Capítulo I. História do Colégio Santa Cruz
1. Origem da Congregação de Santa Cruz
1.1. O fundador da Congregação de Santa Cruz: Beato Basile
Figura 2: Padre Basile Antoine Marie Moreau9.
Fonte: http://www.holycrosscongregation.org/assets/243564/fullsize/2017_moreau_anniversary_logo_portuguese.png. Acesso em: 08 de novembro de 2017.
Basile Antoine Moreau, nasceu em Laigné-en-Belin, departamento de Sarthe, região do Pays de la Loire, uma pequena aldeia situada a cerca de 14 km a sudeste de Le Mans, em 11 de fevereiro de 1799.
Ele foi o oitavo filho dos catorze que seus pais Louis e Louise Moreau, pessoas simples e católicos fervorosos, provavelmente analfabetos, tiveram. Foi registrado, segundo o calendário da Revolução Francesa, em “24 de pluvioso do Ano VII” (BERGERON, 1998). A família não tinha muitos recursos financeiros;;
eles viviam da criação de alguns animais e de uma pequena adega. Mas, proporcionaram-lhe uma educação cristã e, clandestinamente, asseguraram-se de trazer um sacerdote que havia se recusado a prestar o juramento de lealdade ao Estado para batizá-lo (KING, 2015).
9 Logo oficial de aniversário da beatificação do Padre Basile Moreau.
A mãe, cristã fervorosa, já acostumava as crianças à oração em família.
E, mesmo depois da época da Revolução, em que foram privados da presença de um padre, ela faz dessas orações uma liturgia da família Moreau.
Aos dez anos, Basile Moreau recebe a primeira eucaristia. E logo passa a ajudar o vigário nas missas e a dizer que se tornaria um sacerdote como ele, o Padre Julien Le Provot, que exerceu o ministério clandestinamente durante a Revolução. E, que depois, convocaria a senhorita Dufay de Boismont para cuidar das meninas.
Segundo BERGERON (1998), em 23 de abril de 1823, Padre Moreau lembrando da admiração que sentia pelos “professores” Padre Julien e senhorita Dufay, tão presentes em sua vida quando criança, e o que essas “almas de elite”
fizeram por ele, disse: “É meu pai, é minha mãe: eu sou filho deles em Jesus Cristo. Como eles educaram a nossa infância e instruíram a nossa juventude!
Que lições, que conselhos salutares, que consolações não recebemos da caridade deles!”
E logo, o vigário percebeu que Basile era diferente dos outros jovens, e se prontificou a levar adiante a sua educação. Ofereceu-lhe um curso de latim na casa paroquial e, em outubro de 1814, proporcionou-lhe a ida para o Colégio de Château-Gontier, situado a uns 80 km de Laigné-en-Belin, percurso que fez a pé na companhia de seu pai.
Lá foi acolhido pelo superior Padre Basile Horeau, que tinha estado preso durante dois anos, e pelo vice-superior Padre Jean Fillion, o qual escolhe como seu diretor espiritual, e a quem vai depositar sua confiança mesmo depois de deixar o Colégio, mantendo-o como confidente e amigo durante 40 anos.
Após três anos de estudos, no outono de 1817, vai para o Seminário Maior do Mans, em Le Mans, próximo de sua cidade natal. Lugar em que passaria seus próximos quatro anos se preparando para sua ordenação como padre.
E, passado esse período, com vinte e dois anos de idade, em 1821 é ordenado sacerdote, com o consentimento do seu diretor espiritual. Resume, assim, as obrigações com as quais se compromete:
Votos que eu faço antes do subdiaconato:
1. voto perpétuo de castidade;;
2. de obediência, isto é, de não solicitar posto algum e de tudo aceitar;;
3. de pobreza, isto é, de não acumular riqueza, de vestir-me somente com tecido comum e ordinário, jamais a seda;;
4. de jejuar todas as sextas-feiras e de só beber água às refeições enquanto eu estiver no seminário, para que não haja constrangimento durante as férias.
O primeiro motivo dessa mortificação é o de fazer penitência pelos meus pecados;; o segundo, o de conseguir cada vez mais o amor de Jesus Cristo (BERGERON, 1998, p. 14).
