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1 AS PROPOSIÇÕES CURRICULARES DAS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL DE

1.5 Levantamento da situação em 2013

Apesar da intenção de responder aos anseios dos educadores, a expectativa é de que as Proposições por si só não garantiriam um trabalho de qualidade, com projetos educacionais que promovessem a formação integral do cidadão. Daí a preocupação com sua implementação e consequente avaliação do processo.

O objetivo da implementação dessa política era tornar as proposições curriculares um instrumento cada vez mais aperfeiçoado para orientar as equipes das escolas em todo planejamento escolar relacionado ao pedagógico.

Em 2011, as proposições foram distribuídas nas 186 instituições educacionais do Ensino Fundamental da Rede Municipal disponibilizadas na Internet, no endereço

eletrônico da Prefeitura, e na INTRANET, na mesma época em que foi implantada nessas escolas. Isso pode ser constatado por meio de consulta à publicação feita no DOM (Diário Oficial do Município), do dia 2 de fevereiro de 2011

[...] Proposições curriculares

Também nesta semana os professores receberão as Proposições Curriculares para a Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte (RME- BH) que apresentam reflexões sobre o currículo a ser desenvolvido nos 1º, 2º e 3º ciclos do ensino fundamental. O texto apresentado no documento foi produzido coletivamente na Rede de Formação da Secretaria Municipal de Educação, em interlocuções com vários profissionais da RME-BH e consultores das diversas disciplinas” Ano XVII- edição N37582

Com o objetivo de orientar as escolas a respeito do currículo e suas interfaces, a Secretaria viabilizou a elaboração e implantação das Proposições Curriculares para que os professores organizassem sua proposta de ensino, construindo melhores condições para a realização de diagnósticos e avaliações gerais e parciais em suas turmas. Outro objetivo era contribuir para que os estudantes compreendessem melhor o conteúdo e garantissem melhor desempenho e aprendizagem.

Para a continuidade do projeto tornam-se fundamentais ações políticas nas quais os sujeitos sejam protagonistas . Considerando que as políticas públicas e os movimentos sociais, bem como as demais ações, visam atender aos desafios relacionados à vida desses sujeitos, o desenho da política pública implantada na Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte ofereceu, a partir de 2011, formações para todos os professores e coordenadores, a fim de que recebessem orientações sobre como desenvolver o trabalho pedagógico com as Proposições.

Essas formações, que tiveram a duração de aproximadamente um ano, aconteciam uma vez por mês em cada regional da cidade e eram ministradas pelos mesmos assessores que colaboraram na elaboração do documento.

Tais formações versavam sobre a utilização das Proposições Curriculares em suas práticas escolares. Não existe documento que registre, de forma mais consistente, o conteúdo ou metodologia utilizada nessas formações, sendo possível apenas verificar as

2Disponível em http://www.fafich.ufmg.br/gerais/index.php/gerais/article/viewFile/19/24. Acessado

listas de presença onde constam periodicidade, número de participantes e temas trabalhados.

Em 2012, houve uma segunda edição revisada textualmente, porém sem alterações de conteúdo da coletânea e posterior distribuição para os professores novatos na rede.

O interesse por essa pesquisa se justifica pela convicção de que a política ficará comprometida, se não houver adesão e não houver utilização desses referenciais nas práticas educativas cotidianas das escolas da rede por seus profissionais.

Após analisarmos o processo de construção coletiva das Proposições Curriculares, torna-se importante refletirmos sobre como elas são utilizadas na prática pedagógica das escolas. Para melhor contextualizar os dados obtidos através da pesquisa, apresentaremos, de forma breve, como é a organização da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte para o entendimento do processo de implementação e acompanhamento das Proposições Curriculares.

A Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte estruturou uma equipe de Acompanhantes Pedagógicos, que tem a função de monitorar e acompanhar o processo pedagógico que acontece no interior das escolas: o planejamento cotidiano dos professores, os projetos pedagógicos, formação de turmas, estudo de resultados das avaliações, dificuldades de aprendizagem dos alunos, elaboração de propostas de ações para resolver impasses e apoio à gestão pedagógica.

A equipe é formada por professores que, durante o desempenho de suas funções, ficam à disposição da SMED e afastados do quadro de suas escolas de origem. Selecionados por uma banca composta por gerentes e coordenadores de projetos da Gerência de Educação Básica e Inclusão (Gebas), são eles que realizam a avaliação através de currículos e entrevistas, são profissionais importantes para que os processos educativos se efetivem nas escolas.

Os Acompanhantes Pedagógicos têm acesso direto às escolas, onde realizam visitas semanais para levantamento de dados e reuniões com a gestão escolar e com os Coordenadores Pedagógicos. Esta prática permite que a Gerência de Educação Básica tenha informações do que se passa nas escolas, seja por meio de dados ou das impressões dos Acompanhantes sobre os processos da escola. Alguns desses dados são

registrados em formulários e as informações são repassadas para os gerentes da GCPF e gerentes regionais (Anexo 4).

O organograma, a seguir, apresenta, para exemplificar como se organizam as equipes de Monitoramento da Aprendizagem e Gestão Escolar da Rede Municipal de Belo Horizonte, da Regional Barreto, que é uma das nove regionais em que está dividida a cidade. Essa Regional possui cinco Acompanhantes Pedagógicos que monitoram em média, três escolas cada um.

Figura 1 - Organograma da GCPF/SMED

Fonte: Elaboração própria

A Gerência de Políticas Educacionais está incluída nessa política e ligada ao Gabinete da Secretária. Essa gerência coordena a elaboração e aplicação dos PAPs (Planos de Ação Escolar) de todas as escolas da RME/BH. Uma ação significativa foi a obrigatoriedade de aplicação de recursos financeiros por parte de cada escola em formação e assessoria para estudo das Proposições Curriculares no interior das escolas.

Busca-se responder, no próximo capítulo, como as Proposições Curriculares foram tratadas nas escolas, de que maneira os professores interpretaram a nova proposta curricular e quais mudanças puderam ser observadas a partir da implantação das proposições nas práticas pedagógicas cotidianas das escolas.

É intenção também compreender como as novas Proposições Curriculares implantadas pela RME/BH inserem-se num contexto de reformas sociais mais amplas e

no cenário da educação nacional. Essas questões serão respondidas à luz dos autores e da análise dos dados levantados durante a pesquisa.