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“ Adeus, menino querido, delícias de minha’alma, alegria de meus olhos, filho que meu coração tinha adotado; adeus, para sempre, adeus! Quanto és formoso neste teu repouso.

Meus olhos chorosos não se podem furtar de te contemplar;

a majestade de uma coroa, a debilidade da infância, a inocên­

cia dos anjos cingem tua engraçadíssima fronte de um res- plendor misterioso, que fascina a mente. Eis o espetáculo mais tocante que a terra pode oferecer. Quanta grandeza, quanta fraqueza a humanidade encerra, representada por uma criança. Uma coroa e um brinco, um trono e um berço!

A púrpura não serve senão para estofo e aquele que coman­

da exército e rege um império carece de todos os desvelos de uma mãe. Ah! querido menino, se eu fosse tua verdadeira mãe, se minhas entranhas te houvessem concebido, nenhum poder valeria para me separar de ti, nenhuma força te ar­

rancaria de meus braços. Prostada aos pés daqueles mesmos que abandonaram o meu esposo, eu lhes diria, entre lá­

grimas: “ Não vede mais em mim a Imperatriz, mas uma mãe desesperada. Permiti que eu vigie nosso tesouro. Vós o quereis seguro e bem tratado e quem o haveria de guardar e cuidar com maior devoção? Se não posso ficar a título de mãe, eu serei sua criada ou sua escrava” . Mas tu, anjo de inocência e de formosura, não me pertence senão pelo amor que dediquei a teu augusto Pai; um dever sagrado me obriga a acompanhá-lo em seu exílio, através dos mares e terras estranhas. Adeus, pois, para sempre adeus! Mães brasileiras, vós que sois meigas e afagadoras de vossos filhinhos, a par das rolas de vossos bosques e dos beija-flores das campinas floridas, supri minha voz, adotai o órfão coroado, dai-lhe seu leito com o arbusto constitucional, embalsamai com as todo um lugar em vossa família e em vosso coração. Ornai mais ricas flores de vossa eterna primavera, entrançai o

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mim, a baunilha, a rosa, o cinamomo, para coroar a mimosa testa, quando o pesado diadema de ouro o houver machucado.

Alimentai-o com a ambrosia das mais saborosas frutas: a

rerem com menor amargura. Ei-lo adormecido. Brasileiras, eu vos imploro que não o acordeis antes que eu me retire. A tornou a segunda imperatriz do Brasil.

// Nascido às 2 horas e 30 minutos do dia 2 de dezembro ' de 1825 e batizado pelo bispo D. José Caetano com o nome de Dom Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga (15 nomes afora o “ dom” e as duas prepo­

sições!), o sexto filho do primeiro matrimônio de D. Pedro I 30

ficou órfão de mãe com apenas um ano e nove meses, quando,

Tornara-se, assim, uma criatura precocemente infeliz, dentro da prisão da Quinta da Boa Vista, “sob o silêncio ma­

Contrário à vontade de muitos republicanos exaltados ou de adversários ferrenhos do regime monárquico, o Império passou a ser governado por uma Regência, até o dia em que o Imperador Pedro II completasse 18 anos de idade, tudo na

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conformidade dos arts. 121 e seguintes da Constituição Polí­

petentemente autorizada para reformar a Constituição do Império, nos termos da Carta de Lei de 12 de outubro de

dade estrangeira, que lhe ensinaram caligrafia, literatura, história, geografia, ciências naturais, francês, inglês, alemão, desenho, música, dança, esgrima, equitação etc.

Aos 14 anos, era tido como bom conhecedor da gramá­

sábio Frei Pedro de Santa Mariana ia, às vezes, apagar a

car, quando desfraldaram o estandarte da “Maioridade quan­

to antes”, ou fundaram na mesma residência, no dia 15 de abril de 1840, a “ Sociedade Protetora da Maioridade” , cujo estatuto foi redigido pelo irrequieto senador.

