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Bom dia a todos e todas. É um imenso prazer retornar ao Rio de Janeiro e à FIOCRUZ. Eu concluí no ano passado meu mestrado na Escola Nacional de Saúde Pública. É com muita alegria que compartilho essa mesa com duas pessoas muito especiais para mim, eu comecei a minha militância na Federação Nacional dos En-fermeiros e logo conheci a Ieda Barbosa, que foi nossa Vice-Presidente da Federação Nacional dos Enfermeiros, era Presidente do Sindicato dos Enfermeiros aqui do Rio de Janeiro, e é uma pessoa com quem aprendi muito, foi uma das mestras no início da minha vida sindical. Depois, fui fazer uma discussão mais ampla, para além da categoria, na Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social e tive o prazer de fazer parte de algumas direções da CNTSS, com o Francisco Batista Jú-nior, com quem aprendi, discuti, polemizei e disputei bastante, porque faz parte do gene do movimento sindical.

Trouxe essa poesia do Mário Quintana, da minha terra, pois acredito que, ao realizarem esse seminário para discutir o trabalho em saúde, vocês estão inquietos com a atual situação do trabalho em saúde - e essa inquietude é que pode nos fazer olhar para a realidade como ela é e, também, olhar para as nossas possibilidades de transformá-la. Que esta seja uma inquietação do conjunto dos trabalhadores desse país, no sentido de avançar tanto no fortalecimento do Sistema Único de Saúde quanto da valorização dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde. Não é possível

qualificar ou aprofundar o Sistema Único de Saúde, ampliar o acesso, sem a valori -zação dos trabalhadores e das trabalhadoras. E acredito que a questão do

aprofunda-mento do SUS, junto à valorização dos trabalhadores e trabalhadoras, é um desafio

para o movimento sindical, para os trabalhadores, para as instituições formadoras e também para os gestores públicos e privados de saúde. Mesmo com os seus proble-mas, o SUS é a melhor política de saúde. O SUS ampliou, inseriu mais pessoas, com

todas as dificuldades de conviver com um modelo médico-centrado, reverteu esse

modelo para o modelo da atenção integral, do trabalho em equipe, onde o centro

não seja nenhum profissional e sim um usuário dos serviços de saúde.

Apesar de todas as dificuldades e dos avanços, o Sistema Único de Saúde tem

negligenciado muito e tem uma dívida com os trabalhadores e trabalhadoras da saú-de. Não se faz gestão do trabalho na saúde, nesse país. Embora muitas políticas, es-pecialmente a partir do Governo Lula, tenham sido criadas no sentido de induzir, de

qualificar e de despertar os gestores da saúde para a importância desse tema, há uma

dívida da gestão pública e da gestão privada com os trabalhadores e trabalhadoras.

Na verdade, não existe gestão privada, porque é financiada com dinheiro público em

sua quase totalidade.

O primeiro desafio é entendermos que é preciso fazer gestão do trabalho na

saúde, nesse país; e é preciso também entender que esta não é uma tarefa fácil,

por-que há várias contradições e precisamos trabalhar esses conflitos, não no sentido de que os conflitos e as contradições da relação capital-trabalho vão se extinguir, mas

no sentido de avançar na linha da valorização dos trabalhadores e trabalhadoras. É possível avançarmos. Fiz minha dissertação sobre as mesas de negociação no país, sobre a importância da negociação, que nada mais é do que o reconhecimento do

conflito e a possibilidade, através de um diálogo, de uma relação democrática, com

autonomia dos sindicatos, de governos e partidos, de avançar; e é um pouco sobre isso que vou falar para vocês.

