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– O Senhor das almas e a Toy Art na arte contemporânea

O Senhor das Almas é um objeto escultórico criado no contexto da arte, na cultura nerd e geek e, pelas suas características físicas, psicológicas e pela sua função,, aproxima-se do Toy Art, a qual contextualizo com um breve histórico.

Toy Art como o nome sugere, é um brinquedo, mas visto de forma diferente, como arte, ou seja, não é um brinquedo comum criado com o objetivo de brincar. Apesar da denominação, não é destinado às crianças, mas sim para

42 os públicos adolescente e adulto. São bonecos que podem ser articulados ou estáticos como estátuas. São feitos de diferentes materiais como plástico, silicone, resina, vinil, madeira, metal, papel ou tecidos.

“De acordo com sites relativos a Toy Art como Plastik (http://www.plastiksp.com), Banana Suicida (http://

bananasuicida.com.br) e Kidrobot (http://www.kidrobot.com), os Toys são descritos como bonecos feitos de plástico, vinil, madeira, metal, resina, tecido ou papel, elaborados, por designers, grafiteiros e outros artistas, e voltados especificamente para o público adulto. São

“brinquedos de arte” colecionáveis e decorativos, ou, nas palavras de um dos informantes deste trabalho, “feitos para não brincar”.”

(BARBOZA, 2013, p. 12).

Segundo Barboza (2009), o movimento Toy Art teve origem no Japão na década de 50 como forma de uma renovação de mercado e cultura da época, mas que, só em 1998, com as customizações dos bonecos “Comandos em Ação” (figura 5) feitos por Michael Lu e Eric So na China, que a Toy Art conseguiu maior visibilidade. A Figura 22 mostra bonecos da mesma linha de brinquedos “Comandos em Ação” que foram feitos mais recentemente pelo artista Michael Lu.

Os bonecos de Toy Art despertaram uma maior sensibilidade e identificação do público por sua narrativa de proximidade com temas urbanos apelativos, por isso se tornaram apreciados como objetos colecionáveis, ainda mais que eram raros e quase únicos. Em 1990, o artista Michael Lu (Figura 20) se apropriou e customizou bonecos de uma linha de brinquedos G.I. Joe, dando uma aparência mais popular, usando roupas de hip hop, correntes e uma linguagem absolutamente urbana para uma convenção de fãs de brinquedos em Hong Kong. Com tanto sucesso que fez em suas vendas em edição limitada, estimulou fortemente a criatividade e a imaginação de muitos artistas e não artistas.

O Chinês Eric So foi um artista que com sua criatividade estimulada remodelou e se utilizou de customizações semelhantes na mesma linha de brinquedos.

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Figura 22 - Michael Lau, “PLAYWORK”, 2017.

Tendo surgido no oriente e influenciado por referencias da cultura pop americana, os Toy Arts eram produtos processados e reconfigurados de acordo com as culturas que se alimentavam, chegando a se expandir a um ponto de fama mundial que ultrapassou fronteiras e chegou a atingir outros países, e com o grande sucesso foram entregues de volta ao seu país de origem, os Estados Unidos da América, aproximando-se dos artistas americanos como um novo suporte de expressão urbana.

“Fazer as coisas ‘ficarem mais próximas’ é uma recuperação tão apaixonante das massas modernas como sua tendência a superar o caráter único de todos os fatos através da sua reprodutibilidade. Cada dia fica mais irresistível a necessidade de possuir o objeto, te tão perto quanto possível, na imagem, ou antes, na sua copia, na sua reprodução. Cada dia fica mais nítido a diferença entre a reprodução, como ela é nos oferecida pelas revistas ilustradas e pelas atualidades cinematográficas, e a imagem. Retirar o objeto do seu involucro, destruir sua aura, é a característica de uma forma de percepção cuja capacidade de captar ‘o semelhante no mundo’ é tão aguda, que graças à reprodução ela consegue capta-lo até no fenômeno único.

Assim se manifesta na esfera sensorial a tendência que na esfera teórica explica a importância crescente da estatística. Orientar a realidade em função das massas e as massas em função da realidade é um processo de imenso alcance, tanto para o pensamento quanto para a intuição”. (BENJAMIN, 1987, Pg. 184).

