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1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

As condições de saúde da mulher no Brasil até a década de 1970 eram focadas na sua saúde reprodutiva, com amparo no Programa de Saúde Materno-Infantil (PSMI) e no Programa de Prevenção da Gravidez de Alto Risco, limitando a sanar problemas da gravidez e do parto (JORGE et al., 2015).

A partir dos anos 1980 o Ministério da Saúde (MS) iniciou a criação de um novo programa de saúde para atender a mulher com integralidade, assim desenvolveu ações de saúde que abarcassem todas as fases da vida, desde a adolescência até a terceira idade. Nesse intuito, elaborou o PAISM, Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (JORGE et al., 2015).

De acordo com Brasil (2013), as mulheres são as principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), desfrutando, para si mesmas dos serviços, acompanhando sua família e amigos, tornando-se indispensáveis para as políticas de saúde. São as desigualdades de poder entre mulheres e homens, que fazem com que as mulheres sejam prejudicadas em sua saúde.

Dentre os inúmeros problemas que afetam a saúde da mulher, destacam-se aqui condições uterinas que tem como desfecho a histerectomia, que leva a mulher ao sentimento de [...] medo da cirurgia propriamente dita, da mutilação de um órgão que representa a maternidade e de certa forma a sexualidade feminina (REAL et al., 2012, p.126).

A histerectomia, consiste na retirada total ou parcial do útero por meio de cirurgia, e pode ser efetuada por via abdominal ou vaginal (GOMEZ, ROMANEK 2013, p.19). De acordo com Freitas et al. (2016, p.2) a histerectomia é uma das cirurgias mais realizadas em mulheres no mundo, em média 600 mil cirurgias são realizadas por ano nos Estados Unidos.

Enquanto no Brasil, só no ano de 2014 ocorreram 83 milhões. Desse grupo não podemos deixar de destacar, que 34 milhões foram de caráter oncológico.

Segundo Oliveira e Ferraz (2012, p.41), geralmente as indicações para uma histerectomia são oriundas de patologias benignas e suas complicações, como: os leiomiomas/miomas, a endometriose, o prolapso uterino. Apenas 5,1 % das histerectomias realizadas são por enfermidades malignas, como destaque o câncer do colo do útero e o

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carcinoma do útero (endométrio), com prevalência em [...] mulheres pós-menopausadas ou nas que não tem acesso aos serviços médicos.

Freitas et al. (2016, p.2) diz que a histerectomia afeta a qualidade de vida da mulher por interferir no biológico e no emocional. Muitas mulheres associam o útero à feminilidade, à sexualidade e reprodução, o que traz sentimentos negativos que interferem na vida sexual e social, causando medo e baixa autoestima com relação a sua autoimagem.

Por outro lado, tal cirurgia também pode ser considerada pela mulher como preditora de implicações positivas, atreladas geralmente à ausência de sintomas típicos da doença de base, que levou à indicação e realização da cirurgia (MERIGHI et al., 2012, p.609).

Em geral, cirurgias causam insegurança e medo para a mulher e sua família. E esses sentimentos, para a mulher que vivencia uma histerectomia podem se potencializar, devido ao papel que o útero assume quando comparado a outros órgãos (OLIVEIRA, FERRAZ, 2012, P.44). De acordo com Gomez e Romanek (2013, p.19), ao receber a notícia de que terá o seu útero extraído, a mulher passa a enfrentar o medo do ato cirúrgico e o da mutilação de um órgão que representa a maternidade e a sexualidade.

A motivação pela temática surgiu da experiência vivenciada durante estágio do Ensino Teórico Prático (ETP) do curso de Graduação em Enfermagem e Licenciatura da Universidade Federal Fluminense, onde houve oportunidade de conversar e participar de alguns cuidados diretos as mulheres histerectomizadas e ouvir relatos dos impactos sobre sua saúde. Assim, houve o interesse em pesquisar as contribuições da enfermagem às mulheres que passam pelo processo de histerectomia devido a patologias benignas sintomáticas, malignas e hemorrágicas, demonstrando como e quais são essas contribuições no processo de empoderamento dessa mulher.

1.2 OBJETO DO ESTUDO

A contribuição da assistência de enfermagem à mulher histerectomizada no processo de empoderamento e qualidade de vida.

1.3 QUESTÕES NORTEADORAS

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Como a enfermagem contribui no empoderamento e qualidade de vida da mulher histerectomizada?

Quais as contribuições da enfermagem para as mulheres que vivenciaram a histerectomia?

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Descrever o conhecimento disponível e publicado, sobre as contribuições da assistência de enfermagem e implicações à mulher histerectomizada.

1.4.2 Objetivos Específicos

Apontar as contribuições da enfermagem nas mulheres que vivenciaram a histerectomia por neoplasias ou complicações obstétricas.