Na dissertação, tive muita dificuldade de achar coisas escritas sobre o tra -balho em saúde, não no sentido de que não se tenha escrito, mas como não se faz gestão em saúde, produz-se muito pouco sobre o trabalho em saúde com esse foco da valorização dos trabalhadores e trabalhadoras. Conseguimos fazer um his-tórico das políticas públicas de saúde e entendemos que o Sistema Único de Saú-de é o marco para discutirmos a questão do trabalho, porque abre possibilidaSaú-de de romper com o modelo médico-centrado, hospitalocêntrico, para o modelo do trabalho em equipe, da atenção integral, e, a partir do momento que universaliza o atendimento, abre também para nós, trabalhadores e trabalhadoras, outra pers-pectiva de entender o usuário enquanto usuário e não como segurado. Quando comecei a trabalhar no serviço público, os federais ainda chamavam os usuários de segurados. O Sistema Único de Saúde abre possibilidade de rever o modelo, abre possibilidade do trabalho em equipe e abre possibilidade para nós, também,

traba-lhadores, exercermos nossa profissão voltados para uma relação mais democrática,

mais humanizada, não com os segurados e os indigentes, mas sim com os usuários dos serviços de saúde.

Também é importante destacar que as Conferências de Saúde não deixaram de falar sobre o tema do trabalho em saúde. Estou orientando uma aluna, no curso de especialização em Rondônia, e ela está fazendo um apanhado do que as Conferências Nacionais de Saúde e as Conferências de Recursos Humanos (RH) apontam nessa questão. Já temos, de 1986 para cá, seis Conferências Nacionais e três Conferências de RH. Se analisarmos o que está deliberado nas conferências, as pautas se repetem. E o saldo, realmente, de ser implementado o que foi decidido nas Conferências de Saúde é muito negativo. É importante resgatarmos isso. A cada conferência, antes de pensar novas resoluções, precisamos pensar o que, de fato, foi implementado e porque não foi implementado.

Também falando sobre o trabalho em saúde, temos que destacar algumas questões fundamentais. Uma delas é a criação da Comissão Intergestores Regional (CIR), do Conselho Nacional de Saúde, que discute a questão de RH. É um avanço, porque temos a possibilidade de discutir RH de forma que contemple usuários, tra-balhadores e gestores. A CIR é responsável por uma série de debates e, também, de iniciativas no campo do trabalho em saúde. Ao falar em trabalho em saúde, é preciso destacar a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUS

(NOB/RH-SUS), polêmica, difícil. Quantos anos para se construir a versão final. E está muito

esquecida pelos gestores e por nós, trabalhadores da saúde. Esquecemos muitos con-ceitos, deveres, inclusive, do setor privado conveniado ao SUS. Este esqueceu que também tem que cumprir as resoluções da NOB. É um alerta: precisamos retomar muito daquilo que conquistamos e aprovamos na NOB/RH.

Foram apresentadas muitas contradições do governo Lula, mas não podemos deixar de citar as boas iniciativas. A criação da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, no Ministério da Saúde, é um sinal de que se começa a se preocupar com a gestão do trabalho de forma diferenciada. Gestão do trabalho não é mais RH, não é mais um departamento no Ministério, tem hoje o status de Secretaria. E é com muitas idas e vindas, com muitos erros e acertos, que aponta

para os gestores deste país que é preciso qualificar a gestão do trabalho em saúde,

implementar mesas de negociação do SUS, fazer formação de gestores na área do trabalho em saúde, porque, sem gestão do trabalho na saúde, o SUS não tem como avançar. Quando se discute o processo de trabalho, consegue-se discutir a questão da universalidade, da integralidade, do trabalho em equipe, dos riscos da privatização.

O Programa de qualificação e estruturação da gestão do trabalho e da educação no

SUS(PROGESUS) é um projeto de formação de gestores importante para capacitar os gestores na área do trabalho em saúde.

Também é importante citar o Pacto de Gestão, que tem mil metas na área de atendimento, mas apenas quatro linhas falando do trabalho em saúde. Mesmo neste novo tempo inaugurado com a Presidência da República do Lula, muito pouco se avança na questão da gestão do trabalho em saúde no nosso país.

