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3 MODELOS DE INCLUSÃO BASEADOS NA NORMATIZAÇÃO

3.4 Multimídia educacional acessível

As multimídias, de modo geral, atendem mais a pressupostos estéticos e de conteúdo, fazendo com que as mídias educacionais digitais ganhem em interesse. Ocorre que eles, de uma maneira geral, não atendem a todos os requisitos de acessibilidade. Um grande empecilho para a acessibilidade, por exemplo, é o programa Adobe Flash Player. O arquivo exportado deste programa não permite a leitura daquilo que está na tela pelos programas leitores de tela. Além disso, não permite a navegação pela tecla “TAB” ou “ALT” no conteúdo da mídia. Desse modo, um dos programas mais usados para produção de multimídias e animações, que é o Adobe Flash Player, hoje não possui uma adequação de acessibilidade dos produtos que são exportados com base nele. Dessa feita, não deve ser usado para produção de mídias

acessíveis, uma vez que ele não permite ao deficiente visual ter um controle absoluto sobre os controles e sobre o conteúdo.

Como segunda alternativa, até se pode pensar no Microsoft Power Point, o qual permite a exportação do conteúdo que não seja em flash; em PDF, por exemplo. Ocorre que o produto do Power Point não permite leitura de textos pelo programa leitor de telas ou mesmo através da navegação pela tecla “TAB” ou “ALT”. O software leitor de tela lê a seguinte mensagem em textos inseridos nas apresentações em Power Point: “Caixa de Texto” ou “Retângulo”, dependendo da versão do Power Point utilizada.

Assim, uma ideia é utilizar a ferramenta blog para montar o multimídia. Ela possui algumas vantagens, embora em alguns aspectos também não cumpra integralmente os requisitos de acessibilidade. Em suma, ao utilizar multimídias, deve haver um planejamento mais rigoroso, no momento de expor o conteúdo para alunos com deficiência.

Dessa feita, a multimídia utilizada como referência de adaptação atende às seguintes regras da W3C: fornece um equivalente textual a cada elemento não textual (no caso, representações gráficas do texto, incluindo símbolos) como parte do conteúdo do elemento. Assegura que todas as informações não dependem de cores para serem compreendidas. Se houvesse necessidade, identificaria claramente quaisquer mudanças de idioma no texto de um documento, bem como nos equivalentes textuais (por ex., legendas). Organiza os documentos de tal forma que possam ser lidos sem recurso a folhas de estilo. Nas tabelas de dados, identificaram-se os cabeçalhos de linha e de coluna e, como se tratavam de tabelas de dados com dois ou mais níveis lógicos de cabeçalhos de linha ou de coluna, utilizaram-se marcações para associar as células de dados às células de cabeçalho. Resumindo, a multimídia criada, neste ponto (do texto), ficou muito próxima da mídia textual descrita.

Ainda cabe uma informação, a de que, caso não se optasse por colocação em um texto corrido e como se trata de um multimídia, deveria ser fornecida uma descrição sonora das informações importantes veiculadas em trechos visuais das apresentações multimídia, até que os agentes do usuário conseguissem ler, automaticamente e em voz alta, o equivalente textual dos trechos visuais.

No tocante às normas eMAG, foram essas as adaptações: desenvolveram-se ações que não dependem de precisão ou rapidez, até porque a mídia de origem não é baseada em tempo; permitiu-se uma navegação com sequência lógica quando feita por tecla TAB, coisa que não existia antes; permitiu-se a realização de ações ativadas pelo teclado e que não dependem da pressão de mais de uma tecla simultaneamente; utilizou-se linguagem simples e clara, inclusive nas legendas; ofereceram-se imagens com texto alternativo, transmitindo as informações importantes neles contidas; evitou-se a apresentação de textos extensos com imagens; desenvolveram-se as tabelas de dados com recursos de acessibilidade; ofereceram-se recursos que permitem aumentar ou reduzir as páginas facilmente (por exemplo, através da tecla CTRL + ou CTRL -); usaram-se contrastes adequados entre cores de fonte e fundos; usaram-se recursos para enfatizar o texto; permitiu-se o acesso às informações por caminhos alternativos como texto ou legendas; utilizaram- se imagens sem efeitos (tremor, por exemplo) para evitar desconforto visual.

Como supramencionado, a ferramenta Adobe Flash Player é bastante inacessível, não devendo ser usada na adaptação de multimídias a itens de acessibilidade. O Power Point apenas se não se for utilizar textos. Já a ferramenta blog (aqui entendida como qualquer ferramenta que pode produzir uma página em HTML), é uma boa opção para condensar todas as mídias mais importantes em uma só. Isso porque ela consegue ter os textos lidos através da ferramenta de leitura de tela, consegue ter o vídeo em condições de ser visto e consegue ter o áudio reproduzido. Inclusive quanto a esses dois últimos com navegação pela tecla “TAB”. Há também ferramentas próprias para produção de multimídias que, em geral, também não suportam os softwares leitores de tela. Foram alvo de análise para essa afirmação os softwares eXeLearning, o I-Spring Free (através do Free Quiz Maker) e o Hot Potatoes.

Como dito também, nem o blog consegue ser totalmente acessível, na medida em que a leitura de tela pelos softwares leitores deve ser precedida pelo clique sobre o texto a ser lido. Mas, pelo menos, essa ferramenta consegue chegar próximo ao cumprimento dos requisitos de acessibilidade mais comuns das mídias educacionais digitais. A aparência geral de uma mídia educacional digital acessível criada no blog fica como mostrado na figura 19:

Figura 19. Início da tela de um multimídia acessível: início da tela, texto de apresentação da videoaula e videoaula acessível

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.5 Orientações gerais para a construção de uma mídia educacional