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O direito internacional ao desenvolvimento e sustentabilidade na pós-modernidade

No documento 1 2 1 2 (páginas 97-104)

20Site Ministério da Justiça em 03.04.2011

ESTADO E MEIO AMBIENTE: CONSIDERAÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO E A SUSTENTABILIDADE NA PÓS-MODERNIDADE

2. O direito internacional ao desenvolvimento e sustentabilidade na pós-modernidade

O Direito Internacional tem experimentado, nas palavras de Cançado Trindade, manifestações de humanização por meio de construções conceituais que permeiam todos os capítulos do Direito Internacional Público:

―Es el nuevo jus gentium de nuestros dias que se configura, superando el positivismo jurídico desacreditado, y reconociendo que, por encima de la voluntad (de los Estados como sujeitos de derechos y portadores de obligaciones) encúentrase la conciencia humana.‖ (2007, p.72)

Dentre as expressões que demonstram esse processo histórico, corrente no Direito Internacional Contemporâneo, e que encontra respaldo e esclarecimento nas construções conceituais atuais estão os conceitos de direito ao desenvolvimento, direito a paz, de patrimônio comum da humanidade e de interesse comum da humanidade plasmados em instrumentos internacionais diversos, dentre eles os relacionados do meio ambiente.(CANÇADO TRINDADE, 2007, p.72,74)

E, indo além, assevera Cançado Trindade que esta nova ótica constitui-se atualmente na nova ética dos nossos tempos:

―En el actual processo de humanización del Derecho Internacional, que pasa ocuparse más directamente de la realización de metas comunes superiores, el reconocimento de la centralidad de los derechos humanos corresponde a um nuevo ethos de nuestros tempos.‖ (2007, p.90)

O primeiro marco legal internacional no qual aparece a noção de direito ao desenvolvimento é a Declaração de Filadélfia de 19443, no âmbito da Organização Internacional do Trabalho (OIT) - onde se iniciou a discussão pertinente a atuação dos Estados para alcançar esse fim -, a qual, sem nomeá-lo, dispôs em seu artigo II, alínea a: ―todos os seres humanos, qualquer que seja a sua raça, a sua crença ou o seu sexo, têm o direito de efetuar o seu progresso material e o seu desenvolvimento espiritual em liberdade e com dignidade, com segurança econômica e com oportunidades iguais.‖

Segundo Bravo (2008, p. 91) essa designação – Direito Internacional ao Desenvolvimento - foi cunhada posteriormente por Michel Virally na obra ―Vers um droit international du dévelopment‖, apresentada em um colóquio em Niza em 1965.

Com a reestruturação das relações entre Estados no pós-segunda guerra, a Organização das Nações Unidas (ONU) assume centralização e coordenação das questões relativas ‗a paz e na Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento de 1986, em seu artigo 1º, parágrafo 1º dispõe que:

―O direito ao desenvolvimento é um direito humano inalienável em virtude do qual toda pessoa humana e todos os povos estão habilitados a participar do desenvolvimento econômico, social, cultural e político, a

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Declaração Relativa aos Fins e Objetivos Da Organização Internacional do Trabalho, disponível em http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/pdf/constitucao.pdf; acessado em 06/04/2011.

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ele contribuir e dele desfrutar, no qual todos os direitos humanos e liberdades fundamentais possam ser plenamente realizados.‖

A quem se dirige o dispositivo? Quem são os sujeitos ativo - obrigados a efetivar o direito - e passivo - titulares desse direito? Pode-se dizer que se identificam, são idênticos, o que significa que aquele que se denomina sujeito passivo dependendo do lugar e do sentido que se examine pode se converter em ativo ou vice-versa. (Bravo, 2008, p. 91)

Isso significa que, apesar de poder-se apontar o Estado como o principal obrigado na efetivação desse princípio, também os seres humanos, individual ou coletivamente, são principais titulares. Pode-se considerar que aos Estados compreendem direitos no sentido de buscar os melhores caminhos para seu povo, sendo seu dever, mas também direito promover medidas de desenvolvimento, assim como toda a coletividade e cada indivíduo está obrigado a atuar na promoção do desenvolvimento.

