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Diagnóstico da qualidade para equidade no ensino Superior: resultados para o caso da Universidad Ort Uruguay

2 REFERENCIAL TEÓRICO

3.3 Ociosidade das vagas

O percentual de ociosidade das vagas é uma consequência natural da natureza e qualidade dos cur- sos oferecidos. A oferta de cursos pouco atrativos para o mercado e de baixa qualidade evidente- mente terá pouca adesão. Analisando o aspecto quantitativo, verifica-se que o ProUni ofertou mais de três milhões de bolsas. Apesar da expressividade do indicador, há número significativo de vagas ociosas, conforme Tabela 5:

Ano Conceito 1 Conceito 2 Conceito 3 Conceito 4 Conceito 5 SC 2007 3,80% 21,09% 26,34% 11,08% 0,52% 37,14% 2008 4,13% 23,57% 34,67% 13,11% 1,75% 22,76% 2009 3,04% 25,15% 37,88% 13,11% 2,38% 18,41% 2010 3,54% 24,10% 34,78% 12,68% 2,27% 22,59% 2011 4,63% 24,81% 37,27% 15,56% 3,50% 2,42% 2012 2,52% 29,32% 45,56% 17,29% 3,51% 1,78% 2013 4,49% 30,18% 43,39% 15,84% 2,15% 3,92% 2014 6,94% 35,82% 37,74% 14,39% 2,19% 2,86% 2015 3,36% 28,86% 44,90% 16,42% 3,04% 3,31% 2016 4,23% 27,42% 43,92% 18,65% 3,09% 2,66% MÉDIA 4,07% 27,03% 38,65% 14,81% 2,44% 11,79%

Tabela 5 — Número de bolsas ofertadas e ocupadas pelo ProUni 2005/2016

Fonte: MEC/INEP e Portal Dados Abertos (adaptado pelos autores).

Verifica-se da tabela acima o alto percentual de vagas ociosas advindas do ProUni. Até o ano de 2016 o programa teve 896.018 vagas não ocupadas, o que representa 31,33% das vagas ofere- cidas.

Cabe destacar que, até 2011, mesmo com as bolsas ociosas, as IES privadas com fins lucra- tivos permaneciam integralmente isentas de todos os tributos previstos. Por exemplo: no ano de 2008, apesar de ter 100.384 vagas não ocupadas, de um total de 225.005 (44,61% de ociosidade), as IES privadas foram beneficiadas com isenção fiscal da totalidade das vagas (241.273).

De qualquer forma, constata-se que, entre 2005 e 2011, as IES privadas se beneficiaram da completa isenção fiscal prevista no regulamento do ProUni, não obstante ter havido, nesse período, ociosidade de 463.499 vagas (34,83% das vagas disponíveis).

Ainda que se considere que a partir de 2011 as vagas ociosas não representam um prejuízo direto, impõe ressaltar que tal fato gera prejuízo no tocante ao custo de oportunidade do programa, que poderia ser utilizado de uma maneira mais eficiente.

Ano Vagas ofertadas Vagas preenchidas Vagas ociosas % Vagas ociosas

2005 112.275 95.629 16.646 14,82% 2006 138.668 109.025 29.643 21,37% 2007 163.854 105.574 58.280 35,56% 2008 225.005 124.621 100.384 44,61% 2009 247.643 161.369 86.274 34,83% 2010 241.273 152.733 88.540 36,69% 2011 254.598 170.766 83.832 32,92% 2012 284.622 176.764 107.858 37,89% 2013 252.374 177.326 75.048 29,73% 2014 306.726 223.598 83.128 27,10% 2015 329.117 252.650 76.467 23,23% 2016 329.180 239.262 89.918 27,31% TOTAL 3.247.260 1.989.317 896.018 31,33% - média

4 CONCLUSÕES

Como se observa neste estudo, por meio dos dados coletados em fontes oficiais do Governo, verificou-se que o programa não se atenta para as necessidades de profissionais formados em áreas importantes ao desenvolvimento nacional e que serão absorvidos pelo mercado de trabalho. Além disso, não está vinculado a um planejamento estruturado, não se atentando para a qualidade dos cur- sos oferecidos, abrindo espaço para diversos cursos com baixa qualidade e não relevantes do ponto de vista do desenvolvimento nacional. Esses fatores sugerem o elevado percentual de vagas ociosas (quase 1/3 do total de vagas disponibilizadas).

Desde a sua criação, o ProUni traz discussões acerca da sua participação na democratização do ensino superior como forma de diminuir a desigualdade social brasileira e capacitar os indivídu- os para o mercado de trabalho. Foram criadas mais de 3 milhões de vagas nas IES privadas. No en- tanto, Rocha de Oliveira e Piccinini (2012) apontam uma discrepância nesses dados: apesar das transformações em termos de educação no país, atualmente há um cenário marcado pelo desem- prego juvenil, ao mesmo tempo em que se destaca a falta de mão de obra qualificada.

De fato, não basta que o profissional tenha concluído um curso superior para assegurar a con- quista de uma vaga de emprego. Para a inclusão no mercado de trabalho é necessária, além da ne- cessidade/existência da vaga no cenário nacional, a realização de um curso de qualidade.

Dessa forma, pode-se concluir que o ProUni não se mostra eficiente. Para que seja entregue um resultado satisfatório, sugere-se que o ProUni deva fornecer aos bolsistas uma educação de qualidade em cursos de real necessidade no Brasil e seu mercado de trabalho (com sua verificação sistemática), sendo que a oferta de cursos, de maneira pura e simples, à vontade das IES, não garante a entrada do estudante no mercado de trabalho e, consequentemente, a diminuição de desig- ualdades sociais.

REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS

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