Esses votos só comprovam sua vontade de se aproximar cada vez mais de Jesus Cristo e de seu modo de vida. Sua ordenação acontece em sua cidade natal, na Capela da Visitação, na orla da Place de la Chanterie (hoje Place de la République), onde exerce funções paroquiais por dois meses, e, logo antes de voltar aos estudos, pede a seu bispo licença para ingressar no Seminário das Missões Estrangeiras de Paris, pois para ele era importante levar essa fé em Jesus para todos os lugares. Mas, como colégios religiosos começavam a ser reabertos ao lado dos novos colégios seculares10 e havia falta de padres (durante o período revolucionário, dois terços dos padres tinham desaparecido e, nas guerras do Império, foram dizimadas as faixas etárias que teriam sido as dos seminaristas11), o seu superior já havia decidido que ele seria muito mais útil formando novos padres. Por isso, o enviou para o Seminário de Saint-Sulpice, para completar sua formação com os sulpicianos em Paris e Issy.
10 Ou laicos, como já citado, que não apoia e nem se opõe a nenhuma religião.
11 Publicação com o título: “O bem-aventurado Basile Moreau: Fundador da Congregação de Santa Cruz”, preparada para celebrar a beatificação do Padre Basile Moreau, a 15 de setembro de 2007, Le Mans, França. Pela Biblioteca e Arquivos Nacionais de Québec e Biblioteca e Arquivos do Canadá, Edições Fides, 2007. A qual será identificada no corpo do texto somente pela data: 2007.
Três meses após sua entrada no Seminário, ele escreve uma carta para o seu antigo diretor espiritual, o Padre Fillion:
Se me enviarem evangelizar qualquer aldeia, eu bendirei a Deus e ao meu bispo. Desejo-o com ardor e eu gostaria de já estar ali.
Será preciso dizer-lhe isso? É tão grande o meu desejo que há momentos em que eu sinto todo o meu peito queimar. Quando me recolho ao leito, que vejo como o meu túmulo, eu gostaria de, ao acordar-me já estar entre alguns pobres camponeses. Como os educaria e como os levaria de volta a Deus! Será desejo de aparecer, amor próprio, orgulho, ou seriam santas inspirações, movimento piedoso? Enquanto eu estudo os Beth e os Aleph, enquanto encadeio um atqui e um ergo, perde-se a alma do meu irmão. Com certeza Deus cuidará de tudo e, ao primeiro sinal, hei de deixar, embora triste, a Soledade de Issy, quando lá eu estiver. (28 de janeiro de 1822) (BERGERON, 1998, p.16)
A carta mostra o seu anseio de divulgar a palavra de Deus, as mensagens de Jesus Cristo por toda a parte, e não de ficar parado num único lugar. Achando que dessa forma estaria perdendo a oportunidade de evangelizar mais pessoas e de também trazer de volta a crença na Igreja, perdida durante a Revolução Francesa.
Durante dois anos o jovem padre vive a espiritualidade da escola francesa e, sob a firme direção de Monsenhor Mollevaut, aprende a prática da humildade, da ternura, da moderação. E, por mais de 25 anos, Monsenhor Mollevaut será o seu conselheiro em todas as suas situações importantes.
Em 1823, regressa à cidade de Le Mans para ensinar no seminário e fazer sermões na diocese. Permanece por 13 anos no ministério do ensino e do acompanhamento espiritual dos seminaristas, além de pregar aos paroquianos.
Começa a lecionar no seminário Menor de Filosofia, depois vai para o Seminário Saint-Vincent, inicialmente, ensinar sobre a Igreja. Mas, como o superior Monsenhor Bouvier, - e muitos bispos da época -, era de tendência
galicana12, vendo que Moreau, ao contrário, era de tendência extremamente ultramontana13, transfere-o para a disciplina de Sagrada Escritura, considerada de menos importância. Mesmo assim, acaba tornando-se vice-superior, e, nessa ocasião, em 1834, inova ao introduzir no seminário um curso de Ciências Físicas.
Com a proximidade dos estudantes, e agora já como diretor, muitos seminaristas e jovens padres o escolhem como mentor espiritual. E assim, entram para o grupo de Padres Auxiliares, fundado por Moreau em 1835. Que juntos elaboraram um projeto para pregarem, inicialmente em outras paróquias, e depois, em outros países. Com a missão comum de educar a juventude e Papa. A origem do nome provém de Gália, nome antigo da França.