No seu “ Dicionário de História do Brasil”, Antônio da Rocha Almeida, professor universitário e membro do Insti­

tuto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, afirma

cluir pela dispensa da idade legal a D. Pedro II, o seu obje­ dos grupos políticos rivais, pois não pretendemos participar das divergências políticas entre os Partidos Liberal e Conser­

vador, “ que se alternaram no poder durante todo o segundo reinado e se caracterizavam por lutar pelo poder político e por defenderem os interesses da aristocracia dominante” , tendo ambos “um ponto básico comum, que era a manuten­

ção da estrutura escravagista e a alienação da massa do pro­

cesso político” , como escreveram Francisco de Assis Silva e Pedro Ivo de Assis Bastos, na sua “ História do Brasil” . E é o grande historiador Oliveira Viana quem afirma, ironica­

mente: “Nada mais conservador que um liberal no poder.

Nada mais liberal que um conservador na oposição...”

Em 1847, com a criação do cargo de Presidente do Con­

selho de Ministros, o regime se tomou parlamentarista, e esses dois partidos foram responsáveis não só pela queda de 36 gabinetes ministeriais como pela intranqüilidade adminis­

trativa durante o Segundo Reinado. Forjaram até a criação de novos partidos, como o Partido Radical, do qual se origi­

nou, em 1870, o Partido Republicano.

E só Deus sabe quanto sofreu e lutou o nosso sábio e sereno Imperador para governar durante quase meio século este imenso país.

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“ Escravo da lei, procurou conciliar os partidos, apaziguar

Pedro II realizou pelo Brasil, durante meio século de adminis­

tração, de cujo balanço resulta enorme saldo de benefícios.

“ Reprimiu o caudilhismo no Brasil e no Prata, garantiu 40 anos de paz interna, sufocou cinco revoluções — em São Paulo, Minas, Maranhão, Rio Grande do Sul e Pernambuco,

— sustentou três gloriosas guerras externas, destruindo três tiranias, — a de Rosas, a de Aguirre e a de Lopez; assegurou aproveitou suas vantagens para oprimir vizinhos mais fra­

cos. O Imperador era aliado de todos os espíritos liberais do Prata. Nada impôs ao Paraguai, depois de tê-lo vencido com ingentes sacrifícios. Organizou ali o governo republicano, que, sob o despotismo de Francia, Lopez I e Lopez II, era até então desconhecido dos paraguaios, e determinou-lhes a abo­

lição do cativeiro. Três vezes serviu de árbitro em questões internacionais de grande monta, entre poderosas nacionali­

dades. Defendeu, com extrema energia, a dignidade do Bra­

de nove mil quilômetros de via férrea em tráfego) — para se verificar a imensa prosperidade alcançada sob as vistas de D. Pedro.

Presidiu ele à inauguração das nossas primeiras estra­

das de ferro; linhas de vapores e telegráficas, principais obras públicas; à introdução em massa dos colonos estrangeiros;

ao desenvolvimento da instrução; à expansão do nosso cré­

dito, cotado, nos últimos anos da monarquia, acima dos mais influentes Estados. Lavoura, comércio, indústria, tudo me­

drou.

Escreveu Pedro Calmon, na sua citada obra, que “ A maioridade, o casamento, o governo pessoal não modificaram os hábitos do Imperador” .

“ Dividia as horas com um método infalível. Igualmen­

te governava superintendendo os ministros, e instruía-se, sem faltar, em Petrópolis, aos bailes semanais, no Rio, ao teatro

pois de ter lido, lápis em punho, “ lápis fatídico”, os jornais, ou recortes deles, arranjados pelo secretário. Passeava a pé uns

Quando entrei o Imperador ouvia um sem-número de mulhe­

res pobres que o cercavam. Tinha a mão esquerda carregada de petições” .

Quando funcionavam as Câmaras, o despacho ministe­

rial era à noite, de 8 à uma e duas da manhã, os ministros caracteres, gente suspeita, que desmoralizassem os títulos conferidos, os cargos públicos! Podia deixar passar o bene­

fício de uma comenda, de uma patente da Guarda Nacional, aliás cobrada em razão das forças do pretendente, persona­

gens do sertão apadrinhados pelos parlamentares; mas su­

jeitava a torturante inquisição os lentes, os juizes, os buro­ cidade serrana de Petrópolis. Empreendeu viagens a inúme­

ras províncias do Império, desejava conhecer o Brasil e ser conhecido dos brasileiros. Em 1845, antes de completar 20 anos de idade, entre festas e apoteóticas manifestações po­

