JORNADA DE TRABALHO

HORAS EXTRAS

Usam-se as expressões: horas extras, horas extraordinárias ou horas suplementares.

Segundo Sérgio Pinto Martins, as horas extras são aquelas prestadas além do horário contratual, legal ou normativo, que devem ser remuneradas com o adi-cional respectivo. Elas podem ser realizadas tanto antes do início do expediente como após seu término normal, ou durante os intervalos destinados a repouso e alimentação (MARTINS, 2013, p. 545).

O acordo de prorrogação de horas extras é um ajuste de vontade feito pelas partes para que a jornada de trabalho possa ser estendida além do limite legal, mediante o pagamento de adicional de horas extras. Tal acordo pode ser feito por prazo determinado ou indeterminado.

Pelo art. 59 da CLT (BRASIL, 1943), o limite da prorrogação de horas extras é de mais de duas por dia, totalizando 10 horas por semana. Pode ser que o empregado acabe prestando mais de duas horas extras por dia. Se isso aconte-cer, terá direito de recebê-las, pois geraria enriquecimento ilícito do empregador.

Entretanto, deve-se lembrar que trabalhar mais de 10 horas por dia diminui a concentração do trabalhador, podendo causar inclusive acidentes de trabalho.

Todavia, com relação ao menor, o art. 413 da CLT veda a prorrogação do horário de trabalho, salvo em se tratando de acordo de compensação ou na hipó-tese de força maior (BRASIL, 1943).

Conforme o art. 7º, XVI, da Constituição Federal, o adicional de horas extras é de 50%. A jurisprudência considera como trabalho extraordinário os minu-tos que antecedem e sucedem a jornada de trabalho, o que também poderia ser chamado de período residual. Em muitos casos, é impossível que os emprega-dos se comportem de forma homogênea, ordenada, para a marcação do ponto, sendo impraticável que todos marquem o ponto no mesmo horário.

Dessa forma, deve haver um limite de tolerância para que o empregado faça a marcação do cartão de ponto, sendo este de cinco minutos. O que exceder esse limite será considerado como minutos extras.

Como visto anteriormente, a Constituição Federal estabelece que a duração do trabalho seja de oito horas diárias e 44 horas semanais. O que excede esse horário é considerado como jornada extra, salvo havendo acordo ou convenção

ADICIONAIS TRABALHISTAS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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coletiva para a redução e compensação da jornada. Contudo, a Constituição não menciona que os minutos não serão considerados como extras. Com isso, é pos-sível concluir que tudo o que excede o limite previsto será considerado como jornada extraordinária, inclusive os minutos extras (MARTINS, 2013).

A Lei 10.243/01 acrescentou o §1º ao art. 58 da CLT, determinando que não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, sempre obser-vando o limite máximo de 10 minutos diários.

O empregador não poderá descontar os cinco minutos que o empregado entrar mais tarde, por ter chegado atrasado, ou sair mais cedo, sempre lembrando que o limite máximo é de 10 minutos por dia.

Já em relação à compensação de horas extras, o próprio art. 7º, XIII, da Constituição Federal, dispõe:

Art. 7º. [...]

XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de traba-lho.

O art. 59, §2º, da CLT, teve nova redação determinada pela Lei 9.601/1998, pas-sando a dispor:

Art. 59. [...]

§ 2º. Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acor-do ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de manei-ra que não exceda, no período máximo de cento e vinte dias, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas extras (BRASIL, 1943).

Na prática, usam-se as denominações banco de horas e banco de dias. Entretanto, a denominação mais correta é acordo de compensação de horas, prevista no §2º do art. 59 da CLT.

O acordo de compensação de horas é o ajuste feito entre empregado e empregador para que o primeiro trabalhe mais horas em determinado dia para prestar serviços em número de horas inferior ao normal em outros dias (GARCIA, 2011; MARTINS, 2013).

Jornada de Trabalho

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Esse banco de horas consiste em o trabalhador cumprir jornada inferior à normal quando há menor produção, sem prejuízo do salário ou de ser dispen-sado. Quando há maior produção, há compensação das horas.

As vantagens de utilização do banco de horas são: evitar dispensa de tra-balhadores em épocas de crise, adequar a produção; evitar ociosidade do trabalhador; reduzir horas extras e seu custo, compensar o sábado, compen-sar dias no final do ano etc.

Contudo, não se pode confundir a compensação da jornada de trabalho com a chamada semana inglesa, pois nesta o empregado trabalha oito horas diárias e 40 semanais.

ADICIONAIS TRABALHISTAS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, estudamos o que vem a ser a remuneração. Esta não é a mesma coisa que salário e nem pode ser confundida com ele. Em verdade, a remuneração é o geral, e o salário é uma espécie de remuneração. Vimos cada uma das formas de salário que o empregado poderá receber: por tempo, por produção, por tarefa.