13 Ultramontanismo: do latim ultramontanus. O termo designa, no catolicismo, especialmente francês, os fiéis que atribuem ao papa um importante papel na direção da fé e do comportamento do homem. Na Idade Média, o termo era utilizado quando elegia-se um papa não italiano (“além dos montes”). O nome toma outro sentido a partir do reinado de Filipe, o Belo (século XIV) na França, quando postularam os princípios do galicanismo, no qual defendiam o princípio da autonomia da Igreja francesa. O nome ultramontano foi utilizado pelos galicanos franceses, que pretendiam manter uma igreja separada do poder papal e aplicavam o termo aos partidários das doutrinas romanas que acreditavam ter que renunciar aos privilégios da Gália em favor da
“cabeça” da Igreja (o Papa), que residia “além dos montes”. O ultramontanismo defende portanto o pleno poder papal.
Com a Revolução Francesa, as tendências separatistas do galicanismo aumentaram. As ideias ultramontanas também. Nas primeiras décadas do século XIX, devido a frequentes conflitos entre a Igreja e o Estado em toda a Europa e América Latina, foram chamados de ultramontanos os partidários da liberdade da Igreja e de sua independência do Estado.
O ultramontanismo passou a ser referência para os católicos dos diversos países, mesmo que significasse um distanciamento dos interesses políticos e culturais. Apareceu como uma reação ao mundo moderno e como uma orientação política desenvolvida pela Igreja, marcada pelo centralismo romano, um fechamento sobre si mesma, uma recusa do contato com o mundo moderno. Os principais documentos que expressam o pensamento centralizador do Papa são as encíclicas de Gregório XVI (1831-1845), Pio IX (1846-1878), Leão XIII (1878-1903) e Pio XI (1922-1939).
CAES, André Luiz. As portas do inferno não prevalecerão : a espiritualidade católica como estratégia política. Tese de Doutorado. IFCH/UNICAMP, fevereiro de 2002
LUSTOSA, Oscar Figueiredo. A Igreja Católica no Brasil e o regime republicano. São Paulo: Ed.
Loyola – CEPEHIB, 1990.
Disponível em:
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_ultramontanismo.htm. Acesso em: 21 de outubro de 2017.
Figura 3: Colégio Interno de Notre-Dame de Sainte-Croix, em Le Mans. Fonte
http://sanctuairebasilemoreau.org/en/congregation-of-holy-cross-charism/. Acesso em: 09 de novembro de 2017.
Ao reunir os Padres Auxiliares e os Irmãos de São José, em março de 1837, cria a Associação Religiosa de Santa Cruz, cujo nome se deu pelo bairro em que se estabeleceram, Sainte-Croix.
A visão de Moreau sobre a Associação de Santa Cruz não ficou completa até 1841, quando se une a eles o grupo das irmãs, as Marianitas de Santa Cruz.
Figura 4: Igreja de Notre-Dame de Sainte-
Croix, em Le Mans. Fonte: Nilma Paula Combas da Silva.
Pois só a partir dessa união, formando uma única família, compromissados pela lembrança da "Santa Família", Jesus, Maria e José, ou seja, os Padres Auxiliares, os Irmãos de São José e as Irmãs Marianitas, a Associação estaria seguindo a vida de Jesus Cristo, como ele tanto queria.
Dessa forma, continuavam cumprindo suas duas áreas de trabalho principais, os irmãos à frente das missões populares, que era, nesse caso, o reavivamento da vida religiosa paroquial, principalmente nas zonas rurais, os sacerdotes à frente das missões de educação, rurais e urbanas, e as Marianitas os acompanhavam, tanto em algumas missões quanto nas ações em Le Mans, no colégio e na paróquia.
Embora ordenado padre diocesano, Moreau queria que a Santa Cruz se tornasse uma comunidade religiosa, ajustada a Jesus Cristo e unidos um ao outro pelos votos religiosos de pobreza, castidade e obediência. Ele proferiu seus votos pela Santa Cruz em 15 de agosto de 1840, e as primeiras irmãs, em 1844.