44 A cultura do Toy Art nasceu no período pós-guerra em um contexto mais antigo. Após o término da Segunda Guerra Mundial vários materiais ficaram disponíveis como materiais de fabricação industrial. Principalmente o PVC3 (OFUGI, 2009, p. 13). Com o desenvolvimento do capitalismo, o brinquedo ganhou mais visibilidade como objeto de consumo e por isso a infância e a juventude foram foco de muitos estudos na época o que lhe conferiu um status muito diferente do que tinham no mundo pré-moderno. Foi só no final século XIX que os bonecos começam a ser fabricados em materiais sintéticos. Antes era feitos com materiais mais artesanais como, madeira, chumbo, porcelana, vidro e pano, tecidos variados. O material usado em sua confecção implica como principal fator transformação de sua aparência e tamanho (SILVA, 2015, p.24).

Um dos primeiros materiais sintéticos a serem usados foi a celuloide, usado para a produção de bonecas nos EUA no final dos anos 1860, as bonecas eram feitas por um processo de molde bipartido, onde se tinha um molde metálico dividido em duas partes. Nesse molde era colocado a celuloide sólido, em seguida era soprado um vapor de dentro do molde sob pressão para amolecer o material e juntar as duas metades. Mesmo a celulóide sendo um material leve, maleável, fácil de trabalhar e ainda barato, seu uso terminou por ser um material também extremamente inflamável, e por isso na década de 1950 foi rapidamente substituído pela invenção do vinil, “um material muito mais seguro” (SILVA, 2015, p. 24).

A popularidade do plástico estava totalmente associada a este pano de fundo do período pós-guerra. A economia estava crescendo como nunca, carros e aparelhos domésticos estavam se propagando. O plástico era barato para se trabalhar, além da flexibilidade, o que

3 PVC: Cloreto de Polivinilo, também conhecido como vinil macio, e ABS (Acrilonitrilo Butadieno Estireno) são os dois tipos mais comuns de plástico usados na fabricação de Action Figures.

PVC é mais macio e mais flexivel que ABS. Bonecos geralmente são uma combinação do ABS para os corpos e PVC para chapéus, capas, sapatos e outros acessórios removíveis. PVC pode ser feito rígido, e resistente ao tempo, calor e impacto, ou flexivel e gelatinoso, muito similar à borracha natural" (PHOENIX, 2006, p.106).

45 formato de brinquedos. A indústria dos jogos eletrônicos viu no licenciamento com a indústria de brinquedos a oportunidade de atingir outros públicos, “e a entrada do século XXI assiste a um desenvolvimento veloz e triunfante dos jogos eletrônicos, de jogos de computador e finalmente de jogos de rede online.” (SILVA, 2015, p. 28). Com isso os brinquedos passaram a dominar o mercado, onde atraiu o olhar dos seus primeiros fãs. Segundo Ofugi (2015, p.

14) ”Este cenário, então, permitiu a explosão dos brinquedos de plástico, e junto com eles, o surgimento dos colecionadores desses bonecos.” Foi nesse momento que o Toy Arrt ganhou visibilidade.

O Toy Art aparece exatamente nesse ponto dos acontecimentos.

Voltada pra um publico urbano jovem que anseia por identificação e que divide interesses com vídeo games, o universo da web, o grafite, se impõe como uma nova forma de expressão que pretende ser revolucionária diante dos valores pré-estabelecidos de infância VS.

adulta. E traz à tona um novo tipo de interesse e de público relacionado que rapidamente se configura em colecionador.”(SILVA, 2015, p. 28).

Atualmente, o Toy Art, no contexto da arte pode ser produzido com diferentes materiais, até mesmo o papel. Existem artistas que usam a argila sintética chamada Clay4 para a confecção de seus toys. O artista Rick Fernandes usa esse material para produzir suas obras (Figura 23). Pela minha

4 Clay é uma massa polímera, as massas à base de polímero são, praticamente, pequenas partículas de PVC suspensas num produto destilado à base de petróleo. Geralmente elas são macias e flexíveis. http://ppclay.blogspot.com.br/2016/04/massas-para-esculpirmodelagem.html

46 afinidade com este material e consequente experiência em produzir formas com ele, ficou evidente que este seria o material mais adequado para materializar meu personagem toy art, Senhor das Almas.

Figura 23 - Sem titulo. Rick Fernandes, dimensões não informadas, escultura em Clay.

http://rfstudiofx.com.br/galeria/portfolio/esculturas.html. Acesso em.12/11/2017.

