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Impactos Ambientais do Turismo em Caverna

2.8 Infra-Estrutura no Turismo em Caverna

2.8.2 Impactos Ambientais do Turismo em Caverna

A visitação em caverna interfere em seu ambiente interno. Os planos de manejo do turismo em caverna são as melhores alternativas para minimizar esta interferência. As soluções são diferentes para cada caverna e até para cada galeria de uma mesma caverna, por isso os planos de manejo dependem de avaliações técnicas de espeleólogos e especialistas.

Segundo Lino (1988) apud Santos (2005), a atividade de turismo espeleológico, turismo em cavernas, é recente no mundo. Seus impactos têm origem na forma irregular da prática desta atividade e destaca como impactos negativos mais visíveis: quebra de espeleotemas, inscrições nas paredes das cavernas, poluição por lixo e pisoteio de ornamentações do solo.

Entre as diversas atividades possíveis em ambiente cárstico, o turismo, de acordo com Labegalini (1996), é a atividade que mais contribui para a degradação ambiental. O autor considera que uma das formas de minimizar os efeitos negativos provocados pelo turismo está diretamente relacionado com o nível de educação ambiental dos visitantes.

Scaleante (2003), corrobora com a discussão e conclui que a simples presença do ser humano provoca impactos irreversíveis sobre a biota, o maciço rochoso e formações internas, e cita como exemplo: desvio do curso d’água provocado pela construção de passarelas, mudanças na atmosfera das cavernas, crescimento de vegetação clorofilada ocasionada pela iluminação artificial contínua, aumento prolongado na concentração de gás carbônico (CO2), que pode afetar o equilíbrio dos espeleotemas.

Concordando com as relações de impactos apresentadas por Lino (1988), Labegalini (1996) e Scaleante (2003), o estudo proposto por Santos (2005) na Gruta da Lapinha em Lagoa Santa / MG, sugere que os visitantes não percebem os impactos negativos da atividade. Como conseqüência, esses visitantes não se preocupam, se interessam ou contribuem para minimizá-los.

A implantação de programas de educação ambiental, voltados para a sensibilização do público em geral para a importância deste patrimônio e programas de monitoramento dos impactos pode garantir a melhoria na qualidade da visitação (SANTOS, 2005). No QUADRO 7, Marra (2001), elucida e classifica alguns dos principais impactos estudados.

QUADRO 7

Correlação de impactos ambientais em cavernas por demanda turísticas.

Fonte: Adaptado de Marra, 2001, p. 91.

Tipo de Impacto

Causa Conseqüência

Visitação turística Concentração de CO2 aumentada, e interferência no balanço e no comportamento da umidade e do O2.

Visitação de moderada para alta Aquecimento da caverna, gerando um desequilíbrio climático. Alta visitação com curtos intervalos Aquecimento da caverna, desequilíbrio climático elevando a

umidade relativa. Demasiado numero de visitantes ao

mesmo tempo

Alcance da saturação do ambiente pelo acréscimo excessivo da umidade relativa.

Poluição Térmi

ca

Instalação de grandes refletores com luzes incandescentes constantemente acessas

Elevação do aquecimento geral da caverna com prejuízo a estética e aparência e interferência direta no micro clima do ambiente.

Infra-estrutura turística externa Placas de sinalização e publicidade sendo instaladas em decorrência do números de pessoas na área da caverna.

Restaurantes, banheiros, lojas de souvenirs, bilheterias implantadas junto à entrada e sobre o carste.

Infra-estrutura turística interna Portões, grades, passarelas, pontes, corrimãos, escadas, lixeiras e anteparos de proteção demasiadamente grandes, chegando em muitos casos a prejudicar a contemplação dos espeleotemas.

Placas internas desproporcionais instaladas junto às formações para informar aspectos ambientais e de perigo ao longo da trilha.

Lixo acumulado na entrada e dispersado externamente e aleatoriamente.