Moreau acreditava que o trabalho que Deus havia confiado à Santa Cruz deveria ser estendido ao resto do mundo. E em poucos anos da sua fundação,
Figura 5: Escultura mostrando o Padre Moreau e a sua árvore de 3 ramos: os Padres Auxiliares, os Irmãos de São José e as Irmãs Marianitas;; a Congregação de Santa Cruz. Em La Solitude, Le Mans. Fonte: Rogério Farias.
padres, irmãos e irmãs foram enviados em missão para a Argélia (1840), Estados Unidos (1841), Canadá (1847), Itália (1850) e para a Índia e Bangladesh (1852).
Esta última, a pedido do Papa, que também confia à Santa Cruz, em 1850, um orfanato situado em Roma (2007, p. 8).
Para tanto, além das missões, escreve um tratado de pedagogia intitulado
“Educação Cristã”, em 1856. Para deixar suas impressões sobre a educação da época e como ele pensava a educação como legado de sua Congregação para as novas e futuras gerações.
Em 13 de maio de 1857, o Papa Pio IX aprova a Congregação de Santa Cruz e a sua primeira Constituição. Essa aprovação fez da Santa Cruz uma congregação religiosa oficial pela autoridade da Santa Sé, mas com a condição de que as irmãs se separassem dela, como assim foi feito. A união oficial de sua família, como era o desejo de Padre Moreau, só acontecerá dez anos depois, quando o Instituto das Irmãs Marianitas é aprovado.
No mesmo ano, em 17 de junho, dá-se a consagração da Igreja de Notre-
Dame de Sainte-Croix, em Le Mans;; igreja que o Padre Moreau construiu entre 1842 e 1856, ao lado do Colégio Notre-Dame de Sainte-Croix.
Devoto da Virgem Maria, a quem os pais o tinham consagrado e cujo nome acrescentou ao seu no dia da sua profissão religiosa, Padre Basile Antoine
Figura 6: Interior da Igreja Notre-Dame de Sainte-Croix, em Le Mans. Fonte: Rogério Farias.
Marie Moreau, instituiu Nossa Senhora das Dores como padroeira especial de sua família religiosa. Pois ela passou seus sofrimentos diante da cruz de seu filho Jesus, ou seja, a “Santa Cruz”.
E, ainda, no ano de 1857, Padre Moreau faz sua primeira e única viagem para a América do Norte (Estados Unidos e Canadá), onde permaneceu um pouco mais de um mês, para visitar os seus religiosos e religiosas. Ele escreve um anúncio sobre sua ida (BERGERON, 1998, p. 133-134):
Desejo tanto mais caro ao meu coração que tenho a certeza de que os senhores dele participam, todos, os meus caros filhos e minhas caras filhas, que eu vi sucessivamente deixar Notre-Dame de Sainte-Croix, em meio às orações e lágrimas que lhes acompanhavam a partida;; e também os que apenas conheço pela correspondência, que já há tempo me chamam com o tom da impaciência. Estejam certos, não suspirem mais do que eu pelo momento feliz do nosso próximo encontro;; porque se desejam ver-me e comigo falar, eu também o faço e mais do que poderia dizê-lo aqui, vê-los e ouvi-los;; desejo-o como o cumprimento de um dos desejos mais santos e mais doces do meu cargo;; desejo-o para consolação de todos os senhores e a minha também;; desejo-o para desincumbir-me da obrigação que me impõem as Constituições;; para estabelecer as suas casas dispersas na unidade de um só governo e de um mesmo espírito pela presença e pela direção de seu Superior Geral.
Ao chegar a Nova Iorque, é recebido pelo arcebispo. Depois, vai de trem até Montreal e permanece em Saint-Laurent. Em seguida, vai para Notre-Dame du Lac, via Toronto, onde visita também as religiosas de Sainte-Marie. E por fim, encontra os seus outros grupos de Chicago e Filadélfia.
No retorno a Le Mans, continua sua obra e funda outras escolas e internatos. “Educador de talento, pioneiro do ensino livre na região de la Sarthe.
(...) Verdadeiro precursor na luta pela liberdade do ensino secundário” (Jacques Faivre, Bispo de Le Mans, 2007, p. 8).
Fica à frente de sua Congregação até 1866, ano em que se demite da sua função de Superior Geral. Mas continua a pregar nas paróquias e nos retiros, até a sua morte, em 20 de janeiro de 1873. Cuidado por suas irmãs, e com a ajuda das Irmãs Marianitas, numa casa muito próxima da Igreja de Notre-Dame de Sainte-Croix.
