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J ULGAMENTO A DIADO

No documento O Temor Do Senhor - John Bevere (páginas 70-81)

Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo (2Co 5:10).

Enquanto escrevo, estamos nos aproximando do fim dos dois mil anos desde a ressurreição do nosso Senhor Jesus. Vivemos no início das semanas finais, dos dias e momentos que antecedem o seu retorno. Jesus disse que saberíamos a época, mas não o dia ou a hora (Mt 24:32-36). Nós estamos vivendo nesta época.

A PRIMEIRA E A ÚLTIMA CHUVA

As Escrituras proféticas anunciavam como Deus revelaria sua glória de um modo poderoso no início e novamente no fim da era da Igreja, pouco antes da sua segunda vinda. Tiago descreveu isto:

Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas (Tg 5:7).

Observe que Tiago se refere à primeira e à última chuva. Em Israel, a primeira chuva caía e umidecia a terra seca no início da época de plantio. A terra, amolecida pela chuva, podia receber o grão, que poderia firmemente criar sua raiz. As últimas chuvas vinham pouco antes da colheita e eram mais apreciadas porque amadureciam o fruto e o desenvolviam.

Tiago usou a chuva física como uma comparação para explicar o derramamento da glória de Deus. A primeira chuva caiu no dia de Pentecostes, como Pedro confirmou:

Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: E acontecerá que nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão. Mostrarei

prodígios em cima no céu e sinais embaixo na terra: sangue, fogo e vapor defumo. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor (At 2:16-20).

Pedro usou o termo derramarei. A terminologia para chuva pesada é "aguaceiro". Pedro poderia ter dito "choverá forte", mas ele utilizou termos apropriados para enviar a chuva. Quem melhor que Pedro para descrever o derramamento da glória de Deus, experimentado no dia de Pentecostes? Mas, essa descrição não é limitada ao que acabara de experimentar, pois ao mesmo tempo ele descreveu o derramamento da glória de Deus, anterior ao grande e temível dia do Senhor. O grande e temível dia do Senhor não se referia ao período de tempo no qual Pedro vivera, mas à segunda vinda de Cristo.

O Espírito de Deus fez, por meio de Pedro, o que havia feito tantas vezes antes: uniu dois períodos de tempo distintos na mesma mensagem profética ou Escritura. Sim, um grande derramamento do Espírito de Deus começou no dia de Pentecostes. Tiago chamou-o de primeira chuva. A glória de Deus se manifestou e se espalhou por onde o Senhor enviou Seus discípulos com o evangelho. Não houve nenhuma parte do mundo conhecido que não foi afetada.

Contudo, esse grande derramamento não aumentou continuamente. Ele foi acabando gradualmente e diminuiu quando os homens perderam sua paixão pela presença e pela glória de Deus. Em lugar do amor e temor que uma vez queimaram, estava a frieza, altar sem vida e de desejos egoístas. Afastados, muitos se tornaram ocupados com atividades religiosas e doutrinas que uma vez mais obscureceram o propósito para o qual Deus nos criou - caminhar com Ele.

UM TEMPO DE EGOÍSMO, MESMO NA LIDERANÇA

Essa fase de aumento e diminuição da presença e da glória de Deus poderia ser comparada ao período de tempo entre a liderança de Moisés e o Rei Davi. Nos dias de Moisés, os filhos de Israel vagaram no deserto durante anos, sob a glória manifesta de Deus. Os irreverentes foram julgados e encontraram a morte no deserto.

