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NARRAÇÃO DE UM HOMEM EM MAIO

No documento herberto helder POESIA_TODA_1953-1989.pdf (páginas 70-87)

Estou deitado no nome: maio, e sou uma pessoa que saiu

violenta e violentamente para o campo. Um homem deitado entre os malmequeres rotativos do mês atravessado pelo movimento. É a noite aproximada com o livro

dentro. Deitado sobre bocados de estrelas no pensamento. Era a casa absorvida na manhã embatente.

Livro da poesia arrebatada. Poesia da mulher emparedada no amor e o homem emparedado na destruição do amor.

É agora o leitor com a atenção corrupta sobre o livro.

O livro que arde nos ossos

do leitor afogado no poema arrebatado. Estou estendido como autor na ligeira palavra que a noite molha

e os ventos sopram como se sopra uma brasa.

Um homem que saiu de casa, com toda a magnífica violência do amor.

É o tempo revelador.

Agora inteligente deste lado,

contra o lado exemplar de maio aglomerado Espécie de primavera comburente.

A dor total. O livro.

O pensamento do amor. A experiência.

E a vida ardente do autor. Deitei-me também no campo

de outras coisas. Com discurso. Com rigoroso segredo.

Vi o caçador levantar o arco-íris e atirar, fechada, a morte ao cabrito primaveril.

E tudo calei como experiência de um sono inspirado.

Vi a ressurreição, maio infestado. Ouvi

sobre o ruído da ressurreição.

Conheci a existência do roubador, o ciclista que penetra no exemplo da fábula.

Estou deitado em meio campo de uma espécie de despedida. Meio campo de maio, e outro meio de pessoalíssima vida.

São coisas que já não estão mais do que na maturidade da idade. Fiz comércio. Indústria. Dor. A garganta lavrada pelo canto.

Ia a bicicleta com o seu poeta que punha a mão no poema da bicicleta.

E iam todos — poema, bicicleta, poeta e mão — por sobre o coração da terra e a ressurreição da primavera. Ganhei

a minha idade concluída. Cacei. Ou plantei. Ou cortei. A vida vida.

Havia o movimento com a sua bicicleta e a canção com o seu poeta.

A vida merecida.

Vejo ervas movimentadas e estreias paradas. E a consumação das coisas universais.

Geram-se de novo as coisas universais. A pureza.

A natureza da pureza.

A própria natureza das coisas universais. Da dor sei o amor.

O amor do ardor. Sei mais

do que posso saber da matéria do amor. Fico deitado no campo revolucionário: a paciente brutalidade da primavera é como a brutalidade

delicada da paixão.

O violentamente demorado amor, e a sua ressurreição.

Já estivera deitado ao lado das mulheres. Elas paravam completamente

como caçadores ou bichos fascinados. Não tinham pensamento nem idade. Era a força do corpo. O movimento. Estou neste lado desse lado

do conhecimento informulado. Respira monotonamente uma estrela entre os ossos.

Estrela levemente destruída. Roída pelo louco rato lírico da idade. Estou no pensamento. Parado no movimento de uma vida. Mexo a boca, mexo os dedos, mexo a ideia da experiência.

Não mexo no arrependimento. Pois o corpo é interno e eterno do seu corpo.

Não tenho inocência, mas o dom de toda uma inocência.

E lentidão ou harmonia.

Poesia sem perdão ou esquecimento. Idade de poesia.

POEMACTO I

Deito-me, levanto-me, penso que é enorme cantar. Uma vara canta branco.

Uma cidade canta luzes.

Penso agora que é profundo encontrar as mãos. Encontrar instrumentos dentro da angústia: clavicórdios e liras ou alaúdes

intencionados.

Cantar rosáceas de pedra no nevoeiro. Cantar o sangrento nevoeiro.

O amor atravessado por um dardo que estremece o homem até às bases. Cantar o nosso próprio dardo atirado ao bicho que atravessa o mundo. Ao nome que sangra.

Que vai sangrando e deixando um rastro pela culminante noite fora.

Isso é o nome do amor que é o nome do canto. Canto na solidão.

O amor obsessivo.

A obsessiva solidão cantante.

Deito-me, e é enorme. É enorme levantar-se, cegar, cantar.

Ter as mãos como o nevoeiro a arder. As casas são fabulosas, quando digo: casas. São fabulosas

as mulheres, se comovido digo: as mulheres.

As cortinas ao cimo nas janelas faíscam como relâmpagos. Eu vivo cantando as mulheres incendiárias e a imensa solidão

verídica como um copo.

Porque um copo canta na minha boca. Canta a bebida em mim.

Veridicamente, eu canto no mundo. Que falem depressa. Estendam-se no meu pensamento.

Mergulhem a voz na minha treva como uma garganta.

dentro da vossa voz na minha boca. Agora sei que as estrelas são habitadas. Vossa existência dura e quente

é a massa de uma estrela.