Conforme Ofugi (2009, p. 11), a Toy Art “trata-se de um movimento contemporâneo, cujo conceito mistura design, moda, ilustração, urbanidade e outros elementos da cultura pop para criar brinquedos originais”. Eu faço parte deste movimento através do Senhor das Almas, meu Toy Art. Espera-se que em meu personagem seja possível perceber esses elementos através do processo de criação, assim como na primeira imagem concebida do Senhor das Almas (Figura 19). Refiro-me como primeira imagem concebida porque meu personagem não parou de se transformar por que eu não estava satisfeito, dentro de mim havia uma inquietude que me levava a buscar algo ainda não definido, busca esta que poderá acabar somente no momento em que o objeto

47 escultórico for apresentado na exposição final. Nesta constante busca pela satisfação parti para mais esboços. (Figuras 24).

Figura 24 – Esboço de cabeças, acervo pessoal, lápis de cor e caneta Bic no papel A4, 2017.

48 Também esbocei a cabeça em Clay conforme a Figura 25.

Figura 25 - Experiência de modelagem da cabeça, acervo pessoal, escultura em Clay, 2017.

Ao mesmo tempo em que as leituras sobre Geek e Toy Art me alimentavam conceitos, meu objeto escultórico tomava forma em esboços e massas.

Assim, tendo o rosto já definido, como ponto de partida, busquei o desenvolvimento das outras partes do meu personagem. Destaquei o rosto que mais me interessava, mas, seus cabelos que no início eram interessantes ao meu olhar, foram descartados. Assim mantive quase todo resto, seus olhos, boca pequena e seu corpo, que a princípio estava liso, sem elemento algum, até aquele momento. Isso, porque ao retomar meus estudos do personagem pensei de forma mais profunda em sua posição (Figura 26) e em como ela implicaria na estética e dinâmica. Consequentemente percebi que não seria apenas a sua posição indicando movimento que o destacaria, mas também elementos que o ajudassem nesse sentido, inseridos em seu corpo (Figura 27), o tornando mais instigante.

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Figura 26 - Esboço do movimento com lança, acervo pessoal, lápis de cor e caneta Bic no papel A4, 2017.

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Figura 27 - Esboço final do rosto, acervo pessoal, lápis de cor e caneta Bic no papel A4. 2017.

Neste esboço do rosto, ao seu lado direito estão ideias dos possíveis elementos que foram pensados para o seu corpo. No seu peito desenhei algo parecido com um olho divido, como um portal de almas para seu interior.

Agora sua cabeça não tem cabelos, mas o seu terceiro olho continua preservado, no entanto, com sua aparência um pouco diferente, menos humano. A tentativa de colocar uma orelha foi um acidente, onde deixei minhas influências realistas interferirem no meu trabalho, mas que foi resolvido na concepção de sua primeira versão (Figura 28).

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Figura 28 – “Uninverso”, acervo pessoal, escultura em Clay, 2017.

Meu Toy Art diferente de um brinquedo infantil que são feitos aos milhares, será uma peça única, valorizando-o como objeto artístico. “Um Toy Art sempre tem tiragem limitada, numerada ou assinada, e nunca é relançado com a mesma versão de grafismo” (BARBOZA, 2013, p.11).

O Toy Art está ligado à cultura urbana, onde se aproveita da sua linguagem apresentando características do grafite, da arte de rua e do design.

“O Toy Art circula por vários âmbitos temáticos, indo do meigo ao violento, podendo ter caráter subversivo, político, cômico, sendo uma sátira ou crítica a alguma situação, por vezes trazendo uma pitada de ironia sobre o assunto

52 abordado.” (PINTO, 2012, p. 2). O meu objeto artístico é uma convergência entre temas ligados ao mundo nerd, como super-heróis, mundos fantasiosos, e temáticas adultas. Tenho o objetivo de aproximar o espectador através do meu processo de criação. Sua participação será como acompanhante do meu processo criativo. Nesse sentido “A construção da obra acontece, portanto, na continuidade em um ambiente de total envolvimento”. (SALLES, 2001, p. 32).

A primeira versão do Senhor das Almas (Figuras 29 e 30) denominada

“Uninverso”, foi exposta na “Convergência“ – exposição dos formandos de Artes Visuais da FURG, realizada no dia 15 de agosto de 2017 no Prédio das Artes Visuais. Esse foi um momento de satisfação, realização pessoal. Meu primeiro Toy Art estava materializado e exposto, era o resultado concretizado das minhas ideias. Mas essa satisfação não durou muito. A exposição do trabalho me proporcionou ver minha obra de fora, como espectador. Essa visão me deu a oportunidade de notar que até então não tinha conseguido chegar ao meu objetivo, não havia conseguido me expressar completamente. “O percurso de concretização da obra caminha para uma satisfação mesmo que transitória, [...]. Pois há uma profunda verdade que o artista procura expressar em sua obra, mas nunca o consegue integralmente.” (SALLES, 2001, p. 33).

