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2.3 PROTOCOLO DE KYOTO

2.3.2 Mercado de Carbono

Segundo o jornal Folha de São Paulo, de 15 de novembro de 2006, estima-se que o mercado mundial de Crédito de Carbono tem um potencial de crescimento, em todo o mundo, de aproximadamente 30 bilhões de Euros e que o Brasil tem condições de responder por 20% deste total.

Os países que assinaram o Protocolo de Kyoto podem comprar ou vender livremente CER’S (Certificados de Emissões Reduzidas) – os conhecidos Créditos de Carbono. Para que esta transação ocorra efetivamente, uma série de critérios para reconhecimento destes projetos se faz necessária. O principal deles refere-se ao fato de estarem alinhados com a política de Desenvolvimento Sustentável do país, pois, de forma contrária, o Mecanismo acaba não atingindo seu objetivo principal de redução de emissões e melhora global das condições de vida.

A negociação de contratos futuros de Carbono já é uma realidade mundial, sendo atualmente negociada em diversas bolsas de valores, como a de Chicago e em países como Canadá, Dinamarca, França, Japão e Holanda. O Brasil pode participar deste mercado de diversas formas diferentes em virtude de sua extensão territorial e da Biodiversidade. Relatando apenas algumas destas oportunidades, podem-se citar: plantio direto, reflorestamento, projetos com biomassa e biodigestor, substituição de matrizes de geração de energia, políticas de Biocombustível e mais uma diversidade enorme de oportunidades.

3 EMPREENDEDORISMO

A palavra empreender deriva do latim imprehendere, sendo incorporada à língua portuguesa no século XV. A expressão “empreendedor”, segundo o Dicionário Etimológico Nova Fronteira, de 1986, teria surgido na língua portuguesa apenas no século seguinte. A expressão empreendedorismo parece ter sido originada da tradução da expressão em língua inglesa entrepreneurship que, por sua vez, é composta da palavra francesa entrepreneur e do sufixo inglês ship, que indica posição, grau, relação, estado, qualidade, perícia ou habilidade. Na literatura, também se encontra o termo empreendedorismo como sendo derivado da palavra francesa entrependre e remonta ao século XVI. Segundo os autores Cunningham e Lischeron (1991), no limiar do século XVI, empreendedores eram franceses destinados a liderarem expedições militares. Neste particular aspecto, nota-se que os ditos empreendedores da antiguidade guardavam muitas similaridades com as competências básicas de empreendedores atuais, pois para liderar um pelotão ou um exército, fazia-se necessário um elevado grau de responsabilidade, um sistema eficiente de liderança e constância de propósitos.

Durante o século 18, o termo empreendedor continuou sendo utilizado, porém, em alguns casos, adquirindo uma nova roupagem como “contratista”. Estes tinham como objetivo efetuar construções para militares, tais como: estradas, pontes, portos e fortificações de modo geral. Nesta época, os economistas franceses, que apresentam uma relevância muito grande para o estudo do empreendedorismo, usavam a palavra como forma de descrever pessoas que concordavam em correr riscos, superar momentos de turbulências e incertezas com o objetivo de realizar projetos inovadores.

O estudo do empreendedorismo apresenta dois enfoques que ocorrem com maior freqüência em termos acadêmicos: o enfoque econômico, que parte do princípio de que o empreendedorismo é visto como um fator de suma importância na captação e geração de riqueza das nações, promovendo e contribuindo de forma significativa para o crescimento e desenvolvimento. Esta linha de pensamento é representada por estudiosos como Schumpeter (1988). O enfoque comportamental

apresenta foco na dimensão de comportamento e atitudes dos indivíduos que estão inseridos em atividades empreendedoras. Os comportamentalistas são representados por pensadores como McClelland (1971). Em linhas gerais, para os economistas, existe forte tendência de alinhar empreendedores com atitudes bastante inovadoras, enquanto cabe aos comportamentalistas um foco mais acentuado nas características criativas e intuitivas dos empreendedores.