Hoje, uma das datas mais importantes para os religiosos da Congregação de Santa Cruz é o dia 15 de setembro, data da beatificação do Padre Moreau pela Igreja Católica em Roma, no ano de 2007. E pelo culto à Nossa Senhora das Dores, celebrado no mesmo dia.
Em 1903, todas as ordens religiosas de ensino foram suprimidas pelo governo francês14. Nesse contexto15, os religiosos e religiosas de Santa Cruz voltam a sair da França em missões. A América do Norte tornou-se o foco das subsequentes expansões. A fundação de numerosas instituições educacionais, paróquias e outros ministérios foram ampliadas nos Estados Unidos e Canadá.
14Disponível em: http://www.holycrosscongregation.org/about-us/history/. Acesso em: 02 de novembro de 2017.
15 A 3a República desenvolve uma versão pacífica da regeneração revolucionária, ou que a formação do homem novo é acompanhada de respeito das crenças. Jules Ferry exprime assim, na década de 1870, esse ponto de vista majoritariamente compartilhado: Anticlerical sim, antirreligioso jamais! “. Os republicanos comprometem-se desde a década de 1880 com a separação Igreja x escola. É o próprio Jules Ferry que a inicia no começo dos anos 1880, obtendo a dissolução da Companhia de Jesus e sujeitando outras congregações a um regime de aprovação. Emilie Combes, que se torna chefe do governo depois das eleições de maio de 1902, fecha, a partir de julho, mais de três mil escolas que não tinham obtido autorização ministerial para se manterem. A lei de 5 de julho de 1904 leva o movimento a seu ponto crítico, quando interdita os religiosos ligados ao ensino e dá prazo de dez anos a todas as congregações para porem fim a suas atividades de ensino. Os republicanos se envolvem, por outro lado, com a desclericalização da rede das escolas públicas. Eles procedem a laicização do pessoal, pela lei Goblet de 1886, retirando dos eclesiásticos o direito de ensinar nos estabelecimentos públicos e formando, nas escolas normais, um corpo de professores conforme a nova ideologia. Eles procedem, sobretudo, na laicização do ensino. A lei Ferry, de 28 de março de 1882, proíbe o catecismo no interior das escolas primárias e substitui a instrução moral e religiosa do período anterior por uma instrução moral e cívica, fundada, apesar da referência (kantiana) dos deveres para com Deus, sobre a única “moral independente”, ela própria articulada em torno dos valores de autonomia e solidariedade. Os partidários da Igreja se encontraram excluídos, até a década de 1940, do espaço governamental e puderam, assim, somente influenciar à margem dos dispositivos jurídicos que lhes interessavam.
PORTIER, Philippe. Regulação Estatal da Religião na França (1880 - 2008), Ensaio de Periodização. São Paulo: Revista de Estudos da Religião/PUC-SP: setembro/2010, p. 24-47.
Disponível em: http://www.pucsp.br/rever/rv3_2010/t_portier2.pdf. Acesso em: 02 de novembro de 2017.
E, após um longo período de estabilidade, volta a expandir seu trabalho ao redor do mundo, estabelecendo missões no Chile (1943), Brasil (1943), Haiti (1944), Gana (1957), Uganda (1958), Peru (1963), Kênia (1978), México (1987), Tanzânia (1999) e Filipinas (2008). Estando, assim, presente em 16 países nos cinco continentes. Em 1954, sua Direção Geral, mudou-se para Roma.
2. O Carisma da Congregação de Santa Cruz
"Somos educadores na fé".
"Nós sempre devemos colocar a educação lado a lado com o ensino;; a mente não será cultivada à custa do coração".
Beato Basile Moreau.
Um ‘carisma’ é um dom do Espírito concedido às pessoas ou comunidades em vista do bem comum e da edificação da Igreja. Esse dom depende de uma percepção própria da figura de Jesus e de uma visão do Evangelho, a partir de um ângulo particular, que levam a uma mobilização geral e fecunda. Ele é, então, uma força inspiradora, um dinamismo de compromisso, uma capacidade de realizar concretamente (Padre Jean Proust, CSC, 2007, p. 71).
O carisma da Congregação de Santa Cruz é o de educar na fé.
Onde quer que os superiores da congregação nos envie, nós vamos como educadores em fé para aqueles cuja sorte compartilhamos, apoiando homens e mulheres de graça e de boa