pulares, visitava as províncias de Santa Catarina e do Rio 37

Grande do Sul, onde se demorou por dois meses e conheceu, desembarcava em Santos, onde foi delirantemente aplaudido pelo povo. Dai, a cavalo, e acompanhado por deputados, no­

perador, como escreveu Calmon, “ descortinou o panorama das sólidas civilizações do Norte, das velhas cidades dos enge­

trariando os seus Ministros, partiu para o Rio Grande do Sul, quando o Império, a Argentina e o Uruguai guerreavam con­

tra o Paraguai. Em S. Gabriel, visita os estabelecimentos mi­

litares. Percorre hospitais, suporta o desconforto dos descam­

pados. dorme em tapera triste e habitua-se à cuia do chi- marrão. Em Uruguaiana, onde se encontravam 15.000 ho­

mens dos exércitos aliados, conferência com Mitre e Flores, respectivamente, chefes dos governos da Argentina e do Uru­

guai e assiste ao desfile de quase cinco mil paraguaios, famin­

tos e maltrapilhos, retomando, depois, à sua barraca, reco­

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mendando, antes, que não deixassem os prisioneiros sofrer quaisquer vexames.

Diz André Rebouças, no seu “ Diário e Notas Autobio­

gráficas”, que D. Pedro II para empreender essa viagem ao teatro da luta, teve de cortar a discussão com os seus minis­

tros, afirmando: “ Ainda me resta um recurso constitucional:

abdicar e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pá­ completam a educação, dilatando a inteligência, apurando as faculdades estéticas e afetivas, enriquecendo a observação e a experiência” .

Acha Calmon que a Guerra do Paraguai envelheceu D.

Pedro II e que os cinco anos valeram vinte. Em 1870, “ a bar­

ba encanecida dava-lhe um aspecto respeitável de sexagená­

rio: e não passava de 45 anos!” . Em fevereiro de 1871, fale­

Em 12 de julho de 1871, desembarcaram, no porto de Lis­ nunca deslembrar aquela carinhosa carta, que escreveu na madrugada de 7 de abril de 1831, quando D. Pedro II ainda sábios matemática, arqueologia, arte, helenismo e hebráico.

Foi até a mansarda do velho e moribundo escultor Pedrich, 40

a quem deu uma boa esmola. (Pedrich foi seu protegido no Rio, quando realizara trabalho para o Paço). Na França, onde estivera antes de deixar Portugal e passar pela Espanha, visitou Paris, onde soube da decretação da “Lei do Ventre ainda Portugal, esteve com os famosos escritores Camilo Cas­

telo Branco e Alexandre Herculano. Das mãos de Guerra Junqueira recebeu um poema escrito por este.

A conselho dos seus médicos, que lhe recriminaram o excesso de trabalho, D. Pedro resolve empreender nova via­

gem ao estrangeiro, em 1876. Agora, com a sua esposa e sua pequena comitiva, da qual fazia parte o Barão de Bom Re­

tiro, vai aos Estados Unidos da América, que festejavam o primeiro aniversário de sua independência, e, depois, visi­

taria, novamente, a Europa e o Médio Oriente.

Nos Estados Unidos, foi regiamente recebido pelos ame­

ricanos, embora tenha dito a uma comissão de recepção, no porto de Nova Iorque: “ O Imperador ficou no Brasil, eu sou um simples cidadão brasileiro” . Não queria homenagens ou recepções. Queria era ter a liberdade de satisfazer a sua curiosidade: isto é, ver tudo o que a civilização e o progresso americanos poderiam apresentar ao mundo. Visitou demo- radamente, inclusive com o Presidente Grant, toda a Expo­

sidente dos Estados Unidos, Dom Pedro...” Era a popularida­

nômico de Vassar College, onde demonstrou conhecimentos de astronomia e de aparelhos astronômicos” .

