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Neste capítulo veremos como o Império de Roma se expandiu, abrangendo toda a

No documento História Da Educação e Da Pedagogia.pdf-1 (páginas 125-149)

Europa, norte da África, parte da Ásia e

Oriente Médio. Ao mesmo tempo que es-

palhou a língua latina e os costumes ro-

manos, transmitiu a cultura grega. Foi tão

significativo esse processo que até hoje

sentimos a influência greco-romana na

civilização ocidental.

Contexto histórico

Períodos da história romana

• Realeza (de 753 a 509 a.C.): da fundação de Roma à queda do último rei etrusco.

1. Primeiros tempos

A história dos romanos remonta ao segundo milênio a.C., quando a parte centro-sul da península foi povoada por tribos de provável origem indo-europeia, os italiotas ou itálicos. Subdividiam-se em povos com costumes, língua e desenvolvi- mento diferentes, dedicando-se alguns ao pastoreio, outros à agricultura.

O povo latino vivia, de início, em regime de comunidade primitiva, portanto, inexistia a propriedade privada da terra. Os membros do clã rendiam culto aos antepassados e aceitavam a autoridade máxima do paterfamilias (ver dropes 1). Ocupavam as colinas do Lácio, onde mais tarde foi fundada a cidade de Roma, provavelmente em 753 a.C., acontecimento este envolto em lendas.

No século VII a.C., os gregos iniciaram a colonização do sul da Península Itálica, que passou a ser conhecida como Magna Gré- cia. Bem ao norte, na Etrúria, atual Toscana, o povo era adi- antado e já conhecia a escrita. Por volta ainda do século VII, os etruscos iniciaram sua expansão, conquistando inclusive a re- gião do Lácio, onde o regime gentílico se achava em processo de desagregação.

2. Realeza

• República (de 509 a 27 a.C.): de início prevalece a luta entre patrícios e plebeus, e depois ocorre o expan- sionismo militar.

• Império (de 27 a.C. a 476 d.C.): da instauração do Império à sua queda, com a invasão dos bárbaros.

No período da Realeza, com o desenvolvimento da cultura de cereais a economia deixou de se basear no pastoreio. Mais tarde, o comércio transformou Roma em urbs, “cidade”.

A substituição da posse comum da terra pela propriedade privada provocou a divisão de classes: de um lado a aristocracia de nascimento, representada pelos patrícios, e de outro a maioria da população constituída de plebeus, geralmente ho- mens livres: camponeses, artesãos, comerciantes, mas sem direitos políticos.

Entre os plebeus, havia os clientes, assim chamados por de- penderem de uma família patrícia que lhes oferecia proteção jurídica em troca de prestação de serviços. Embora nessa época o número de escravos fosse reduzido, o sistema começava a ser implantado.

3. República

Com a queda do último rei etrusco, teve início a República, que representava os interesses dos patrícios, únicos a terem acesso aos cargos políticos. O poder executivo era representado por dois cônsules eleitos. O Senado, composto por membros vi- talícios, constituía o principal órgão da República.

Com o enriquecimento de algumas camadas da plebe — sobretudo as que se dedicavam ao comércio —, intensificaram- se as lutas pela igualdade de direitos políticos e civis. Os plebeus obtiveram diversas conquistas nos séculos V e IV a.C., como a criação do Tribunato da Plebe, a permissão do casamento misto, a publicação da Lei das Doze Tábuas. A importância desta úl- tima decorre do fato de constituir o primeiro código escrito romano.

Devem-se essas mudanças ao surgimento de uma nova aristo- cracia — não mais determinada pelo nascimento, mas pela

riqueza —, que aspirava a ocupar os altos cargos públicos. En- quanto isso, os plebeus pobres continuavam à margem do pro- cesso político, com sua situação econômica prejudicada pelo aumento da importação de escravos estrangeiros em razão das guerras de conquista. Os pequenos agricultores perdiam suas terras, e o trabalho manual dos artesãos desvalorizava-se por ser comparado ao de escravos.

A política expansionista começou no século V a.C., e já no século III a.C. toda a península se encontrava em poder dos ro- manos. Após as três Guerras Púnicas, contra os cartagineses (séculos III e II a.C.), aos poucos foram ocupadas as mais diver- sas regiões até que, no século I a.C., o mar Mediterrâneo ficou conhecido como Mare Nostrum (Nosso Mar).

