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1.1 Delimitação do Tema e a Justificativa do Estudo

1.1.1 Objeto de Estudo e os Objetivos

1.1.1.1 O Problema e a Problemática Epistemológica do Estudo de Caso

1.1.1.1.1 O Percurso Metodológico e a Estrutura da pesquisa

A pesquisa está fundamentada em um referencial teórico e metodológico de abordagem sócio-histórica de base dialética, dentro de uma vertente crítica que produz uma visão de mundo não determinista, permitindo chances de movimento e transformação, valorizando os fenômenos e os sujeitos neles envolvidos em sua totalidade.

No materialismo, a compreensão do real se efetiva ao atingir, pelo pensamento, um conjunto amplo de relações, particularidades e detalhes que são captados numa totalidade. Marx ao desenvolver o método tinha por objetivo apreender e desvelar a produção e transformação do ser social que se produz na forma do capital. Ele afirmava que se a realidade se mostrasse de forma imediata, seria desnecessário percorrer o processo de investigação científica para a

apreensão e atuação sobre a realidade. Porém, a realidade fenomênica obscurece o real.

O fenômeno é habitualmente, definido como o aspecto exterior, cambiante do objeto e que exprime sua essência. [...] o fenômeno é o conjunto dos aspectos exteriores, das propriedades, e é uma forma de manifestação da essência. [...] O fenômeno não pode nunca ser ‘como a essência’, já que ele distingue-se sempre dela e, de uma forma ou de outra, a forma. É por isso que a percepção dos fenômenos não [...] fornece nunca um conhecimento verdadeiro da essência (CHEPTULIN, 1982, p. 277-279).

Engels fundamentou-se em Marx e contribuiu para a compreensão do método marxista. Fez isso quando Marx tentava finalizar a obra “O Capital”. Passou a elaborar reflexões acerca das leis gerais da dialética da seguinte maneira: 1) lei da passagem da quantidade à qualidade; 2) lei da interpenetração dos contrários; 3) lei da negação da negação. De acordo com a lei da passagem da quantidade à qualidade todo processo de transformação se dá de forma lenta e em diferentes ritmos; modificações quantitativas lentas podem gerar alterações qualitativas. Ocorre uma intensificação das contradições que levam a uma modificação brusca (modificações radicais, “saltos”). A lei da interpenetração dos contrários demonstra que os diferentes aspectos da realidade se entrelaçam, promovendo a inclusão dos aspectos contraditórios. “O método dialético busca captar a ligação, a unidade, o movimento que engendra os contraditórios, que os opõe, que faz com que se choque, que os quebra ou os supera” (LEFEBVRE, 1991, p. 238). Para a lei da negação da negação o movimento geral da realidade não se restringe às contradições permanentes, ou seja, o conflito entre teses e antíteses não é eterno:

[...] na dialética, o caráter da negação obedece, em primeiro lugar, à natureza geral do processo e, em segundo lugar, à sua natureza específica. Não se trata apenas de negar, mas de anular novamente a negação. Assim, a primeira negação será de tal natureza que torne possível ou permita que seja novamente possível a segunda negação (ENGELS, 1990, p. 121).

“A afirmação gera a sua negação, contudo a negação não se perpetua, pois tanto a afirmação quanto a negação são superadas, gerando uma síntese que se constitui como negação da negação” (LEFEBVRE, 1991, p. 231). No método dialético, tudo é visto em permanente mudança, porque constantemente nasce

algo que se desenvolve e algo que se desagrega e se transforma. Gil (2006, p. 31) reforça isso identificando alguns princípios comuns a toda abordagem dialética:

a) Princípio da unidade e da luta dos contrários (unidade dos opostos) – Os fenômenos apresentam aspectos contraditórios, que são organicamente unidos e constituem a indissolúvel unidade dos opostos. Os opostos não se apresentam simplesmente lado a lado, mas em estado constante de luta entre si. A luta dos opostos constitui a fonte do desenvolvimento da realidade.

b) Princípio da transformação das mudanças quantitativas em qualitativas - Quantidade e qualidade são características imanentes (inerentes) a todos os objetos e fenômenos, e estão inter-relacionados. No processo de desenvolvimento, as mudanças quantitativas graduais geram mudanças qualitativas e essa transformação opera-se em saltos.

c) Princípio da negação da negação (mudança dialética) - O desenvolvimento processa-se em espiral, isto é, suas fases repetem-se, mas em nível superior. A mudança nega o resultado e o resultado, por sua vez, é negado, mas essa segunda negação conduz a um desenvolvimento e não a um retorno ao que era antes.