Para que se tenha a remuneração, além do valor do salário base ao qual o empregado tem direito quando recebe um valor fixo por mês, podem ser rece-bidas também outras verbas que irão complementar a sua remuneração. Acerca dessas verbas, vimos cada uma das que podem incidir sobre o salário do empre-gado. Nesse caso, dependerá especificamente da relação de trabalho analisada.

Até mesmo o tipo de empregado poderá influenciar sobre as verbas que podem incidir sobre o salário.

As verbas que complementam o valor percebido pelo empregado são dife-renciadas também em verbas salariais e não salariais. As salariais incidem sobre o salário e passam a fazer parte do valor recebido mensalmente pelo empregado.

Já as não salariais têm característica de indenização, sendo pagas ao empregado em momentos pontuais da relação de emprego. Assim, não incorporam o salário.

A partir do estudo feito, pudemos compreender melhor como funciona a relação de emprego e, na sequência, estudamos melhor como e por que a segu-rança do trabalho se tornou importante e essencial dentro de uma organização empresarial, uma vez que ela influencia diretamente nos adicionais de insalu-bridade, periculosidade e penosidade.

Em seguida, analisamos a jornada de trabalho. Esta tem grande influência na relação de trabalho, pois o empregado, para que possa realizar sua atividade, deve estar em condições psicológicas e físicas para tanto. Por essa razão é impor-tante que o empregador respeite o limite máximo de trabalho e a jornada que o empregado pode realizar.

1. Para se definir a jornada de trabalho no Direito do Trabalho, faz-se necessária a análise de três teorias diferentes: do tempo efetivamente trabalhado, do tempo à disposição do empregador e do tempo in itinere. A partir do estudo dessas te-orias, conclui-se que, no direito brasileiro, a teoria, em regra geral, adotada é do tempo à disposição do empregador. No que diz respeito à jornada de trabalho, assinale a alternativa incorreta, de acordo com a CLT:

a. Não excedente de seis horas o trabalho, será facultado um intervalo de quinze minutos quando a duração ultrapassar quatro horas.

b. É assegurado a todo empregado um descanso semanal de vinte e quatro horas consecutivas.

c. Entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo de onze horas con-secutivas para descanso.

d. Os intervalos de descanso não serão computados para a duração do trabalho.

2. Marinês dos Santos foi contratada como empregada de uma indústria de cos-méticos. Quando foi chamada para assinar o contrato de trabalho, o horário que constava no mesmo era das 7hs às 17hs, com 1 hora de intervalo. Contudo, no final do ano, devido ao aumento da produção, Marines precisou trocar sua jorna-da de trabalho, por dois dias jorna-da semana, para jorna-das 17hs à 1h do dia seguinte, per-manecendo com uma 1 hora de intervalo, retornando ao trabalho normalmente assim que foi completado o quadro de funcionários da empresa. Nessa situação hipotética, assinale a alternativa correta.

a. Quanto ao cumprimento da jornada, ela foi devidamente cumprida. Por essa ra-zão Marinês não tem nenhum direito relacionado à troca de horário.

b. Em relação ao trabalho realizado na semana em que foi necessária a troca de turno, Marinês tem direito ao pagamento de horas extras por não ter sido obser-vado o seu intervalo determinado por lei.

c. Em verdade, é devido o pagamento de adicional noturno, por ter sido realizado o trabalho no período da noite.

d. Na realidade Marines não tem direito nem a adicional noturno nem ao paga-mento de horas extras, pois realizou sua atividade normalmente.

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3. A jornada de trabalho pode ter denominações diferentes, como duração de tra-balho e horário de tratra-balho. A jornada de tratra-balho são as horas de um dia de trabalho. Em verdade, são computados na jornada de trabalho não só o tempo efetivamente trabalho, mas também o tempo à disposição do empregador. Para se compreender a jornada de trabalho, devem se analisar as teorias existentes sobre o tema. Sobre tais teorias, assinale a alternativa correta:

a. Na teoria do tempo efetivamente trabalhado, são consideradas todas as parali-sações do empregado.

b. Na teoria do tempo à disposição do empregador, é considerado para a jornada de trabalho a partir do momento em que o empregado chega para passar o car-tão ponto.

c. Na teoria do tempo in itinere, será considerado como tempo trabalhado desde o momento em que o empregado sai de sua residência até quando retorna a ela.

d. No Direito do Trabalho, não é admitido um sistema híbrido, sendo adotada so-mente a teoria do tempo à disposição do empregador.

4. As horas extras são aquelas prestadas além do horário contratual, legal ou nor-mativo, que devem ser remuneradas com o adicional respectivo. Elas podem ser realizadas tanto antes do início do expediente como após seu término normal, ou durante os intervalos destinados a repouso e alimentação (MARTINS, 2013).

Com relação às horas extras, assinale a alternativa correta:

a. O acordo de prorrogação de horas depende da vontade do empregador para ser estipulado, estendendo a jornada de trabalho além do limite legal, porém sem o pagamento de horas extras.

b. Deve haver um limite de tolerância para que o empregado faça a marcação do cartão de ponto, sendo este de cinco minutos. O que exceder esse limite será considerado como minutos extras.

c. Se o empregado prestar mais de duas horas extras por dia, obrigatoriamente irá para banco de horas, sem direito a receber o pagamento de horas extras pela prestação do serviço.

d. De acordo com a CLT, o adicional de horas extras é de 100% sobre a hora normal do empregado que realizar a jornada.

