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Capítulo VII – Metodologia da Investigação

7.3.4.4. Inquérito por questionário

As razões que nos levaram à escolha deste instrumento de recolha de dados foram as enunciadas por Bravo (1991), já que permite reduzir tempo na obtenção dos dados, a confidencialidade/anonimato das respostas (o que predispõem os inquiridos a estarem mais à vontade para emitirem a sua opinião durante o preenchimento do mesmo) e a possibilidade de evitar a influência do investigador nas respostas dos sujeitos participantes no estudo.

Para dar credibilidade ao questionário, obedecemos às seguintes regras: o rigor na escolha da amostra, de formulação clara e unívoca das perguntas; a correspondência entre o universo de referência do inquirido; a atmosfera de confiança no momento de administração do questionário; a honestidade e consciência profissional dos inquiridores. Os questionários foram elaborados tendo por base categorias pré-definidas para posteriormente se poder realizar o tratamento dos seus dados (Apêndice 3). Na nossa investigação realizámos o tratamento dos dados através de procedimentos de estatística descritiva, que posteriormente foi analisada.

Optámos pela elaboração de um questionário destinado a todos os docentes da escola, que nos permitisse cruzar as respostas com os dados na análise documental e de conteúdo, de forma a melhor podermos responder às questões que nos preocupavam.

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A perceção dos docentes é pertinente na nossa investigação, já que são atores privilegiados do nosso estudo de caso; são agentes ativos numa escola e também a definem, no sentido que influenciam a escola, o seu clima e a sua cultura.

Para Perrenoud (2008), “ensinar é, antes de mais, fabricar artesanalmente os saberes”, devendo o professor permanecer “o artesão (das) várias contribuições numa prática pessoal” (pp. 24-25), assumindo-se como o ator importante do processo; como tal, o professor é um construtor do currículo real com grande ação no local onde ensina. Nias (2001) fala da “figura do professor ”, sendo que o professor é a pessoa. E uma parte importante da pessoa é o professor. Esta dialética poderosíssima projeta muito de si no ensinar, na iteração com outros (direção, colegas, outros funcionários, alunos, pais e encarregados de educação e com a comunidade em geral). A escola é uma rede de inter- relações, sendo os professores um dos nós indiscutível, fazendo e promovendo a ligação entre os vários nós.

Assim, construímos um questionário com base em três categorias: caracterização dos docentes; estilos de liderança(s); e impactos da avaliação externa na escola. Radicados nessas categorias, redigimos itens sob a forma de afirmações, observando as preocupações de objetividade, simplicidade de formulação, credibilidade e clareza (Apêndice 4).

O questionário é composto por questões fechadas com a escala de resposta tipo Likert de quatro níveis (concordo completamente, concordo, discordo e discordo completamente). A escala Likert (1932) é uma escala psicométrica das mais conhecidas e utilizada em pesquisas quantitativas.Com a sua aplicação pretendemos saber o grau de concordância ou discordância em relação a uma declaração dada. Caracteriza-se por ser uma escala bipolar com um ponto neutro no meio da escala, originalmente com 5 itens ou mais, mas sempre impar.

A característica de ser bipolar é consensual pela sua clareza, pois ou é positiva ou negativa a concordância. Já quanto ao número de itens a questão é menos consensual. Segundo Dalmoro e Vieira (2013)

as contradições apresentadas pela literatura ficam ainda mais latentes com trabalhos como Rodriguez (2005), que, por meio de uma meta - análise, concluiu que uma escala com três opções de respostas é

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suficiente. O autor destaca que o efeito da diminuição do número de opções de escolha encolhe o teste, proporcionalmente aumenta a eficiência do teste para grandes quantidades de respondentes e diminui a eficiência para pequenas quantidades de respondentes. Em complemento, Rodriguez (2005) coloca que o tempo gasto na resposta do questionário é proporcional ao número total de alternativas, e o uso de três itens na escala diminui o tempo na coleta da informação. Apesar dos ganhos destacados por Rodriguez (2005), o uso de escalas com poucos itens tende a flutuar de amostra para amostra. (p. 164)

Como é uma escala de carácter direcional, a colocação das designações verbais é importante, mas, como referem os mesmos autores,

apesar da recomendação de utilização de palavras indicando a intensidade da atitude num contínuo (Devellis, 1991), a utilização de descrições verbais em cada questão e categoria de resposta dificulta a resposta. Para isso, o uso de números para ancorar cada ponto de resposta é uma opção recomendada, visto que fornece uma perceção de contínuo, que não só contribui para ajudar o respondente a entender o que é requerido no item, mas também contribui para uma qualificação igualitária da escala. (p.165)

Cummins e Gullone (2000, citados por Dalmoro & Vieira, 2013), além de colocarem a questão de alocar a escala com palavras nas extremidades como ‘completamente satisfeito’ e ‘completamente insatisfeito’, destacam a utilização da categoria central (ponto neutro), do tipo ‘nem satisfeito, nem insatisfeito’. Esta opção pode colocar os inquiridos a “sentirem-se mais confortáveis em responder, mas, ao mesmo tempo, o ponto neutro pode gerar ambivalência e indiferença do respondente, destoando da verdadeira opinião do respondente” (Cummins e Gullone, 2000, citados por Dalmoro & Vieira, 2013, p. 174).