Quando o pesquisador adota esse quadro de referencial metodológico passa a enfatizar a dimensão histórica dos processos sociais. É na história dos seres humanos reais que se dão os mecanismos de opressão, como também na história estão os instrumentos e os agentes de libertação social. Sendo assim, o ser humano não é definitivamente refém da natureza, mas, ao contrário, pode transformá-la a seu favor. A mudança traz ainda a perspectiva idealista, de conotação superficial, muda, mas o sistema continua o mesmo. Transformar é mudar a estrutura, a compreensão do que se faz (MARX; ENGELS, 2004).

Um estudo constituído por um saber a partir de orientações da metodologia marxista busca apreender o movimento dos fenômenos entendendo-os como em um constante devir. Tudo que existe é tomado como em movimento, não há nada que esteja parado. Esse movimento ocorre a partir das contradições que se constituem social e historicamente. A contradição é o princípio motor de o ininterrupto devir dos fenômenos. Nesta investigação, é a dialética, construção lógica do método materialista histórico, fundamentada no pensamento marxista, que foi estudada e apresentada como possibilidade teórica (instrumento lógico) de interpretação da realidade que se intencionou compreender.

Em Marx (2002) o materialismo histórico dialético constitui-se de um método de interpretação da realidade. O mundo em seu movimento é contraditório, por conseguinte, é dialético, e isso requer um Método, uma teoria e interpretação que se instrumentalize para a sua compreensão, e este instrumento

lógico tem possibilidades de ser o método dialético tal qual pensado por ele. Sendo assim, compreender o Método é instrumentalizar-se para o conhecimento da realidade, no caso dessa dissertação, a realidade da participação das escolas públicas municipais de ensino fundamental da cidade de Imperatriz-MA na rede de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes no período de 2006 a 2012.

Marx (2003) construiu bases metodológicas e epistemológicas para orientar seus estudos da história e da sociedade burguesa, interpretando assim a realidade histórica e social usando a dialética como método. A lógica formal, que promovia a separação entre o sujeito e o objeto não o satisfazia, por isso, na busca da superação desta separação, partiu de observações acerca do movimento e da contraditoriedade do mundo, dos seres humanos e de suas relações.

O materialismo histórico apresenta uma autonomia específica como ciência e uma autonomia relativa como prática. A questão da autonomia específica do marxismo é colocada como projeto de investigação científica. A ciência está concatenada com o marxismo sob dois aspectos: a) Aspecto intrínseco, como valor ou norma, envolve ou pressupõe uma epistemologia; b) Aspecto extrínseco, como algo que ele procura explicar e transformar (BOTTOMORE, 2001).

Se o mundo é dialético, necessariamente requer um método e uma teoria de interpretação que consiga servir de instrumento para a sua compreensão, e este instrumento tem possibilidades de ser o método dialético marxista. As contribuições desse método de interpretação são os caminhos metodológicos oferecidos por Marx em seus escritos. O maior desafio que o Método coloca é assentir e até demandar que, na ação dial, o pensamento provoque movimentos lógico-dialéticos na interpretação da realidade com o objetivo de compreendê-la para transformá-la.

Na fase qualitativa buscaram-se pistas em Minayo (2004) para que se pensasse intencionalmente na técnica de entrevista aberta tendo em vista a necessidade de a mesma atender principalmente as finalidades exploratórias do fenômeno estudado. Foi, portanto, utilizada por ser a melhor forma encontrada de fazer o detalhamento das questões e formulação mais precisas dos conceitos relacionados ao fenômeno da VSCCA.

materiais, o lógico e o histórico do objeto de pesquisa, logo foi necessário estabelecer uma relação de unidade entre esses aspectos. Consequentemente, intencionando compreender o objeto de pesquisa e o fenômeno da VSCCA necessitou-se partir da sua forma mais desenvolvida, tanto em termos teóricos quanto práticos, estabelecendo relação entre o discurso e o que se percebe numa determinada realidade, numa singularidade, procurando ver como isso foi se desenvolvendo, sua historicidade e, então, analisar as contradições (unidade e luta dos contrários), buscando relação entre o singular, o particular e o geral.