5. A duração da jornada de trabalho, de acordo com a Constituição Federal de 1988, não pode ser superior a oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais, fa-cultadas a compensação de horário e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. No que diz respeito ao acordo de proprrogação de horas, assinale a alternativa correta:

a. O acordo de prorrogação de horas é aquele que dispõe que as horas são aquelas prestadas além do horário contratual, legal ou normativo.

b. O limite de proprrogação de horas extras é de mais de quatro horas por dia, to-talizando 20 por semana.

c. O adicional de horas extraordinárias e de 100%. Nos feriados esse adicional passa a ser de 200%.

d. A Constituição Federal estabelece que a duração do trabalho é de oito horas diárias e 44 horas semanais.

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No mundo moderno, vivemos conectados 24 horas por dia, 7 dias por semana e durante todo o mês. Até mesmo quando estamos de férias recebemos mensagens no Whatsapp ou e-mails e acabamos respondendo. Nessas situações, de acordo com o que prevê o art. 6º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o empregado está realizando horas extraordinárias.

Por conta do sistema de visualização do aplicativo Whatsapp, muitas vezes, nos vemos obrigados a responder determinada mensagem. Assim, no momento que teríamos para curtir nossa família, descansar, assistir a um filme ou, até mesmo, ficar à toa, nos depara-mos com situações de trabalho que devem ser resolvidas naquele instante.

De acordo com Denise Rodrigues Pinheiro, em entrevista para o portal UOL, especialista em direito do trabalho, o funcionário pode receber hora extra em qualquer situação que lhe seja exigido o desempenho da atividade laboral fora da jornada normal de serviço.

“A princípio, o trabalhador pode se negar a responder a mensagem quando lhe for exi-gida a realização de atividade fora do horário normal de trabalho. Em razão disso, o recomendável é que a comunicação via WhatsApp seja acordada o mais breve possível entre funcionário e empregador para que não haja prejuízo para nenhuma das partes.”

Deparamos-nos até mesmo com mensagens nos intervalos intrajornada, ou seja, quan-do estamos em horário de almoço, ou tomanquan-do um café, ou ainda quanquan-do temos um curto período para fazer nossas necessidades fisiológicas. Ainda assim, acabamos res-pondendo pelo fato do nosso trabalho e do nosso salário depender disso.

Denise Rodrigues Pinheiro explica que cada hora extraordinária deve ser calculada com acréscimo de 50% sobre a hora normal de trabalho. Já em caso de sobreaviso, o cálculo deve ser de 30% da hora normal de trabalho.

“O trabalhador pode conversar com seu patrão para alertar sobre a realização da jorna-da extraordinária desempenhajorna-da via WhatsApp e até mesmo realizar um acordo sobre como esse trabalho pode ser desempenhado para evitar prejuízo entre ambas as partes.”

Um caso citado pela reportagem é do publicitário Marcos Lopes, 48 anos. Ele passa ho-ras trabalhando a noite no WhatsApp. Por conta da jornada extra, acabou com vários problemas de saúde, como um quadro de estresse muito grande e também tendinite.

Devido à jornada extra, ele soma vários problemas de saúde. “Desenvolvi um quadro de estresse muito grande e também uma tendinite. Diariamente estava em casa e recebia ordens que deviam ser acatadas na hora.”

Ele então decidiu conversar com o chefe e ambos fizeram um acordo de sobreaviso.

“Caso a relação entre trabalhador e patrão não favoreça o acordo amigável, o funcioná-rio pode procurar a Justiça do Trabalho para cobrar as horas extras trabalhadas”, informa a especialista em direito trabalhista.

Fonte: adaptado de Nascimento (2015, online)1.

Material Complementar Para saber mais sobre a jornada de trabalho e os encargos que podem ser gerados por ela, leia o texto de Rogerio Martir, disponível em: <http://rogeriomartir.jusbrasil.com.br/artigos/112335848/

a-jornada-de-trabalho-nos-limites-da-lei>. Acesso em: 7 jul. 2016.

REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Dispo-nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompila-do.htm>. Acesso em: 16 jun. 2015.

GARCIA, G. F. B. Curso de direito do trabalho. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.

MARTINS, S. P. Direito do Trabalho. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

REFERÊNCIAS ON-LINE:

1 NASCIMENTO, J. Em: <http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao /2015/06/22/

whatsapp-fora-da-jornada-de-trabalho-pode-gerar-hora-extra.htm> Acesso em: 16 jul. 2015.

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1. Opção correta é a A.

2. Opção correta é a B.

3. Opção correta é a C.

4. Opção correta é a B.

5. Opção correta é a D.

UNIDADE

IV

REGULAMENTADORAS E A

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