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INVESTIGAÇÃO E NA INTERVENÇÃO SOBRE A DÍADE MÃE-BEBÉ Coordenador João Manuel Rosado de Miranda Justo, Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa

jjusto@fp.ul.pt

Moderador - João Manuel Rosado de Miranda Justo, Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa

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Neste Simpósio, serão apresentadas algumas das investigações em que os membros da “Fundação Brazelton/Gomes-Pedro Para as Ciências do Bebé e da Família” se encontram envolvidos. A primeira intervenção está relacionada com o impacto da confiança materna na percepção do temperamento do bebé. A segunda intervenção refere-se ao impacto da prematuridade na auto-regulação e vinculação do bebé. A terceira intervenção apresenta um novo instrumento psicométrico dedicado à avaliação da percepção materna sobre a diferença entre bebé imaginário e bebé real. Finalmente, a última intervenção debruça-se sobre o uso da “Neonatal Behavioral Observation” nas visitas domiciliárias a famílias em risco. Este conjunto de comunicações visa, não só, apresentar uma das facetas do trabalho da Fundação Brazelton/Gomes-Pedro, mas também estimular a investigação e a intervenção nos vários domínios da família e do bebé. Um dos aspectos chave das propostas em causa é a percepção materna. Enquanto protagonistas fundamentais do fenómeno da maternidade, as experiências maternas necessitam de ser investigadas, sublinhadas e reforçadas. Outro aspecto fundamental é a visão do bebé como um parceiro activo e determinante na construção do percurso familiar que enquadra o fenómeno da maternidade. Neste sentido, a discussão das competências do bebé na edificação da autoregulação e da vinculação assume uma importância que não deve ser subestimada. Finalmente, a necessidade de intervenção neste domínio e sobretudo a exigência de nos aproximarmos da realidade social e física das famílias em risco consubstancia uma prática que precisa de ser incrementada a nível nacional, sobretudo nos momentos de maior vicissitude psicossocial.

Endereço para correspondência (Coordenador) João Carlos Gomes-Pedro

Fundação Brazelton/Gomes-Pedro Largo Luzia Maria Martins, Nº 1 C, R/c, Escritório 2 1600- 825 Lisboa 915353055

IMPACTO DA CONFIANÇA MATERNA NA PERCEPÇÃO DO TEMPERAMENTO DO BEBÉ

Miguel Barbosa1,2, João Moreira2 & Marina Fuertes3

1Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, 2Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, 3Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Lisboa

A confiança das mães para cuidar e responder às necessidades dos seus filhos reflecte-se na qualidade da relação mãe-bebé. Este estudo teve como objectivo avaliar a confiança materna nos primeiros três meses de vida do bebé e perceber a sua influência na percepção materna sobre o temperamento do bebé. 197 mães preencheram a Mother and Baby Scale nas primeiras 72 horas de vida do bebé e aos 3 meses de idade. Os resultados demonstraram que a confiança materna foi significativamente inferior nos primeiros dias de vida do bebé comparativamente aos 3 meses. As mães primíparas reportaram menor confiança enquanto cuidadoras ao nascimento e aos 3 meses face às mães multíparas. A falta de confiança materna ao nascimento influenciou significativamente a percepção de um bebé irritável- irregular aos 3 meses. A evidência de uma menor confiança materna nos primeiros dias de vida do bebé e nas mães primíparas, bem como o impacto da falta de confiança materna ao nível das percepções do temperamento do bebé reforça a importância de se intervir junto das famílias mais vulneráveis no contexto da maternidade.

Palavras-Chave: confiança materna; temperamento; mãe; bebé; famílias vulneráveis

Miguel Barbosa

Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa

miguel.mgb@gmail.com

IMPACTO DA PREMATURIDADE NA AUTO-REGULAÇÃO E VINCULAÇÃO DO BEBÉ

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Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Lisboa, 2Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, 3Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, 4Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, 5Hospital

do Santo Espírito; Coordenadora dos Serviços de Intervenção Precoce dos Açores

Estudos meta-analíticos indicam que a auto-regulação do bebé, avaliada nos primeiros 6 meses de vida, afeta o seu desenvolvimento e a qualidade da vinculação aos 12 meses. O nascimento pré-termo, frequentemente associado a uma imaturidade autonómica e neurológica do bebé, pode constituir um desafio para a sua auto-regulação. Deste modo, o nosso objetivo consistia em estudar o impacto da prematuridade na auto-regulação e na vinculação do bebé. Participaram neste estudo 60 díades mãe- bebé de pré-termo (idade gestacional entre as 31-36 semanas) saudáveis e 60 díades mãe-bebé de termo. A auto-regulação infantil foi observada no paradigma experimental Face-to-Face Still-Face (FFSF) aos 3 meses e a qualidade da vinculação mãe-filho(a) na Situação Estranha aos 12 meses. Verificou-se uma maior prevalência da vinculação segura e do estilo de auto-regulação socialmente orientada positivamente nos bebés de termo. Com efeito, o peso gestacional, o número de dias de internamento e a escolaridade materna conjuntamente parecem afetar a auto-regulação do bebé. Adicionalmente, o estilo de auto-regulação socialmente positivo no FFSF associou-se a índices superiores de vinculação segura quando comparado com outros estilos de auto-regulação. Apesar das melhorias nas respostas clínicas, as condições de nascimento e de vida do bebé de pré-termo parecem continuar a condicionar o seu desenvolvimento.

