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Entende-se, de acordo com Carlos (2007), que a globalização materializa-se no lugar,

“onde se lê, percebe e entende” o mundo moderno em suas múltiplas dimensões. Num ponto de vista mais amplo, significa compreender que é no lugar onde se vive, se realiza o cotidiano, portanto, está inerente a uma concepção global/mundial. Assim, o global/mundial existente no local, redefine seu conteúdo, sem, todavia, anularem-se as particularidades.

A sociedade urbana contemporânea a qual se produz, baseia-se enquanto

“mundialidade”, apresentando tendência à homogeneização e, ao mesmo tempo, permite certa diferenciação. O lugar permite pensar a articulação do local com o espaço urbano o qual se manifesta como horizonte. A partir daí se descerra a perspectiva da análise do lugar, na medida em que o processo de produção do espaço é também um processo de reprodução da vida humana (CARLOS, 2007).

Conforme as análises de Carlos (2007), o lugar possibilita perceber a produção do espaço atual, uma vez que a particularidade do ponto de vista é pensar o seu processo de mundialização, ao mesmo tempo o lugar se coloca enquanto parcela do espaço, construção social. Desta feita, o lugar abre a perspectiva para se pensar “o viver e o habitar”, o uso e o consumo, os processos de apropriação do espaço. Ainda, é preenchido por múltiplas coações, expõe as pressões que se exercem em todos os níveis.

À luz disso, o lugar guarda em si e não fora dele a sua constituição e as dimensões do movimento da vida possível de ser apreendido pela memória, por meio dos sentidos e do corpo.

O lugar se produz na articulação contraditória entre o mundial que se anuncia e a especificidade histórica.

Para Santos (2007), há um debate muito profícuo sobre o sentido da noção de lugar.

Pode-se iniciar a reflexão por meio das ideias de Milton Santos, ele assevera a existência de uma dupla questão no debate sobre o lugar que visto “de fora”, a partir de sua redefinição, é resultado do acontecer histórico, por sua vez, este último é visto de “dentro”, e implicaria na necessidade de redefinir seu sentido.

Carlos (2007)explica sobre como o lugar poderia ser definido a partir da densidade técnica, da ideia da densidade comunicacional e também em função de uma densidade normativa. Para esta definição seria necessário acrescentar a dimensão do tempo em cada lugar que poderia ser visto através do evento no presente e no passado.

Carlos (2007) corrobora com Santos (2005) o fato de que há também a dimensão da história que entra e se realiza na prática cotidiana estabelecendo um vínculo entre o “[...] de fora” e o “de dentro” instalado no plano do vivido, para produzir o conhecido-reconhecido, isto é, é no lugar que se desenvolve a vida em todas as suas dimensões [...].

Analisar a história de cada lugar consiste em considerar sua função a cultura, tradição, língua, hábitos que lhe são próprios e construídos ao longo da história. O que vem de fora se impõe como consequência do processo de constituição do mundial. Mas o que ligaria o mundo e o lugar? O lugar é a base da reprodução da vida e pode ser analisado pela tríade habitante, identidade e lugar (CARLOS, 2007).

Ainda nas reflexões de Carlos (2007), a cidade produz e revela no plano da vida do indivíduo. Este plano é o local. As relações dos sujeitos mantidas com os espaços habitados que se exprimem todos os dias nos modos do uso, nas condições mais banais, no secundário, no acidental. É o espaço passível de ser sentido, pensado, apropriado e vivido, através do corpo.

Nessa linha interpretativa Carlos (2007, p.22) argumenta que:

O lugar é produto das relações humanas, entre homem e natureza, tecido por relações sociais que se realizam no plano do vivido o que garante a construção de uma rede de significados e sentidos que são tecidos pela história e cultura civilizadora produzindo a identidade, posto que é aí que o homem se reconhece porque é o lugar da vida. O sujeito pertence ao lugar como este a ele, pois a produção do lugar liga-se indissociavelmente a produção da vida.

‘No lugar emerge a vida, pois é aí que se dá a unidade da vida social. Cada sujeito se situa num espaço concreto e real onde se reconhece ou se perde, usufrui e modifica, posto que o lugar tem usos e sentidos em si’.

De acordo com a autora, o lugar é produto das relações humanas entre o indivíduo e a natureza. As relações sociais ocorrem no plano vivido, esse se dá uma rede de significados e sentidos traçados pela história e cultura da sociedade.

A pesquisa do lugar compreende a ideia de uma construção tecida por relações sociais realizadas no plano vivido, garantindo a constituição de uma rede de significados e sentidos que se versam pela história e a cultura civilizatória a qual produz a identidade dos sujeitos.

Destarte, o lugar, no plano do vivido, vincula-se ao conhecido e ao reconhecido (CARLOS, 2007). O sentimento de pertencer ao lugar está intimamente marcado pela história, cultura dos indivíduos e ao sentimento.

À vista disso, o lugar é palco das relações dos seres humanos, os indivíduos constroem este lugar de acordo com os seus significados e laços de pertencimento. A criança também se identifica e interage no lugar do qual faz parte. Dessa forma, ela observa o lugar, participa das brincadeiras e este conhecimento aprendido na escola auxilia no desenvolvimento das primeiras noções espaciais que, após as noções básicas referentes a Geografia, passa a produzir e reproduzir o lugar. Também, Santos (2006) investiga que o lugar ganha relevância na pesquisa e na apreensão do espaço, pois é essa dimensão do vivido, mostrando a força da categoria.

A análise é fundamental sobre a formação continuada dos professores, sobre as noções espaciais, isto é, o desenvolvimento dos raciocínios que levem em conta como são os lugares e quais significados eles têm para o sujeito. Isto se articula na construção de preposições do ensino de Geografia na formação inicial de professores da Educação Infantil. Trata-se de evidenciar e elaborar o pensar geográfico como a possibilidade de o educador dimensioná-los, assim pensar a Geografia como ferramenta articuladora de raciocínio pedagógico que permite à criança, no contexto de ressignificações do onde estão as coisas que envolvem o seu brincar com como quem ela é em meio a brincadeira, elaborar suas alteridades e identidades (SARMENTO, 2004).

A análise de Sarmento (2004) é de suma importância para compor um estudo sobre as noções Geograficas na Educação Infantil, e o significado dos lugares para as crianças, pois, elas vivenciam e constroem com suas interações sociais esse espaço, cotidianamente elas conhecem e partilham distintas culturas.

A criança interage com o lugar usando as brincadeiras realizadas com seus colegas, assim sente mais acolhida em determinado lugar, seja na sua casa, ou na escola. Nesse sentido, as atividades promovem o desenvolvimento social e motor da criança, e ao analisar essa etapa é necessário dizer sobre o estímulo e a mediação da atividade que o professora irá realizar é fundamental.

Seguindo essa linha de análise, as brincadeiras proporcionam o desenvolvimento dos conceitos matemáticos, oralidade, socialização, cognição, criatividade além do jogo ser fundamental para formar conceitos lógicos e a aprendizagem das noções espaciais. O brincar,

a criança aprende de forma descontraída a interagir com o espaço externo, observando a grama, as árvores, os seres vivos, o clima e o céu, explorando e modificando esse lugar.

1.3 As brincadeiras e os jogos como facilitadores das primeiras noções espaciais na