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IMPLANTAÇÃO NO BRASIL

No documento j (páginas 46-53)

Já tivemos oportunidade de mostrar a influência dos transportesna economia

em

geral, poisécertoe reconhecido pela ciência econômica, que o desenvolvimentotécnico dos transportestem

um

efeito especialmente importante sôbre o progressoeconômico.

Valem ressaltar,aqui asrecentes palavrasdeeminente economista Kenneth Boulding, quando,

em

sua obra

"Aná-lisisEconômico",escreveu:"Laamplituddeimercado,es decir, einúmero depersonasque puedenintercambiarentresi, de-pende

em

gran partedelosmétodosdetransporte. Cuando el transporte es escaso,elmercado tienecaraterpuramente

local;cuandoésbueno,elmercado puedeserhasta universo1 En consequência, los perfeccionamientosdei transporte pue-denhacerposibleelprogressodelosmétodos defabricación y distribuición que, deotra forma, no habriasido factible 42

a causa delalimitacióndeimercado. Inclusosin ningun des-cubrimientotécnicoenotras industrias,unamejora enel trans-porte, alpermitir una mayorespecialización, puededar por resultadounprogresotécnicoen estas indústrias,en sen-tido de aumentar la produccion por hombre y hora de tra-bajo. Eldesarrollo deitransporte influyeespecialmente sobre el crecimientode lasgrandes urbes. Losmédiosde comuni-cación escasossignifican ciudadespequenas; lasgrandes ur-bes de laactualidad deben en gran parte suexistência al progreso y baraturadei "transporte.

No

es hechocasual el quelasgrandes ciudadesesténen lascostasyrios,yelque

eltransporte poraguaseael másbarato".

Aspalavras doeminente economista inglêstão bem se ajustamàeconomiabrasileira,setivermoso cuidadode apre-ciar as diferentesetapasdesua evolução, atravésdo tempo e doespaço.

Como

nãoé ignorado,ainfluênciadecisivadocomércio português, quetanto se manifestava por intermédio desua aventureiranavegação,foidealtaimportânciaparao desen-volvimento da fasecolonial

em

relação àterra descoberta;

proporcionouos necessários meios para

uma

exploraçãoda maior parteda costabrasileira,comentrada pelos seusrios navegáveis

.

Portugal lembrava a esplêndida Fenícia que, comprimi-da entreo mare a terra, seexpunha à natural tendência expansionista pelavia marítima,eque"para qualquerse

lan-—

43

çarpelo

mundo

àfora,requerer-sealgumaindústria ecerta soma demística" (LuciodeAzevedo).

Constituiprincípio reconhecidoque medida quea ci-vilização progride,diminueaestreitadependênciado

homem

aomeio geográfico" (RobertoSimonsen),cujo progresso civi-lizador é estabelecido por Alfred

Weber

"como

uma

linha de evoluçãoque, organizandoo saber técnico, confere ao

homem um

crescentedomínio sôbrea natureza".

Eno caso dasterrasdoBrasil nãofoi outraa manifes-tação civilizadora. Foi, precisamente, através dos meiosde transportes que se veioconstituir a marcha decolonização e éincontestávela suainfluêncianaevoluçãodenossa eco-nomia.

A

história registraas muitas viagens realizadaspor Por-tugal,duranteoprimeiro séculodadescobertadas novas ter-rasdoBrasil. Já nofinaldoséculo XVI,reconhecidos os ris-cos da navegação, determinava D. Sebastião, pela lei de 1571, a preferênciados navios portuguêses, nocomércio en-treas colônias de Portugal, que aqueles fossemarmadose viajassem

em

comboios,assegurando prêmiospara a constru-çãodenavios. Eramasguerrasdeconquistas,eram as pira-tariasnascostas d'Áfricaqueimpunhamtaisprecauções.

Em

tal oportunidade, fála-nos Severim de Faria

duma

viagem ocorrida

em

1611, informando-nosque "doBrasilchegou

uma

frotaa salvamento e foidas maiores queêsteanovieram.

Eram 74navios,afora os galeões

em

quevinhaa fazendada 44

nauqueoanopassadolá foiaportar.Trouxeram 21.000 cai-xasdeaçúcar.

Adriano Balbi, atravésdeelementos históricos,focaliza asdiferentes etapasdo desenvolvimento docomércio portu-guês com a sua colônia, o Brasil, fazendo acentuarque a

"balança de comércio entre Portugal e Brasil era quase sempre favorável aêsteúltimo".

Consoantesedepreende, constituiu anavegação o pri-meiro sistema, e, consequentemente, o principal sistema de transportesutilisados parao incrementoda economia brasi-leira,desua colonização.

"Narealidade,escreveuJoãoLuciodeAzevedo,a Amé-ricoeranãosómanancial perenederecursospara otesouro régio, senãotambém o centro

em

tôrno do qual gravitava a vidaeconômicadetôda a monarquia. Devinham o ouro e osdiamantes; pau brasil, monopóliodo Estado,-o tabaco que

em

1716 produzia o quinto das rendasdo soberano,-o açúcar e a csoberano,-ourama,quenessa épocaconcorriamparaas receitas do Estado com maisde 200contos.

Soma

a que acresciam os direitos de fazendas estrangeiras exportadas para acolônia. Para o Brasil iam os produtos de Portugal europeu edas ilhasdo Atlântico;os queseimportavam da índiaeosescravos deque Angola se sustentava.Da escra-vatura edotráfego para a Américasemantinha a navega-ção". (Aspectosde Portugal Econômico).