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Figura 29 - “Uninverso”, Eduardo Kemmerich, 52 cm x 12cm x 12cm, escultura em Clay, 2017.

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Figura 30 - “Uninverso”, Eduardo Kemmerich, 52 cm x 12cm x 12cm, escultura em Clay, 2017.

Ao me deparar com o “Uninverso” ficou claro que a minha verdade ainda não havia sido alcançada. Essa exposição também foi a oportunidade de ver a reação do público diante da minha obra. Muitas pessoas gostaram, mas o que me chamou maior atenção foram os comentários negativos, pessoas disseram não entender muito bem o conceito do meu Toy Art. Um comentário que me

55 marcou foi “sua obra é muito fechada”. Dessa maneira a insatisfação expressiva mais a negação de alguns espectadores me levaram a necessidade de continuar a desenvolver mais o meu personagem. Levando em consideração a minha decisão baseada na minha percepção e no julgamento do público, notei que ali foi o momento em que o público influenciou diretamente nas minhas decisões quanto ao trabalho. Assim notei que o público não só recebe a obra, mas também fez parte do meu processo de criação. “O artista não cumpre sozinho o ato de criar. O próprio processo carrega esse futuro diálogo entre artista e receptor.” (SALLES, 2001, p. 47). A reação do público influencia o percurso da obra, no caso do meu trabalho, me deti na resolução dos problemas referentes às criticas negativas, que por outro lado foram também muito construtivas porque me estimulam a novas ideias para continuar desenvolvendo o Senhor das Almas. Portando “o objeto considerado acabado, representa também de forma potencial uma forma inacabada” (SALLES, 2001, p. 80).

Meu trabalho não estava finalizado. Mesmo apresentada ao público como produto final, minhas sensações junto a sua rejeição me fizeram perceber a obra incompleta. Faltava algo.

O objeto dito acabado pertence, portanto, a um processo inacabado.

Não se trata de uma desvalorização da obra entregue ao público, mas da dessacralização dessa como final e única forma possível(Salles, 2006, p. 14).

Passei então por buscar novas ideias, repensar algumas, buscar novas referências e seguir desenvolvendo meu objeto, assim mantendo minha obra em constante transformação. Nesse momento o trabalho entra em seu estado de metamorfose mais em que me distanciei para renovar ideias e entender melhor sobre o objeto Toy Art na arte contemporânea.

O vai e vem do fazer artístico em que se a teoria e a prática se intercalam, se misturam também requer momentos de distanciamento. Entre leituras e práticas é importante contextualizar que o Toy Art é um movimento

56 artístico contemporâneo que vem se espalhando pelo mundo, onde as atenções de adultos e jovens se voltam novamente para os bonecos, de uma maneira renovada e madura. Segundo Barboza (2009, p. 19) Toy Art é um universo novo na arte contemporânea, um suporte de expressão inédito que surge como uma "tela" em três dimensões para os artistas se expressarem. No movimento há a apropriação do brinquedo pelo artista onde ele mistura moda, design e arte.

“São formas que remetem a um quê infantil presente no inconsciente coletivo, com pitadas de ironia e bom humor O intuito do Toy Art é, como qualquer obra de arte, causar alguma reação no observador.”

(BARBOZA, 2009, p. 20).

Na Califórnia, Estados Unidos fora criado a primeira galeria de Toy chamado Toy Art Gallery5. Ainda no Brasil em 2011 Sob a supervisão da curadora Ângela Ferraz aconteceu a “Toy Art. Exposição Internacional6”, o evento foi aderido pelo Museu Brasileiro de Escultura em São Paulo. Não parando por ai, na China, mais especificamente na cidade de Wuxi existe um centro de exposições designados apenas para Toy Arts, chamado Art Toy Center7. O interessante sobre esse último lugar é devido ao fato de que além de artistas renomados, participam artistas desconhecidos tentando serem reconhecidos no mundo dos toys. Ou seja, grandes instituições de arte como museus e centros de arte, já estão adquirindo de forma permanente esses objetos para suas coleções em seu acervo. Isso dá legitimidade ao movimento de arte e aumenta de forma muito significativa os seus valores como novo suporte de expressão artística. O interesse por sua linguagem especifica traz ao Toy Art o seu reconhecimento como obra de arte. “Sabendo-se que essas instituições têm por função designar para o público o que é arte

5 https://www.toyartgallery.com/ > Acesso em 02/11/2017.