Mas a geração mais jovem temeu ao Senhor e o seguiu de todo o seu coração. Eles chegaram a possuir a Terra Prometida sob a liderança de Josué. Porém, foi também congregada a seus pais toda aquela geração; e outra geração após deles se levantou, que não conhecia o Senhor, nem tão pouco as obras que fizera a Israel. (Jz 2:10).

escravidão e ao sofrimento. De tempos em tempos, Deus levantava homens ou mulheres como juízes para conduzi-los. Por meio desses líderes, fontes de reavivamento e restauração surgiam para o seu povo. Embora esses fortes líderes fossem levantados por Deus para conduzir o povo, a condição geral de Israel continuou piorando. Israel reagia aos seus juízes, não à Deus, pois as Escrituras nos dizem: Sucedia, porém, que, falecendo o juiz, reincidiam e se tornavam piores do que seus pais... (Jz2:19)

A cada geração que passava, o coração do povo escolhido de Deus se tornava cada vez mais frio até que chegou ao ponto mais baixo. Essa era a condição quando Eli foi sacerdote e juiz. Depois de julgar Israel por quarenta anos, o seu coração se tornou obscuro e a sua visão estava praticamente perdida.

Sob a autoridade de Eli, atuando como sacerdotes e líderes, estavam seus dois filhos, Hofni e Finéias. A corrupção deles excedeu a de seu pai. Essa família de líderes ofendeu tanto a Deus, que Ele declarou: Portanto, jurei à casa de Eli que nunca jamais lhe será expiada a iniquidade nem com sacrifício nem com oferta de manjares (l Sm 3:14).

Tal liderança ofensiva foi a razão pela qual a nação atingiu seu ponto mais baixo. Em tempos passados, quando a nação se desviava, os líderes guiavam as pessoas de volta para Deus, mas esses líderes afastavam as pessoas por meio do seu persistente abuso de autoridade e perversão do poder.

Os filhos de Eli se envolveram em relações sexuais com as mulheres que se reuniam à porta do tabernáculo. Eles não apenas eram sexualmente imorais, mas também usavam sua posição de liderança para constranger à imoralidade as mulheres que tinham vindo buscar ao Senhor (1 Sm 2:22). Eles abusaram do poder da posição que Deus lhes havia dado para servir ao seu povo, e ao invés disso, usaram-no como um meio para satisfazer aos próprios desejos. Suas ações contrariaram grandemente o Senhor. Eli conhecia a imoralidade e a cobiça dos filhos, contudo, não os impediu de pecarem continuamente, nem os removeu das posições de liderança.

A segunda violação deles foi na questão das ofertas. Nova- mente usaram a autoridade concedida por Deus para satisfazer a própria cobiça, engordando a si mesmos com ofertas obtidas por meio de manipulação e ameaças.

JULGAMENTO ADIADO

Compare o pecado dos filhos de Eli com o pecado dos filhos de Arão, Nadabe e Abiú, que morreram quando levaram fogo estranho diante do Senhor. É difícil deixar de questionar porque os filhos de Eli não foram julgados com a morte tão rapidamente.

O pecado deles era um desrespeito franco e total para com Deus, para com o seu povo e para com as suas ofertas. Então, por que eles não foram julgados da mesma maneira - com morte imediata no tabernáculo? A resposta se encontra no versículo seguinte:

O jovem Samuel servia ao Senhor, perante Eli. Naqueles dias, a palavra do Senhor era mui rara; as visões não eram frequentes. Certo dia, estando deitado no lugar costumado o sacerdote Eli, cujos olhos já começavam a escurecer-se, a ponto de não poder ver, e tendo-se deitado também Samuel, no templo do Senhor, em que estava a arca, antes que a lâmpada de Deus se apagasse (ISm 3:1- 3).

Observe o seguinte: a Palavra do Senhor era rara - Deus não estava falando como Ele falava com Moisés. Onde sua Palavra é rara, também é rara sua presença.

A revelação já não era comum - a revelação é encontrada na presença do Senhor (Mt 16:17). Havia um conhecimento limitado dos caminhos de Deus devido à falta da sua presença.

Os olhos da liderança estavam tão obscurecidos, que eles não podiam ver - em Deuteronômio 34:7, nós encontramos: Tinha Moisés a idade de cento e vinte anos quando morreu. Não se lhe escureceram os olhos, nem se lhe abateu o vigor. Moisés nunca perdeu a visão porque caminhou no meio da glória de Deus e seu corpo foi preservado de problemas típicos da velhice. A lâmpada de Deus estava apagando devido à falta de óleo - a glória foi removida para tão distante, que a presença de Deus era apenas uma luz bruxuleante.

