• Nenhum resultado encontrado

2 O PROGRAMA DE BIBLIOTECAS DA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE

2.1 O contexto da pesquisa – as bibliotecas das escolas municipais com

Nesta seção é feita uma descrição geral das escolas da RME/BH e apresentadas as bibliotecas escolares das nove instituições que fizeram parte da pesquisa de campo, uma de cada regional (Barreiro, Centro Sul, Leste, Nordeste, Noroeste, Norte, Oeste, Pampulha e Venda Nova), escolhidas levando-se em

consideração o fato de possuírem bibliotecas polo. Como citado no capítulo 1, as escolas RME/BH são distribuídas em nove regionais. Os segmentos atendidos pela rede é a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e a EJA. Nem todas as escolas da rede possuem todos os segmentos.

As nove bibliotecas escolares participantes da pesquisa apresentam a seguinte estrutura física, de acordo com dados disponibilizados pela coordenação do Programa de Bibliotecas24 para o presente estudo.

Quadro 1 - Bibliotecas polo (espaço físico) e número de bibliotecas coordenadas

Escolas Espaço físico Nº de

bibliotecas coordenadas

A - 2 salas, comportam 1 turma, 5 mesas.

- Não possui espaço para ampliação. 4

B 1 sala pequena; 4 mesas, comporta 1 turma 4

C 1 sala; 7 mesas, comporta 1 turma 3

D 3 salas, 5 mesas, comportam 1 turma 4

E 1 sala, 5 mesas, comporta 1 turma. 3

F 1 sala, 4 mesas, comporta 1 turma 4

G 1 sala. 3 mesas, 12 cadeiras. Não comporta 1 turma. 4 H 2 salas amplas, 6 mesas, 6 cadeiras; atendem uma turma, por sala. 2

I 1 sala, 4 a 5 mesas, comporta 1 turma 4

Fonte: Informações coletadas pelas coordenadoras do Programa de Bibliotecas com os bibliotecários no início do ano de 2015

Quanto ao perfil dos participantes da pesquisa, no tocante à formação, a Coordenadora 125 do Programa de Bibliotecas, é pedagoga, bibliotecária e

mestranda em Educação. A Coordenadora 2 possui mestrado e doutorado em Literatura. Todos os profissionais da educação, participantes da pesquisa nas 9 escolas, possuem curso superior. Dos 54 sujeitos pesquisados, 1 possui mestrado e 28 possuem especialização. Na RME/BH todos os professores e bibliotecários possuem no mínimo curso superior. Quanto aos auxiliares de biblioteca, a exigência para ingressar na Rede é o Ensino Médio. Muitas vezes, a falta de preparo dos profissionais da biblioteca é justificada pela ausência de formação na área específica para atuar nesse espaço.

24 Segundo as coordenadoras do Programa de Bibliotecas esses dados foram colhidos por meio de

uma conversa com cada um dos bibliotecários no início do ano de 2015.

25

Nesta pesquisa, as coordenadoras do Programa de Bibliotecas, que atuam na SMED/BH, serão denominadas Coordenadora 1 e Coordenadora 2.

Quanto ao tempo de serviço desses profissionais na RME/BH, a Coordenadora 1 do Programa de Bibliotecas tem 10 anos de rede e a Coordenadora 2 é professora da rede há 13 anos. As duas coordenadoras estão há cinco anos na função. A Coordenadora 1 trabalhou também, durante quatro anos, como auxiliar de biblioteca e um ano como professora.

O tempo de atuação dos profissionais da educação na RME/BH varia de 1 ano e 10 meses a 33 anos. Dessa forma, a amostra pode ser considerada significativa, uma vez que engloba tanto profissionais recém admitidos na Rede, quanto profissionais que já estão próximos da aposentadoria. O tempo de atuação dos bibliotecários varia de 1 ano a 15 anos e esses profissionais são lotados direto na função, assim o tempo de serviço na Rede é o mesmo tempo de atuação.

