• Nenhum resultado encontrado

Capítulo II – Competências sociais

5. Caracterização do caso em estudo

5.1. Informações relativas à anamnese

a) Identificação, filiação e agregado familiar

A M.S. nasceu a 28 de setembro de 2001 e tem, neste momento, 10 anos e 8 meses. O seu agregado familiar é constituído pelos pais e por um irmão mais novo. A mãe, com 42 anos de idade, é professora; o pai, também com 42 anos de idade, é oficial de justiça; o irmão tem 5 anos e frequenta um jardim-de-infância.

O seu agregado familiar é estruturado e com adequados recursos económicos. Os pais acompanham atentamente o processo educativo da criança, providenciando todos os meios para este que ocorre da melhor forma possível.

b) Antecedentes pessoais e familiares

Em relação aos dados pré, peri e pós-natais, a mãe referiu tratar-se de uma gravidez planeada, a qual decorreu sem a existência de complicações, sendo relembrada por esta como sendo um período normal. O parto foi distócico, registando-se a necessidade de recorrer a uma cesariana por sofrimento fetal às 39 semanas; não foram registadas outras complicações. O peso registado ao nascer foi de 2,700 kg; a criança media 44 cm de comprimento e apresentava um perímetro cefálico de 34 cm; o Índice de Apgar foi de 8/10 ao primeiro e quinto minuto respetivamente.

Nos primeiros meses a criança foi alimentada através do leite materno. Na área da alimentação regista-se a situação de intolerância à proteína do leite; atualmente não apresenta dificuldades a este nível, fazendo uma alimentação variada.

Não existe registo na família de doenças hereditárias ou de outro caso de SW. O seu irmão apresenta um perfil de funcionamento “normal”.

c) Historial clínico e desenvolvimental

Aquando da entrada no jardim-de-infância (por volta dos dois anos), foi identificado um atraso do desenvolvimento psico-motor por atraso nas aquisições.

A M.S. começou a interagir através do sorriso com as pessoas que a rodeavam por volta dos quatro/seis meses; começou a gatinhar por volta dos vinte e dois meses e começou a andar por volta dos dois anos e dois meses; a primeira palavra foi registada aos dezoito meses (aos dois anos e meio utilizava seis/sete palavras, sendo que começou a construir frases curtas por volta dos três anos e meio); o controlo diurno dos esfíncteres foi conseguido por volta dos três anos e o noturno por volta dos quatro. As evidências iniciais começaram a preocupar os pais, os quais iniciaram um percurso na procura de respostas para o perfil de desenvolvimento que a M.S. apresentava. Por volta dos dois anos e meio, confirma-se o diagnóstico de SW.

Tendo em conta as informações relativas ao nível do desenvolvimento da linguagem, a M.S. manteve apoio da Terapia da Fala desde cedo. A este nível foi feito o diagnóstico de atraso do desenvolvimento da linguagem (com bom prognóstico).

Em relação ao tipo de interação que a criança estabelecia nos primeiros meses, a mãe referiu que esta reagia bem quando lhe pegavam ao colo, demonstrando desde cedo interesse nas interações com os outros.

De entre as características clínicas mais comuns na SW, a M.S. apresenta estenose aórtica. No que diz respeito à visão, apresenta estrabismo e miopia. Ao nível da audição não é registada qualquer ocorrência. Apresenta défice de atenção, encontrando-se medicada para este efeito (Rubifen).

De acordo com a mãe, a M.S. não tem consciência do seu problema. A mesma refere que a criança tem pouco autonomia, necessitando da ajuda dos adultos em muitas tarefas.

Segundo relatório médico, a M.S. apresenta “défice cognitivo ligeiro a moderado”. De acordo com a CIF-CJ, apresenta um perfil de funcionalidade com limitações ao nível das Funções e Estruturas do Corpo (funções cognitivas básicas e funções da atenção) e nas Atividades e Participação (aprendizagem e aplicação de conhecimentos, tarefas e exigências gerais, comunicação e mobilidade). Em relação aos fatores ambientais constituem-se como facilitadores completos: materiais e produtos de apoio para a educação e família/amigos/colegas. A M.S. apresenta, assim, necessidades educativas especiais de caráter permanente, com tipificação a nível cognitivo e linguístico.

d) Historial escolar

Até à entrada no jardim-de-infância, a M.S. esteve ao cuidado de uma ama. A adaptação a este novo contexto (durante o ano letivo 2004/2005) foi marcada por algumas dificuldades, assim como a sua entrada para o 1º ciclo do ensino básico no ano letivo de 2008/2009. Enquanto frequentava o jardim-de-infância, a M.S. beneficiou do apoio da intervenção precoce; no primeiro ano de escolaridade começou a beneficiar do apoio da Educação Especial ao abrigo do Decreto-Lei 3/2008.

A M.S. encontra-se a frequentar o 4º ano de escolaridade. Mantém apoio da Educação Especial e beneficia das seguintes medidas educativas: Apoio Pedagógico Personalizado, Adequações

53

Curriculares Individuais e Adequações no Processo de Avaliação; tem turma reduzida. Beneficia, também, de apoio da Terapia da Fala no Agrupamento de escolas que frequenta.

De acordo com o registo de avaliação do 2º período, a M.S. obteve a classificação de “Satisfaz Minimamente” nas áreas curriculares disciplinares de Língua Portuguesa, Matemática, Estudo do Meio e Expressão Plástica e de “Satisfaz” nas áreas de Expressão Musical, Expressão Físico-Motora e Expressão Dramática. Relativamente às áreas curriculares não disciplinares obteve a classificação de “Satisfaz” em todas elas (Área de Projeto, Estudo Acompanhado, Formação Cívica). No domínio sócio-afetivo, foi referido que a M.S. revela pouca responsabilidade e autonomia, necessitando de apoio para acompanhar a turma. É ainda mencionado que é uma aluna interessada e que gosta muito da escola.

e) Questões relacionadas com a SW

Os pais têm vivenciado determinadas questões associadas à SW com alguma ansiedade e preocupação. Quando questionada acerca do que a preocupa mais a nível comportamental, a mãe referiu as seguintes situações: facilidade para interagir com estranhos (de preferência com idade superior), desobediência, défice de atenção e o mentir. A mãe referiu, também, que o comportamento extrovertido e amigável que a M.S. apresenta pode facilitar a sua interação social; contudo tem noção que, em situações de interação com os seus colegas no recreio, a M.S. tem dificuldade em participar nas brincadeiras, ficando a observá-los durante a maior parte do tempo (esta atitude passiva, caracterizada sobretudo por períodos de observação das brincadeiras dos colegas, foi desde a sua entrada para o jardim-de-infância, uma das suas características).

Neste sentido, e relativamente à pertinência da implementação de um programa de promoção de competências sociais, a mãe da M.S. considerou muito importante uma intervenção deste tipo, mostrando-se expectante em relação aos resultados que poderão advir da sua aplicação.