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AS MONOGRAFIAS DA REGIÃO SUL-SUDESTE

No documento EDUC A ÇÃO DO CAM PO E F (páginas 74-76)

O Programa Residência Agrária nas Regiões Sul/Sudeste:

AS MONOGRAFIAS DA REGIÃO SUL-SUDESTE

Baseadas nos princípios epistemológicos anteriormente apresen- tados, as monografi as foram desenvolvidas segundo temáticas organizadas em linhas de pesquisa comuns a todas as Universidades e em projetos es- pecífi cos para cada uma delas, conforme detalhado no quadro em anexo.

As monografi as foram orientadas por uma equipe formada por 28 professores e pesquisadores doutores (Quadro 2).

paços e uso de metodologias distintas no tratamento do conteúdo de al- gumas disciplinas.

Estes núcleos foram compostos por alunos de todas as Univer- sidades e tinham como função administrar o dia a dia do Curso. Cada dia fi cava a cargo de um núcleo. Os membros dos núcleos tinham que rece- ber os professores, desenvolver a mística, conduzir as reuniões e as ativi- dades de lazer do dia, propondo fi lmes para debate, visita a assentamentos da região etc. As reuniões dos membros dos núcleos eram diárias, acon- teciam nos intervalos das disciplinas, serviam para fazer as avaliações do dia, propor alternativas, delinear as propostas de ações que depois eram socializadas na plenária. Estes espaços serviram para tornar os alunos protagonistas do processo educativo, não deixando a avaliação do anda- mento do Curso só na responsabilidade dos coordenadores.

Entre as ações adotadas pelos alunos para assegurar a progra- mação dos espaços vazios na grade curricular (devido à falta de profes- sores), destaca-se a organização de Grupos Temáticos, destinados a discutir coletivamente os projetos de cada estudante, dando sugestões, trocando experiências, indicando bibliografi as e metodologias. Esta atividade foi desenvolvida em conjunto com a Coordenação local, pro- fessores, coordenadores presentes na etapa, representantes estudantis das Universidades e monitores do PRONERA48. Outro aspecto que

cabe ressaltar é que, nas reuniões dos núcleos, os alunos cobravam um maior comprometimento do grupo, chamando atenção para observân- cia de horários, participação nas aulas, respeito às diferenças, direciona- mento das aulas etc.

Entende-se que as alternativas propostas pelos núcleos direcio- naram as ações educativas do Curso e também infl uenciaram na metodo- logia dos professores, e foram responsáveis, em grande medida, pela formação de uma “identidade de grupo”.

Atividades formativas no Tempo Comunidade

Conforme a proposta do Curso de Especialização Agricultura Familiar e Camponesa e Educação do Campo o Tempo Comunidade é o momento que o estudante estará em campo, nas comunidades de as- sentamento e de Agricultura Familiar, desenvolvendo estudos, pesquisas, trabalhos, ou conhecendo outras realidades do campo.

48. Ressalta-se que essa atividade não constava na programação inicial. Essa estrutura de Grupos Temáticos apesar de ter sido avaliada como altamente positiva pelos alunos e proposta como forma alternativa de organização, não foi mantida nas duas últimas etapas.

contornos essenciais no debate sobre essas contradições. Foi com base nesta realidade que o grupo coordenador das regiões Sul-Sudeste passou a elabo- rar, de forma coletiva, uma proposta curricular. E, embora tendo um mesmo entendimento sobre essas questões detectou-se diferenças ao se discutir o perfi l curricular. No entanto, essas diferenças levaram a uma construção plural, que se tornou responsável por uma formação mais genérica e ampla conciliando uma formação técnica a uma formação pedagógica e política. Esta pluralidade levou à defi nição de cinco eixos onde cada qual, por si só poderia se constituir em uma Especialização, mas que, tendo em vista a formatação teórico-metodológica a que foram submetidos, resultou em um corpo de conhecimentos capaz de fornecer aos educandos, futuros técnicos de ATER e ATES, uma sólida formação profi ssional voltada a uma nova postura política, a um envolvimento científi co com os sistemas agroecoló- gicos, ao planejamento e à gestão participativa do desenvolvimento rural sustentável, ao entendimento das culturas tradicionais e à necessidade de seu resgate, bem como aos procedimentos metodológicos científi cos e de ensi- no, todos esses voltados aos novos princípios de ação educativa do campo.