Importante ressaltar, nesse contexto, que a análise do termo desenvolvimento não deve jamais ser realizada de maneira restrita, ao contrário, da maneira mais ampla possível, considerando que deve promover oportunidades de evolução individual dentro das expectativas e capacidades de cada um. O termo é complexo e multidisciplinar.

É, dessa forma, um direito que incumbe a toda a humanidade e, portanto, de caráter global e globalizante, devendo ser analisado, discutido, interpretado e determinado no contexto mundial, pois é um processo que requer ―uma verdadera y activa cooperación de los sujetos envultos.‖ (Bravo, 2008, 93).

Ainda, o referido autor expressa que:

Resulta obvio afirmar que el derecho internacional al desarrolo - DID, no se encuentra em plena vigência material y que su observância resulta deficiente em los paises em vias de desarrollo (PED´s) y em los Países menos adelantados (PMA´s). Los indicadores de pobreza, mortalidad infantil, acceso a la educación y a la salud son concordantes com esta afirmación. El contenido Del DID, sus princípios y preceptos – que más abajo intentaré delimitar-se – encontram lejos de ser cumplidos em forma acabada y de esta forma se encuentram privados de sus efectos la inmensa mayoria de los seres humanos. La pobreza y desigualdad reinantes em la actual (des)orden global resultan paradójicas ante um modelo de produción y capacidad de generación de riquezas antes contemplados por la humanidad (Bravo, p. 87).

Um dos fatores importantes do desenvolvimento é o comércio, exaltando as aptidões de cada país, permitindo o aumento da produtividade, garantindo a possibilidade de todos os bens necessários, sem a obrigatoriedade de produzi-los. Assim, em âmbito internacional, o livre comércio leva de um sistema multilateral baseado na não discriminação e eliminação gradual das barreiras comerciais, impulsionadas pelas rodadas do Acordo Geral de Comércio e Tarifas - GATT e com a instituição da Organização Mundial do Comércio - OMC.

A liberdade de comércio e a busca pelo desenvolvimento são termos hodiernamente atrelados ao termo sustentabilidade, que tem sido utilizado em diversas esferas da sociedade. Para Bravo (p. 90):

[...]Es essencial associar al desarrolo, com um rol de promotor del bienestar humano. Em signo contrario, durante varias décadas se asoció la noción de desarollo al comercio com una función de correlación lineal positiva. Es decir, el desarrolo tênia su causa fuente en el libre comercio, de allí que se intentará promocionar el comercio como fin un último al postular: a mayoi libertad Del comercio más desarrollo.[...]. Mesmo a liberdade de comércio vai ao encontro do compromisso da sustentabilidade. Muitas empresas incluem no planejamento estratégico o desenvolvimento sustentável ao perceberem que a inserção ambiental e social é pressuposto de futuro para seu crescimento. Hodiernamente, a postura que desconsidera os anseios da sociedade no quesito sustentabilidade, com uma visão voltada à natureza, à comunidade e o destino, não só do país, mas do mundo, não é considerada uma boa estratégia empresarial.

Anteriormente mais aplicado na temática ambiental, percebe-se hoje a busca de práticas sustentáveis, além da necessidade de liberdade de comércio, também na educação, na saúde, no comércio, no trabalho e em ações em busca da paz.

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No entendimento de Paulo Roberto Pereira de Souza, não há diferenças entre as metas da política de desenvolvimento e as de uma proteção adequada ao meio ambiente, pois ambas devem ser concebidas com a visão de melhorar o bem-estar (SOUZA, s/d).

Garantir a sustentabilidade ambiental, sem paralisar as atividades da indústria, deve ser um dos principais objetivos das políticas públicas ambientais, disciplinando o setor empresarial com mecanismos que regulem a emissão de poluentes no meio ambiente e outras ações que evitem a degradação deste. O direito soberano do Estado sobre seus recursos naturais deve ser sempre observado, ressaltando-se, porém o dever e a responsabilidade de evitar qualquer tipo de dano, protegendo a geração presente e a futura, lutando contra a pobreza e promovendo e investindo no desenvolvimento.

