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2 A ESCOLA ESTADUAL MANUEL BANDEIRA, LIDERANÇA GESTORA E AÇÕES EDUCACIONAIS: UMA ANÁLISE

2.1 As dimensões de gestão na Escola Manuel Bandeira

2.1.4 A influência da avaliação externa

A implementação do federalismo e a responsabilização com a educação pública, já discutida em outros momentos nesta dissertação, é percebida no âmbito educacional de várias formas. As múltiplas tentativas de reformas ocorridas nos últimos anos, dentre elas a implantação do Sistema de Avaliação Nacional (SAEB), em 1990, com a avaliação em larga escala, e o IDEB, possibilitaram que cada instituição escolar fosse avaliada a partir da capacidade de assegurar o direito à educação e a sua eficácia. Nesse contexto fez-se necessário que a escola desenvolvesse sua autonomia, o que fez com que buscasse novas formas de gerir a educação, desencadeando práticas a fim de alcançar esse intuito.

Percebe-se, com base nos dados coletados, que na Escola Manuel Bandeira na terceira dimensão evidenciada por Lück (2009), ―Monitoramento de processos e

avaliação institucional‖, ainda recorrente da natureza organizacional e sua gestão pedagógica, tem-se realizado ações que condizem com a competência gestora que ―envolve e orienta a todos os participantes da comunidade escolar na realização contínua de monitoramento de processos e avaliação de resultados de suas atuações profissionais‖ (LÜCK, 2009, p. 43), adotando os indicadores educacionais da avaliação externa nos processos educacionais, entendidos como coadjuvantes para orientar e avaliar o desempenho da escola de acordo com os objetivos e padrões educacionais.

A professora articuladora A, quando questionada sobre quais ações são realizadas com base nos resultados educacionais ela afirmou que foram realizadas ―assembleias com toda a comunidade, escolar, nas quais foi apresentado para os pais o IDEB da escola: como é feito essa avaliação, qual o seu objetivo e qual é a importância que essa avaliação tem para se repensar o projeto educativo da escola‖ (Entrevista realizada no dia 1 de outubro de 2013 com a Professora Articuladora A).

Sendo assim, a avaliação externa foi um dos fatores que impulsionou a busca constante pela inovação pedagógica. Com isso, a equipe gestora se mostrou preocupada em dar continuidade ao avanço construído durante seu percurso, entendendo que não basta apenas o melhor resultado no IDEB, como ocorreu em 2011, pois o caminho a ser percorrido é constantemente alterado pelas mudanças sociais.

Uma das coordenadoras pedagógicas considerou que, apesar de todas as críticas com relação às avaliações externas, em que se pese a avaliação de capacidades sucintas, o resultado é uma amostra considerável para o diagnóstico da escola. Acredita que as capacidades examinadas foram bem desenvolvidas pelos alunos, uma vez que a escola tem muitos educandos no nível de excelência, ou seja, progrediram além do esperado. Citou que utilizaram o portal QEDu para averiguar em quais níveis os estudantes foram classificados e, a partir daí, trabalharem com os professores novas práticas de ensino visando contribuir para o avanço nas aprendizagens apontadas como as que esses alunos ainda tinham menor proficiência.

A divulgação e conscientização sobre os resultados da avaliação externa são realizadas para os profissionais da escola e, também, em assembleia com os pais, informando-os e orientando-os sobre os exames e o IDEB. Nessas reuniões,

os profissionais apresentam a avaliação e explicam de que forma ela ocorre, além de informar sobre o seu objetivo, como as médias obtidas pelos alunos são mensuradas e qual é a importância para a escola repensar seu projeto educativo.

No entanto, percebeu-se a partir das entrevistas e questionários que ainda é necessário o estabelecimento de critérios mais precisos para práticas de monitoramento de todos os processos educacionais e de avaliação de seus resultados, não somente das avaliações externas. De acordo com Lück (2009), esses elementos são complementares e representam o grau de cuidado e interesse sobre a real qualidade do trabalho desenvolvido. Nesta relação, o monitoramento deve envolver práticas que permitam a comunidade escolar acompanhar de forma participativa e contínua todas as ações e práticas educacionais, bem como as práticas de avaliação e seus resultados.

O fato de a gestão informar que recebeu críticas por ter alcançado o melhor resultado no IDEB em 2011 confirma a necessidade do monitoramento de suas atividades. Segundo a diretora, as críticas consistiam em dizer que a escola treinava os alunos para as provas e escondia os que não dominavam o conhecimento, o que considerou uma inverdade, visto que, na última avaliação, em 2011, a escola havia obtido 100% de presença, fato comprovado também pelo portal QEDu, no qual foi verificado que essa taxa, em 2011, foi de 100% dos alunos do 9º ano e de 91% do 5º ano.