No caso dos filhos de Arão, a glória de Deus havia acabado de se revelar e era forte. Saiu fogo do Senhor e os consumiu, e eles morreram diante dele. A presença e a glória de Deus eram muito poderosas. Mas os filhos de Eli estavam envoltos na escuridão de uma liderança quase cega e pelas sombras lançadas por uma lâmpada fraca. A lâmpada de Deus estava quase se apagando. Restava somente um sinal da presença de Deus. A glória dele já se havia retirado. O julgamento imediato só se dá na presença da sua glória. Então, o julgamento deles não foi imediato - foi adiado.

MAIOR GLÓRIA - JULGAMENTO MAIS RÁPIDO

Esta verdade deve ser fixada em nossos corações. Embora mencionada anteriormente, agora ela é cada vez mais evidente. Quanto maior for a glória revelada de Deus, maior e mais rápido será o julgamento da irreverência! Sempre que o pecado entra na presença da glória de Deus, há uma reação imediata. O pecado e qualquer pessoa que intencionalmente o pratica serão destruídos.

Quanto maior a intensidade de luz, menor é a chance das trevas permanecerem.

Imagine um auditório grande, sem janelas ou luz natural. A escuridão dominaria. Você não poderia ver a própria mão na sua frente. Então, risque um fósforo. Haveria luz, mas seria limitada. A maior parte da escuridão permaneceria inalterada. Acenda uma única luz de sessenta watts. A luz aumentaria, mas a escuridão e as sombras ainda permeariam a maior parte do grande auditório. Então, imagine que de alguma maneira fosse possível colocar uma fonte de luz tão poderosa quanto o sol nesse salão. Você adivinhou: toda a escuridão seria aniquilada, e a luz penetraria em cada fenda e em cada canto antes escuro.

Assim é quando a gloriosa presença de Deus é limitada ou rara. A escuridão é perpétua e não é confrontada. O julgamento é adiado. Mas à medida que aumenta a luz da glória de Deus, também aumenta a execução do julgamento. Paulo explicou isso quando escreveu:

Os pecados de alguns homens são notórios e levam a juízo, ao passo que os de outros, só mais tarde se manifestam (l Tm 5:24).

O pecado irreverente de Ananias e Safira foi exposto pela intensa luz da glória de Deus, e então recebeu julgamento imediato. Isso explica porque muitos hoje, cujo pecado excede o de Ananias e Safira, têm escapado do julgamento imediato, apenas para esperar a punição adiada. Estes não são diferentes dos filhos de Eli. Continuam pecando, cegamente confortados porque não percebem que ainda serão julgados. "Não aconteceu nada", eles pensam com um suspiro de alívio. "Eu devo ser isento do julgamento de Deus. Ele faz vista grossa para o que eu faço." Esses indivíduos são confortados por um falso senso de graça e confundem a demora de julgamento da parte de Deus com a negação do julgamento.

Nós que vivemos na segunda metade do século vinte, temos testemunhado o pecado desregrado e irreprimido na igreja, não só entre os membros, mas entre os líderes também. Em meus últimos dez anos de viagens, raramente passam três semanas sem que eu ouça que um pastor, ministro, presbítero ou algum outro líder da igreja esteja envolvido em pecado sexual, normalmente com mulheres da sua própria igreja.

Meu coração também tem sido afligido pela manipulação e engano em relação aos atos de dar e recolher ofertas. Não apenas têm sido difundidas mentiras a respeito de ofertas como as de Ananias e Safira, mas várias vezes ouvi falar sobre a liderança ou os administradores desviando ou empregando mal o dinheiro da

igreja. Eu ouvi dois contadores especialistas em ministérios de dois Estados diferentes abrirem seus corações para mim e minha esposa, sobre a cobiça e o engano que viam entre os ministros do evangelho. Um deles disse: "Se outro ministro entrar no rneu escritório tentando achar um modo para conseguir mais dinheiro e escapar das leis fiscais, eu vou fechar o escritório".