A crescente preocupação com a qualidade do meio ambiente, seja por força da legislação ou pela conscientização/sensibilização da população, faz com que surjam novas técnicas que auxiliam as empresas a participarem ativamente da construção de um modelo de produção ambientalmente sustentável e economicamente viável. Sua preservação, recuperação e revitalização devem constituir preocupação do Poder Público, e também do direito, porque ele forma a ambiência na qual se move, desenvolve, atua e expande a vida humana.

O direito fundamental à preservação do meio ambiente e o direito à vida, foi reconhecido pela Declaração do Meio Ambiente, adotada na Conferência das Nações Unidas, em Estocolmo, em 1972. A Declaração de Estocolmo assegurou a "correlação de dois direitos fundamentais do homem: o direito ao desenvolvimento e o direito a uma vida saudável (SILVA, p.41)‖.

Dessa forma, a idéia de sustentabilidade implica a necessidade de conciliação entre os interesses econômicos e a preservação do meio ambiente, com envolvimento também do aspecto social, daí o termo ―desenvolvimento‖, que aponta para a necessidade de superação da pobreza e exclusão nos países em desenvolvimento, num cenário de degradação ambiental. Assim, a idéia de sustentabilidade relaciona-se à preservação e valorização da diversidade étnica e cultural e estimula formas diferenciadas de utilização de biodiversidade e dos recursos naturais (COUTINHO, 2004).

A discussão acerca do conceito de desenvolvimento sustentável aponta para a necessidade de sua operacionalização a partir de mecanismos e instrumentos de políticas públicas e de normas jurídicas que definam deveres de preservação ambiental e incentivos para o desenvolvimento de padrões de produção sustentáveis.

Segundo Paulo de Bessa Antunes (2005, p. 545),

Não podemos estar imbuídos de otimismo inveterado, acreditando que a natureza se arranjará, frente a todas as degradações que lhe impomos. De outro lado, não podemos nos abater pelo pessimismo. A luta contra a poluição é perfeitamente exeqüível, não sendo necessário para isso amarrar o progresso da indústria e da economia, pois a poluição da miséria é uma de suas piores formas.

Neste sentido, tem-se que a prática de ações sustentáveis não se resume simplesmente a um chamado à proteção ambiental, mas implica um novo conceito de crescimento econômico, que propõe justiça e oportunidade para todas as pessoas do mundo e não só para uns poucos privilegiados, sem destruir ainda mais os recursos naturais finitos do mundo nem colocar em dúvida a capacidade de sustentabilidade da Terra.

A sustentabilidade está também fundamentada na doutrina de direitos humanos, em uma moralidade de padrões mínimos, firmando um consenso sobre duas proposições morais: todos têm direito a condições mínimas de uma vida digna a ser vivida, e certas liberdades e proteções são necessárias para tal vida. (FREEMAN, 2002)

Neste contexto, ações que visam equilíbrio entre proteção ambiental, inserção social e crescimento econômico, ganham cada vez mais força nas sociedades contemporâneas. O desenvolvimento econômico sustentável representa um ideal que remete à busca de alternativas para a preservação do meio ambiente com justiça social.

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3 O direito internacional ao desenvolvimento e a diminuição de assimetrias

Na seara internacional, a Organização das Nações Unidas (ONU) atua na coordenação programática e institucional na busca do desenvolvimento, aliás meta inserida dentre os Objetivos do Milênio.

Dentre os escopos delineados a serem alcançados estão: estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento - avançando no desenvolvimento de um sistema comercial e financeiro aberto, previsível e não discriminatório- e garantir a sustentabilidade ambiental - integrando os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais para reverter a perda de recursos ambientais.

Entende a Organização que a estratégia central para a implementação dessas metas é entender que precisam ganhar importância em nível nacional, com o estabelecimento de parcerias com setores da sociedade civil, governamental, privada e com a academia.