6 http://www.troyart.com/p/exposicoes.html >Acesso em 02/11/2017.

7 https://www.thepickofthecrab.cl/proyectoensamble/proyecto-ensamble-en-art-toy-center-china-international-design-expo-2/ >Acesso em 02/11/2017.

57 contemporânea, elas são atores importantes dentro da rede [de comunicação da arte].” (PINTO, 2015, p. 20 apud CAUQUELIN, 2005, p. 70).

Neste contexto, Huck Gee se destaca pela sua produção Toy Art. Uma das suas criações mais famosas é o toy “Hello i’m Insane” (Figura 31). O personagem tem uma estética de coelho humanizado com um corpo todo em preto e veste uma camisa de força branca. Na sua cabeça tem algo parecido com uma mordaça no local da boca. Começando no que seriam os olhos até a testa, existe a frase com letras brancas “Hello I’m Insane” [olá eu sou insano].

Nas regiões brancas como na mordaça e na camisa de força tem manchas vermelhas que simulam o sangue representando o sofrimento e a violência.

Figura 31 - Hello I’m insane, Huck Gee, 20, 32 cm, Vinyl, 8-inch Dunny, 2008.

Fonte: http://www.allvinyls.com/kr/8in_84.php

O toy em questão foi feito a partir de outro customizável, modelo Dunny8, feito de vinil e vendido por uma grande fábrica de toys localizada em Nova Iorque. “Hello i’m insane” mede 20,32 cm e pode ser entendido como um

8 Toy Art. Em branco, https://www.toyqube.com/half-ray-dunny-by-jason

58 ícone das sociedades atuais que aprisionam suas loucuras. O trabalho se torna instigante por estar tanto se referindo tanto a alguém louco quanto a sociedade em geral que tem seus direitos de expressão e voz constantemente censurados.

Huck Gee nasceu no Reino Unido no ano de 1973 e atualmente mora em São Francisco, Estados Unidos. Alguns de seus Toy Arts foram adquiridos pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque sendo somados a outras obras em seu acervo. Eles são adquiridos por muitos fãs e fanáticos e colecionadores pelo mundo inteiro, suas coleções são vendidas em grande escala através da internet, zerando os estoques rapidamente (PINTO, 2012, p3). Gee consegue com suas peças atingir o público consumidor que adquire para seu acervo pessoal e, ao mesmo tempo, habita museus com estes mesmo trabalhos. Essa estética meiga contida na obra de Gee, característica do desenho Happy Tree Friends 9 também está presente nos trabalhos do brasileiro Rogério Degaki (Figuras 32 e 33).

Figura 32 - Duck Shot, Rogerio Degaki, material, 2012.

Fonte: http://arteseanp.blogspot.com.br/2012/10/conversando-sobre-arte-entrevistado_11.html

<Acesso em 12/11/2017.

9 Happy Tree friends foi inicialmente criado para exibição em web site, após o sucesso ganhou espaço na televisão sendo transmitida pela emissora MTV USA e MTV Brasil. É um desenho animado de humor ácido com personagem de aparência meiga em um contexto violento e brutal. Criada por Kenn Navarro, Aubrey Ankrum, Rhode Montijo e Warren Graff.

http://www.planocritico.com/critica-happy-tree-friends-1a-temporada/ >Acesso em 31/10/2017.

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Figura 33 - Belvedere I, Rogerio Degaki, material, 2012.

Fonte: http://arteseanp.blogspot.com.br/2012/10/conversando-sobre-arte-entrevistado_11.html.

<Acesso em 11/112017.

Através de personagens originários de um universo lúdico e diretamente influenciados pelo universo da cultura pop, Dekagi busca tratar de temas ligados à sexualidade e ao corpo, em um momento de forma explícita e em

60 outro momento através de significados. Em suas peças ele se apropria de elementos do universo infantil, como os action figures, bonecas e até mesmo estampas de roupas de crianças, para criar esculturas e pinturas relacionadas a temas adultos, criando uma dualidade entre o que o espectador vê “a primeira vista” o brinquedo ingênuo e as questões mais elaborados do seu

60 outro momento através de significados. Em suas peças ele se apropria de elementos do universo infantil, como os action figures, bonecas e até mesmo estampas de roupas de crianças, para criar esculturas e pinturas relacionadas a temas adultos, criando uma dualidade entre o que o espectador vê “a primeira vista” o brinquedo ingênuo e as questões mais elaborados do seu

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