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O NOVO PARADIGMA DE CURA

No documento A Astrologia e a Arte de Curar (páginas 47-59)

O círculo é o símbolo dessa estrutura social que, desenvolvida pela humanidade para atender suas mais primitivas necessidades, é independente de todas as formas políticas. Existe um pré- requisito para uma organização de cura satisfatória à humanidade. Precisamos descer aos verdadeiros fundamentos da vida, pois qualquer ordenação meramente superficial da vida, que deixe seus mais profundos anseios irrealizados, seria tão infrutífera como se não tivéssemos feito jamais uma tentativa desse tipo.1

Sintomas são sinais pelos quais a mente-corpo se comunica e não deveriam ser encarados como irritações desagradáveis. Entendido este conceito, toda a idéia de tratamento sofre uma profunda alteração. Quando os sintomas são sumariamente descartados, suas causas arraigadas retornam sob formas mais estranhas e infinitamente mais penosas, freqüentemente em órgãos e sistemas orgânicos não- relacionados. Para a verdadeira cura surtir efeito, é necessário descobrir e contatar os problemas enraizados que originaram uma afecção. Em muitos casos, esses problemas não resultam, meramente, de desequilíbrios recentes mas de influencias sofridas desde a infância ou mesmo durante a gestação.

Enquanto alguns tipos de psicoterapia são muito eficientes para localizar e lidar com esse material, poucas terapias reconhecem a existência de outros enfoques e muitos terapeutas não têm acesso a estas outras técnicas. O dilema está em integrar o físico e o psíquico.

A descoberta e a eliminação das causas primárias constitui o âmago do novo paradigma de cura. Um exemplo muito comum ilustrará essa afirmativa. Como resultado da dieta típica constante de leite e seus derivados, alimentos requintados e carne, reunimos e estocamos toxinas em nosso cólon. Com o tempo, as paredes do cólon ficam completamente entupidas de material tóxico residual. A partir de então, mesmo a melhor dieta possível não produzirá o efeito desejado pois os nutrientes não podem ser assimilados pela, agora impermeável, parede do cólon. Nem mesmo jejuns terão o efeito desejado porque a matéria tóxica trabalhará, simplesmente, de maneira mais concentrada para envenenar o sistema. Para que qualquer dieta funcione é preciso, antes, limpar o cólon. O cólon é a causa primária de muitas doenças que são usualmente atribuídas a outras fontes. Uma das primeiras técnicas recomendadas para a desintoxicação é a prática da lavagem de cólon, em que o cólon é lavado com água até que os bloqueios sejam eliminados. Nesse ponto, é de grande valor concentrar-se no tratamento das doenças originadas no cólon impuro. O processo de cura precisa atuar do ponto interno mais profundo para fora, até tocar a superfície da psique ou do corpo. A homeopatia cura da mesma forma, trazendo, gradualmente, à tona as irritações que jaziam no interior do corpo.

Na moderna psicoterapia, os problemas arraigados exercem incal- culável importância, ainda que a mais sofisticada psicoterapia nem sempre consiga chegar aos traumas profundos, fontes dos males mo- dernos. A razão está em que as causas residem não somente na infân- cia, mas também na gestação. Herdamos de nossos pais muitas de nossas tendências comportamentais. Durante a gestação, reeditamos o processo da evolução e esse inconsciente coletivo contém miríades de imagens e instintos que todos nós carregamos. Nós criamos, em nossas vidas, uma história pessoal, mas guardamos, dentro de nós, unia história muito mais poderosa, encastoada no mundo dos arquétipos. Para identificar essas influências, a astrologia é essencial. Usando o método da Astrologia do Tempo Biológico, é possível chegar a um perfil de

cura que atinja a própria concepção. Para situar a Astrologia do Tempo Biológico em sua devida perspectiva, é preciso estabelecer um contexto para relacionar a cura e a astrologia.

