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PARTE II ENQUADRAMENTO PRÁTICO

CAPÍTULO 5 Metodologia de Investigação

5.1. Enquadramento Prático

5.1.5. Identificação da Problemática

A partir do Programa Educativo Individual (PEI) do aluno intervencionado, documento que legitima as NEE de caráter permanente que o discente beneficia, documento que integra o Processo Individual do Aluno (PIA) e conservado no Agrupamento de Escolas que o aluno frequenta , este documento refere “…o que à componente cognitiva diz respeito, e após aplicação da WISC-III, em Junho de 2009, evidencia um desempenho cognitivo global significativamente abaixo da média para a sua idade cronológica, situação que se torna sobretudo verdadeira na componente verbal da já referida escala de avaliação. Corroborando a dificuldade descrita, é de salientar a obtenção de um resultado igualmente abaixo da média no Índice fatorial Compreensão Verbal… A obtenção de resultados significativamente abaixo da média no que à área linguística diz respeito foi corroborada pela administração, igualmente em junho de 2009, do Teste de Identificação de Competências Linguísticas (T.I.C.L.). Nesta prova em particular, obteve resultados significativamente abaixo da média para todas as partes que a compõem (conhecimento Lexical, Conhecimento morfossintático, memória auditiva, reflexão sobre a língua), resultados que se situaram maioritariamente mais do que dois desvios-padrão abaixo da média, mesmo quando comparado o seu desempenho com o de dados normativos referentes a crianças entre os 4 e os 5 anos. Os resultados obtidos nesta prova tornam, assim, ainda mais notórias as dificuldades e/ou limitações que evidencia a nível verbal… em detrimento da sua apresentação exclusiva ou maioritariamente verbal. As dificuldades que aparentam, de facto, estar sobretudo relacionadas com tarefas daquela natureza (verbal)… concluiu-se pela existência de uma deficiência grave no que às Funções intelectuais diz respeito (b117.3) bem como nos parâmetros Abstração (b1640.3), Organização e Planeamento (b1641.3), Gestão de tempo (b1642.3), Flexibilidade Cognitiva (b1643.3) e Resolução de Problemas (b1646.3), estes últimos enquadráveis nas Funções Cognitivas de nível superior (b164).

A informação recolhida permite igualmente concluir pela existência de uma deficiência grave no que concerne à Receção (b1670.3) e Expressão da Linguagem (b1671.3); graves dificuldades na fala (d330.3). Importa neste seguimento acrescentar que as dificuldades no que à expressão da linguagem oral diz respeito,

tornam, com uma regularidade bastante significativa, o seu discurso ininteligível para o interlocutor, situação que o conduz frequentemente a não participar em contexto de sala de aula ou, nas circunstâncias em que se propõe a fazê-lo, a desistir rapidamente das interações ou iniciativas que enceta. A título de exemplo, em março do presente ano, na consulta de neuropediatria do Hospital Pediátrico de Coimbra refere-se, em Declaração Médica, a presença de um “atraso global de desenvolvimento, mais importante a nível das fala/ linguagem e do raciocínio prático”… retirado do PEI do aluno.

Assim, perante o exposto, foi feito o diagnóstico das dificuldades do aluno, que apresenta um Transtorno do Desenvolvimento Intelectual, não tem alterações visíveis ao nível físico, sendo a sua problemática associada à dimensão comportamental e psicológica, destacando-se o facto de não ter grande apoio e ser alvo de rejeição/intolerância por parte dos pares. Aluno com Currículo Específico Individual (CEI), considerando o seu perfil de funcionalidade, transferido de outro Agrupamento de Escolas, e apresentando graves problemas de Comunicação/linguagem dentro da escola com os professores e os seus pares, que agravava ainda mais a sua interação e integração social, esta informação foi apresentada pela sua docente de Educação Especial, em entrevista (anexo 4). A docente ainda refere que o aluno perdeu o apoio da Terapia da Fala, por ter mudado de Agrupamento e não estar comtemplado com carga horária para este aluno. Era um apoio imprescindível, que poderá pôr em causa muito do trabalho elaborado até ao momento. A docente, após questionada sobre uma melhor intervenção com este aluno, defende que deve ser feito um trabalho conjunto entre a equipa multidisciplinar, para traçar estratégias de integração no grupo/turma; inicialmente prestar algum apoio individualizado, que lhe permitam exprimir-se e ganhar mais confiança e à vontade, melhorar a auto estima; após este primeiro trabalho, atribuir- lhe tarefas/responsabilidades que lhe permitam evidenciar-se perante os outros, mostrando as suas qualidades e capacidades; desenvolver atividades lúdicas que favoreçam sua integração social, promovendo um ambiente descontraído e um maior à vontade para com os outros pares nomeadamente o seu grupo/turma.

Após a verificação, por parte dos docentes do seu grupo/turma das dificuldades de integração/inclusão deste aluno com NEE de caráter permanente, com problemática com alguma complexidade, estando ao abrigo do Decreto – Lei 3 /2008 e intervencionado pela Educação Especial, pretendeu-se desenvolver um projeto de intervenção junto dos seus pares, para uma melhor e total integração deste aluno na sua escola. Confirmando-se, em Conselho de Turma (CT), as recorrentes necessidades, dificuldades do discente e os problemas de aceitação/tolerância dos colegas de escola para com o aluno com NEE, considerou-se pertinente e urgente desenvolver uma intervenção que fosse ao encontro da resolução desta situação problemática, que muitas vezes levavam ao isolamento do aluno.

A docente de educação especial do aluno procurou entre os docentes do CT um Tutor, mas dada a escassez de recursos humanos nas escolas, procurou outra solução junto da Educação Especial. Havia a disponibilidade de outra docente que pretendia elaborar um trabalho de investigação, estudo caso único, com esta problemática e ficou acordado a elaboração e implementação, por esta docente da escola, de um Programa que desenvolvesse atividades lúdicas que favorecessem a integração social do aluno intervencionado, promovendo um ambiente descontraído e um maior à vontade para com os outros pares nomeadamente o seu grupo/turma. Devia ser desenvolvido em aulas que o aluno frequentasse com os seus pares, nomeadamente a Educação Visual, e em outros locais em espaço da escola, em situação de intervalo e convívio com os seus pares de grupo/turma. O Programa foi estruturado com base em indicadores de estudos prévios, no diagnóstico das competências em défice e nos centros de interesse dos alunos.

O Programa, os objetivos, a planificação e os instrumentos de avaliação da intervenção foram dados a conhecer à professora titular de educação especial do aluno, à coordenadora de Educação Especial e à Direção do Agrupamento, recebendo prontamente aprovação. Este programa esteve abrangido pela autorização de intervenção e recolha de registos por parte dos encarregados de educação (anexo 1, 2 e 3). Foi implementado entre fevereiro e março de 2016, durante 22 dias, a docente de educação especial compôs/organizou e implementou atividades lúdicas de