A abordagem teórica do foco econômico do empreendedorismo tem suas raízes originárias na figura do comerciante e banqueiro Cantillon (1680-1734), que visando a grandes oportunidades de negócios, baseado em um gerenciamento diferenciado e na otimização de seu capital investido, escreve uma obra pioneira no gênero, que versa sobre: “Natureza do Comércio em Geral”. Nessa obra, Cantilon já estabelece uma diferenciação de classes existentes entre os agentes econômicos, que neste caso seriam os latifundiários, ou funcionários e os empreendedores. Já o inglês Adam Smith (1723-1790) posiciona o empreendedor como um agente criador de riquezas, pois constantemente procura novas formas de realizar negócios, contribuindo desta forma para o crescimento da economia. Diversos outros teóricos contribuíram para reforçar a figura do empreendedor como agente econômico.

François Quesnay, Petty, Jean-Baptiste, Say e Baudeau são considerados os mais relevantes.

No início do século XX, as teorias de Schumpeter (1938) contribuem para uma grande discussão e evolução das teorias empreendedoras, principalmente quando da percepção e exploração de novas oportunidades mercadológicas de maneira inovadora. Na concepção de Schumpeter (1938), o empreendedorismo não pode ser dissociado da inovação, ou seja, uma atividade nova apenas se torna uma atividade empreendedora se nela estiver contida traços muito claros de inovação.

Com base nessa concepção, os economistas identificaram alguns pontos de similaridade que caracterizavam os empreendedores, inicialmente como identificadores de grandes e novas oportunidades de mercado, como fomentadores de novas empresas e, principalmente, com uma propensão muito maior a correr riscos, derivado das mudanças de mercado que tentavam implantar. O autor introduziu um termo bem interessante no estudo do empreendedorismo, interessante principalmente por conseguir sintetizar com muita propriedade seus escritos sobre o

tema denominando de “destruição criativa”, o processo capaz de propiciar a inovação de processos, produtos, sistemas de fabricação e, por conseqüência, auxiliar no desenvolvimento da economia capitalista.

Para Schumpeter (1938), o empreendedor tem a missão de criar novos fluxos de produção, desenvolver vínculos e transações, tendo como resultado a constituição de um novo empreendimento. O empreendedor, em um perfil traçado pelo autor, é a pessoa que tem o sonho de ter seu negócio próprio, é uma pessoa de elevada força de vontade e dotada de muita determinação para conquistar seu espaço no mercado. O empreendedor pode ser qualificado como uma pessoa com elevado entusiasmo, que acredita com muita convicção em seus sonhos e idéias, sendo um lutador acima de tudo, pois normalmente diversas dificuldades aparecem pelo caminho quando do início de um novo empreendimento. São estas dificuldades que propiciam ao empreendedor descobrir diferenciais que realmente se transformem em reais vantagens no mercado, principalmente combinando recursos de maneira inovadora.

Jean-Batiste Say apresentou uma abordagem bastante interessante quando associou a atividade empreendedora à gestão e principalmente ao fazer a distinção entre empreendedores e capitalistas, ficando o primeiro associado a processos inovadores e mudanças contínuas (GUIMARÃES, 2002). O economista Frank Knigth (1885-1972) analisa o empreendedor em relação à probabilidade de risco e incerteza inerente para qualquer negócio e afirma que a principal habilidade e diferencial do empreendedor está na capacidade de lidar com a constante incerteza que ocorre na sociedade contemporânea (SWEDBERG, 2000).

Analisando de forma contínua sobre a perspectiva econômica, Penrose, na década de 50, realizou alguns estudos sobre serviços empreendedores e oportunidades produtivas nas organizações (SWEDEBERG, 2000). Segundo Inácio Júnior (2002), Israel Kirzner recentemente teorizou que a economia era muito desbalanceada, sendo o empreendedor o indivíduo capaz de identificar quais os desequilíbrios que estão ocorrendo e de que forma este desequilíbrio pode trazer algum tipo de vantagem para a empresa. Kirzner introduz um elemento novo na análise quando cita que o empreendedor pode influenciar na demanda de mercado

utilizando ferramentas de marketing e publicidade. Como forma de sistematizar as teorias, Baumol (1993) propõe duas categorias distintas de empreendedores: a primeira seria referente aos organizadores de negócios, com elementos encontrados no tipo descrito por Say, e os inovadores, que se enquadram muito mais no tipo descrito por Schumpeter.

Drucker (1987) afirma que a riqueza de uma nação é medida por sua capacidade de produzir, em quantidade suficiente, os bens e serviços necessários ao bem-estar da população. Esta afirmação vem ao encontro da liberação de criatividade dos empreendedores, que poderiam desenvolver produtos e serviços com reais diferenciais para o mercado comercializar esses bens e serviços.