O Microcosmo e o Macrocosmo

A concepção medieval do mundo era muito diferente da de hoje. Na mente medieval o mundo criara-se e compunha-se de uma trama de misteriosas e poderosas forças espirituais, compreendida por poucos. Na antiguidade, muitos médicos eram também astrólogos, e por uma razão muito simples, já que a estrutura da medicina antiga era o herbalismo e que as ervas eram divididas em categorias e organizadas através de correspondências astrológicas. De acordo com o princípio das correspondências, também chamado de doutrina dos signos, tudo no mundo está organizado em categorias ou classes de fenômenos que estão mutuamente relacionados. Entender as relações dos corpos entre si e dos homens em relação ao cosmos, no seio do qual nascem e morrem, é um aspecto crucial de sua visão do mundo.

O diagrama renascentista (Figura 6) desenhado por Robert Fludd (1574-1637) ilustra o relacionamento entre o microcosmo (pequeno mundo) e o macrocosmo (grande mundo). No centro, um homem de pernas e braços abertos está montado nos círculos concêntricos (o microcosmo) dos planetas conhecidos àquela época, do Sol a Saturno, rodeados pelas estrelas fixas do zodíaco. Dentro do círculo das esferas planetárias jazem os níveis mais profundos e simbólicos dos elementos. Rodeando o homem microcósmico, existe uma outra camada circular de esferas planetárias concêntricas (o macrocosmo), exatamente igual à camada interior. Este segundo círculo é o macrocosmo, dentro do qual o Sol e a Lua são também mostrados. O mundo interior reflete e age de acordo com o mundo exterior, dando origem a expressões medievais como "assim em cima como embaixo" e "microcosmo é o macrocosmo". Fludd acreditava na existência de um mundo arquetípico dentro do qual os movimentos e ações do mundo exterior eram criados, formados e governados. Os dois mundos refletiam-se mutuamente e tinham uma relação de reciprocidade. O ser humano representava a ponte entre esses dois mundos, o divino e o profano.

O ponto mais impressionante e revelador do diagrama de Fludd, por ser um detalhe, passa facilmente despercebido. Envolvendo os dois mundos, existe uma tripla volta de uma corda ou fio em espiral, cuja ponta ruma para os céus, puxada por um anjo. Em meu ponto de vista, essa corda que prende o macro e o microcosmo é uma representação simbólica do código genético, DNA, fórmula espiralada e heloidal que cria a forma orgânica e governa o crescimento, sendo, no entender de Fludd, a rota espiralada dos planetas através dos tempos. Embora soe como idéia antiga, o movimento dos planetas, em contraposição às estrelas fixas, tem uma direta conotação com a vida e explica muitos importantes mecanismos de cura. O que mudou foi que esta relação pode ser definida matematicamente e é apoiada pela física, pela matemática, pela astronomia e pela biologia modernas.

Aprendemos que os planetas giram ao redor do Sol, que é uma estrela fixa no espaço. Esta imagem estática deriva das teorias do grego Euclides e das teorias astronômicas de Galileu, ponto de vista que prevaleceu até o advento de Einstein. Esse ponto de vista, entretanto, só de leve corresponde à realidade. O Sol viaja através do espaço, ao redor do centro da Via-Láctea, percorrendo cerca de 750.000 quilômetros por dia.

Quando as órbitas dos planetas são vistas descrevendo um movimento em espiral ao redor do filamento central do caminho do Sol (Figura 7), todo o conjunto funciona como um enorme transformador de energias cósmicas à medida que gira em sua rota através do espaço. Os planetas interiores, Mercúrio e Vênus, descrevem estreitas espirais ao redor do Sol, e a Terra descreve uma espiral completa no prazo de um ano. Os planetas além da Terra traçam suas órbitas mais gradativamente e a cadeia de asteróides se apresenta como um cilindro nebuloso entre Marte e Júpiter. Os planetas mais longínquos ainda levam centenas de anos para descrever uma órbita completa ao redor do Sol.

O Sol, por sua vez, descreve sua órbita ao redor de seu sol, que se acredita ser a estrela Sirius, em aproximadamente 50 milhões de anos, que por sua vez gira ao redor do centro da Via-Láctea. Esse sistema de espirais dentro de espirais é o responsável pela grande ordem de nosso universo, refletida em todas as coisas. A forma e a matemática da "música das esferas" é a fonte de todas as leis físicas e metafísicas. 0 que

Figura 6. Reprodução da capa do livro Utriusque Cosmi . . . Historia, de Robert Fludd.

não é comumente percebido é que o sistema solar em espiral é similar em forma à dupla hélice do código genético, DNA, que cria e rege todos os seres vivos sobre a Terra.