Palavras-Chave: prematuridade; auto-regulação; vinculação

Marina Fuertes

Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Lisboa

marinaf@eselx.ipl.pt

PERCEPÇÃO MATERNA DA DIFERENÇA “BEBÉ IMAGINADO - BEBÉ REAL”: UM NOVO INSTRUMENTO.

João Justo1 Patrícia Costa1, Sandra Miranda1 & Carolina Chagas2

1Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, 2ELOSOCIAL - Associação para a Integração e Apoio ao Deficiente Jovem e Adulto

Psicanalistas Franceses do século XX enunciaram algumas formas psíquicas com que as mulheres (grávidas ou mães) elaboram o fruto da maternidade; “bebé mítico”, “bebé fantasmático”, “bebé narcísico” e “bebé imaginário”. Mais tarde ou mais cedo, a protagonista do processo de maternidade defrontar-se-á com uma fonte de informação complementar; o “bebé real”. A distância que permeia entre o bebé imaginário e o bebé real foi responsabilizada pelas dificuldades de adaptação em momentos críticos da maternidade. O objetivo deste estudo foi construir um instrumento dedicado à diferença entre as percepções maternas do “bebé imaginário” e “bebé real”: “Questionário da Diferença Bebé Imaginário – Bebé Real” (QDBIBR). Foram geradas itens sobre cinco áreas de comportamento do recém-nascido: alimentação, sono, interacção, características do bebé e temperamento. Destes itens, 30 foram integrados num questionário que aplicado a duas amostras de puérperas adultas e a uma amostra de puérperas adolescentes, perfazendo um total de 2014 participantes. Foram realizadas análises factoriais e de consistência interna para a determinar as subescalas deste instrumento. Foram identificados quatro factores: F1- interacção mãe-bebé (α = .91), F2- calmia e sono do bebé (α = .80), F3- actividade do bebé (α = .67) e F4- saúde do bebé (α = .57). O QDBIBR será discutido à luz da sua utilidade nas investigações sobre psicologia da maternidade.

Palavras-Chave: bebé imaginário; bebé real; percepção materna; questionário

João Manuel Rosado de Miranda Justo

Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa

jjusto@fp.ul.pt

NEONATAL BEHAVIORAL OBSERVATION (NBO) NAS VISITAS DOMICILIÁRIAS: PROMOVER A QUALIDADE DA RELAÇÃO.

Joana Espírito-Santo1 & Joana Tinoco-de-Faria2

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A NBO é um sistema de observação do comportamento do recém-nascido (RN), centrado na descoberta partilhada da individualidade do bebé, pela leitura das suas características individuais, do temperamento inato e dos sinais de comunicação; um caminho para a construção da aliança terapêutica “pais-profissionais”. O domicílio apresenta-se como lugar privilegiado para uma intervenção assente num modelo relacional, dinâmico e sistémico, tornando-se uma oportunidade óptima de observação da dinâmica familiar e respectiva integração do bebé. A aplicação da NBO em visitas domiciliárias possibilita a complementaridade entre sistema de saúde e acompanhamento focado na saúde psico- emocional da família, privilegiando o seu ambiente natural. Garante a continuidade dos cuidados e do apoio, sobretudo nas famílias em risco. Facilitar e valorizar o conhecimento que os pais têm, natural e espontaneamente, do seu bebé, por um lado e, por outro, apoiar a leitura que podem fazer dos sinais que o bebé lhes dá, sobretudo num primeiro filho, garante os alicerces para a construção de uma vinculação segura. Uma sintonia relacional precoce, com respeito pelos estados e ritmos do bebé observáveis através da NBO, facilita aquilo que Winnicott (1962) chama “Processos de Integração do Ego”. Por outro lado, a NBO é uma experiência que ajuda os pais do RN a ler e a saber esperar, evitando situações que comprometem a tendência inata do bebé para a integração e amadurecimento.

Palavras-Chave: NBO; Winnicott; recém-nascido; famílias em risco; intervenção domiciliária

Joana Espírito-Santo

Fundação Herdade da Comporta

joana.espirito@gmail.com

SIMPÓSIO: INVESTIGAÇÃO E INTERVENÇÃO NA DEPRESSÃO NA

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