Importante salientar, a despeito de certa confusão teórica e prática, que ser empreendedor não é similar a ser um empresário. O empresário, normalmente, é aquele que chegou, por variadas razões, à posição de dono da empresa e, desta, tira seus lucros. Não pode ser descartada a possibilidade de um empresário ter como origem um legítimo empreendedor, que se encaixa nas características já citadas de risco, inovação e paixão total pelo negócio. Mas, de modo geral, poucos empresários são realmente empreendedores, principalmente no quesito inovação, que sabem efetuar leituras de mercado transformando ameaças em oportunidades.

Como ocorre com todas as correntes científicas que abordam determinado tema, invariavelmente são encontrados autores que são concordantes com os preceitos desta corrente e inclusive servem como arautos de suas premissas. Por outro lado, também existem críticos que professam e encontram maior similaridade em outras correntes teóricas. Os pesquisadores de empreendedorismo da corrente dos economistas foram alvos de severas críticas em relação à abordagem comportamental dos empreendedores. Segundo os críticos, os estudos do empreendedorismo analisados sob a ótica econômica parecem não explicar a motivação das pessoas para a ação empreendedora. Existe tendência a aceitar modelos não-quantificáveis. A abordagem econômica focava mais em aspectos de racionalismo e de funcionalismo, com limites muito criticados.

Começou então a existir uma necessidade de verificar os motivos para empreender e quais comportamentos e atitudes poderiam fornecer subsídios para

entender de forma mais clara o processo de empreender. Pesquisadores da área comportamental começaram a tecer diversas críticas aos pesquisadores da área econômica, enfatizando aspectos da dimensão individual do comportamento como evidência clara da influência das relações entre motivação e realização e principalmente o desenvolvimento econômico das nações. Weber (2004) escreve sobre o comportamento empreendedor com o objetivo de identificar o sistema de valores dos empreendedores como elemento fundamental para a explicação dos seus comportamentos e ações. Weber precedeu aos comportamentalistas e este aspecto foi bastante interessante em termos teóricos, pois ajudou a desvendar as causas do comportamento empreendedor.

Em sua clássica obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Weber cita que a crença religiosa e os ideais éticos fizeram-se presentes e interferiram nas ações empreendedoras e na aceitação do lucro, contribuindo de forma significativa para a sociedade capitalista atual. No entendimento do autor, algumas idéias ligadas à ética e à religiosidade podem ter contribuído de forma determinante no desenvolvimento do espírito econômico. A obra aborda o surgimento do protestantismo como um questionamento aos valores e práticas comuns da época.

Algumas práticas apresentavam natureza radical, como aquelas associadas ao determinismo do Calvinismo ou do Pietismo, acima de tudo, movimentos de contestação dos valores e práticas da sociedade, pregando inclusive situações pouco pacifistas. Como resultado deste questionamento e dos desdobramentos das práticas religiosas, a análise partiu para a avaliação religiosa do trabalho sistemático, executado de forma incansável e contínua na vocação como evidente prova de fé, que defendia que não se deveria lutar contra a aquisição racional de bens, mas sim contra o uso irracional da riqueza. O modo de vida aceitável para Deus não estava na superação da moralidade pelo modo monástico, mas, sim, no cumprimento das obrigações impostas aos indivíduos pela sua posição no mundo secular. A característica básica destes povos era evitar qualquer tipo de ostentação, gastos que realmente não fossem altamente justificáveis, e normalmente ficavam envergonhados quando tinham alguma manifestação pública que salientasse seus predicados. Nesse contexto, o lucro acabava se tornando algo inevitável e aceitável do ponto de vista ético. A vida deveria ser constantemente guiada pela reflexão para

poder superar o estado da natureza. As sobras e os lucros deveriam ser administrados de forma a não gerar nenhum tipo de ostentação ou mesmo de consumo excessivo, sendo que a satisfação maior era ter conseguido realizar um grande e bom trabalho.

Todos esses fatores seriam vitais para o crescimento econômico das nações (WEBER, 2004). Quando a limitação do consumo é combinada com a liberação das atividades de busca de riqueza, o resultado é o acúmulo de riqueza, o que o autor denomina de “espírito do capitalismo”. Os trabalhos de Weber (2004) são muito relevantes não apenas na área sociológica, mas não chegam a proporcionar um aprofundamento acentuado das questões comportamentais relativas ao empreendedorismo. McClelland (1971) foi quem focalizou de maneira mais intensa suas pesquisas para o estudo do comportamento no ramo do empreendedorismo.