Fazendo esse panorama das políticas de saúde, temos que trabalhar com con-ceitos - sou uma mulher de esquerda, socialista, marxista - a gente temos que saber que o conceito de trabalho determina como queremos que o trabalho e os trabalha-dores sejam valorizados. Gosto de trabalhar com o conceito marxiano do trabalho como onde o homem se realiza, coloca a sua criatividade, participa - é parte do seu processo de trabalho. Este é o conceito de trabalho que precisamos alcançar, mas não é o que muitas vezes está colocado no nosso dia-a-dia. O corre-corre, as exigências, a tecnologia, os ritmos acelerados, a falta de reconhecimento e de valo-rização não nos fazem nos realizar no nosso trabalho, não nos fazem sentir parte do nosso trabalho. As relações autoritárias dentro das instituições não nos deixam

exercer nossa criatividade. Mas é importante termos o conceito para olhar de forma dialética. Na saúde, também podemos adaptar o conceito marxiano de trabalho em

saúde. Nosso processo de trabalho tem como finalidade a ação terapêutica em saú -de, nosso objeto de trabalho são os indivíduos e os grupos, e temos aí uma série de conhecimentos e de saberes em saúde. E não podemos nunca perder de vista que existimos, enquanto trabalhadores e trabalhadoras em saúde, para prestar assistência de qualidade aos usuários do serviço de saúde. Mas, para prestar essa assistência de qualidade, temos que ter qualidade de vida no trabalho, porque uma coisa não anda dissociada da outra. O Ministério da Saúde adota o conceito de trabalho como um processo de troca, de criatividade, de co-participação, com responsabilização, de enriquecimento e de comprometimento mútuo, mas nem sempre é isso que se vê, mesmo dentro do Ministério da Saúde, porque tem uma gama de pessoas terceiriza-das. Muitas vezes nós, que andamos por lá, assistimos a relações bastante autoritárias e difíceis no processo de trabalho.

Não temos como não falar desta visão neoliberal. O capitalismo entra em crise, precisa se reestruturar. O que é reestruturação para o capitalismo: voltar a ter a maior quantidade de lucro possível. E o trabalho, na visão liberal, reestrutura-se numa lógica de que temos que ter a maior produção possível, com o menor número de postos de trabalho possível. Essa é a lógica neoliberal, que não se reproduz só na indústria, mas, também, no comércio, e está muito presente no nosso dia-a-dia, no setor saúde. A ques-tão do dimensionamento das equipes de saúde é um tema que temos que olhar como

desafio. Há cada vez mais equipes enxutas, para dar conta de um atendimento cada vez

mais complexo, com mais tecnologia, com um doente cada vez com mais necessidade de atendimento e de cuidado. E cada vez mais as equipes diminuindo, as pessoas sendo demitidas, aplicando-se novas formas de gestão. Ainda, o desemprego estrutural, o trabalho precário e a degradação da natureza, são a consequência dessa reestruturação produtiva do período neoliberal, que nós ainda vivemos hoje no nosso país.

Não temos mais desemprego estrutural, temos uma taxa de emprego muito boa. Em Porto Alegre, já se chega a falar em pleno emprego, mas esse emprego ainda é precário, as equipes ainda são reduzidas, os ritmos são acelerados, a preo-cupação com o meio ambiente deixa muito a desejar no nosso país. E não temos uma relação com o processo de trabalho do nosso conceito de Marx, em que nos realizamos, temos prazer, em que nos integramos no meio ambiente de trabalho. O Júnior trouxe para nós todo o panorama da política de saúde, é preciso ter uma visão crítica desse panorama e entender que ele impacta a nossa vida, o nosso dia-a-dia, o nosso fazer em saúde. Por que saímos desgastados? Por que adoecemos? Por que não temos prazer no processo de trabalho? Porque tem toda uma política que acaba contribuindo para isso e de forma proposital.