Evidentemente muitas transformações decorreram da ex- pansão romana. Com o estímulo às relações comerciais, nas- ceram grandes fortunas. Por essa época ampliou-se consid- eravelmente a escravidão, fator importante para a evolução da economia da Roma antiga. Geralmente os escravos eram pri- sioneiros de guerra e também plebeus, quando perdiam a liber- dade por dívidas. Muitos escravos públicos, pertencentes ao Estado, trabalhavam nas construções monumentais, como palá- cios e aquedutos, ou nos serviços de urbanização, como calça- mento de estradas. Outros, de propriedade particular, trabal- havam no campo ou na cidade, inclusive na função de precept- ores, quando instruídos.

Em alguns casos, conseguiam a liberdade, chamada manu-

missão, geralmente por recompensa a serviços prestados. Ocor-

reram diversas revoltas de escravos nos séculos II e I a.C., das quais a mais famosa foi a de Espártaco (73 a.C.).

A expansão militar alterou profundamente as tradições ro- manas. A Grécia, que fora anexada em 146 a.C., encontrava-se no período helenístico, caracterizado pelo contato com diversos povos, desde o Egito até a Índia. Essa influência estrangeira se

fazia sentir no luxo dos costumes e nos governos cada vez mais personalistas, à imagem do despotismo oriental.

4. Império

As manobras de César em busca do poder absoluto demon- stravam a fragilidade da República. Em 27 a.C. Otávio recebeu o título de Augusto (filho dos deuses) e implantou o Império.

No Século de Augusto, conhecido pelo grande desenvolvi- mento cultural e urbano, foram construídos templos, aque- dutos, termas, estradas e edifícios públicos. Portos e estradas abriram mercados, expandindo o comércio. Grandes latifúndios se especializavam em alguns produtos, e o escravismo continu- ou constituindo a base do processo econômico. Houve incentivo das artes, e escritores como Virgílio, Horácio, Ovídio e Tito Lí- vio sofreram nítida influência helenística.

Ao atingir sua extensão máxima no início do século II d.C., como necessitava de uma complicada máquina burocrática, o Império aumentou o contingente de funcionários do governo, sobretudo para a arrecadação dos impostos das províncias. Dada a complexidade das questões de justiça, desenvolveu-se a instituição do Direito Romano.

O surgimento do cristianismo foi um fato importante. Jesus nasceu na época de Augusto — portanto, início do Império —, na Judeia, sul da Palestina, território então ocupado pelos ro- manos. De lá, a doutrina cristã disseminou-se por obra dos

evangelistas, seguidores de Cristo que levaram o evangelho (ou

seja, a “boa nova”) com o intuito de converter os pagãos para a nova crença. Durante muito tempo a doutrina cristã foi consid- erada subversiva pelos romanos, por não aceitar os deuses pagãos — já que era uma crença monoteísta —, nem render culto ao divino imperador, além de ter como adeptos principal- mente pobres e escravos.

A perseguição aos cristãos iniciou-se com o imperador Nero (ano 64), repetindo-se periodicamente até que Constantino per- mitiu a liberdade de culto em 313. No final do século IV, o cristianismo tornou-se religião oficial. A própria doutrina sofreu modificações nesse tempo. Com a adesão da elite, assumiu cada vez mais a estrutura hierarquizada típica do Império, com rep- resentantes em todas as suas partes. Na época em que o Império Romano se descentralizou e se fragmentou, a Igreja surgiu como um polo aglutinador.

Fonte: J.Jobson de Arruda, Atlas histórico básico. São Paulo, Ática.

A partir do século II d.C. teve início a decadência do Império, o que se nota em diversos aspectos: desmantelamento da má- quina burocrática; lutas pelo poder, cada vez mais personalista; altos impostos; corrupção; esvaziamento dos cofres públicos; e dissipação dos costumes, afrouxados pelo luxo.

No século III, com o cessar das guerras de expansão e a crise do escravismo, lentamente surgiu o sistema de colonato, em que os agricultores livres ficavam presos à terra que cultivavam, pa- gando os proprietários com uma parte da produção. O declínio do artesanato e do comércio provocou a ruralização da eco- nomia. Enquanto isso, os bárbaros se infiltravam como colonos ou soldados nas fronteiras, até que uma horda de guerreiros bárbaros de diversas origens invadiu o Império, fragmentando- o, no início do século V.