Para poder compreender melhor os estudos de McClelland, faz-se necessário abordar a Teoria da Hierarquia das necessidades de Maslow.

Esta teoria é baseada na motivação segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e divididas em níveis, seguindo uma hierarquia de importância e de influência. Na parte mais rasa da pirâmide, conforme Figura 1, estão dispostas as necessidades mais básicas, denominadas fisiológicas, e no topo da pirâmide figuram as necessidades mais elevadas, denominadas de auto-realização.

Figura 1: Pirâmide das necessidades de Malsow.

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As necessidades fisiológicas referem-se às necessidades biológicas dos indivíduos, como a fome, a sede, o sono. São as mais prementes e dominam fortemente a conduta do comportamento, caso não estejam satisfeitas.

Se todas as necessidades estão insatisfeitas e o organismo é dominado pelas necessidades fisiológicas, quaisquer outras poderão tornar-se inexistentes ou latentes. Podemos então caracterizar o organismo como simplesmente faminto, pois a consciência fica quase inteiramente dominada pela fome. Todas as capacidades do organismo servirão para satisfazer a fome... (MASLOW, 1975) Assim, uma pessoa dominada por esta necessidade tende a perceber apenas estímulos essencialmente básicos que visam a satisfazê-la. Sua visão de presente e futuro fica limitada e determinada por tal necessidade. Maslow (1975) ressalta que é impossível a uma pessoa faminta pensar em liberdade, amor, sentimentos humanitários e respeito, pois tais conceitos são melhor assimilados por pessoas que estão um patamar acima na pirâmide.

As necessidades de segurança surgem na medida em que as necessidades fisiológicas estejam razoável ou parcialmente satisfeitas. Levam a pessoa a proteger-se de qualquer perigo, seja ele real ou imaginário, físico ou abstrato.

Semenik e Bamossy (1995) enfatizam que todo ser humano necessita de abrigo e proteção para o corpo e de manutenção de uma vida confortável. Assim, como na necessidade fisiológica, o organismo pode ser fortemente dominado por tal necessidade, que passa a dirigir e a determinar a direção do comportamento.

Tendo satisfeitas as necessidades acima, surgem as necessidades de amor, afeição e participação, ou seja, a cada degrau que o indivíduo ascende na pirâmide, novas necessidades surgem. Segundo Maslow (1975), essas necessidades se referem à necessidade de afeto das pessoas formadoras do círculo familiar, profissional e amoroso (namorado, filhos, amigos). São necessidades sociais presentes em todo ser humano: “... a pessoa passa a sentir, mais intensamente do que nunca, a falta de amigos, de um namorado, de um cônjuge ou de filhos (...) seu desejo de atingir tal situação será mais forte do que qualquer coisa no mundo”

(MASLOW, 1975). Quando esta adaptação não existe, o sentimento de frustração torna-se extremamente grave e pode conduzir o indivíduo a uma série de problemas de ordem psicossociais.

As necessidades de estima referem-se à sua postura pessoal em relação às pessoas de seu convívio e também em relação à imagem que todos fazem do indivíduo. Caso esta necessidade seja satisfeita, pode impactar diretamente no sentimento de autoconfiança da pessoa, mas quando este propósito não é atendido, também gera uma frustração muito considerável, conduzindo o indivíduo a sentimentos de inferioridade, fraqueza e desamparo (MASLOW, 1975). As necessidades de auto-realização são necessidades de crescimento pessoal e revelam uma tendência de todo ser humano em realizar plenamente todo o seu potencial. “Essa tendência pode ser expressa como o desejo de a pessoa tornar-se sempre mais do que é e de vir a ser tudo o que pode ser” (MASLOW, 1975).

O aparecimento desta necessidade supõe que as anteriores estejam plenamente satisfeitas. Importante salientar que de forma diferente das necessidades anteriores, a necessidade de auto-realização não se extingue pela plena saciação. Quanto maior a satisfação experimentada por uma pessoa, tanto maior e mais importante parecerá a necessidade (HAMPTON, 1999). Além da auto-realização, posteriormente, Maslow acrescentou à sua teoria o desejo de todo ser humano de saber e conhecer e de ajudar os outros a realizar seu potencial, sendo que este aspecto tem sido amplamente utilizado em diversos segmentos empresariais, pois estimula o trabalho em equipe e a formação de grupos fortes de trabalho.