É importante também dizer que o movimento sindical tem uma série de crises

organização coletiva dos trabalhadores e trabalhadoras para sua valorização. Sindica-to é o lugar onde é preciso se organizar, é preciso ir, criticar, sugerir, mas não se pode

abrir mão. Essa história de que “ninguém me representa, eu me represento”, nós não

aceitamos, porque acreditamos que é no sindicato, nas organizações da sociedade ci-vil, que temos a possibilidade de alterar a realidade e de melhorar nossa vida e a vida do conjunto dos trabalhadores. Nos maiores momentos de crise na história do nosso país e na história mundial, foram os sindicatos que resistiram. E quando os sindica-tos não resistiram, foram pelegos, quem perdeu foi a classe trabalhadora. Nós temos responsabilidade com esta estrutura da classe trabalhadora, que são os sindicatos.

Sobre a gestão da saúde, é importante trabalharmos um pouco esses conceitos, fazer gestão do trabalho na saúde é trabalhar essencialmente com pessoas, pessoas cuidando de pessoas, pessoas com uma diversidade social, intelectual e cultural

mui-to grande. Fazer gestão na saúde é pensar como valorizar, qualificar, fazer educação

permanente do porteiro, para que ele se integre no Sistema Único de Saúde, para que dê o atendimento humanizado e, é também, como fazer para que o médico, que se sente o bam-bam-bam da história, também se integre, faça parte das instituições de saúde, tenha um trabalho humanizado voltado para o usuário dos serviços de saúde. Insisto que a gestão do trabalho em saúde é estratégica para as instituições. Não podemos deixar os gestores fazerem gestão do trabalho sem a participação dos trabalhadores e dos sindicatos, senão vai ser uma gestão voltada para o capital, para os interesses do diretor do hospital, do diretor da fundação. Precisamos fazer um acompanhamento, participar da gestão do trabalho em saúde no nosso país. Aí os

sindicatos voltam a ter um papel importante, mas com uma dificuldade: nós, na saú -de, temos essa particularida-de, temos uma pulverização muito grande de sindicatos, uma tripla, até quadrupla, representação. Temos sindicatos da área privada do nível médio, sindicato da área pública do nível médio, sindicato de enfermeiros, farma-cêuticos, odontólogos, psicólogos, médicos. Se a gente for pegar a representação sindical da saúde, dá uns vinte sindicatos.

Imaginem vinte sindicatos sentados numa mesa de negociação, cuidando dos interesses dos trabalhadores, com toda essa pulverização. Isso é um problema

sé-rio. Viemos de uma configuração que defende, ainda, um sindicato único da saúde.

Acreditamos que esta é a melhor ferramenta para a valorização dos trabalhadores, sabemos que ela não é possível neste momento, cada um quer cuidar das suas coi-sas, ninguém quer abrir mão da sua cadeira, sua mesa, seu cargo de presidente, sua estabilidade, sua liberação. Sabemos disso, mas não podemos deixar de falar que a melhor estrutura sindical é o sindicato único da saúde. Mas, enquanto não se con-segue isso, precisamos fazer esforços para, no mínimo, ter um Fórum Estadual, um Fórum Municipal, para que os sindicatos possam sentar antes, tentar algum tipo de acordo, algum tipo de consenso, para defender melhor os trabalhadores. O que temos assistido nesse país é uma pulverização, uma divisão, e quem perde com isso

são os trabalhadores. Precisamos olhar para isso como um desafio do nosso tempo.

Quanto à gestão da negociação do trabalho no SUS, o trabalho em saúde tem

um conflito permanente que não pode ser botado para baixo do tapete. Essa história

de colaboradores, somos todos uma família, aqui somos todos felizes e irmãos, não é

verdade. O processo de trabalho é um conflito e precisamos entender isso. Acredita

-mos que o processo de negociação é necessário para trabalhar a questão do conflito,

mas um processo onde todos os atores deste mundo do trabalho em saúde estejam envolvidos. Entendemos a negociação como um instrumento de gestão no setor da saúde, porque pode permitir a resolução de situações complexas, conseguir acordos

duradouros e uma cooperação benéfica. Isso não significa cooptação dos trabalha -dores. Muitos gestores vão para a mesa para cooptar trabalhador e muito trabalhador não vai para a mesa porque tem medo de ser cooptado pelo gestor. Negociação não é cooptação, negociação tem que ser séria, tem que balançar os dois interesses e tem que construir alguma solução que não seja boa só para um lado ou só para outro. Quem vai para uma mesa de negociação achando que não vai ter que ceder em nada,

não vai. E para os trabalhadores fica também um recado: sentar nas mesas de ne -gociação para melhorar a condição dos trabalhadores, não é a única solução. Se não

tiver movimento de rua, mobilização social, a negociação fica enfraquecida.