A pesquisa qualitativa, numa abordagem sócio-histórica, se preocupa com a compreensão dos eventos que são investigados, descrevendo-os e procurando as suas possíveis relações, integrando o individual com o social. Nessa dimensão, enxergam-se os sujeitos como históricos, datados, concretos, marcados por uma cultura como criadores de ideias e consciência que, ao produzirem e reproduzirem a realidade social são, ao mesmo tempo, produzidos e reproduzidos por ela (FREITAS, 1996).

Na pesquisa qualitativa com o olhar da perspectiva sócio-histórica, o pesquisador, ao valorizar os aspectos descritivos e as percepções pessoais, focaliza o particular como instância da totalidade social e procura compreender os sujeitos envolvidos na investigação para que, por seu intermédio, possa compreender também o contexto em que os sujeitos estão inseridos. Diante disso, prioriza-se uma perspectiva de totalidade que tem incumbências com todos os componentes da situação em suas interações e influências recíprocas (ANDRÉ, 1995).

A relevância dessa pesquisa foi compreendida da seguinte forma: 1) Relevância Acadêmica: a) a pesquisa busca contribuir com o conhecimento científico no que se refere à participação da escola no enfrentamento da VSCCA; b) por se tratar de uma pesquisa realizada com base na realidade do estado do Maranhão, a mesma ampliará as discussões curriculares sobre a VSCCA do grupo INCLUDERE do programa de pós-graduação em educação da UFPA. 2) Relevância Social: a) a pesquisa possibilita contribuições para discussões e análises da proposta nacional de enfrentamento da VSCCA; b) a pesquisa tem possibilidade de auxiliar a integração da escola na rede de enfrentamento. 3) Relevância Pedagógica: a) a pesquisa possibilita discussões sobre o movimento de elaboração da proposta curricular do ensino fundamental da escola pública

municipal da cidade de Imperatriz do Maranhão, a partir das propostas legais referentes ao tema da VSCCA, percorrendo assim o diálogo dos profissionais da educação no cotidiano escolar; b) a pesquisa possibilita reflexões com os profissionais da educação e com a comunidade escolar sobre a VSCCA, favorecendo assim um diálogo aberto e formativo voltado para as próprias crianças e adolescentes da escola.

As etapas de desenvolvimento desta pesquisa englobaram: a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e a pesquisa empírica ancorando-se em entrevistas abertas e semiestruturadas, questionários com questões fechadas e abertas para a coleta de dados, que foram descritos, analisados e interpretados. Para a pesquisa bibliográfica a análise foi por meio de documentos de domínio científico (fontes secundárias) tais como livros, periódicos, ensaios, artigos científicos, dissertações, teses, produções técnicas, notícias disponíveis na internet, jornais, documentos oficiais, guias, cartilhas, cadernos etc.

Para a pesquisa documental foram analisados o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), artigos da Constituição Federal (CF), artigos do Código Penal (CP), documentos elaborados pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade e Inclusão (SECADI) tais como o Projeto Piloto Escola que Protege; O Guia Escolar: métodos para identificação de sinais de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes e o Caderno intitulado: Proteger para Educar: a escola articulada com a rede de proteção da criança e do adolescente, dentre outros.

Sabendo que o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) e os dois Conselhos Tutelares de Imperatriz fazem parte da rede de proteção, foi necessário compreender algumas questões acerca do enfrentamento da VSCCA e assim, materializaram-se algumas etapas, percorrendo-se esses órgãos para obter informações acerca dos números, tipos e encaminhamentos de denúncias de casos ou suspeitas de casos de violência. Cada órgão foi contatado mediante ofício.

O CREAS possibilitou o acesso ao relatório de 2012 no qual foi possível identificar o seguinte: tipo de violência sexual praticada contra crianças e adolescentes, perfil das crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, perfil dos que praticaram a VSCCA, relação do/a agressor/a com a vítima, tipo de denúncia, autor da denúncia, encaminhamento dos casos e localização das

ocorrências.