Porque essa estreia canta no sítio onde vai ser a minha vida.

Queimais as vossas noites em honra do meu amor. O amor é forte. Que coisa forte que é a loucura.

Porque a loucura canta minada de portas. Nós saímos pelas portas, nós

entramos para o interior da loucura. As cadeiras cantam os que estão sentados. Cantam os espelhos a mocidade

adjectiva dos que se olham. Estou inquieto e cego. Canto. A morte canta-me ao fundo. É um canto absoluto.

Imagino o meu corpo, uma colina. Meu corpo escada de estrela. Nata. Flecha. Objecto cantante. Corpo com sua morte que canta. Imagino uma colina com vozes. Uma escada com canto de estrela. Imagino essa espessa nata cantante. Uma que canta flecha.

Imagino a minha voz total da morte. Porque tudo canta e cantar é enorme. Imagino a delicadeza. A subtileza. O toque quase aéreo, quase aereamente brutal.

Ser tocado pelas vozes como ser ferido pelos dedos, pelos rudes cravos

da planície.

Ser acordado, acordado.

Porque cantar é um subterrâneo. Depois é um pátio.

Imagino que as vozes são escadas. Vozes para atingir o canto.

O canto é o meu corpo purificado. Porque o meu corpo tem uma sua morte tocada incendiariamente.

É enorme estar cego.

Canta o meu grande corpo cego. Reluzir ao alto pelo silêncio dentro. O silêncio canta alojado na morte.

II

Minha cabeça estremece com todo o esquecimento. Eu procuro dizer como tudo é outra coisa.

Falo, penso.

Sonho sobre os tremendos ossos dos pés. É sempre outra coisa, uma

só coisa coberta de nomes. E a morte passa de boca em boca com a leve saliva,

com o terror que há sempre

no fundo informulado de uma vida. Sei que os campos imaginam as suas próprias rosas.

As pessoas imaginam seus próprios campos de rosas. E às vezes estou na frente dos campos como se morresse;

outras, como se agora somente eu pudesse acordar.

Por vezes tudo se ilumina. Por vezes sangra e canta.

Eu digo que ninguém se perdoa no tempo. Que a loucura tem espinhos como uma garganta. Eu digo: roda ao longe o outono,

e o que é o outono?

As pálpebras batem contra o grande dia masculino do pensamento.

Deito coisas vivas e mortas no espírito da obra. Minha vida extasia-se como uma câmara de tochas. — Era uma casa — como direi? — absoluta.

Eu jogo, eu juro. Era uma casinfância.

Sei como era uma casa louca.

Eu metia as mãos na água: adormecia, relembrava.

Os espelhos rachavam-se contra a nossa mocidade. Apalpo agora o girar das brutais,

líricas rodas da vida.

Há no meu esquecimento, ou na lembrança total das coisas,

rápido e severo.

Uma rosapeixe dentro da minha ideia desvairada.

Há copos, garfos inebriados dentro de mim. — Porque o amor das coisas no seu

tempo futuro

é terrivelmente profundo, é suave, devastador.

As cadeiras ardiam nos lugares.

Minhas irmãs habitavam ao cimo do movimento como seres pasmados.

Às vezes riam alto. Teciam-se em seu escuro terrífico.

A menstruação sonhava podre dentro delas, à boca da noite.

Cantava muito baixo. Parecia fluir.

Rodear as mesas, as penumbras fulminadas. Chovia nas noites terrestres.

Eu quero gritar paralém da loucura terrestre. — Era húmido, destilado, inspirado.

Havia rigor. Oh, exemplo extremo. Havia uma essência de oficina.

Uma matéria sensacional no segredo das fruteiras, com suas maçãs centrípetas

e as uvas pendidas sobre a maturidade. Havia a magnólia quente de um gato. Gato que entrava pelas mãos, ou magnólia que saía da mão para o rosto

da mãe sombriamente pura.

Ah, mãe louca à volta, sentadamente completa.

As mãos tocavam por cima do ardor a carne como um pedaço extasiado. Era uma casabsoluta — como direi? — um

sentimento onde algumas pessoas morreriam. Demência para sorrir elevadamente.

Ter amoras, folhas verdes, espinhos com pequena treva por todos os cantos. Nome no espírito como uma rosapeixe.

— Prefiro enlouquecer nos corredores arqueados agora nas palavras.

Prefiro cantar nas varandas interiores.

Porque havia escadas e mulheres que paravam minadas de inteligência.

O corpo sem rosáceas, a linguagem para amar e ruminar.

O leite cantante.

Eu agora mergulho e ascendo como um copo. Trago para cima essa imagem de água interna. — Caneta do poema dissolvida no sentido primacial do poema.

