• Nenhum resultado encontrado

A Lei 10.257/2001, surgiu para regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição Federal. Estes dois artigos tratam da política urbana em geral, mas por ser um assunto amplo e com as cidades e estados tendo uma urbanização muito acelerada e desemparelhada, foi necessária a criação de uma Lei regulamentadora, para que fixasse diretrizes mais especificas sobre o tema, esta lei foi denominada Estatuto da Cidade.

Segundo o artigo 182, a política de desenvolvimento urbano visa estruturar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar da sociedade, além disso, em seu parágrafo primeiro estabelece que Plano Diretor

Municipal é um dispositivo básico para o desenvolvimento e expansão urbana, por fim, o artigo tem em seu parágrafo quarto este relevante meio para que seja concretizada a função social da propriedade.

Já o artigo 183 garante o direito da propriedade a quem é possuidor de fato da mesma, que deu a ela destinação real de propriedade. Para isso, deve ser observado os requisitos legais disposto no caput e parágrafos do artigo em questão.

Assim, o Estatuto da Cidade objetiva uma melhor política urbana, estabelecendo diretrizes para sua perfectibilização. No parágrafo único do artigo primeiro o Estatuto determina sua principal e única função:

Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. (BRASIL, 2017)

Desse modo, foi possível explicitar e regulamentar o disposto nos artigos 182 e 183, que até então traziam normas, mas em sentido muito amplo, deixando uma lacuna na política urbana.

A divisão para a elaboração das leis é feita entre os quatro entes federados que compõem a República Federativa do Brasil: União, Distrito Federal, Estados e Municípios, cada ente deve seguir suas funções, distribuídas pela própria Constituição. No caso das políticas urbanas não é diferente, o Estatuto da Cidade estabelece o que cada ente federativo deve exercer. Importante acrescentar que, em alguns temas e políticas esses entes devem cooperar entre si.

No Direito Urbanístico ocorre esta cooperação, pois cada ente federativo tem uma função, mas para que se tenha uma boa política urbana todos devem colaborar. Um bom exemplo é o próprio Estatuto da Cidade, que promulgado pela União e que

deve ser ponderado pelos Municípios quando estes forem exercer a política de desenvolvimento urbano. (CARVALHO; ROSSBACH, 2018).

A união estabelece, neste Estatuto, um rol extenso de instrumentos a serem seguidos para que o Município esteja apto para a construção de uma política urbana que perfaça o direito de todos à cidade e, principalmente, a concretização da função social de propriedade.

No artigo quarto da lei em questão, está determinado que a política urbana precisa ser objeto de um planejamento amplo, englobando:

[...] I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do

território e de desenvolvimento econômico e social;

II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;

III – planejamento municipal, em especial: a) plano diretor;

b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo; c) zoneamento ambiental;

d) plano plurianual;

e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual; f) gestão orçamentária participativa;

g) planos, programas e projetos setoriais;

h) planos de desenvolvimento econômico e social; [...] (BRASIL, 2017)

É percebido facilmente que, primeiramente, a política urbana não envolve só o planejamento do munícipio, mas sim todo o planejamento nacional, regional, estadual, metropolitano, municipal e intermunicipal. Mas no âmbito municipal serão utilizados meios específicos como o planejamento ambiental, setorial, orçamentário, urbano e planejamento de desenvolvimento econômico e social indicados nos incisos e alíneas do artigo 4º. Ainda, seguindo pelo artigo 4º, no inciso IV estão os instrumentos tributários, que são os impostos, contribuição de melhoria, incentivos e benefícios fiscais e financeiros, os quais visam incentivar a política urbana.

Referente ao parcelamento do solo, o Estatuto da Cidade traz poucas informações em seu esqueleto, nele tem-se que lei municipal específica poderá determinar o parcelamento, devendo ser fixadas condições e prazos para a realização

da obrigação. Prazos esses que, conforme parágrafo quarto do artigo 5º, do referido Estatuto, não poderão ser inferiores a um ano, da data da notificação, para que seja protocolado o projeto no órgão municipal; e, dois anos, da data da aprovação do projeto, para que sejam iniciadas as obras.

Como visto, o Estatuto trata pouco sobe parcelamento do solo urbano, de modo que prevê nos artigos 39 a 42 que cada município, com mais de vinte mil habitantes e integrante de regiões metropolitanas, deverá criar o Plano Diretor Municipal, pois o mesmo é, segundo o art. 40 da Lei 10.257/2001, “[...] o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana.”. Além disso, o Plano Diretor também é citado como obrigatório na própria Constituição Federal, no parágrafo primeiro do artigo 182:

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.

§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.

[...] (BRASIL, 2017)

O Plano Diretor é de grande importância, pois determina diretrizes dentro do território municipal. Assim, nele deverão estar presentes mais detalhes referentes ao parcelamento do solo, como a delimitação das áreas que poderá ser executado o parcelamento, documentos necessários, prazos e demais determinações que serão detalhadas em seguida no capítulo.

Documentos relacionados