Em relação aos questionários, após validação por especialista da Universidade de Évora, foi realizado um pré-teste numa escola com as características da escola do estudo de caso, em abril de 2014.

Depois de redigido o questionário, mas antes de aplicado definitivamente, passou, como devia, por uma aplicação preliminar. A finalidade foi a de evidenciar possíveis falhas na redação do questionário, tais como: complexidade das questões, imprecisão na redação, desnecessidade das questões, constrangimentos ao informante e dimensão.

Para que o pré-teste seja eficaz, é necessário que os elementos selecionados sejam típicos em relação ao universo em estudo, e que estejam disponíveis a dedicar mais tempo para

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responder ao questionário os respondentes definitivos. Isto porque, depois de responderem ao questionário, os inquiridos deverão ser entrevistados, a fim de se obterem informações acerca das dificuldades, possíveis erros ou lapsos encontrados.

O pré-teste de um instrumento de recolha de dados tem por objetivo assegurar-lhe validade e precisão. No caso dos questionários, a consecução desses requisitos é por vezes crítica. Como tal, o pré-teste deve assegurar que o questionário esteja bem elaborado, sobretudo no referente a: clareza e precisão dos termos; forma das questões; desmembramento das questões; ordem das questões; e introdução do questionário. No nosso caso, foi aplicado a quinze docentes e serviu para detetar pequenas incongruências, como a repetição de duas questões, e sabermos o tempo médio de resposta ao mesmo. Os respondentes, no final, foram entrevistados e as suas sugestões anotadas e tidas em conta para a redação final do questionário.

No caso do nosso questionário optámos por utilizar uma escala tipo Liker de quatro itens, após a aplicação do pré-teste, visto um número muito elevado de docentes selecionar a opção neutral. Assim, foi uma decisão consciente, quisemos que os docentes optassem pela positiva ou pela negativa na concordância, apesar da utilização do ponto neutro ser “defendida por ser uma opção que deixa o respondente mais à vontade no momento de expressar sua opinião” (Cummins e Gullone, 2000, citados por Dalmoro & Vieira, 2013, p. 174).

Como diz a literatura, alocámos aos itens números, porque gera “uma perceção de contínuo com distribuição igualitária entre os itens” (Nunnally, 1978, citado por Dalmoro & Vieira, 2013, p. 174). Assim resultou a nossa escala de tipo Likert (1 – discordo completamente; 2 – discordo; 3 – concordo; 4 – concordo completamente).

Relativamente à caracterização dos inquiridos, foram englobadas questões de cariz pessoal, relativas à idade, anos de serviço docente na escola, categoria profissional, grupo disciplinar e níveis de ensino que leciona. Neste bloco de questões também foi interrogado o facto de se encontrar ou não a lecionar, na escola em estudo, no ano letivo da primeira e da segunda avaliação externa de escola. O questionário, nesta parte, é constituído por 10 itens de resposta fechada.

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Na categoria, estilos de liderança, o questionário é composto por 31 itens com o objetivo de identificar o estilo de liderança do diretor. As primeiras seis perguntas referem-se ao estilo de Liderança Laissez-faire; as seguintes (10 questões) ao estilo de Liderança Transacional; e as últimas 15 questões ao estilo de Liderança Transformacional. Apresentaremos mais à frente a razão desta opção.

Em relação à categoria impactos da avaliação externa na mudança e melhoria da escola, o questionário encontra-se organizado em cinco subcategorias, a saber: resultados, constituído por sete itens, com o objetivo de identificar a perceção dos docentes em relação aos resultados académicos, sociais e reconhecimento pela comunidade; prestação de serviços educativos, constituído por seis itens, com o objetivo de identificar a perceção dos docentes em relação ao serviço educativo prestado pela escola; gestão, constituído por três itens, com o objetivo de identificar a perceção dos docentes em relação à gestão da escola; autoavaliação, constituído por cinco itens, com o objetivo de identificar a perceção dos docentes sobre o impacto da autoavaliação na melhoria da escola; e cultura organizacional da escola, constituído por oito itens, com o objetivo de identificar a perceção dos docentes em relação à cultura organizacional da escola e contributos para a melhoria da mesma.

A aplicação dos questionários, na escola em estudo, realizou-se no decorrer do terceiro período do ano letivo 2013/2014. A direção distribuiu, recolheu e apelou ao preenchimento dos questionários. O retorno foi de 48%, sendo que do total de 85 docentes, 41 responderam ao questionário.

Assim, a nossa função foi entregar, na direção, o número de questionários necessários, em envelopes individuais, para que se preservasse o anonimato de cada inquirido. Posteriormente, procedemos à recolha dos mesmos, que foram devolvidos por cada professor na direção. A recolha de dados decorreu no mês de junho de 2014.

Assim, depois de colocar em prática o plano, de recolher e analisar os dados, passámos à fase da escrita, de que vamos dar conta seguidamente.

Os dados obtidos foram submetidos a análise e confronto, fazendo a sua triangulação. Para o tratamento de dados usámos predominantemente a análise qualitativa.

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Capítulo VIII - Apresentação e discussão dos resultados

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