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1 DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA LEITORA E POLÍTICAS DE

1.2 A política de formação de leitores do Ministério da Educação

1.2.2 O Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL)

Esta seção destaca o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), uma ação interministerial entre o MEC e o MINC, a respeito de uma política pública voltada para o livro e a leitura no Brasil. Essa política promove ações com o intuito de construir um país de leitores com ações voltadas para a promoção do livro, da leitura, das bibliotecas e da criação e da difusão da literatura.

O PNLL não substitui o PNBE, eles se complementam. O PNBE retrata ações que visam à distribuição de livros e à criação de uma rede de bibliotecas escolares com mediadores de leitura capacitados. O PNLL é mais amplo, uma vez que suas ações abrangem dois ministérios, além dos governos estaduais e municipais, empresas privadas e públicas, organizações, enfim, todos os setores interessados na temática.

O PNLL foi instituído por meio da portaria interministerial nº 1442, em agosto de 2006, pelo MEC e MINC, tornando-se um Plano de Governo em 2011, por meio de um Decreto Presidencial nº 7.559, que trouxe maior dimensão ao PNLL, com o objetivo maior de formar cidadãos leitores e promover a inclusão social.

De acordo com o site do MEC, instituições públicas e privadas participaram da elaboração do programa, assim como cerca de 50 mil profissionais da área

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A seção 1.3.2 detalha como a Avaliação Diagnóstica do PNBE contribuiu para a presente dissertação.

(editores, livreiros, gráficas, escritores, gestores públicos, distribuidores e outros profissionais do livro). A elaboração ocorreu por meio de seminários, encontros, consultas pela internet, videoconferências, oficinas e debates. Após todo esse movimento, o MEC abriu uma consulta pública, no início de 2006, com o intuito de que o texto do programa fosse aprimorado.

De acordo com o Portal do MEC, no Decreto 7559/2011, parágrafo 1º, são estabelecidos quatro objetivos para o PNLL:

I - a democratização do acesso; II – a formação de mediadores para o incentivo à leitura; III - a valorização institucional da leitura e o incremento de seu valor simbólico; e IV – o desenvolvimento da economia do livro como estímulo à produção intelectual e ao desenvolvimento da economia nacional.

O PNLL busca atender metas como:

[A] a implantação de bibliotecas em todos os municípios; realização, a cada dois anos, de pesquisa nacional sobre leitura; implementação e fomento de núcleos de pesquisas, estudos e indicadores nas áreas de leitura e do livro em universidades e outros centros; expansão das salas de leitura; aumento da edição de títulos e de exemplares. (BRASIL, 2011).

O PNLL valoriza fatores qualitativos e quantitativos, apontados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como essenciais à existência expressiva de leitores em um país. Dentre os fatores qualitativos, destaca-se o papel a ser ocupado pelo livro:

O livro deve ocupar destaque no imaginário nacional, sendo dotado de forte poder simbólico e valorizado por amplas faixas da população e devem existir famílias leitoras, cujos integrantes se interessem vivamente pelos livros e compartilhem práticas de leitura, de modo que as velhas e novas gerações se influenciem mutuamente e construam representações afetivas em torno da leitura. (CADERNO DO PNLL, 2014, p. 14-15).

Já os aspectos quantitativos são assim firmados:

Deve ser garantido o acesso ao livro, com a disponibilidade de um número suficiente de bibliotecas e livrarias, entre outros aspectos e o preço do livro deve ser acessível a grandes contingentes de potenciais leitores. (CADERNO DO PNLL, 2014, p. 15).

Bibliotecas da RME/BH como replicadora das políticas do MEC, é o destaque dado pelo PNLL de que todos os municípios tenham uma biblioteca e salas de leitura. A Lei Federal 12.244 de 24 de maio de 2010, que dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino no país e que tem o máximo de dez anos para ser efetivada, prevê que:

Art. 2º. Para os fins desta lei, considera-se biblioteca escolar a coleção de livros, materiais videográficos e documentos registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa, estudo ou leitura. Parágrafo único; será obrigatório um acervo de livros na biblioteca de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado, cabendo ao respectivo sistema de ensino determinar a ampliação deste acervo conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas escolares.

Percebe-se, no entanto, como lacuna, o fato de a lei não deixar claro que é necessário ter um espaço físico para a biblioteca. Apenas que a instituição escolar precisa ter um acervo e um funcionamento próprios de uma biblioteca, ficando dessa forma a cargo de cada instituição escolar decidir de que forma o acervo será armazenado. No entanto, uma questão que parece positiva é a de que toda a escola precisa se constituir enquanto um espaço de leitura e não apenas possuir um espaço físico para a guarda do acervo. No caso da RME/BH, apenas uma escola não dispõe do espaço físico da biblioteca, por falta de espaço, mas vale reforçar que o relevante para o presente trabalho é constatar se, de fato, há desenvolvimento de uma política de leitura nas escolas municipais de Belo Horizonte.

Constata-se, portanto, que, tanto o PNBE, quanto o PNLL colocam o desenvolvimento da competência leitora e a formação de leitores em destaque, seja por meio do acesso ao livro e da dinamização das bibliotecas, como pela preocupação com a formação continuada dos profissionais que trabalham diretamente com os estudantes, criando condições necessárias ao pleno desenvolvimento de leitores críticos e reflexivos, com plenas condições de exercer sua cidadania.

Para que realmente essas políticas públicas saiam do papel e se efetivem na prática, ou seja, para que a equação escola, desenvolvimento da competência leitora e formação de leitores aconteça é preciso, como dito anteriormente, investimento na formação dos profissionais da educação.

A RME/BH elaborou um programa que aborda diretrizes para as bibliotecas escolares baseado no PNBE e no PNLL, mas é preciso ir além da biblioteca e abranger a escola como um todo visando desenvolver uma política de formação de leitores que trabalhe com a concepção de leitura sociocomunicativa e interativa como citada na seção 1.1.

A seguir, a RME/BH é apresentada, juntamente com o Programa de Bibliotecas, uma política de leitura que traça orientações para o trabalho nas bibliotecas escolares, baseada nas diretrizes e legislações do MEC. Caracterizo também o 1º ciclo, recorte desta pesquisa, por meio de seus projetos e ações.

1.3 A Política de Formação de Leitores da Rede Municipal de Educação de Belo