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O lúdico como recurso pedagógico direcionado às

No documento A LUDICIDADE NA EDUCACAO - IBPEX_DIGITAL.pdf (páginas 110-113)

Em relação às áreas de desenvolvimento e aprendizagem, os estudos de Ferreira (2001) apontam que toda criança tem características próprias e o professor não pode esquecer que essas são as portas de entrada de seu desenvolvimento. Essas características são identificadas nas áreas cognitiva, afetiva, social, linguística e psicomotora. Cada área, embora específica, relaciona-se profunda e integralmente com todas as outras.

Assim, a fim de poder estimular os alunos adequadamente, você, professor, precisa conhecer em que ponto está o seu desenvolvimento. Ferreira (2001, p. 13) apresenta cinco características básicas do desen- volvimento que o professor precisa conhecer:

i) não se dá por acaso ou automaticamente. Precisa de estímulos;

ii) o desenvolvimento das áreas é simultâneo;

iii) se uma área fica prejudicada em seu desenvolvimento, pode prejudicar o desenvolvimento das outras;

iv) o desenvolvimento se dá na interação da criança com o meio;

v) a criança é autora do seu próprio desenvolvimento, mas precisa de mediador cuja principal figura é o professor.

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O lúdico como recurso pedagógico direcionado às áreas de de- senvolvimento e aprendizagem pode ser muito significativo no sentido de encorajar as crianças a tomar consciência dos conhecimentos sociais que são desenvolvidos durante o jogo, os quais podem ser usados para ajudá-las no desenvolvimento de uma compreensão positiva da socie- dade e na aquisição de habilidades.

Nessa perspectiva, Cória-Sabini (2004) ressalta que é impor- tante associar os conhecimentos à cultura e ao meio social dos estudan- tes e que não podem ser utilizadas situações descontextualizadas para desafiá-los.Para a autora (2004, p. 19),

Os fatores externos participam da formação das crianças ao tornarem significativos os problemas propostos pelo pro- fessor. Assim, esses problemas, em vez de serem um mero objeto a conhecer, tornam-se instrumentos de análise da própria vivência dos alunos. Nesse caso, cabe ao professor renunciar ao controle da aprendizagem, como geralmente é feito por meio de conhecimentos pontuais que acabam sendo cobrados nas avaliações.

Com efeito, a construção do conhecimento por parte da criança tem sido abordada de maneira redutora, atribuindo a poucas variáveis a responsabilidade pelo processo de aprendizagem da criança. É impor- tante percebermos no aluno toda a sua singularidade, sua especificida- de, para que seja possível atender as suas necessidades específicas. É a percepção dessas especificidades que irá organizar o processo, e não um modelo universal, com uma concepção preestabelecida do processo de desenvolvimento do sujeito.

É assim que o lúdico pode ser visto como um recurso facilitador da aprendizagem para as crianças. Nessa mesma linha de raciocínio os jogos podem ser aplicados como desafios cognitivos, não bastando ape- nas constatar se certas habilidades foram desenvolvidas de acordo com os objetivos propostos pelo educador, mas também adequar as propos- tas aos interesses dos alunos.

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No processo de desenvolvimento infantil, a linguagem, for- ma de representação verbal, é fundamental. Referindo-se a essa área, Friedmann (1996) ressalta que, por meio da linguagem, é possível desenvolver a memória, a imaginação, o raciocínio e a criatividade. Ressaltemos ainda que a linguagem é o meio básico de comunicação social do sujeito; porém, até que a criança a desenvolva, é por meio do jogo que ela expressa seus pensamentos e sentimentos.

Assim, a utilização do lúdico como recurso pedagógico direcio- nado às áreas de desenvolvimento e aprendizagem supõe que, para uma adequada intervenção pedagógica, fazem-se necessários conhecimen- tos sobre as áreas de desenvolvimento e aprendizagem, como a neuro- -sensório motora, a afetiva, a social e a da linguagem.

Nessa perspectiva, Ferreira (2001, p. 15) destaca que “avaliar o perfil neurosensório-motor é perceber como está o desenvolvimento do sistema nervoso, do sistema sensorial, do sistema motor, não separada- mente, mas em sua interligação”.

As áreas afetiva e social interligadas à neurosensório-motora abordam a relação da criança com o meio, destacando seus sentimen- tos em relação à família, à escola e a todos os ambientes em que está inserida. São vários os seus condicionantes, desde a cultura, o perfil socioeconômico, os valores sociais, religiosos etc. Considerando que a atualidade define relações conflituosas nas famílias, a escola muitas vezes vem a ser um palco para a expressão de sentimentos de inferiori- dade, violência, falta de diálogo, entre tantas dificuldades existentes na sociedade.

A linguagem é entendida fundamentalmente como a capacida- de de comunicação; no entanto, é extremamente flexível e criativa. Mas você já parou para pensar por que os bebês não nascem falando? O ser humano é totalmente dependente ao nascer, mas apresenta alguns reflexos que são ligados à sobrevivência, como a sucção, a preensão, en- tre outros. Os bebês não nascem falando porque seus cérebros ainda não estão completamente formados. Porém, não são apenas os aspectos biológicos que proporcionam o desenvolvimento da fala, mas também

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a interação dos pequenos com o meio. Nesse sentido, o adulto tem um papel importante nesse processo ao organizar os estímulos que serão ofertados aos bebês e às crianças pequenas na educação infantil e logo em seguida no ensino fundamental (Bassedas; Huguet; Solé, 2006).

Mas a linguagem conta apenas com a fala, com a oralidade?

Pare

e

pense

Sabemos que, além da fala, o ser humano se expressa por meio de gestos, utilizando a expressão corporal e a facial. Assim, o brincar tem um papel definitivo no que diz respeito ao desenvolvimento das di- ferentes formas de linguagem, a ludicidade como um todo, não apenas por meio dos jogos e das brincadeiras, mas também por meio da música, da arte, do desenho, da escultura, da pintura, da dança etc.

Nessa perspectiva, Costa (2001) destaca que a linguagem atende à vontade de saber; assim, a criança encontra o significado social da lin- guagem. Segundo a autora (2001, p. 33), “Quando descrevem, explicam, desenham ou contam coisas, quando variadas textualidades falam sobre pessoas, lugares ou práticas [...]”.

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