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A educação brasileira por muito tempo tem sido focada na reprodução de conteúdo, mas não necessariamente aplicados à realidade dos alunos, ou colocados em prática. O conceito de Educação significativa discutido por alguns teóricos como Alves (1982), Ausubel (1982), Libâneo (1998) e Rogers (2001), é ainda muito incomum na didática das escolas públicas, ainda mais no que se diz respeito ao ensino infantil.

Entende-se a escola como a instituição educacional de maior importância na contemporaneidade, no entanto, essa formação não deve se privar ao caráter acadêmico-educacional, mas também criar formas de ensino integralizado que possa garantir a formação de cidadãos mais socialmente responsáveis e seres humanos de maior consciência ambiental. E seguindo o pensamento de Klausen (2017), se acreditarmos que o objetivo mais democrático da escola é prover a todos sólida aprendizagem e os meios cognitivos e instrumentais para compreender a realidade e atuar nela de modo crítico e criativo, é preciso saber que condições sociais, físicas, cognitivas, afetivas, psicológicas, pedagógicas, são necessárias para isso.

É evidente que nos dias de hoje passamos por uma crise ambiental causada pelo crescimento populacional acelerado e atitudes irresponsáveis no que diz respeito à sustentabilidade da indústria e proteção ao meio ambiente. Entretanto falarmos hoje sobre reciclagem e consumo mais consciente não será a solução mais eficaz para a resolução, ou mais provavelmente, amenização do problema. Mas, se entendermos o meio físico de maneira mais completa, compreendendo seu processo de formação e transformação.

Assumindo nosso papel como parte de um sistema maior e assim conseguirmos viver de maneira mais harmônica com o meio, o que é um processo longo, mas que se iniciado desde o ensino infantil pode ter grandes efeitos na formação de uma sociedade com uma melhor qualidade de vida e equilíbrio com a natureza.

Para tal integração do ensino tradicional com o cotidiano do aluno e a formação de uma educação ambiental primária, é recomendado que haja uma maior contextualização e até adaptação do que se encontra nos livros didáticos que de forma geral abrangem de maneira superficial e muito global a questão do meio físico e dos conceitos básicos de geociências. É necessário que os professores tenham um conhecimento a respeito da paisagem que rodeia a comunidade discente e que consiga assim associar os conceitos básicos gerais de geologia de forma natural para os mesmos. Dessa forma, convergindo

para o Ensino CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) Ziman (1980), que de acordo com Aikenhead (1944) apud Roehrig e Camargo (2013), trata-se de "ensinar sobre os fenômenos naturais de maneira que a ciência esteja embutida no ambiente social e tecnológico do aluno".

É importante salientar que a responsabilidade na formação desses cidadãos e o ensino da educação ambiental, e mais especificamente abordado nesse trabalho, o ensino das geociências, também deve recair sobre profissionais, docentes e estudantes do ensino superior.

Um dos deveres da universidade, em especial as instituições públicas de ensino, é o de devolver a pesquisa e a ciência ali desenvolvidas e estudadas para a comunidade a qual se situa, denominadas Ações de Extensão. Infelizmente ainda se encontra um grande intervalo entre esses dois espaços, de forma que a informação que circula no meio acadêmico não consegue chegar ao público geral de maneira acessível. Como observa Almeida e Mello (2015), em geral as produções científicas que podem contribuir para aprofundamento de temas e com contextualizações, que nem sempre são possíveis com informações gerais, se limitam ao espaço acadêmico.Frisa-se aqui a área das geociências, em especial a geologia.

Analisando o contexto do país, que tem como bases da economia, além da agricultura e pecuária, as commodities, mineração, riquezas naturais como grandes aquíferos e campos de petróleo e gás, paisagens que são cartões postais para o mundo e, mais atualmente, geoparques internacionalmente reconhecidos. É de certa forma inaceitável que a população como um geral tenha tão pouca familiaridade com conceitos básicos de geociências e consequentemente dê tão pouco valor ao profissional geólogo, gerando assim cenários como a atual com a desvalorização do nosso patrimônio geológico e quase nenhum apoio à classe dos geocientistas.

1.1 JUSTIFICATIVA

Observa-se que atualmente a classe científica no Brasil se encontra desacreditada, e não devido à incompetência dos profissionais e pesquisadores, muito pelo contrário, o que se percebe é que boa parte da população não entende a necessidade do trabalho de pesquisa e acadêmico no Brasil. Parte disso deve-se da falta de diálogo entre a universidade e a comunidade fora dela. No que diz respeito às geociências, termos como

“Geocomunicação” vêm sendo discutidos com mais frequência, buscando-se tornar mais

comum e acessível a comunicação entre geocientistas e o restante da população. De acordo com Meira et al (2019), a Geocomunicação pode ser definida enquanto um campo da Comunicação Ambiental que busca, por meio da abordagem da relevância científica, didática e cultural dos elementos da geodiversidade, propagar conceitos e práticas referentes à importância do componente abiótico para a conservação da paisagem, dos processos ambientais e na manutenção da vida. Sendo assim, a Geocomunicação teria um papel de extrema importância não só para essa conexão entre a academia e a comunidade, mas como uma vitrine para os geocientistas, pois a profissão geólogo ainda é desconhecida por boa parte das pessoas, doravante desvalorizada não só pelas pessoas, mas por órgãos governamentais.

Ações que visem a popularização das Geociências devem ser uma frente de ação para todas as universidades, não só para criar esse canal de comunicação, mas também para devolver à comunidade um resultado que só pode ser alcançado nas universidades públicas pelo trabalho de todo um país, que as mantém. Além disso, uma população com um conhecimento geológico básico se torna uma população mais ambientalmente consciente.

A fim de iniciar esse diálogo desde cedo, a criação do livro “A grandiosa História de um grão de Areia” (Silva, 2020) vem como uma ferramenta para a introdução às geociências. Um livro infantil sobre geologia para crianças não é uma iniciativa nova, porém tem tomado maior destaque ultimamente por todos os pontos descritos anteriormente.

A utilização e criação de ferramentas complementares à educação convencional devem ser encorajadas e fortalecidas, como forma de alcançarmos um patamar onde profissões como geólogo ou outro geocientista sejam tão conhecidas e valorizadas quanto outras profissões.

1.2 . OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo principal deste trabalho é analisar de que forma o livro “A grandiosa história de um grão de Areia”, pode ser utilizado como ferramenta de introdução às geociências na educação infantil.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a)

Entender de que forma as universidades no qual o curso de geologia é ofertado têm realizado projetos com o objetivo da popularização das geociências, por meio de um questionário realizado com coordenadores de curso. Sendo estes projetos voltados a trabalhos em escolas ou para um público geral.

b) Realização de uma pesquisa com profissionais geólogos(as), docentes e discentes do curso de geologia do Brasil a fim de se ter um panorama sobre a forma do primeiro contato dos mesmo com a área, além do entendimento dos familiares sobre a profissão.

c) Fazer a introdução do livro “A grandiosa História de um Grão de Areia” a turmas do ensino infantil e seus respectivos professores, analisando de que forma a obra tem relevância no entendimento de processos geológicos simples, ou como introdução às geociências.

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