Pela análise das informações, percebe-se uma diversidade de tempo de atuação na função de gestor e coordenador pedagógico, variando de cinco meses a 28 anos. Cinco gestores são novatos, eleitos em dezembro de 2014, e iniciaram a gestão em janeiro de 2015. Quatro gestores foram reeleitos. Com relação ao tempo de atuação dos coordenadores pedagógicos, três assumiram a função no início de 2015, junto ao gestor, dois coordenadores acompanham o gestor desde a gestão anterior; há um caso de um gestor novato ter a colaboração do coordenador da gestão anterior. Essa variação no tempo de serviço é importante para a amostra da pesquisa, pois, os dados apresentam relatos de gestores que estão entrando na rede e poderiam não conhecer o Programa, bem como profissionais que já estão na Rede há mais tempo e deveriam conhecer as diretrizes do Programa, o que nos permite uma avaliação da extensão das ações de formação do Programa que foi implantado em 1997 e completa 18 anos em 2015.

Quanto ao levantamento de profissionais disponíveis nas bibliotecas das escolas, a presente pesquisa revelou que o conjunto das nove escolas dispõe desse profissional, de acordo com a seguinte distribuição no quadro 2 a seguir.

Quadro 2 - Profissionais disponíveis nas bibliotecas das escolas pesquisadas

Escolas Bibliotecários Auxiliares de Biblioteca

por turno Professores em readaptação funcional Estagiárias Total de profissionais nas bibliotecas A 1 Manhã: 1 - tarde: 1 - noite: 1 --- --- 4 B 1 Manhã: 1 – tarde: 1 –

C 1 Manhã: 1 - tarde: 1 -

noite: 1 Manhã: 1 --- 5

D 1 Manhã: 1 - tarde: 1 -

noite: 1 Manhã: 1 e noite: 2 Manhã: 1 e tarde: 1 9

E 1 Manhã: 1 e tarde: 1 Tarde: 1 --- 4

F 1 Manhã: 1 e tarde: 1 --- --- 3

G 1 Manhã: 1 - tarde: 1 -

noite: 1 --- --- 4

H 1 Manhã: 1 - tarde: 1 -

noite: 1 Manhã: 2 e Tarde:1 --- 7

I 1 Manhã: 1 - tarde: 1 -

noite: 1 --- --- 4

Fonte: Questionário aplicado aos profissionais da educação em maio de 2015 para a presente pesquisa

Pelo quadro, percebemos que o número de profissionais que trabalha nas bibliotecas varia. Todas as nove escolas, por terem bibliotecas polo, possuem um bibliotecário, mas nem todas têm auxiliares de bibliotecas e professores atuando nos três turnos (manhã, tarde e noite). Com um número reduzido de funcionários, consequentemente, as atividades da biblioteca ficam comprometidas. Os profissionais da biblioteca precisam fazer ações administrativas e pedagógicas, além do mais, os bibliotecários são os responsáveis por acompanhar também as atividades nas bibliotecas coordenadas. Em entrevista, as coordenadoras do Programa de Bibliotecas afirmaram que não há uma definição sobre a média de profissional por biblioteca, o que pode ser considerado um dificultador para o desenvolvimento do mesmo. A Coordenadora 1 destacou a necessidade de um auxiliar de biblioteca por turno e um bibliotecário. Segundo ela, esse bibliotecário, muitas vezes, não estará presente, pois além do trabalho na biblioteca de sua escola, ele também coordena mais quatro ou cinco bibliotecas. A Coordenadora 2 destacou a rotatividade dos auxiliares de biblioteca como um ponto negativo, uma vez que não há atratividade no valor do salário e muitas vezes, esse servidor está cursando faculdade em outra área além dos professores em readaptação funcional com laudo de voz ou que estão para se aposentar.