Meus senhores — Um século depois, o homem que vos fala teve a satisfação de participar das comemorações do bi­

centenário da independência americana, em Washington, New York e outras cidades. Em 1973, o brasileiro João Fer­

nando Sobral era eleito, em Miami, para a Presidência de Lions Internacional, o que motivou um grande desfile pelas ruas da maior cidade da Flórida. E eu me encontrava entre os dois mil brasileiros e trinta mil “ leões” do mundo inteiro que participaram daquele desfile promovido pelo maior clube de serviço do mundo. Sabem os senhores como os brasileiros

russo). Constantinopla vale um trajeto: é Atenas que os leria, biblioteca, palácio, hospital, curiosidade, homem ilus­

tre que não visite, que não estude. Em todas as agremiações

pes suíços, na Espanha e em Portugal, de onde retomou ao sidente dos Estados Unidos da América quando homenagea­

do no Rio de Janeiro pelo Congresso Nacional, disse no seu discurso de agradecimento, em 1936, que quando era rapaz, andava com os seus pais no parque de uma cidade do Sul da França. “ Foi quando chegou um velho casal de distinto porte:

D. Pedro II e a sua Imperatriz” . Visitou, ainda, a Itália, onde esteve nas cidades de Gênova, Florença, Bolonha, Veneza e Nápoles. Subiu ao Vesúvio, de onde contemplou as históri­

cas cidades de Herculano e Pompéia.

Achava-se moribundo em Milão, sacramentado, ungido, quando lhe comunicam a votação da Lei de 13 de maio de apoteoticamente recebido pelo povo e pelos políticos.

A monarquia, no Brasil, minada pela propaganda repu-

e declarada extinta a monarquia no Brasil. No dia imediato, de sua atribulada existência, embora sofrendo a nostalgia da pátria distante, não lhe arrefeceu o ânimo de viajar, nun­

tencia a várias instituições culturais brasileiras e estrangei­

ras. Como entendia, ou sabia ler, escrever e falar as princi­

pais línguas vivas, não encontrava dificuldades de aprimo­

rar os seus conhecimentos sobre qualquer campo da ciência,

a leitura e a educação de suas filhas eram os seus principais divertimentos. “ Nasci para me consagrar às letras e às ciên­

cias” , escreveu ele no seu “Diário” . Dizia que se não fosse i imperador queria ser mestre escolar. Gostava muito de ouvir conferências, principalmente quando se tratava de oradores conhecidos. Já no exílio, em Paris, censurado pela filha prin- numismáticas e mineralógicas, sem estimativa possível”.

Seus conhecimentos eram enciclopédicos. Estudava e dis­

cutia matemática, biologia, química, fisiologia, medicina, economia política, história, egiptologia, arqueologia, arte, he- lenismo, cosmografia, astronomia etc. Pelos seus conheci­

mentos de astronomia, inclusive era astrônomo amador, e

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nhecedor da língua e literatura portuguesas.

No final do seu discurso, em memória de D. Pedro de Al­

cântara, pronunciado no Instituto de França, Daubreé, disse:

“ No entanto, quaisquer que fossem a extensão e força dessa bela inteligência, o que mais devemos admirar nessa perso-46

nalidade que nos foi arrebatada é a suprema bondade, essa benevolente simplicidade, essa resignação serena no meio dos revezes inesperados e imerecidos da fortuna, essa ge­

nerosidade constante, diante das ingratidões e traições, em uma palavra, essa grandeza de alma que nunca melhor res­

plandeceu que nas dores do exílio. O nome deste servidor devotado da humanidade ficará gravado na História: ele vi­

verá também na memória do Instituto de França” .

Senhores — Sábio pela sua imensa erudição e magnâ­

nimo pelas suas virtudes cívicas e morais, pela sua evangé­

lica bondade, nunca alimentando ódios ou ressentimentos no seu coração, embora tenha sofrido as mais inomináveis in­

justiças e as mais cruéis ingratidões, D. Pedro 13 foi, talvez, t o mais sábio dos soberanos da Terra e o maior brasileiro de todos os tempos.

O Instituto do Ceará, quase centenário, fundado ainda no Império, e a Sociedade Brasileira dos Amigos da Astrono­

mia, com, apenas, trinta e um anos de atividades, prestam com esta homenagem um justo reconhecimento a quem tudo fez pelo progresso cultural e pelo desenvolvimento material e moral do Brasil e do mundo.

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Juízo S o b r e o V e lh o Im p e r a d o r

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