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2 OS DESAFIOS E DILEMAS DOS COORDENADORES PEDAGÓGICOS NO COTIDIANO DA ESCOLA

2.1 ASPECTOS CONCEITUAIS ACERCA DA ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO CONTEXTO ESCOLAR

2.1.3 O coordenador pedagógico no papel de formador

No que se refere ao papel do coordenador pedagógico como formador no cenário da gestão democrática, é importante que ele seja ativo, ouvinte, articulador de ideias, bom mediador, com conhecimentos pedagógicos suficientes e bom relacionamento interpessoal, a fim de que possa promover relações em harmonia, atendendo ao que diz a legislação vigente. Isso porque um coordenador eficiente possibilita uma gestão democrática participativa real, uma vez que leva em consideração a participação e conduta de cada ator do universo escolar. Nesse sentido, de acordo com Placco, Souza e Almeida (2008, p. 25-36), caberá ao Coordenador Pedagógico,

[...] garantir a interlocução permanente e constante com o grupo; observar as ações e condutas de cada sujeito no cotidiano; ter clareza sobre o tempo e o movimento de cada um, ou seja, os diferentes ritmos, que são privados e singulares; buscar integrar a proposta de formação desse coletivo com a realidade da escola e as condições de trabalho dos docentes; valorizar a formação continuada na própria escola; incentivar práticas curriculares inovadoras; estabelecer parceria com o aluno, incluindo-o no processo de planejamento; criar oportunidade para o professor integrar a sua pessoa à escola; estabelecer parceria com o professor; propiciar situações desafiadoras a alunos e professores e investir em sua própria formação.

As atribuições da coordenação pedagógica no ambiente escolar apresentam desafios; por isso, cabe a esse profissional pensar sua prática principalmente como um processo de formação constante. Conforme adverte Pimenta (2002), é por meio da reflexão que nos tornamos mais críticos sobre as ações que realizamos. Desse modo, é importante que a coordenação pedagógica desempenhe sua função em um nível de ressignificação e também de inovação, requerendo, para isso, melhores condições de trabalho e formação para o enfrentamento dos desafios que surgem no cotidiano.

Espera-se da comunidade escolar um olhar diferenciado acerca do trabalho do coordenador pedagógico na escola, mediado pelo equilíbrio de suas atribuições, como um dos eixos imprescindíveis à melhoria das práticas pedagógicas. Portanto, identifica-se que um dos desafios desse profissional é delimitar seu espaço de atuação. Nesse sentido, Fonseca (2001, p. 43) destaca a necessidade de uma reflexão do coordenador pedagógico na escola, orientada para

resgatar a intencionalidade da ação possibilitando a ressignificação do trabalho – superar a crise do sentido;

ser um instrumento de transformação da realidade – resgatar a potência da coletividade; gerar esperança;

ajudar a construir a unidade, superando o caráter fragmentário das práticas em educação, a mera justaposição e possibilitando a continuidade da linha de trabalho na instituição;

fortalecer o grupo para enfrentar conflitos, contradições e pressões, avançando na autonomia e na criatividade e distanciando-se dos modismos educacionais;

colaborar na formação dos participantes.

Cabe, assim, ao coordenador entender a importância do cumprimento do seu papel de formador, mediador, articulador e transformador, fortalecendo sua prática pedagógica em meio à rotina escolar.

Placco, Almeida e Souza (2011), em recente pesquisa sobre o coordenador pedagógico e a formação continuada de professores no Brasil, defendem uma formação inicial específica para o coordenador formador. No que se refere à formação continuada, o mesmo estudo ressalta a falta de capacitação específica para esse ator e discute sobre as instâncias em que ela ocorre e a importância da constituição da coordenação pedagógica como função específica.

As autoras ressaltam ainda que tal função na escola envolve a gestão de ações educativas dos docentes e, para isso, o profissional deve se responsabilizar pela formação continuada dos professores, uma vez que, a par de uma formação inicial pouco efetiva, a dinâmica das escolas exige um contínuo processo reflexivo por parte de seus integrantes, de modo a melhorar a qualidade da educação básica em nosso país.

Reconhecer a importância estratégica da formação continuada em todos os níveis de ensino e para o desenvolvimento profissional dos professores implica construir espaços formativos para o coletivo dos profissionais no ambiente institucional em que trabalham. Nas redes públicas, um dos grandes desafios é implantar uma cultura de formação permanente com ações sistemáticas, apoiando a construção do papel profissional de formadores locais, legitimados como tal por sua condição de cooperar e fazer com que o trabalho avance.

A escola precisa rever suas ações, bem como suas práticas, visto que é importante uma análise dos conceitos didático-metodológicos na busca pela adequação pedagógica ao atual momento educacional, no sentido de garantir sua função transformadora e idealizadora de conhecimentos pautados em saberes concretos. No que se refere aos profissionais preparados para as novas metodologias, Gadotti (2000, p. 6) afirma que

Neste começo de um novo milênio, a educação apresenta-se numa dupla encruzilhada: de um lado, o desempenho do sistema escolar não tem dado conta da universalização da educação básica de qualidade; de outro, as novas matrizes teóricas não apresentam ainda a consistência global necessária para indicar caminhos realmente seguros numa época de profundas e rápidas transformações.

Para o coordenador pedagógico no papel de formador, não basta ensinar e transmitir conhecimentos, é necessário que ele seja um “facilitador” das atividades a serem executadas, um estimulador à criação de novas metodologias, novos comportamentos e atitudes, um profissional que exerça influência sobre sua equipe docente.

Dada a importância dessa função, ele deve ter o domínio dos métodos e das técnicas pedagógicas adequadas ao tipo e ao nível de formação que irá desenvolver, bem como mobilizar competências que propiciem um ambiente facilitador do processo de ensino-aprendizagem. Isso porque ser formador implica desenvolver um corpo de saberes e competências na prática e a partir da reflexão sobre ela. Também relaciona-se à compreensão do difícil desafio de aprender com a experiência e de aprender a desaprender muito do que se sabia anteriormente, a fim de dar lugar à construção de novos saberes.

A seguir serão apresentados os aspectos metodológicos da pesquisa, que tratam do caminho percorrido para a elucidação da situação problema diagnosticada.