Discutir os estudos incluídos na revisão, acerca das contribuições da enfermagem no empoderamento e qualidade de vida das mulheres que vivenciaram a histerectomia por neoplasias ou complicações obstétricas.

1.5 JUSTIFICATIVA

O presente estudo justifica-se por buscar uma reflexão sobre a assistência de enfermagem junto à mulher submetida à cirurgia de histerectomia. Também pelo estímulo e fortalecimento do papel da enfermagem no perioperatório a essa mulher. Além de aprofundar a pesquisa na temática da saúde da mulher de uma forma geral e atender as demandas de pesquisas científicas relacionadas a esta área. O estudo ainda poderá identificar determinadas necessidades dessa mulher que irá se submeter à histerectomia, para direcionar ações específicas e úteis de enfermagem.

A histerectomia é a segunda cirurgia mais frequente entre as mulheres, perdendo somente para o parto cesária, sendo a histerectomia abdominal total (HAT) considerada de

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risco para a vida da mulher, devido às infecções de sítio cirúrgico (ISC), tanto superficiais como profundas que podem ocorrer em uma cirurgia aberta, além de constipação, dor abdominal, hemorragias, e trombose venosa profunda, no pós-operatório (GOMES;

ROMANEK, 2013, p. 19-20).

Considerada o tratamento mais eficaz para patologias como o câncer e mioma sintomático, a histerectomia pode causar complicações no intra e pós operatório como:

hemorragia, infecções, lesões no ureter, bexiga e intestino, além de complicações tardias como: distúrbios sexuais, psicológicos, hormonais, constipação intestinal e disfunção urinária (OLIVEIRA; FERRAZ, 2012, P.42).

É através da cultura de seu povo, construída ao longo dos tempos, através de mitos e crenças, que influencia a concepção que a mulher tem de seu próprio corpo. Biologicamente, a mulher associa o útero à reprodução e socialmente à sexualidade e feminilidade. Portanto, a histerectomia pode provocar transtornos emocionais à mulher, devido às mudanças importantes prestes a ocorrer (MARTINS et al., 2013, p.575). Mulheres submetidas á esse procedimento podem apresentar alterações na autoimagem e sintomas depressivos. (REAL et al., 2012, p.124)

Contudo, torna-se evidente que, devido às complicações relacionadas à histerectomia, o enfermeiro tem a importante função de cuidado para com essas mulheres na fase perioperatória. É preciso que o profissional de enfermagem atue de modo a contemplar a saúde da mulher integralmente, abordando além dos aspectos fisiopatológicos, aspectos psicossociais (FREITAS et al., 2016, p.2).

1.6 RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÃO

Através da busca realizada nas bases de dados, pode-se provocar discussões acerca da temática, tendo em vista, contribuir na construção de um conhecimento mais acessível para a enfermagem e assim ser utilizado na prática clínica de modo a favorecer a mulher em sua saúde biopsicossocial.

A busca pelo conhecimento científico é um desafio, no sentido de compreender as necessidades de cuidado à mulher que vivencia a histerectomia e promover ações conforme essas necessidades apresentadas. Construir esse conhecimento na forma de revisão integrativa da literatura, é extremamente valioso para a enfermagem, visto que [...] muitas vezes os

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profissionais não tem tempo para realizar a leitura de todo o conhecimento científico disponível devido ao volume alto, além da dificuldade para realizar a análise crítica dos estudos (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008, p.759-60).

Esta pesquisa busca contribuir para o aprimoramento das questões relacionadas à atenção a saúde da mulher, e em especial, daquelas que vivenciam a cirurgia de histerectomia.

Conforme conceitos e significados concedidos ao útero ao longo dos tempos, a mulher pode sofrer implicações negativas ou positivas. (MERIGHI, et al., 2012). A ausência do útero interfere no biológico e no emocional, gerando baixa autoestima. (FREITAS et al., 2016, p.2)

Aos profissionais de saúde, sobretudo os de enfermagem, que atuam nos cuidados à mulher histerectomizada, construir um conhecimento fundamentado e de cunho operacional, possibilitando assim, alcançar uma melhor tomada de decisão, com melhor custo/benefício e consequentemente uma assistência eficaz e humanizada. Além disso, por reunir em um único estudo, diversas pesquisas o enfermeiro ganha agilidade e tempo.

Contribuir no ensino e pesquisa, com a possibilidade de inserção nos projetos de extensão acadêmica e assim [...] reformular a maneira de [apreender a] ensinar os profissionais a cuidar do outro, a partir da não fragmentação do ser humano. (SILVA;

VARGENS, 2016, p.7) e incentivar novas pesquisas acerca do tema tendo em vista a escassez bibliográfica.

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