Não

ésem justa razãoque a nossa história registra a importânciado acontecimento políticoda transplantaçãoda 45

FamíliaReal paraoBrasil,o que iria"proporcionar aos bra-sileiros

uma

nova fase de maior autonomia política,

em

harmoniacom oseupoderioeconômico".

Além da poderosa influência exercida pela navegação portuguêsa,

em

tal oportunidade, muito veiorefletira Carta Régia de28 deJaneiro de 1808, do Condeda Ponte, que, abrindo os portos do Brasil ao comércio livre das nações amigas, admitiu que "não só aos Vassalos do Reino, mas

também

os sobreditos Estrangeiros,possamexportarpara os Portosque

bem

lhes parecera benefíciodoComércio, eda Agricultura, quetanto Desejo promover, todos e quaisquer gêneros e produções coloniais".

Calógeras,

em

"La Politique Monetaire du Brésil", faz ressaltara importânciaquerepresentou "olivrecomérciodas nações amigas", informando-nos que,

em

1816, entraramno Rio398naviosdelongo curso,sendo181 portuguêses e217 estrangeirosecomotempofoise acentuandoo número de naviosdeorigemestrangeira,enquantoanavegação de ca-botagemficariaconcentrada

em

poder dos portuguêses.

Na

Bahia, o Arsenal Real da Marinha da Bahia,

em

1811, lançava ao mardiversasembarcaçõesaliconstruídas, comofragata,escunas,bergantimdeguerra eváriasmenores.

Em

1818, oMarquez de Barbacena utilizando-sede mo-tor e aparelhos adquiridos à Inglaterra, montou a primeira embarcaçãoa vapor noBrasil,realizando

uma

viagem inau-ral a Cachoeira,naBahia, pelorio Paraguassu. Eraa nave-gação a motor, novomarco queseestabelecia,oriundodas 46

_

realizaçõesdeFulton, naInglaterra,equeiriater

uma

gran-deinfluênciano Brasil,considerada a sua longa costa marí-tima,cuja exploraçãoatéhoje,constitui

um

sérioproblema.

No

exame detodo o possível documentário das reali-zações portuguêsas noBrasil,sabe-sequea administraçãodo ReinodePortugalnãodeixoude demonstrar as suas grandes preocupações

em

dotar o território brasileiro de

um

certo planodeviação,queadmitissea exploraçãode tôdas as suas regiões,

em

relaçãoacujoplanotantos óbices surgiram, difi-cultando

uma

açãoeficiente. Ascondições geo-topográficas, aculturasem maior expansão derendas, a inexistência de populaçãosatisfatóriaecapaz,a ausênciadecapital dispo-nível, os sistemas de transportes e meios de comunicações, tudoistoinfluiu poderosamentepara

um

estadode estagna-ção,derendimentoínfimo.

Induzirama exploração agrícolae a exploração extra-tiva da colônia dereal proveitocom o aproveitamento dos atalhosseguidospelosbandeirantes,por ocasiãodacaça aos índios,aquesucedeu a construçãodecaminhosque condu-zissem àszonasde mineração. Em tão vastoterritório,era acentuada a pobreza dosistemadeviaçãoterrestre.

O

trá-fegose processava,

em

todo o período, através dastropas.

Antonil traça,

em

sua obra, as muitas estradas que deman-davam osertão brasileiro, muitoespecialmente na fase da buscadoouro,configuradasaoscélebresroteiros,destacando odo caminho dacidadedaBahia paraasminasdoriodas Velhas,considerado "muito melhorqueodo Rio deJaneiro

47

eda ViladeS. Paulo:porque pôstoquemais comprido, me-nos dificultoso, por ser mais aberto para as boiadas, mais abundantepara osustentoe maisacomodadopara as caval-gadurase para as cargas".

Como

se vê,a tropa era o meio detransporte, geral-menteadotado noBrasil.

A

rêdede"trilhos"quecriava,

em

sua passagem, nodizer de RoyNash, constituia o sistema venoso porondecirculavao sangue econômicodopaís, man-tendo a unidadedoImpério. Essascomunicaçõeseram boas, más, ou péssimas

em

função direta da clemência ou incle-mênciadanatureza, nazona quecortavam.

O homem

não sesentiamais responsável pelaconservação desses caminhos.

Peiacomposição químicada atmosfera, atravésda mata

vir-gem,na zona das grandes chuvas,as viasde comunicação doBrasiligualavam,

em

precariedade, àspiores do mundo.

O

cascodasalimáriasiatransformando a superfícieinstável doscaminhos

em

terrívellamaçal.Caía mais chuva eo lama-çal setransformava

em

pântano.

Em

certoslugares, com a lamapela barriga,o animal carregadocom cento evinte quilosou mais, tinha que dis-pender, acada passo,

uma

energia tremenda. Havia a "es-cada", buracosequidistantes, cavadosa casco no caminho, onde asbestas de carga tinham que ir enfiando as patas para depois, avançando penosamente por sôbre os barran-cosdepermeio, metê-lasdenovo

em um

poçodelama, logo à frente. Fora do mato, felizmente, existiam grandes áreas onde, paraa abertura

dum bom

"trilho",nadamais era ne-48

cessárioqueorastrodos animais.

Uma

delaseraazonados pampase a outra onordeste,durantea sêca.Mesmo,porém, no árido Ceará, havia épocasdoano,durante a estação das águas,

em

que se tornava quase impossível transitar

uma

tropa pelointerior".

Os viajantes que percorriam êstes caminhos nunca

No documento j (páginas 46-53)