Há, assim, uma necessidade natural do ser humano de buscar o sentido das coisas de forma a organizar o mundo em que vive. São necessidades denominadas cognitivas e incluem os desejos de saber e de compreender, sistematizar, organizar, analisar e procurar relações e sentidos (MASLOW, 1975). Tal necessidade viria antes da auto-realização, enquanto que a necessidade de ajudar os outros a se autodesenvolver e a realizar seu potencial – a que ele deu o nome de transcendente – viria posteriormente à auto-realização (HUITT, 1998).

Maslow (1975) ressalta que existem certas condições para que as necessidades fundamentais possam ser satisfeitas: A liberdade de falar e agir como se deseja, desde que o direito alheio também seja plenamente satisfeito, pois de forma contrária o conflito seria uma constante em qualquer tipo de ambiente.

Maslow, entretanto, conclui que sua teoria motivacional não é a única a explicar o comportamento humano, pois nem todo comportamento é determinado pelas necessidades. Afirma, ainda, que as necessidades fundamentais são em grande parte inconscientes. Para ele, fatores socioculturais influenciam na forma ou objetos com que os homens buscam satisfazer suas necessidades, mas não modificam substancialmente a hierarquia motivacional proposta.

Efetuada esta contextualização sobre as necessidades humanas, podem-se descrever com maior propriedade os trabalhos de McClelland (1971). No entendimento do autor, os trabalhos anteriores somente haviam indicado, por meio da lógica e de argumentação razoável, evidências de relação entre motivação de realização e crescimento econômico, porém, para melhor entendimento de pontos específicos do debate, ainda seriam necessárias provas. Para McClelland (1971), algumas pessoas desenvolviam uma necessidade de realização muito acentuada e, segundo o autor, esta necessidade normalmente derivava ou era associada aos empreendedores. Essa necessidade de realização concentrava-se em grandes gerentes, de grandes organizações, movidos por uma concorrência interna sempre muito acentuada. Sua definição de empreendedor era a seguinte: “alguém que exerce controle sobre uma produção que não seja só para o seu consumo pessoal (...) um executivo em uma unidade produtora de aço na União Soviética é um empreendedor” (McCLELLAND, 1971). O conceito descrito também se aproxima da noção de intra-empreendedor, ou seja, o indivíduo que atua em uma organização como funcionário, mas incorpora a figura de empreendedor gerindo o negócio como se fosse o proprietário do estabelecimento. O autor também efetuou estudos na área comportamentalista e procurou identificar e mapear o perfil dos empreendedores de sucesso. Em seus estudos, comenta que os empreendedores ou pessoas que ocupem posição com status de empreendedores não precisam demonstrar um comportamento empreendedor o tempo todo. Os estudos efetuados por McClelland (1971) também sofreram críticas, principalmente pelo fato de não identificar as estruturas sociais que poderiam determinam as escolhas de cada indivíduo. A necessidade de realização acaba não sendo poderosa o suficiente para explicar a opção do indivíduo em criar e gerir seu próprio negócio.

McClelland (1971) também acabou por restringir sua pesquisa em certos setores de atividade econômica, limitando, desta forma, uma análise com maior detalhamento ou mesmo com a possibilidade de efetuar comparações e cruzamentos de informações. Outra forte crítica à sua teoria diz respeito à sua simplicidade ao usar somente dois fatores principais – a necessidade de realização e a necessidade de poder – para tentar explicar o desenvolvimento social e a prosperidade. Por fim, ele definia o empreendedor de diferente forma como este era definido na literatura sobre o assunto (FILION, 1999). Filion (1990) mostra que, em muitos casos, a existência de um modelo tem papel crucial na decisão de criar um negócio. O autor chega a afirmar que tanto maior será o número de jovens que imitarão os modelos empresariais quanto maiores forem os empreendedores e o valor dado a eles.

As teorias comportamentalistas dominaram o campo do empreendedorismo até o início dos anos 1980. O principal objetivo era definir o que eram os empreendedores e quais suas características básicas, visando a mapear

As teorias comportamentalistas dominaram o campo do empreendedorismo até o início dos anos 1980. O principal objetivo era definir o que eram os empreendedores e quais suas características básicas, visando a mapear

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