Em 395 o Império Romano dividiu-se em Ocidental, com sede em Roma, e Oriental, com sede em Constantinopla (antiga Bizâncio e atual Istambul). Em 476 a Itália caiu em poder de Odoacro, rei dos hérulos.

Educação

1. O que é humanitas

Uma das características da cultura romana decorre justa- mente da expansão do seu território. Enquanto a Grécia — com- posta por inúmeras póleis — nunca se constituiu em uma nação, Roma desenvolveu a concepção de império. Apesar das difer- enças existentes entre os povos conquistados, não havia dis- criminação dos vencidos, mas lhes era conferido o direito da cidadania romana, em troca do pagamento de impostos. No caso específico da Grécia conquistada, em vez de impor o latim, os romanos incorporam-lhe o idioma, bem como vários de seus padrões culturais, que se tornaram herança da humanidade.

A cultura universalizada pode ser expressa na palavra hu-

manitas — no sentido literal de humanidade e, mais propria-

mente, de educação, cultura do espírito —, algo equivalente à

paideia grega. Distingue-se desta, no entanto, por se tratar de

uma cultura predominantemente humanística e sobretudo cos- mopolita e universal, buscando aquilo que caracteriza o ser hu- mano, em todos os tempos e lugares. Essa concepção, muito val- orizada por Cícero, não se restringia ao ideal do sábio, muitas vezes inalcançável, mas se estendia à formação do indivíduo vir- tuoso, como ser moral, político e literário.

Com o tempo, a humanitas degenerou, restringindo-se ao estudo das letras e descuidando-se das ciências, como veremos.

De maneira geral, podemos distinguir três fases na educação romana:

• a educação latina original, de natureza patriarcal;

• a influência do helenismo, criticada pelos defensores da tradição;

• por fim, a fusão entre a cultura romana e a helenística, que já supunha elementos orientais, mas com nítida supremacia dos valores gregos.

A fusão dessas culturas trouxe um elemento novo, o bilin- guismo, e desde cedo as crianças aprendiam latim e grego. Às vezes, o ensino era trilingue, quando às duas línguas principais acrescentava-se a língua local.

Em todas as épocas, no entanto, permaneceram alguns aspec- tos da antiga educação, qual seja o papel da família, repres- entado pela onipotência paterna — mas não destituída de afeto —, e pela ação efetiva da mulher, de que é exemplo o célebre tipo da “mãe romana”.

Os aristocráticos patrícios (proprietários rurais e guerreiros) recebiam uma educação que visava a perpetuar os valores da nobreza de sangue e cultuar os ancestrais. É bom lembrar que na Antiguidade a família não era nuclear como a nossa, com- posta de mãe, pai e filhos, mas extensa, incluindo os filhos casa- dos, escravos e clientes, dos quais o paterfamilias era propri- etário, juiz e chefe religioso.

Até os 7 anos, as crianças permaneciam sob os cuidados da mãe ou de outra matrona, “mulher respeitável”. Depois dessa idade, as meninas aprendiam no lar os serviços domésticos, en- quanto o pai se encarregava pessoalmente da educação do filho. O menino o acompanhava às festas e aos acontecimentos mais importantes, ouvia o relato das histórias dos heróis e dos ante- passados, decorava a Lei das Doze Tábuas, desenvolvendo desse modo a sua consciência histórica e o patriotismo.

Por viver em uma sociedade agrícola, o menino aprendia a cuidar da terra, atividade que, de início, colocava lado a lado o senhor e o escravo. Aprendia também a ler, escrever e contar, bem como desenvolvia habilidades no manejo das armas, na natação, na luta e na equitação. Os exercícios físicos visavam à preparação do guerreiro, mais do que propriamente ao esporte desinteressado.

Aos 15 anos, ele acompanhava o pai ao foro, praça central onde se fazia o comércio e eram tratados os assuntos públicos e privados, e em torno da qual se erguiam os principais monu- mentos da cidade, inclusive o tribunal. Aí aprendia o civismo. Caso o pai não pudesse desempenhar pessoalmente essas tare- fas — o que às vezes acontecia devido às guerras —, um parente ou mesmo um escravo instruído assumia seu lugar.