A Pedagogia da Alternância, permitindo atividades não só no Tempo Escola mas, principalmente, no Tempo Comunidade, possibili- tou aos educandos aprofundarem seus conhecimentos teóricos e de rea- lidade, através das atividades formativas nos dois campos. Acrescente-se a isto, os “espaços paralelos” criados pelos próprios educandos durante o Tempo Escola, com a anuência e participação dos professores e coorde- nadores. Com esses espaços foi possível a socialização e a discussão dos projetos de cada estudante, numa rica interação de experiências.

E, fi nalmente, com o simples passar de olhos nas linhas de pes- quisa, nos temas dos projetos e nos títulos das monografi as dos quase sessenta educandos das regiões Sul e Sudeste que fi nalizaram o curso, pode-se visualizar a riqueza e a importância da produção científi ca resul- tante desta iniciativa, bem como, do envolvimento desses estudantes nas comunidades onde realizaram suas atividades para a construção das mo- nografi as ofi ciais. O fato de que o desenvolvimento destes projetos se deu através de parâmetros metodológicos da Pesquisa-Ação como também da Pesquisa-Participante reforça esta constatação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Desenvolvimento

Agrário como estratégia: balanço MDA, 2003-2006 - Ministério do Desenvolvimento Agrário. Porto Alegre: NEAD, 2006, 192p.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Refl etir sobre a experiência do Curso de Especialização em Agricultura Familiar e Camponesa e Educação do Campo, do Programa

Residência Agrária, das regiões Sul–Sudeste leva a uma conjugação de fato- res diversos que deram ao Curso condições para seu êxito.

Primeiramente, ressalta-se o caráter altamente modernizado da agricultura dessas regiões atentando, no entanto, para um processo extre- mamente excludente onde a diferenciação se faz presente. É fruto desse processo a constatação da existência, por um lado, de um setor altamente modernizado, o chamado agronegócio, que tem nestas regiões sua mais expressiva presença e, por outro, nos interstícios destas grandes unidades de produção monocultora, um setor voltado à produção familiar e/ou “camponesa”, com diferentes roupagens: assentados de Reforma Agrária, quilombolas, ribeirinhos, indígenas, atingidos por barragens, integrados às agroindústrias.

Diante deste cenário, a proposição de um Curso de Especiali- zação em Agricultura Familiar e Camponesa e Educação do Campo ganha

QUADRO 2: Coordenadores, professores e pesquisadores do Curso de Especialização em Agricultura Familiar e Camponesa e Educação do Campo - Região Sul - Sudeste

Coordenação Geral Valdo José Cavallet (UFPR)

Coordenações Locais

Rio de Janeiro - Canrobert Penn Lopes Costa Neto (UFRRJ) São Paulo - Sonia Maria Pessoa Pereira Bergamasco (UNICAMP)

Paraná - Valdo José Cavallet (UFPR) Rio Grande do Sul - Pedro Selvino Neumann (UFSM)

Orientadores

Antonio José da Silva Maciel (UNICAMP) Lia Rejane Silveira Reiniger (UFSM)

Argemiro Sanavria (UFRRJ) Luiz Antônio Biasi (UFPR)

Canrobert P.Lopes Costa Neto (UFRRJ) Manoel Flores Lesama (UFPR)

Carlos Domingos da Silva (UFRRJ) Mônica Ap. Del Rio Benevenuto (UFRRJ)

Celina Wisniewski (UFPR) Paulo Roberto Silveira (UFSM)

Celso Costa Lopes (UNICAMP) Pedro Selvino Neumann (UFSM)

Cícero Deschamps (UFPR) Ricardo S. D. Dalmolin (UFSM)

Clair Jorge Olivo (UFSM) Roberto Testezlaf (UNICAMP)

Edimilson César Paglia (UFPR) Rogério Barbosa Macedo (UFPR)

Eduardo Harder (UFPR) Sonia Maria P. P. Bergamasco (UNICAMP)

Eli Lino de Jesus (UFPR) Valdir Frigo Denardin (UFPR)

José Marcos Froehlich (UFSM) Valdo José Cavallet (UFPR)

Julieta Teresa Aier de Oliveira (UNICAMP) Vivien Diesel (UFSM)

148

Educação do Campo e Formação Profi

ssional: a experiência do Programa Residência Agrária

149

Capítulo 2

Matriz Regional

ANEXO 2

Continua

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