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Neste capítulo, expõe-se o delineamento metodológico definido para o desenvolvimento deste estudo, com vistas ao alcance dos objetivos.

4.1 Tipo, abordagem e método de pesquisa

Esta pesquisa classifica-se como descritiva, pois objetivou conhecer e descrever a realidade estudada por meio da observação, do registro e da análise dos fatos ou fe- nômenos, sem a intenção de interferir, ou seja, buscou-se descobrir se e como o problema do assédio ocorre, sua regularidade, bem como suas motivações (CERVO

et al., 2007).

Pretendeu-se, pois, identificar e descrever a configuração do assédio moral nas rela- ções de trabalho e o tratamento deste fenômeno numa instituição de ensino superi- or, visando esclarecer a vivência de alguns servidores a respeito da sua ocorrência no ambiente de trabalho e quais fatores contribuem para tal conduta.

Devido aos aspectos subjetivos envolvidos na pesquisa, a abordagem empregada foi a qualitativa, pois se trata da forma mais adequada de aprofundar um problema como o do assédio moral, explorando e buscando entender os sentidos a ele atribuí- dos (CRESWELL, 2010). Entendemos que a pesquisa qualitativa é a mais adequada quando se pretende estudar um tema em profundidade, representando o melhor meio de explorar e entender os significados que as pessoas atribuem a uma proble- mática social ou humana.

A pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mun- do real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A inter- pretação dos fenômenos e atribuição de significados são básicos no proces- so qualitativo. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambi- ente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instru- mento-chave. O processo e seu significado são os focos principais de abor- dagem (SILVA; MENEZES, 2000, p. 20).

Neste caso, o importante não é a quantidade de sujeitos e, sim, se são representativos daquilo que se pretende estudar, pois nesta abordagem metodológica é a descrição da realidade, em abrangência e profundidade, que possibilita estabelecer algumas generalizações para a população em geral (POLIT et

al., 2004).

O método de pesquisa utilizado foi o de estudos de casos, uma vez que permite ao pesquisador analisar em profundidade cada caso, em particular, mas sem perder de vista suas conexões com o geral (SEVERINO, 2007).

O procedimento amostral utilizado foi o snowball, também chamado de snowball

sampling (BIERNACKI; WALDORF, 1981). Esta técnica é conhecida no Brasil como

“amostragem em Bola de Neve”, ou “Bola de Neve” ou, ainda, como “cadeia de informantes” (PENROD et al., 2003) e consiste, basicamente, em solicitar que os participantes iniciais de um estudo indiquem novos participantes que, por sua vez, indicarão outros e, assim, sucessivamente, até que seja alcançado o objetivo proposto (GOODMAN, 1961).

A primeira entrevista foi realizada com o representante da Associação dos Servidores Técnico-Administrativos da implantação da instituição em estudo, sendo previamente agendada com o participante, gravada e transcrita posteriormente. A partir dessa entrevista, tornou-se possível identificar os demais participantes. Foram escolhidos para a pesquisa tanto aqueles que se sentiram vítimas do assédio moral quanto os que não viveram essa experiência, evitando, assim, abordar o problema por uma perspectiva exclusiva daqueles que consideram já terem sofrido esta forma de violência.

4.2 Técnica de coleta de dados

A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas semiestruturadas (Apêndices A e B), tendo sido questionado aos sujeitos o que faziam, pensavam ou sentiam em rela- ção ao problema do assédio moral na instituição estudada. Concluiu-se ser este um

excelente meio de coleta de dados, uma vez que permite abordagem das mais diver- sas perspectivas do problema investigado e que o sujeito se manifeste mais livre- mente (TRIVINÕS, 1992). A entrevista sempre iniciava-se com questionamentos básicos, alicerçados no conhecimento já acumulado sobre o problema e, em segui- da, apresentava novas questões, baseadas na fala do entrevistado, evoluindo no transcorrer do processo, em razão das novas informações que emergiam. Melhor explicando, ela partia de algumas perguntas básicas, mas permitia a introdução de novas questões em função do seu desenvolvimento, e o entrevistado tinha maior li- berdade de para se expressar.

Previamente à execução desta etapa, foi apresentado o projeto de pesquisa à Associação dos Servidores, tendo sido solicitado ao seu presidente a indicação de funcionários que buscaram assessoria jurídica alegando terem sofrido assédio moral e que estariam dispostos a colaborar com o processo de pesquisa. Portanto, além dos servidores, foi entrevistado o presidente da Associação Sindical.

Assim, inicialmente, a amostra dos dados ocorreu por acessibilidade e, posteriormente, por indicação, mediante entrevistas previamente agendadas, após o consentimento e a disponibilidade de horários e o local de interesse dos participantes. As entrevistas foram gravadas em áudio, com a anuência dos sujeitos e transcritas na íntegra para posterior análise. Foi garantido o sigilo dos entrevistados e das pessoas citadas por eles, e todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A gravação das entrevistas contribuiu para que dados importantes não fossem perdidos, possibilitando análise mais minuciosa e consistente. Através dela, foi possível explorar melhor o tema pesquisado e evidenciar aspectos não previstos anteriormente, mas que eram fundamentais para a caracterização do fenômeno no contexto em estudo.

4.3 Análise dos dados

Para a análise e tratamento dos dados extraídos das entrevistas, utilizou-se a análise de conteúdo, observando-se o sentido e significado das mensagens verbais,

gestuais, silenciosas, figurativas, documentais ou diretamente provocadas (FRANCO, 2008). Essa é uma técnica baseada na objetividade, sistematização e inferência, o que permite a dedução de conhecimentos de produções e mensagens (BARDIN, 2009).

A análise de conteúdo, na perspectiva de Bardin (2009), consiste em um conjunto de técnicas de análise das comunicações que visa obter, por procedimentos sistemáti- cos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, os indicadores que permi- tam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção dessas men- sagens. Estaanálise compreende três etapas, a saber: a) a pré-análise, que é a se- leção do material e a definição dos procedimentos a serem seguidos; b) a explora- ção do material, que é a implementação de tais procedimentos (os documentos e as transcrições das entrevistas); e c) o tratamento e interpretação dos dados que se re- ferem à geração de inferências e dos resultados da investigação.

Após a realização das entrevistas, foi possível explorar o assunto e aprofundá-lo, descrevendo-se o processo, analisando, discutindo e detalhando o fenômeno do as- sédio moral de acordo com o objetivo da pesquisa.