Alerta, ainda, que dentre os principais problemas a serem enfrentados na busca de um desenvolvimento econômico e social equitativo e inclusivo estão a pobreza, a globalização, a degradação do meio ambiente e os efeitos das mudanças climáticas.

Contudo, expõe ser necessário ampliar a eficácia da Organização, com o aperfeiçoamento de sua capacidade e de coordenação, para que esta possa alcançar, ampliar e garantir os progressos desses Objetivos e do desenvolvimento como um todo e de forma mais abrangente.4

A primeira questão a ser enfrentada nesse ponto, diz respeito à forma como tem se desenvolvido a regulamentação e atuação internacional pertinente a essas duas temáticas apontadas: desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental.

Conforme ilustra Ferreira, o desenvolvimento dos sistemas relacionados ao Direito ao Meio Ambiente e ao Direito Multilateral do Comércio no cenário internacional tem se desenvolvido de forma distinta,

―criando sistemas distintos de aprovação e aplicação de normas, sem atentar para o fato de existirem conexões entre elas.‖ ―Desta forma, existem e consolidam-se, em âmbito de DIP, dois regimes distintos, baseados em princípios distintos e voltados a objetivos distintos, ignorando largamente, em sua respectiva esfera a existência e importância do outro, bem como os pontos de contato entre eles existentes.‖ (2008, pp. 43 e 46)

A atuação internacional voltada à proteção ambiental e à sustentabilidade abrange aspectos diversos e específicos que compreendem e envolvem a temática abraçando o conceito de justiça e a existência de assimetrias nas relações internacionais e sua consideração em relação aos recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros.

As bases de discussão dessas questões no âmbito das relações comerciais, capitaneada pela OMC (Organização Mundial do Comércio), têm como escopo central a liberalização do comércio internacional. Nesse sentido, Ferreira aponta quatro parâmetros que lastreiam a discussão da proteção ambiental nessa seara. O primeiro diz respeito à admissão de que o crescimento econômico se fundamenta nos recursos naturais que precisam ser preservados, mas que a organização não tem finalidade de proteção ambiental, não assumindo a responsabilidade de solucioná-la, mas de conseguir que as políticas internacional e ambiental se apóiem mutuamente. (FERREIRA, 2008, p. 47)

A segunda constante diz respeito à não haver óbice para que os Estados-Membros adotarem políticas próprias voltadas à concepção e implementação de sustentabilidade, uma vez que as normas da organização proporcionariam espaço para a adoção de políticas estatais de proteção ambiental, desde que respeitados os

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Disponível em: http://unic.un.org/imucms/rio-de-janeiro/64/38/a-onu-e-o-desenvolvimento.aspx. Acessado em 11/05/2011.

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princípios do tratamento nacional e da nação mais favorecida, ou seja, sede que não seja utilizada como escusa à criação de barreiras protecionistas.(FERREIRA, 2008, p.47)

O terceiro parâmetro admite a necessidade de se melhorar a coordenação entre comércio e meio-ambiente, principalmente por meio de uma maior participação em nível nacional.

E o último parâmetro diz respeito a tratar das assimetrias econômicas proporcionando aos Estados em desenvolvimento acesso aos recursos necessários à proteção ambiental por meio da liberalização econômica, com a concessão de benefícios que acarretem o aumento das exportações e por intermédio do acesso a recursos financeiros e de transferência de tecnologia. Constituindo, porém, um das questões mais improváveis e que tem demonstrado inviabilidade do ponto de vista do histórico das relações internacionais e das próprias teorias ligadas ao desenvolvimento. (FERREIRA, 2008, p.47)

Essa ―improbabilidade‖ leva a um segundo questionamento: é possível assegurar o direito ao desenvolvimento sustentável sem a devida coesão entre os aspectos econômicos e ambientais?