Ou o poema subindo pela caneta, atravessando seu próprio impulso, poema regressando.

Tudo se levanta como um cravo, uma faca levantada.

Tudo morre o seu nome noutro nome. Poema não saindo do poder da loucura. Poema como base inconcreta de criação. Ah, pensar com delicadeza,

imaginar com ferocidade.

Porque eu sou uma vida com furibunda melancolia,

com furibunda concepção. Com alguma ironia furibunda.

Sou uma devastação inteligente. Com malmequeres fabulosos. Ouro por cima.

A madrugada ou a noite triste tocadas em trompete. Sou

alguma coisa audível, sensível. Um movimento.

Cadeira congeminando-se na bacia, feita o sentar-se.

Ou flores bebendo a jarra. O silêncio estrutural das flores. E a mesa por baixo.

III

O actor acende a boca. Depois, os cabelos. Finge as suas caras nas poças interiores. O actor põe e tira a cabeça

de búfalo. De veado. De rinoceronte. Põe flores nos cornos.

Ninguém ama tão desalmadamente como o actor.

O actor acende os pés e as mãos. Fala devagar.

Parece que se difunde aos bocados. Bocado estrela.

Bocado janela para fora.

Outro bocado gruta para dentro. O actor toma as coisas para deitar fogo ao pequeno talento humano.

O actor estala como sal queimado. O que rutila, o que arde destacadamente na noite, é o actor, com

uma voz pura monotonamente batida pela solidão universal.

O espantoso actor que tira e coloca e retira

o adjectivo da coisa, a subtileza da forma,

e precipita a verdade.

De um lado extrai a maçã com sua divagação de maçã.

Fabrica peixes mergulhados na própria labareda de peixes.

Porque o actor está como a maçã. O actor é um peixe.

Sorri assim o actor contra a face de Deus. Ornamenta Deus com simplicidades silvestres. O actor que subtrai Deus de Deus,

e dá velocidade aos lugares aéreos.

Porque o actor é uma astronave que atravessa a distância de Deus.

Embrulha. Desvela.

O actor diz uma palavra inaudível. Reduz a humidade e o calor da terra a confusão dessa palavra.

Recita o livro. Amplifica o livro. O actor acende o livro.

Levita pelos campos como a dura água do dia. O actor é tremendo.

Ninguém ama tão rebarbativamente como o actor.

Como a unidade do actor.

O actor é um advérbio que ramificou de um substantivo.

E o substantivo retorna e gira, e o actor é um adjectivo.

É um nome que provém ultimamente do Nome.

Nome que se murmura em si, e agita, e enlouquece.

O actor é o grande Nome cheio de holofotes. O nome que cega.

Que sangra. Que é o sangue.

Assim o actor levanta o corpo, enche o corpo com melodia. Corpo que treme de melodia.

Ninguém ama tão corporalmente como o actor. Como o corpo do actor.

Porque o talento é transformação. O actor transforma a própria acção da transformação.

Solidifica-se. Gaseifica-se. Complica-se. O actor cresce no seu acto.

Faz crescer o acto. O actor actifica-se.

É enorme o actor com sua ossada de base, com suas tantas janelas,

as ruas —

o actor com a emotiva publicidade.

Ninguém ama tão publicamente como o actor. Como o secreto actor.

Em estado de graça. Em compacto estado de pureza.

O actor ama em acção de estrela. Acção de mímica.

O actor é um tenebroso recolhimento de onde brota a pantomima.

Vê a cobra entre as pernas. O actor vê fulminantemente como é puro.

Ninguém ama o teatro essencial como o actor. Como a essência do amor do actor.

O teatro geral.

IV

As vacas dormem, as estrelas são truculentas, a inteligência é cruel.

Eu abro para o lado dos campos. Vejo como estou minado por esse

puro movimento de inteligência. Porque olho, rodo nos gonzos como para a felicidade. Mais levantadas são as arbitrárias ervas do que as estrelas.

Tudo dorme nas vacas.

Oh violenta inteligência onde as coisas levitam preciosamente.

O campo bate contra mim, no ar onde elas dormem —

vacas truculentas, estrelas

apaziguadas estrelas — e a inteligência, afinal selvajaria celeste sobre a minha respiração. Eu penso mudar estes campos deitados, criar um nome para as coisas.

Onde era estábulo, na doce morfologia, fazer

com que as estrelas mugissem e as poeiras ressuscitassem.

Dizer: rebentem os taludes, enlouqueçam as vacas, que minha inteligência se torne terrífica.

Unir a ferocidade da noite ao inebriado movimento da terra.

Posso mudar a arquitectura de uma palavra. Fazer explodir o descido coração das coisas. Posso meter um nome na intimidade de uma coisa e recomeçar o talento de existir.

Meto na palavra o coração carregado de uma coisa. Eu posso modificar-me.