Aos 16 anos, o jovem era encaminhado para a função militar ou política. A educação pouco se voltava para o preparo intelec- tual e mais para a formação moral, baseada na vivência

cotidiana e na imitação de modelos representados não só pelo pai, mas também pelos antepassados.

3. Educação cosmopolita

Já na época da República, o desenvolvimento do comércio, o enriquecimento de uma certa camada de plebeus e o início da expansão romana tornaram a sociedade emergente mais compl- exa, o que exigia outro modo de educar.

A partir do século IV a.C., foram criadas escolas elementares particulares, que se disseminaram no século seguinte. Eram as escolas do ludi magister (ludus, ludi, “jogo, divertimento”; ma-

gister, “mestre”), nas quais se aprendia demoradamente a ler,

escrever e contar, dos 7 aos 12 anos. Os mestres eram simples e mal pagos, e, para desempenhar seu ofício, ajeitavam-se em qualquer espaço: uma tenda, a entrada de um templo ou de um edifício público. As crianças escreviam com estiletes em tabuin- has enceradas, aprendendo tudo de cor, muitas vezes ameaça- das por castigo.

Por volta dos séculos III e II a.C., as incursões militares e o comércio colocaram os romanos em contato com os povos helênicos e o esplendor de sua cultura. Inúmeros professores gregos ensinaram a sua língua, dando início à formação bilíngue dos romanos.

São desse período as escolas dos gramáticos, em que os jovens dos 12 aos 16 anos entravam em contato com os clássicos gregos, ampliando seus conhecimentos literários, ao mesmo tempo que estudavam as chamadas disciplinas reais, como geo- grafia, aritmética, geometria e astronomia. Iniciavam-se tam- bém na arte de bem escrever e bem falar.

Segundo a tradição helenística, o indivíduo livre devia ter uma educação encíclica: como vimos no capítulo sobre a Grécia,

na ampla gama de conhecimentos exigidos para a formação da pessoa culta. Essa nova exigência assustava os mais conser- vadores, como Catão, o Antigo, que criticava a influência grega, por achá-la deformadora da tradição romana.

Com o tempo, a retórica exigia o aprofundamento do con- teúdo e da forma do discurso. Surgiu então a necessidade de um terceiro grau de educação, representado pela escola do retor (professor de retórica). Diferentemente dos ludi magister e dos gramáticos, os retores eram mais respeitados e bem pagos.

As escolas superiores desenvolveram-se no decorrer do século I a.C. (época de Cícero) e cresceram durante o Império. Eram frequentadas pelos jovens da elite, que se destacariam na vida pública e que por isso se preparavam para as assembleias e as tribunas. Estudavam política, direito e filosofia, sem esquecer as disciplinas reais, próprias de um saber enciclopédico. Acrescentava-se a essa formação uma viagem de estudos à Grécia.

A educação física merecia a atenção dos romanos, mas com características menos voltadas para o esporte e mais para as artes marciais. Em vez de frequentar ginásios, lutavam nos cir- cos e anfiteatros. Tratava-se, afinal, de preparar soldados.

Como se vê, predominava a educação aristocrática, não só por ser privilégio da elite, mas por estar interessada nas atividades intelectuais, que excluíam o trabalho manual e por isso eram consideradas mais dignas.

4. Educação no Império

A educação romana durante o Império não foi muito diferente da oferecida no período anterior, a não ser por sua complexid- ade e organização. Nota-se a crescente intervenção do Estado nos assuntos educacionais, porque a administração do Império

requereria uma bem montada máquina burocrática, com fun- cionários que deveriam ter pelo menos instrução elementar.

É curiosa a procura de cursos de estenografia (ou taquigrafia), um sistema de notação rápida. Segundo o historiador da edu- cação Marrou, a sua origem remonta talvez ao século IV a.C., mas o uso corrente só aparece bem disseminado no tempo de Cícero. Esse recurso era exigido cada vez mais na atividade dos

notários — hoje conhecidos como tabeliães —, que inicialmente

eram apenas secretários incumbidos de fazer anotações, ao acompanhar os magistrados e os altos funcionários nas suas atividades. Depois suas funções foram adquirindo maior re- sponsabilidade e poder.