Salvador Darío Bergel (apud CORRÊA, 2006) ressalta as quatro dimensões do desenvolvimento sustentável: a dimensão econômica, que procura demonstrar a insuficiência dos critérios tradicionais de mensuração do grau de aperfeiçoamento que desprezam as conseqüências negativas dos modelos adotados; a dimensão social, que procura demonstrar a essencialidade da posição do ser humano no processo, que não pode ser esquecido como destinatário das políticas econômicas voltadas ao desenvolvimento; a dimensão cultural, que implica no respeito às diversidades culturais; e, por fim, a dimensão ambiental, que procura fazer com que sejam evitados danos aos ecossistemas e impedir o esgotamento de recursos essenciais. Quando não ocorre nenhuma transformação, seja social, seja no sistema produtivo, não se está diante de um processo de desenvolvimento, mas de simples modernização. Com a modernização mantém-se o subdesenvolvimento, agravando a concentração de renda. Embora possa haver taxas elevadas de crescimento econômico e aumentos de produtividade, a modernização não contribui para melhorar as condições de vida da população (FURTADO, 1995, p. 41).

O conceito mais adequado para medir o desenvolvimento dos países é o do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, da Organização das Nações Unidas, elaborado com base na obra do economista indiano Amartya Sen. São consideradas diversas variáveis nas classificações dos países, todas juntas formando uma estrutura base para que a sociedade tenha liberdade de escolher seus caminhos.

Para Sen desenvolvimento não pode ser reduzido a mero indicador econômico, é necessário compreendê-lo em consonância com outros valores, principalmente a liberdade. Ele deve ser o reflexo da liberdade e da sua expansão e a liberdade deve ser vista como um meio que aporta ao ser humano os elementos necessários ao seu crescimento, provendo os bens substanciais básicos e evitando suas carências e necessidades. A liberdade aqui vista como promotora da saúde, de educação e da igualdade de oportunidades culturais e econômicas. (2000, p. 17).

Segundo Sen (p. 276), ―no existe um critério único preciso de desarollo según el cual se expliquen las distintas experiências de desarollo‖, pois as sociedades têm suas diferentes necessidades, e sem a observância dessas, não se pode falar em desenvolvimento. Algumas necessidades estão em grau de urgência para o funcionamento de cada Estado. Para Bravo (p. 91)―paradójicamente, tan simple y complejo es el concepto del desarrollo que su función es la de poder llevar adelante una vida digna.

Os Estados devem buscar seu próprio modelo de desenvolvimento, levando sempre em consideração que ―em cambio el desarrolo apunta, em primera inatancia a la plena realización Del ser humano em su conjunto, ello implica sus características físicas, morales, intelectuales y culturales‖. (Bravo, p. 90)

Para Gomes (2007, p.255), políticas visando diminuição das taxas de desigualdade na distribuição de renda, melhora dos níveis de educação formal e valorização dos valores de cidadania devem visar o fortalecimento das instituições democráticas, dos direito humanos e à realização de investimentos em países menos favorecidos, a fim de reduzir as desigualdades entre eles.

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CONCLUSÃO

Há distintos âmbitos de discussão e emanação de diretrizes e normas relacionados ao desenvolvimento, desde a seara interna até a internacional, desde as Organizações políticas até as especializadas.

Nesses ambientes, a diferença de tratativa dada às questões relacionadas ao tema, principalmente em relação à sustentabilidade, faz com que segmentos sociais e acadêmicos se insurjam inclusive indicando possibilidades de atuação nesses distintos foros, direcionadas a proporcionar uma maior efetividade das normas de proteção ao meio ambiente, que devem ser consideradas como um complemento aos direitos do homem, em particular o direito á vida e à saúde humana.

Contudo, uma constatação é corrente: não há como se falar em direito ao desenvolvimento ou em sustentabilidade no mundo contemporâneo e pós-moderno sem considerar tratar as diferentes necessidades e níveis econômicos dos entes Estatais e das sociedades.

E sem a observância e atuação no enfrentamento dessas assimetrias tanto pela sociedade internacional, por meio de suas organizações (ONU, OMC, BM, FMI etc) - algumas necessidades estão em grau de urgência para o funcionamento de cada Estado-, como pelos poderes instituídos nos Estados (principalmente Executivo e Legislativo) dificilmente se conseguirá alcançar o paradigma proposto.

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