Estética, aparência e ambiente prejudicado. Proliferação de doenças e cadeia alimentar efetuando-se de maneira anômala. Exposição de refletores, cabos, reatores Sensação de desordem e maus tratos ao equipamento, usuários

e ambiente.

Poluição visual

Portões e grades mal dimensionados Prejuízos à estética e desagradável aparência que, construído com material corrosivo, danifica progressivamente o meio abiótico diante do material constantemente exposto à umidade excessiva.

Visitação turística Concentração de CO2 e umidade relativa aumentada. Interferência no balanço e no comportamento do ar atmosférico.

Poluição Química Demasiado numero de visitantes ao

mesmo tempo

Alcance de saturação de CO2 no ambiente pelo acréscimo de excessivo deste composto, podendo desencadear um desequilíbrio químico.

Iluminação de salões e galerias Surgimento de musgo, e vegetação clorofilada. Portões e grades sem aberturas

intermediarias para transito da fauna Expulsão, stress e ou morte de morcegos e da fauna trogloxena. Infra-estrutura turística externa Efluentes provenientes das fossas sépticas do restaurante, banheiros, lojas de souvenirs sendo conduzidos para dentro da caverna.

Poluição biológica

Visitação turística Pisoteio das formações localizadas no chão, e em locais com pouca fiscalização havendo quebra de espeleotemas e pichações.

Falatório excessivo pelo visitante diante do entusiasmo excitante da contemplação

Distúrbio no ambiente e stress na fauna.

Soltar rojões e disparo de armas de fogo para demonstrar efeitos sonoros

Grande impacto ao meio bioespeleologico, podendo desestabilizar o ambiente natural.

Poluição sonor

a

Explosivos para abertura de túneis, visando desobstruir passagens, oferecendo novos acessos a salões e galerias para visitação

Grande impacto sonoro, eliminado fauna e grande desestabilização do ecossistema espeleológico. Outras conseqüências desconhecidas até o presente podem ainda ocorrer diante deste específico impacto

REFERENCIAL ANALÍTICO

3.1 - Caracterização da Área de Estudo: A Gruta do Maquiné

A Gruta do Maquiné foi descoberta em 1825 pelo fazendeiro Joaquim Maria do Maquiné, e mais tarde pesquisada e estudada pelo naturalista dinamarquês Peter Willian Lund no ano de 1834. A ampla divulgação das pesquisas de Lund tornou a Gruta conhecida em todo o mundo. É a primeira gruta turística do Brasil (SILVA J. O., 2005).

A exploração turística da gruta começou em 1908 com a chegada de visitantes a pé ou a cavalo. A iluminação era com luz de carbureto. O início da exploração da Gruta do Maquiné como produto turístico aconteceu a partir de 08 de março de 1.967 pela empresa estatal Hidrominas com a implantação do projeto de visitação turística com a instalação de luz elétrica interna, em parceria com a Companhia de Energia Elétrica de Minas Gerais – CEMIG, e com abertura de estrada da caverna até a BR-040. A administração da Gruta ficou sob responsabilidade da Hidrominas até 04 de julho de 1.990 (SILVA J. O., 2005).

Em Julho de 1990, a prefeitura municipal de Cordisburgo assume a administração da Gruta através de regime de comodato por 25 anos (MARRA, 2001). No mesmo ano, a prefeitura municipal de Cordisburgo, institui a Fundação de Desenvolvimento e Promoção Turística da Gruta do Maquine através da Lei n° 1.091 de 10 de Setembro de 1990 (MINAS GERAIS, 1990).

Recentemente, em 29 de Setembro de 2005, a Gruta do Maquiné recebeu o titulo de Monumento Natural Estadual Peter Lund, sendo decretada como Unidade de Conservação pelo governo estadual. A iniciativa se destina a proteger e conservar a Gruta e também contribuir para o desenvolvimento do turismo na região com formação de parcerias públicas e privadas que apóiam projetos ambientais (MINAS GERAIS, 2005).

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