O modo pelo qual a espiral do sistema solar se comunica com o código genético de cada núcleo celular é através de ressonância. Ressonância é uma comunicação através do tempo e do espaço, por meio de vibração sincronizada, entre todos os corpos que apresentam condutas similares. Uma vez que todos os corpos do universo estão em contínuo movimento, existe ressonância em toda parte. A molécula de DNA que existe dentro de cada célula ressoa juntamente com o Sistema Solar no macrocosmo, criando e participando de um sistema simultâneo de transmissão e recepção de informações.

O horóscopo astrológico é uma fatia extraída do sistema solar em espiral, a partir do local do nascimento, ao centro, e disposto em um ângulo que reflita a hora do dia e o ano do nascimento. Todos os horóscopos individuais não passam de uma sucessão relativa de fatias, dispostas em vários ângulos. Num sentido cósmico, todos nós representamos uma série de pontos de vista relativos participando do mesmo mecanismo cósmico. A astrologia é a ciência e a arte de decifrar o significado relativo dessas fatias do tempo.

Embora muitos astrólogos só conheçam o horóscopo como um círculo, quando a espiral é diagramada, fica bem claro que a vida de um ser é bem mais que uma fatia, sendo antes um cilindro que corresponde em extensão à duração de uma existência. Embora costumemos dizer que a vida "começa" no nascimento, fomos concebidos nove meses antes e, no sistema da espiral, a espiral retroagiria ao nascimento. A duração da vida é uma continuação do padrão cósmico, adiante no tempo. Uma vida inteira é um cilindro que começa com a concepção e termina com a morte, embora mesmo isto seja uma simplificação. Num sentido muito verdadeiro, não somos criados do nada, nem a vida termina simplesmente com a morte. As causas que se transformaram em um ser, no momento da concepção, são uma continuação e um legado de nossos pais e antepassados, e toda a gama de nossa energia no tempo não pode desaparecer com a morte. Certamente se dissipa, mas nunca desaparece completamente. Todos os modelos de todas as vidas no tempo permanecem como partes do modelo contínuo de espirais de nosso sistema solar, podendo ser decifrados.

Figura 7. O Sistema

Solar em Espiral e a Dupla Hélice do Código Genético, DNA.

A astrologia é um sistema de símbolos, comumente usado para descrever traços de caráter e predizer acontecimentos a partir do movimento dos planetas, mas que, em verdade, constitui uma forma de decifrar a genética. As semelhanças são impressionantes. O código genético apresenta quatro bases ácidas, tendo, cada uma delas, três modos de operação, enquanto a astrologia apresenta quatro elementos, cada qual atuando de três maneiras. A divisão em doze partes é comum a ambos os sistemas. Recente pesquisa feita pelo professor Percy Seymour2, por Maurice Cotterell3 e outros sustenta a hipótese de que a

astrologia e a biologia são, em essência, sistemas correlatos.

Na história antiga, os egípcios, os hindus, os chineses e muitos outros reconheciam, inconscientemente, que a astrologia era, na verdade, um código cósmico. Uma escultura em pedra egípcia (Figura 8)

Figura 8. A Corda Dupla Egípcia.

"Aqueles que seguram a corda enrolada da qual surgiram as estrelas." Assim são designadas as doze pessoas que tiram a corda dupla da boca de Aken. Sabendo que a cada hora nasce uma estrela, podemos entender o resto do texto que diz que a cada nova volta, nasce uma hora e que, após a passagem do Grande Neter, Aken toma a engolir a corda (fazendo com que o tempo ande para trás).

(Book of Gates, 5ª parte.)

mostra as "doze pessoas que tiram, da boca de Aken4, a corda dupla".