A diretora acrescentou que acredita que o currículo trabalhado pela escola é fundamental para que os discentes alcancem as capacidades necessárias a uma boa trajetória escolar, para, com isso, conseguirem também, resultados satisfatórios nas avaliações externas. Para ela, isso é possível pelo trabalho intenso desenvolvido em torno de um currículo dinâmico, composto de

ações variadas, diferenciadas, tanto de projetos quanto ações na prática dos profissionais, neles são trabalhados todos os aspectos da aprendizagem. Nossos alunos vão se preparando ao longo da vida acadêmica aqui na escola para enfrentar qualquer avaliação. Então a avaliação externa é mais uma avaliação e para essa avaliação eles não foram treinados, mas eles dão conta disso porque o currículo da escola contempla uma diversidade muito grande de avaliação, de ensino por capacidades, então se ele desenvolve uma capacidade plenamente ele vai dar conta de fazer essa avaliação externa tranquilamente (Entrevista realizada no dia 08 de outubro de 2013 com a Diretora B).

Porém, mesmo com o entendimento de que as condições para um processo de ensino e aprendizagem de qualidade são propiciados pela diversidade curricular, as críticas recebidas reafirmam a necessidade de implementação, por parte da escola, de um sistema de monitoramento das diversas ações educativas, avaliações e resultados, a fim de responder aos questionamentos da sociedade com relação à sua qualidade nas avaliações externas, principalmente, de forma mais clara, não precisando se reportar apenas aos dados disponibilizados em portais como os do Inep e QEDu.

Mesmo diante dessa problemática, a equipe gestora da escola considerou que a divulgação dos resultados das avaliações externas e a motivação para participação dos alunos são de suma importância, já que a escola é a sua representação, sendo os índices desses exames o resultado de seus níveis de aprendizado.

A partir do diagnóstico das avaliações e dos índices, a escola organiza seus investimentos em recursos didáticos pedagógicos e na formação continuada, sendo esses mais de 50% dos valores repassados pelos governos federal e estadual. Segundo a coordenadora, os resultados orientam a definição de metas, a reprogramação de seu PPP e o investimento no que for necessário em material pedagógico, ou seja, as ações são traçadas e revistas a partir da realidade detectada também nesses exames.

De acordo com Nóvoa (1992), essa avaliação deve se dar de forma participativa e servir para a autorregulação, ou seja, para que haja mudanças ou aperfeiçoamento das ações educativas desenvolvidas pela escola, respeitando critérios como pertinência, coerência, eficácia, eficiência e oportunidade. Nesse sentido, os mecanismos e as estratégias de avaliação devem ser embasados nos questionamentos, nas angústias e nas necessidades da própria comunidade que, por sua vez, deve ter clareza da atual função social da escola.

A partir dessa perspectiva, o autor separa as modalidades de avaliação em interna e externa, apesar de reconhecer a necessidade da articulação entre as duas formas. A interna deve estar prevista no PPP e contempla o exame das ações e dos projetos educativos executados, bem como dos procedimentos e das práticas adotadas pela comunidade escolar, devendo, ainda, responder a quatro funções: operativa (tomada de decisões/inovações); permanente (acompanhamento do processo educativo); participativa (resultados e interesses); formativa (diálogo e

tomada de consciência coletiva). Já a externa surge da necessidade do controle organizacional do sistema macro de ensino que, no entanto, deve considerar a avaliação interna no momento de propor novas políticas educacionais.

A diretora anterior da unidade em análise, mesmo entendendo que a avaliação externa ainda não contempla essa perspectiva, considera que ela contribui para a qualidade da educação oferecida pela escola, afirmando que antes eram muito críticos em relação ao exame dos próprios resultados e, às vezes, um percentual de alunos com dificuldades que sobressaiam aos olhos dos profissionais da escola provocava-lhes um sentimento de incapacidade.

Com a instituição dessa forma de avaliar perceberam que os alunos estavam melhores do que pensavam: ―Então essas avaliações vieram trazer para nós, que estávamos no caminho certo‖ (Entrevista realizada no dia 04 de outubro de 2013 com a Diretora A). Uma das coordenadoras expôs que a escola, que tinha um IDEB de 4.8 e hoje está com 6.7, mostra em seu trabalho uma grande responsabilidade em superar ou manter esse índice, não deixando de entender que o bom resultado deve estar atrelado a uma boa aprendizagem.

Compreende-se, portanto, que o apoio da equipe gestora para um ambiente propício à apropriação dos resultados das aprendizagens dos alunos, dentre eles os resultados das avaliações externas, pode, em certa medida, colaborar para o seu desempenho. A partir disso, reforça-se a ideia da gestão compartilhada e participativa discutida a seguir, a partir da área de implementação e suas dimensões definidas por Lück (2009).

2.2 As dimensões de gestão na Escola Manuel Bandeira, com base na sua