Ser mais alto que a corrupção.

Campos abanados pelo silêncio. Alguém como eu mergulhando no que é o obscuro

das vacas dormindo.

Estrelas giradas, de repente mortas sobre mim. Penso alterar tudo, recuperar agora as colinas do mundo. Falando de amor, eu falo

do génio destruidor. Falo que é preciso criar a velocidade das coisas.

meter o sono nas vacas, desentranhar-lhes o sono,

dar o sono às estrelas. Enlouquecer.

Que é preciso recriar o criar, meu Deus, ser truculento. Ser simples e não o ser.

Abandonar os campos, rodopiar a inteligência, a crueldade.

Abro a porta para não esquecer esta absurda tarefa.

Esta tão particular necessidade.

Porque agora deixei totalmente de ser puro. Levanto-me para dar de comer quentes estrelas às vacas.

Sou tão puro, meu Deus, tão truculento. É preciso principiar.

Digo baixo o nome. Corto os pés das estrelas. Deixá-las na sua seiva estremecente.

Digo baixo que é talento envenená-las.

Minha alegria furibunda é a pureza do mundo. E é tão belo agarrar com os ossos

que há dentro das mãos

na ponta de um nome, e desdobrá-lo. Arrancar essa alma apertada.

Porque eu sei o estilo de uma alma precisamente original.

Corto as estrelas das vacas.

Trago candeias para os campos extraordinários. Porque eu bato na porta com meu júbilo furioso. O amor acumula-se.

É para dar o ardor em doce dissipação. Deus não sabe e sorri, esmigalhado contra o muro humano.

Respiro, respiro. As coisas respiram. Esta oferta masculina vocifera na treva. Criar é delicado.

Criar é uma grande brutalidade. Porque eu sou feliz. Durmo na obra.

Só eu sei que a loucura minou este ser inexplicável

que me estende nas coisas. A loucura entrou em cada osso, e os campos são o meu espelho.

Esta imagem perfeita arromba os espelhos. Os nomes são loucos,

V

As barcas gritam sobre as águas. Eu respiro nas quilhas.

Atravesso o amor, respirando.

Como se o pensamento se rompesse com as estrelas brutas. Encosto a cara às barcas doces.

Barcas maciças que gemem com as pontas da água. Encosto-me à dureza geral.

Ao sofrimento, à ideia geral das barcas. Encosto a cara para atravessar o amor. Faço tudo como quem desejasse cantar, colocado nas palavras.

Respirando o casco das palavras. Sua esteira embatente.

Com a cara para o ar nas gotas, nas estrelas. Colocado no ranger doloroso dos remos, dos lemes das palavras.

É o chamado rio tejo pelo amor dentro.

Vejo as pontes escorrendo. Ouço os sinos da treva.

As cordas esticadas dos peixes que violinam a água. É nas barcas que se atravessa o mundo.

As barcas batem, gritam.

Minha vida atravessa a cegueira, chega a qualquer lado.

Barca alta, noite demente, amor ao meio. Amor absolutamente ao meio.

Eu respiro nas quilhas. É forte o cheiro do rio tejo.

Como se as barcas trespassassem campos, a ruminação das flores cegas.

Se o tejo fosse urtigas. Vacas dormindo. Poças loucas.

Como se o tejo fosse o ar.

Como se o tejo fosse o interior da terra. O interior da existência de um homem. Tejo quente. Tejo muito frio.

Com a cara encostada à água amarela das flores. Aos seixos na manhã.

Respirando. Atravessando o amor. Com a cara no sofrimento.

Com vontade de cantar na ordem da noite. Se me cai a mão, o pé.

A atenção na água.

Penso: o mundo é húmido. Não sei o que quer dizer.

Atravessar o amor do tejo é qualquer coisa como não saber nada.

É ser puro, existir ao cimo.

Atravessar tudo na noite despenhada.

Na despenhada palavra atravessar a estrutura da água, da carne.

Como para cantar nas barcas. Morrer, reviver nas barcas. As pontes não são o rio.

As casas existem nas margens coalhadas. Agora eu penso na solidão do amor.

Penso que é o ar, as vozes quase inexistentes no ar, o que acompanha o amor.

Acompanha o amor algum peixe subtil. Uma estranha imagem universal. O amor acompanha o amor.

É preciso uma existência de uma dureza lenta. As barcas gritam.

A água é geral sobre a cara que respira. Posso falar às mãos.

Posso extremamente falar às palavras. É nas palavras que as barcas gemem. Nelas se estabelece o rio.

Falo da minha vida quente.

Palavras — digo — é tão quente a noite que atravessamos.

Barcas quentes.

Geral calor no meio da carne.

E agora o rio tejo acende-se no meio de muitas palavras.

Amor da vida do tejo com a minha grande vida pura.

Com meu amor completo como um rio.

LUGAR

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