Nós temos visto as ofertas serem motivadas pela cobiça e pelo desejo, ao invés de serem dadas por causa das pessoas. Paulo disse: Não que eu procure o donativo, mas o que realmente me importa é o fruto que aumente o vosso crédito (Fp 4:17). Bem diferente disto, tenho ouvido como os líderes são coniventes com os métodos de extrair a maior oferta possível do povo de Deus. Tenho visto o uso de cartas de manipulação, escritas por firmas de consultoria, contendo verdades distorcidas para adquirir dinheiro. Alguns desses consultores ainda se gabam sobre como a consideram uma ciência, e podem projetar exatamente qual será o retorno. Pedro advertiu que essa liderança surgiria nos últimos dias:

E muitos seguirão as suas práticas libertinas [...] farão comércio de vós, com palavras fictícias [...] a sua destruição não dorme (2Pe 2:3).

Se este comportamento tivesse ocorrido na atmosfera encon- trada no Livro de Atos, o julgamento teria sido certo e rápido. Porém, o julgamento hoje está adiado, pois a lâmpada de Deus está escurecida. O último derramamento da glória de Deus ainda está por vir.

Salomão lamentou:

Assim também vi as pessoas receberem a sepultura e en- trarem no repouso, ao passo que os que frequentavam o lugar santo foram esquecidos na cidade onde fizeram o bem (Ec 8:10).

Ele disse que essas pessoas corruptas iam frequentemente ao templo (igreja) e tinham boa reputação. É como se tivessem escarnecido de Deus por meio das suas ações e falecido sem julgamento aparente. A razão: o julgamento havia sido adiado.

Salomão continua:

Visto como se não executa logo a sentença sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a praticar o mal. Ainda que o pecador faça o mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, eu sei com certeza que bem sucede aos que temem a Deus (Ec 8:11, 12).

Por que o bem sucede aos que temem a Deus? Porque julgamento adiado não é julgamento negado.

Nós somos advertidos pelos seguintes versículos: Irmãos, não vos queixeis uns aos outros, para não serdes julgados. Eis que o juiz. está às portas (Tg 5:9). O Senhor julgará o seu povo. Horrível cousa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb 10:30, 31). Essas exortações foram escritas para os crentes, não para os pecadores nas ruas!

Os filhos de Eli se sentiam seguros em seu pecado. Talvez seus títulos ou obras para a igreja os tivessem seduzido. Talvez tenham julgado a si mesmos de acordo com o padrão ao seu redor. Qualquer que tenha sido o argumento, os filhos de Eli estavam enganados, pois acreditaram que a demora do julgamento de Deus significava a ausência de julgamento. Essa corrupção da liderança apenas intensificou a decadência da condição espiritual deteriorada de Israel.

GRAÇA PERVERTIDA

Paulo tinha algumas dessas mesmas profecias sérias sobre a condição do homem para descrever os tempos em que nós estamos vivendo hoje. Ele escreveu:

Sabe, porém, isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, antes amigos dos prazeres do que amigos de Deus (2 Tm 3A).

A verdade mais sombria é que Paulo não está descrevendo para a sociedade, mas para a Igreja, pois continua: Tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes (2Tm 3:5). Eles vão à igreja frequentemente, ouvem a Palavra de Deus, falam dela, vangloriam-se da graça salvadora do Senhor, mas rejeitam o poder que poderia torná-los piedosos.

Qual é o poder que poderia torná-los piedosos? A resposta é simples: é a mesma graça de Deus da qual se vangloriam. Nos últimos vinte ou trinta anos, a graça ensinada em muitas das nossas igrejas não é a verdadeira graça, mas uma perversão dela. Este é o resultado de enfatizar demais a bondade de Deus e negligenciar o temor para com Ele.