Foram realizadas três visitas no Conselho Tutelar da área I, mas este forneceu apenas números de casos atendidos dos anos de 2006 a 2012. Não foi permitido o acesso a nenhum tipo de outra informação, de tal forma que não evidenciou-se, por exemplo: tipo de violência sexual praticada contra crianças e adolescentes, perfil das crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, perfil dos que praticam VSCCA, relação do/a agressor/a com a vítima, tipo de denúncia, autor da denúncia, encaminhamento dos casos e localização das ocorrências.

Igualmente foram realizadas três visitas no Conselho Tutelar da área II, este forneceu as informações dos anos de 2006 a 2011 de forma detalhada a ponto de ser possível evidenciar o número de casos atendidos, tipo de violência sexual praticada contra crianças e adolescentes, perfil das crianças e adolescentes vítimas de violência sexual e encaminhamento dos casos. Quanto ao ano de 2012 foram fornecidos apenas os números de casos atendidos.

Posteriormente, foi entregue um pedido de autorização à SEMED, por meio de um ofício direcionado à coordenadora pedagógica geral consultando-a sobre a possibilidade do desenvolvimento da pesquisa qualitativa, a realização de uma entrevista aberta com as duas equipes que trabalham na SEMED com os projetos Escola que Protege (EQP5) e Saúde e Prevenção na Escola (SPE). Após o

consentimento, realizou-se a entrevista com as equipes. Foi utilizada uma entrevista com três questões totalmente abertas. Esse tipo de entrevista pauta-se pela flexibilidade e pela busca do significado, na concepção do entrevistado (RICHARDSON, 1999).

Para a estruturação da entrevista aberta foi realizada uma introdução do tema por meio de um enunciado, de forma que as duas equipes tivessem liberdade para discorrer livremente acerca do fenômeno da violência sexual, e assim as três questões fossem amplamente exploradas. Nesta fase, não ocorreram interferências de minha parte. Este tipo de entrevista foi utilizada porque se desejou obter o maior número possível de informações sobre o enfrentamento da VSCCA segundo a visão das equipes do SOE/EQP e SPE, para que se obtivesse um maior detalhamento do fenômeno e também para que fosse

5 A equipe do “Projeto Escola que Protege (EQP)”, será identificada posteriormente nesta

pesquisa, como SOE/EQP porque os componentes do “Serviço de Orientação Educacional (SOE)”, da SEMED são as mesmas orientadoras, ou seja, é a mesma equipe de trabalho.

possível fazer a descrição de como as duas equipes entendem o enfrentamento da violência sexual.

Em outro momento, foi entregue outro ofício consultando a SEMED sobre a possibilidade do desenvolvimento de uma investigação junto aos coordenadores, supervisores e gestores escolares para uma pesquisa diagnóstica sobre o enfrentamento da VSCCA no espaço escolar. A SEMED permitiu a aplicação de um questionário, que foi combinado entre questões abertas e fechadas, oportunizando aos sujeitos pesquisados terem possibilidade de discorrer sobre o enfrentamento da VSCCA.

Para tanto, foi seguido um conjunto de nove questões previamente definidas, mas em um contexto muito semelhante ao de uma conversa informal, pois com o apoio de duas pedagogas da SEMED, as questões foram explicadas criteriosamente, para que assim, as abertas tivessem alguns desdobramentos, sendo encaminhadas para outras, enriquecendo, portanto, as respostas dos sujeitos. Foi atentado para o direcionamento adequado em todos os momentos considerados oportunos, tais como a ajuda na recomposição do contexto do questionário, caso o sujeito pesquisado fugisse ao tema ou tivesse dificuldades com ele. O questionário foi utilizado porque se desejou delimitar o volume das informações, obtendo assim, um direcionamento maior para o enfrentamento da VSCCA, intervindo a fim de que os objetivos desta pesquisa fossem alcançados.

Apesar de a rede pública municipal de ensino ser composta por 119 escolas, sendo 35 municipais, 52 municipalizadas na Zona Urbana e 32 na Zona Rural, o questionário foi aplicado apenas para 95 representantes, contemplando coordenadores, supervisores e gestores escolares. Dos 95 questionários respondidos nas análises excluíram-se 11 por serem representantes da mesma escola. Para o critério de escolha, a melhor opção foi pelos sujeitos que afirmaram a identificação de casos ou suspeitas de casos de VSCCA porque percebeu-se que mesmo se tratando da mesma escola um dos sujeitos omitiu casos ou suspeitas de casos identificados. Excluíram-se 4 por não identificarem o nome da escola. Sendo assim, consideraram-se apenas 80 escolas. Dentre elas, 75 foram representadas pelos coordenadores, 1 pelo gestor e 4 pelo supervisor da escola.