Embora o Estado se interessasse pelo desenvolvimento da educação, de início pouco interferiu, colocando-se como mero inspetor, mais ou menos distante das atividades ainda restritas à iniciativa particular. Com o tempo, passou a oferecer sub- venção, depois a exercer o controle por meio da legislação e por fim tomou para si a inteira responsabilidade. Já no século I a.C., o Estado estimulava a criação de escolas municipais em todo o Império. O próprio César concedera o direito de cidadania aos mestres de artes liberais.

No século I d.C. Vespasiano liberou de impostos os profess- ores de ensino médio e superior e instituiu o pagamento a al- guns cursos de retórica, de que se beneficiou o mestre Quintili- ano. Pouco tempo depois, Trajano mandou alimentar os estudantes pobres. Mais tarde, outros imperadores legislaram sobre a exigência de as escolas particulares pagarem com pontu- alidade os professores e também definiram o montante a lhes ser pago.

Coube ao imperador Juliano (ano 362) praticamente oficializ- ar toda nomeação de professor, feita pelo Estado. É bem ver- dade que esse imperador, também chamado O Apóstata, se

opunha à expansão do cristianismo e pretendia, com essa me- dida, impedir a contratação de professores cristãos.

Outro destaque da época do Império foi o desenvolvimento do ensino terciário, com os cursos de filosofia e retórica, a que já nos referimos, e a criação de cátedras de medicina, matemática, mecânica e sobretudo escolas de direito. A continuidade dos estudos era exigida no caso de se aspirar a posições mais altas, como cargos próprios da justiça e da administração superior.

Durante a República, um jurista aprendia o ofício de maneira informal, bastando acompanhar com frequência o trabalho dos tribunais. Os pretores eram magistrados especiais que julgavam os processos. Com as conquistas romanas, pretores peregrinos se dirigiam às comunidades submetidas e julgavam levando em conta o direito dos diversos povos, o que deu origem ao Direito das Gentes.

O crescente número de situações conflituosas exigiu que os juristas, para facilitar o exame dos casos, compilassem os editos dos pretores, as resoluções do Senado, as decisões dos gover- nadores provinciais e as ordenações judiciais dos imperadores. Esse abundante material propiciaria o aperfeiçoamento do Direito Romano. Por isso, já no Império era exigida a formação sistemática por quatro ou cinco anos, tal a complexidade da nova ciência do direito, desenvolvida em grandes centros de estudo como Roma e Constantinopla.

Inúmeras bibliotecas foram criadas, e os romanos se apropri- aram de manuscritos encontrados nas regiões conquistadas. Ainda floresciam o museu de Alexandria, o Círculo de Pérgamo e a Universidade de Atenas. Em Roma, no século II d.C., Adri- ano fundou o Ateneu, no Capitólio, espaço para discussão e cul- tura. Também as distantes províncias da Espanha, Gália e África receberam o estímulo imperial e criaram escolas, em que estudaram homens da categoria de Sêneca, Quintiliano e pos- teriormente Marciano Capella e Santo Agostinho.

Pedagogia

1. Características gerais

Tal como na sociedade grega, os romanos usavam o braço es- cravo para os trabalhos manuais, igualmente desvalorizados. Em contrapartida, a aristocracia se dedicava ao “ócio digno”, ocupando-se com atividades intelectuais, políticas e culturais. Por consequência, os educadores orientavam-se pelo modelo adequado à elite dirigente a fim de formar o indivíduo racional, capaz de pensar de modo correto e de se expressar de forma convincente.

Agora vejamos algumas diferenças. A pedagogia grega ap- resentava duas vertentes: uma que destacava a visão filosófica sistematizada, como a de Platão, e outra em que predominava a retórica, como queria a escola de Isócrates. Ora, a pedagogia dos filósofos exigia que o próprio aluno, nos estágios superiores, se dedicasse à filosofia no seu sentido mais amplo, incluindo sobretudo a metafísica. O que representava alto grau de di- ficuldade, por se tratar da parte nuclear da filosofia que invest- iga as causas mais fundamentais do ser.

Em Roma, no entanto, a reflexão filosófica não mereceu

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