No caso de encaminhamento de professores em readaptação funcional26 para

26

Os profissionais em readaptação funcional, em sua maioria, tiveram suas limitações de natureza profissional adquiridas ao longo da carreira docente. Um exemplo é o laudo médico de voz que os impossibilitaram de exercer o trabalho em sala de aula com os estudantes. Esse seria um motivo que, com certeza, trará ao professor dificuldades de exercer um trabalho efetivo de mediação de leitura, como contação de histórias, mas poderá contribuir imensamente com seus conhecimentos pedagógicos para a formação de leitores auxiliando os profissionais da biblioteca.

atuarem na biblioteca, cinco gestores relataram que um dos critérios para essa escolha considera o perfil do professor e sua capacidade de se adaptar ao tipo de trabalho. Os gestores não detalharam quais seriam as características para exercer a função na biblioteca, mas, penso que a presença de um professor com perfil de mediador na biblioteca poderia contribuir imensamente nas ações pedagógicas de mediação com a leitura. Silva (2009) destaca a importância do perfil de mediador do profissional para atuar na biblioteca, um profissional dinâmico que cumprirá a função de articulador do trabalho entre a biblioteca e a sala de aula.

Em relação à rotatividade de auxiliares de biblioteca e professores em readaptação funcional, Silva (2009) pontua que

O profissional destinado a mediar a leitura e a informação na biblioteca escolar não pode ser anualmente substituído por outro, como acontece nas escolas públicas. A mudança constante desestrutura a sedimentação das estratégias realizadas anteriormente e a biblioteca torna-se, a cada ano, um recomeço. Assim, até o novo profissional aprender o trabalho e conhecer o acervo, o ano letivo praticamente terminou. Portanto, a permanência do bibliotecário/professor na biblioteca será benéfica para a comunidade escolar, pois as mudanças constantes nessa função desmobilizam, desorganizam o trabalho realizado na escola. A biblioteca precisa de trabalho contínuo que acumule ações pedagógicas promovedoras do conhecimento de sua comunidade. (SILVA, 2009, p. 133).

Percebe-se, assim, a necessidade de investimento em concursos para auxiliares de bibliotecas e também para professores atuarem na biblioteca. Sendo efetivados, as probabilidades de permanência de profissionais trabalhando nas bibliotecas são maiores.

Vimos até aqui que os profissionais da educação que fizeram parte da pesquisa possuem formação acadêmica de nível superior e tempo de serviço na RME/BH variados. Isso demonstra a abrangência da pesquisa com profissionais que entraram na Rede há pouco tempo bem como profissionais que já estão quase em período de aposentadoria, e que conhecem ou deveriam conhecer o Programa desde a sua implantação. Vimos, também, que não há uma regra quanto ao número de profissionais para trabalhar nas bibliotecas escolares, mas são necessários um bibliotecário nas bibliotecas polo e um auxiliar de biblioteca por turno de trabalho. Foi apontado, também, a grande rotatividade dos auxiliares de biblioteca e a autonomia dos gestores escolares apenas para escolher o professor em readaptação funcional.

Para o efetivo desenvolvimento de uma política de leitura, é preciso dispor de número suficiente de profissionais qualificados, e perfil para o trabalho com a mediação da leitura e formação de leitores, que realizem um trabalho de integração da biblioteca com a sala de aula. As bibliotecas polo já contam com um bibliotecário, mas é preciso investir mais em concursos para novos auxiliares de biblioteca, um por turno é pouco para a realização do trabalho pedagógico e administrativo e, em muitas bibliotecas, não há nem esse quantitativo por turno de trabalho.

Na seção a seguir, são apresentados os dados coletados pelos instrumentos de pesquisa (questionários e entrevista semiestruturada) em relação às ações que são realizadas pelo Programa de Bibliotecas nas escolas. São descritas as contribuições do Programa para as bibliotecas escolares, a relação da biblioteca polo com as coordenadas, o perfil do bibliotecário que atua nessas bibliotecas, a visibilidade do programa e o conhecimento que os profissionais da educação possuem de suas diretrizes.