Fazer negociação nesse país, fazer gestão do trabalho, não é uma coisa muito fácil. Vocês imaginem o que é o nosso setor saúde, 5.564 municípios brasileiros. E vocês sabem que hoje o principal contratante, o principal empregador no setor saú-de, é o município, não está mais com o Governo Federal ou o governo estadual a prestação direta de serviços. Hoje, o município passa a ser o principal empregador. Isso é bom, por um lado, mas é ruim porque nós nunca pensamos a municipalização da saúde como uma desresponsabilização do Governo Federal e do governo

estadu-al, não prestar assistência direta não significa que não tenha que fazer concurso, que não tenha que ter profissionais e que não tenha que subsidiar ou financiar a saúde.

Nós representamos 4,3% da população ocupada do país e somos 10% da massa sa-larial do setor formal. Hoje, temos quase 4 milhões de postos de trabalho no nosso país. Esses dados são de 2011. Mas, desses 4 milhões, só 2,6 milhões têm vínculo formal, ou seja, é um dado da precarização das relações de trabalho. E sabemos que o setor público tem se utilizado das mais diversas formas de contratação para fugir do regime estatutário. É CLT, contrato emergencial, terceirização, cooperativa. Isso é muito grave, porque descaracteriza o serviço público e desestimula os trabalhadores em saúde. E enriquece quem trabalha na saúde com a visão do lucro.

Outra questão importante do nosso setor é que temos uma inversão dos aten-dimentos. O número de postos de trabalho na área hospitalar vem diminuindo em relação ao número de postos de trabalho ambulatoriais. Nós temos, então, a chama-da ambulatorização dos atendimentos e empregos. Ou seja, a gestão do trabalho, nossa organização, nosso pensar, não podem ser só para dentro das instituições

hospitalares. Temos que trabalhar com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que são três ou quatro trabalhadores espalhados numa cidade. A questão

da ambulatorização divide os trabalhadores, eles ficam muito dispersos e isso é um

problema. Tem um lado bom, porque o hospital está saindo do centro, mas isso

também significa dispersão dos trabalhadores e mais dificuldade para se organizar e

reivindicar seus direitos.

Outra questão, que entendemos como um conflito, são as novas modalidades

de assistência. Entram aí as Home Care, dentre outras, e o crescimento acelerado da terceirização nesse país. Essa é uma questão que tem que inquietar aos trabalhadores de saúde que temos consciência de que o SUS tem que ser público e de qualidade. Não podemos aceitar que se tenha fundações públicas de direito privado, que se tenha cooperativas, que se tenha terceirização de serviços públicos. Temos que lutar contra isto. É o que nos resta: organizar-nos contra isso, lutar através de movimento social e lutar na Justiça.Quero trazer um dado que, para nós, é uma grande felicidade. No Rio Grande do Sul, tivemos a implementação inicial de duas fundações públicas de direito privado, uma na cidade de Novo Hamburgo e outra na cidade de Porto Alegre. Os sindicatos da área da saúde entraram com uma Ação Direta de Inconsti-tucionalidade (ADI) contra as fundações públicas de direito privado em Novo Ham-burgo e em Porto Alegre, e conseguiram uma grande vitória judicial. O Tribunal Su-perior entendeu que as fundações públicas de direito privado são inconstitucionais. Isso é uma grande vitória do movimento sindical brasileiro, como um todo, porque algumas entidades nacionais, inclusive, assinam esta ADI.

Outra questão que precisamos olhar é a abertura desenfreada dos novos

No documento contradições e desafios para a saúde (páginas 103-116)