Como podemos ver, as doze figuras, alternando-se com estrelas, seguram uma corda enrolada que nasce da boca de Aken, o Deus criador. Esta cadeia de causalidade, vida e atividade é a força motriz da vida. Muitas outras mais dessas imagens5 são, inquestionavelmente,

representações da dupla hélice genética dentro de um contexto astrológico. Elas simbolizam a origem formadora da vida como nascida das estrelas. Enquanto muitas pessoas interpretaram essas representações como significando que fomos aqui colocados por visitantes de outras galáxias, a verdadeira implicação está em que a forma do código genético deriva do movimento dos planetas ao redor do Sol, no transcurso do tempo.

Uma imagem relevante vem ilustrada em Hamlet's Mill, 6 livro que

investiga as origens do conhecimento humano e sua transmissão através do mito. Um diagrama central mostra os deuses egípcios Hórus e Set no ato de semear ou desnatar. Trata-se de uma referência à Via- Láctea como tendo sido desnatada pelos deuses, mas, como se pode ver claramente, Hórus e Set estão dispostos em cada um dos lados de uma cauda espiralada que parece ser a trilha do sistema solar no transcurso do tempo, e também, quando o cartucho acima está incluído na imagem, esperma humano. Isso é surpreendente porque o esperma foi visto pela primeira vez no século XIX – antes disso sua estrutura estava envolta em mistério.

Existem muitas representações da figura humana, de braços e pernas abertos sobre o mundo, nos diagramas medievais, que simbolizavam o uso de correspondências por médicos, na antiguidade. Eles se serviam da astrologia para descobrir quais ervas seriam benéficas para determinadas partes do corpo. Esses diagramas (Figura 9) mostram

De Kircker (Edipus Egyptiacus).

Figura 9. A Concepção Medieval do Homem (dentro de um quadrado, de um círculo ou de uma moldura ovalada).

o homem dentro de um quadrado, de um círculo e de uma moldura ovalada. Em cada caso é estabelecida uma correspondência entre os signos do zodíaco e partes e órgãos do corpo. No diagrama ovalado, vê- se uma série completa de partes do corpo, doenças, ervas e outras substâncias.7 As correspondências relacionam o mundo físico ao mundo energético e espiritual.

Trazendo o Passado para o Presente

As especulações de filósofos da Renascença, como Fludd, John Dee e Giordano Bruno, são indícios muito intrigantes de uma ciência baseada nos princípios esotéricos de correspondências. Infelizmente, a intolerância da Igreja pôs término às esperanças de tal ciência cósmica. Em anos recentes, surgiu um renovado interesse por idéias que apóiam a ecologia no meio ambiente, a purificação vegetariana nas dietas, as campanhas para abolir os aditivos nos alimentos, o holismo na medicina, a paz mundial e, nos domínios da religião, a busca espiritual. Engastado neste novo movimento está o conceito de paradigma. Paradigma é uma "constelação de crenças, valores e técnicas partilhadas pelos membros de uma certa comunidade".8 Hoje

está bem claro que uma alteração no paradigma para transformar a vida em nosso planeta está em atraso. Isso não é tão-somente desejado por uma minoria, como essencial, se nosso planeta pretende chegar ao século XXI. A mudança de atitude das pessoas nos muitos diferentes campos das finanças, ecologia, física, psicoterapia, cura, astrologia, consciência do espectro e outros não é algo que deva acontecer em algum futuro indeterminado, mas que precisa acontecer agora.

Da mesma forma que Freud transformou o comportamento geral da psique e Einstein tornou relativas as leis da física, assim uma guinada no paradigma humanístico está a caminho.

Essa mudança requer a criação de um conjunto inteiramente novo de valores que a humanidade possa levar ao século XXI e que resista ao teste da realidade. Como é muito claro, de modo a que essa transformação se estenda às massas, precisa começar com poucas pessoas mudando suas vidas. No momento, muitos terapeutas têm dificuldade

para manifestar sua visão muito positiva da existência humana. Terapeutas transformistas precisam demonstrar o novo nível do relacionamento humano e curadores complementares precisam ser, eles mesmos, saudáveis. Esse é um grande desafio.

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No documento A Astrologia e a Arte de Curar (páginas 47-59)

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