Como os coordenadores, supervisores e gestores mencionaram em suas respostas diversas vezes SOE/EQP e SPE, foi necessário a elaboração de outro ofício pedindo permissão para que a SEMED também fornecesse cópias das

propostas de trabalho e relatórios das equipes que foram entrevistadas. Sendo assim, a SEMED permitiu as leituras desses documentos. A proposta de trabalho da equipe do SOE/EQP relata a experiência do projeto em quatro escolas, duas delas desenvolveram ações porque foram acompanhadas pela equipe da SEMED e as outras duas desenvolveram ações porque participaram da formação oferecida pela UFMA em parceria com a SEMED e a UREI. O SPE mencionou que uma escola municipal desenvolveu um projeto com a temática da violência sexual, no Concurso Literário da Prevenção no ano de 2012.

Após a leitura e análise das propostas e dos relatórios das equipes dos projetos SOE/EQP e SPE intencionou-se a realização de uma entrevista semiestruturada com as quatro escolas6 que foram sinalizadas pela análise do relatório do SOE/EQP, como escolas que de alguma forma participam desenvolvendo ações que enfrentam a VSCCA e com uma escola indicada pelo SPE por ter desenvolvido o projeto sobre a violência sexual, totalizaria assim, um número de cinco escolas. Todavia não foram entrevistadas duas, das que o SOE/EQP apontou como escolas que a SEMED desenvolveu os momentos de sensibilização, por não terem sido identificadas. Por isso, foram totalizadas ao invés de cinco, três escolas para aplicação da entrevista semiestruturada.

Para a entrevista semiestruturada com os sujeitos partícipes do contexto dessas três escolas, foi definido como critério essencial a participação direta na implementação dos projetos que foram mencionados no relatório do SOE/EQP e SPE, assim como também no processo de ensino aprendizagem dessas escolas. Intencionou-se entrevistar os gestores, coordenadores e/ou professores que se envolveram com ações de enfrentamento da VSCCA. O roteiro de entrevista foi elaborado à luz do referencial teórico e compreende um total de 08 (oito) perguntas, 04 (quatro) sobre as ações pedagógicas, 02 (duas) sobre o currículo e 02 (duas) sobre a formação continuada de professores no que se refere à temática da VSCCA.

Para a interpretação dos dados, o instrumento interpretativo utilizado foi a análise de conteúdo. A atitude interpretativa faz parte do ser humano que deseja

6 Das quatro escolas sinalizadas pelo SOE/EQP, só foi possível entrevistar duas delas, quais

sejam, as duas que desenvolvem ações de enfrentamento da violência sexual, e fizeram inclusão da temática no currículo escolar, a partir do projeto EQP, oferecido pela UFMA em 2009. As outras duas que não comparecem na análise da última seção, são as que a própria SEMED desenvolveu momentos de sensibilização.

atingir o conhecimento científico, como forma de colocar sua observação sobre o fenômeno estudado. Bardin (2000) e Minayo (2004) definem diferentes tipos de técnicas que podem ser adotadas para o desenvolvimento da análise de conteúdo, como por exemplos: análise temática ou categorial, análise de avaliação ou representacional, análise da enunciação, análise da expressão, análise das relações ou associações, análise do discurso, análise léxica ou sintática, análise transversal ou longitudinal, análise do geral para o particular, análise do particular para o geral, análise segundo o tipo de relação mantida com o objeto estudado, análise dimensional, análise de dupla categorização em quadro de dupla entrada, dentre outras.

No caminho desta pesquisa, o conhecimento e a análise interpretativa do próprio conhecimento foi uma construção que partiu da realidade concreta, histórica e social dos sujeitos que foram investigados. A análise de conteúdo é:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos [...] [ou qualitativos]) que permitem a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2000, p. 42).

A técnica de análise de conteúdo apresentada por Bardin (2000) pressupõe

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