Quando a doutrina do amor de Deus não é equilibrada com uma compreensão do temor de Deus, o resultado é o erro. Da mesma forma, quando o temor de Deus não é equilibrado com o

amor de Deus, nós temos os mesmos resultados. É por isso que nós somos exortados a considerar a bondade e a severidade de Deus (Rm 11:22). Ambas são requeridas e sem elas nós ficaremos desequilibrados.

Em várias conversas e em muitos púlpitos, tenho ouvido crentes e líderes desculparem a desobediência, considerando todas as coisas cobertas pela graça ou o amor de Deus. A graça é imerecida e nos cobre, mas não da maneira como temos sido ensinados. Ela não é uma desculpa, é uma capacitação.

Esta falta de equilíbrio se infiltra em nosso pensamento, até que nos sentimos em completa liberdade para desobedecer a Deus sempre que for conveniente ou não nos trouxer vantagem. Mesmo quando pecamos, convencemos a nós mesmos e sossegamos nossa consciência com um encolher de ombros e o pensamento: "A graça de Deus cobrirá isso, porque Ele me ama e compreende como a minha vida é dura. Ele quer que eu seja feliz, não importa o custo! Certo?"

Admitindo isso, nós normalmente não verbalizamos esse processo de pensamento, contudo, ele ainda existe. Isso é evidenciado pelo fruto desse raciocínio tão precisamente descrito por Paulo.

Embora a graça cubra, ela não é meramente uma cobertura. Ela vai além disso. A graça nos habilita e nos capacita a viver uma vida de santidade e obediência à autoridade de Deus. O escritor de Hebreus nos exorta: Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor (Hb 12:28). A descrição da graça aqui não é de cobertura ou de um tapete macio debaixo do qual se pode esconder tudo, mas a força que nos capacita a servir a Deus de maneira aceitável com a devida reverência e o piedoso temor. Ela é a essência do poder por trás de uma vida de obediência. É a autenticação ou prova da nossa salvação.

Para refutar, alguns podem argumentar: "Mas a Bíblia diz: Pela graça sois salvos; isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef'2:8,9). Sim, isto é verdade. É impossível, com nossa própria força, vivermos uma vida digna da nossa herança no reino de Deus, pois todos pecamos e não alcançamos o padrão de justiça dele. Nenhum de nós jamais poderá se levantar diante de Deus e reivindicar que nossas obras, ações de caridade ou vidas retas obtiveram para nós o direito de habitar no reino dele. Todos nós transgredimos e merecemos queimar eternamente no lago de fogo.

A resposta de Deus para nossas imperfeições é o dom da sal- vação através da sua graça, um dom que não pode ser conquistado (Rm 6:23). Muitos na igreja entendem isso. Porém, nós temos falhado por não enfatizar o poder da graça, não apenas

para nos redimir, mas também nos conceder capacidade para vivermos nossas vidas de uma maneira totalmente diferente. A Palavra de Deus declara:

Assim também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. Mas alguém dirá: Tu tens fé e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé (Tg 2:77, 18).

Tiago não estava contradizendo Paulo. Ele estava esclarecen- do a mensagem dele, declarando que a evidência de que uma pessoa recebeu a graça de Deus é uma vida de obediência ao Senhor. Essa graça não só cria um desejo de obediência reverente, como também a capacidade para permanecer nela. Uma pessoa que constantemente desobedece à Palavra de Deus é alguém em quem não há fé ou nunca existiu fé verdadeiramente. Tiago continua:

Verificais que uma pessoa é justificada por obras, e não por fé somente (Tg 2:24).

Tiago introduziu esta declaração usando Abraão, o pai da fé, como exemplo: Não foi por obras que o nosso pai Abraão foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? (Tg 2:21) A fé foi comprovada por meio das ações de Abraão. Suas ações ou obras confirmaram que sua fé era perfeita.

E se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça (Tg 2:23).

No nosso idioma, a palavra "crer" foi reduzida ao reconheci- mento mental da existência de alguma coisa. Multidões têm feito a

No documento O Temor Do Senhor - John Bevere (páginas 70-81)