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Segundo Delsey (1997, p.1), “num nível teórico e prático, vários estudiosos especulam o desejo de reconceitualizar as estruturas utilizadas para registrar e armazenar dados bibliográficos com uma visão de exploração das tecnologias atualmente disponíveis”.

A modelagem entidade-relacionamento constitui uma das muitas ferramentas de modelagem de bancos de dados disponíveis atualmente e sua utilização no FRBR possibilitou a realização, se não de todo, de pelo menos parte deste desejo, pois, como afirma Delsey (1997, p.3) “nos ajudar a reexaminar os princípios fundamentais que estão por trás do código de catalogação e a fixar direções para seu desenvolvimento futuro”.

Como Delsey observou em sua análise da estrutura lógica do AACR,

“A revisão e a adaptação do AACR para acomodar a inovação técnica em um ambiente digital provou ser uma questão mais complexa do que no campo de novas mídias e tecnologias”. A principal diferença nesta instância é que a introdução de novas tecnologias digitais cortou efetivamente pela raiz muitas das suposições que a priori foram feitas sobre

Representam as Entidades.

Representam os Atributos.

a relação entre a forma física e o conteúdo intelectual dos objetos catalogados. (...) Considere um grupo de atributos associado com um suporte que foi considerado uma “manifestação física”. Em um ambiente on-line o documento digital será armazenado como um arquivo ou como um item de uma coleção de outros documentos. Em conseqüência não haverá nenhum suporte associado ao documento. Assim, os atributos associados geralmente ao suporte de manifestação (forma,extensão, dimensões, meio físico etc) não terá nenhuma relevância efetivamente.”(DELSEY, 1997, p.13-14)”.

Vários estudos vêm sendo aplicados a ferramentas da biblioteconomia utilizando- se do MER. Leazer, na década de 90, analisou a redundância inerente aos registros MARC, quando analisados segundo o modelo entidade relacionamento: o esquema conceitual do formato atual USMARC é inadequado, com uma estrutura confusa; também deveria incluir justificativas para cada entidade e seus respectivos relacionamentos em uma base de dados. Cada entidade de dado e correspondentes relacionamentos, deveriam estar especificados o que não ocorre (Leazer, 1992 citado por Heaney, 1998, p.138).

Os catálogos evoluíram de listas de itens físicos, presentes em determinadas bibliotecas, para instrumentos de recuperação e acesso computarizado de trabalhos espacialmente dispersos. As propostas de revisão de instrumentos de catalogação, de acordo com esses modelos visam a permitir registros para maximizar o aproveitamento da velocidade de processamento, assim como de outros benefícios hoje disponibilizados pela computação. Mas é dominante o pensamento de que é necessária uma mudança fundamental na catalogação que passa da filosofia da descrição para a filosofia da recuperação.

5 METODOLOGIA

A metodologia usada neste estudo é derivada e se fundamenta nas técnicas usadas no desenvolvimento de projetos de sistemas, mais especificamente no processo de análise de sistemas. O instrumento analítico – o modelo entidade relacionamento – MER – é usado como base para identificar as entidades-chaves que comporão padrões de dados documentais e para esclarecer as regras de relacionamentos entre esses dados, antes de se projetar bases de dados ou bibliotecas digitais, capazes de desempenhar adequadamente o processo de recuperação desejado.

O padrão de referência a partir do qual as análises foram feitas foi o Padrão Brasileiro de Metadados de Teses e Dissertações (versão 2) de 14/02/2005.

A metodologia das análises empreendidas na presente tese compreende duas fases distintas: Fase 1: Análise preliminar do MTD-BR, segundo os padrões que lhe deram origem e o AACR2R; Fase 2: Análise propriamente dita do MTD-BR segundo o MER/FRBR.

Seguem-se as ferramentas e padrões de descrição bibliográfica utilizadas nas duas fases da pesquisa:

MTD-BR Padrão Brasileiro de Metadados de Teses e Dissertações – Lista de elementos do Schema (versão 2) de 14/02/2005;

Código de Catalogação Anglo-Americano, revisão 2002;

Fontes de informação utilizadas no desenvolvimento do padrão MTD-BR: o padrão NDLTD-ETD-MS e o Padrão Dublin Core;

Relatório Final do Functional Requirements for Bibliographic Records (FRBR) da IFLA; Ferramenta de Análise Estruturada de Sistemas – o modelo entidade- relacionamento – MER.

Um dos pontos a serem esclarecidos está relacionado diretamente com a ferramenta utilizada, o MER. Apesar dessa ferramenta ter sido conceituada e apresentada no Capítulo 2 dessa tese é importante que sejam feitas algumas considerações sobre sua aplicação no relatório final do FRBR, por ter sido esta a forma adotada nessa tese.

Primeiramente é importante indicar as adaptações que o Grupo de Estudo do FRBR realizou no modelo entidade-relacionamento. Em relação aos objetos utilizados no diagrama apresentados no capítulo 2, o MER utiliza para representar os relacionamentos a

figura de um losango ( ão do MER pelo Grupo de Estudos do FRBR,

os relacionamentos são representados apenas pelas “frases” que demonstram esse relacionamento: “É realizado através de”, “É incorporado em”, “É propriedade de”, entre outras. Essas frases no diagrama original são incluídas dentro dos losangos.

Outra consideração importante é sobre o fato de que a modelagem de dados realizada pelo FRBR ter simbolizado as cardinalidades do MER, como conceituado no Capítulo 2, com a utilização de setas duplas ou simples, que no MER original são representadas pelo número 1 e a letra N ou M, que representa mais de 1 relação entre as entidades. Essas cardinalidades representam, em um padrão de metadados, a repetitividade de um elemento ou não. Assim, quando são utilizadas, essas cardinalidades dizem se uma determinada entidade se relaciona mais de uma vez (N ou M) ou apenas uma vez, com outra entidade.

FIGURA 9 – Diagramação original do MER - Exemplo

A Figura 9 demonstra a diagramação original do MER com os relacionamentos representados por losangos e as cardinalidades:

Essas cardinalidades dizem que: uma OBRA pode ser realizado através de mais de uma EXPRESSÃO; cada EXPRESSÃO por sua vez pode ser incorporada em mais de uma MANIFESTAÇÃO e vice-versa; e que cada MANIFESTAÇÃO pode ser exemplificada por mais de um ITEM.

Independentemente dessas adaptações, a modelagem entidade-relacionamento executada pelo Grupo de Estudos FRBR mantém a mesma significação da simbologia original. Na presente pesquisa, será utilizada a simbologia da modelagem entidade- relacionamento adaptada pelo Grupo de Estudos FRBR na análise do padrão MTD-BR, do IBICT.

5.1 Objeto de análise: o padrão brasileiro de metadados de teses e dissertações,