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EV OLUÇÃO RECENTE DAS EMISSÕES DE GEE NA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

PETRÓLEO 194Mt

4.1 EV OLUÇÃO RECENTE DAS EMISSÕES DE GEE NA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

A demanda de eletricidade no Brasil mais que dobrou entre 1990 e 2015 (Figura 19). Apesar de uma relativa estabilidade nos últimos cinco anos, o segmento industrial con- tinua responsável pela maior parte do consumo de energia elétrica no país, responden- do, em 2015, por 38% do consumo total, seguido pelo segmento residencial, com 25%. Este último vem crescendo nos últimos dez anos a uma taxa média de 4,7% ao ano.

16 Ainda que parte da geração de eletricidade no país ocorra fora do SIN, a geração contabilizada pelo Monitor Elétrico

foi representativa de mais de 90% do total nacional reportado pelo BEN para 2015. A geração de eletricidade no SIN não contempla aquela gerada nos sistemas isolados, nas unidades de autoprodução não conectadas ao SIN (indústrias com usinas de geração de eletricidade próprias, por exemplo) e nos sistemas de geração distribuída, que inclui os de micro e minigeração (painéis fotovoltaicos instalados pelos próprios consumidores, por exemplo).

Figura 19 - Evolução da demanda de energia elétrica por segmento de consumo (1990-2015)

* Geração pública de eletricidade corresponde ao consumo de eletricidade nas centrais elétricas de serviço público, segundo classifi cação do BEN. Fonte: Elaborado a partir do BEN 2016, Ano-Base 2015 (EPE, 2016)

Contudo, é preciso pontuar a recente queda da demanda de energia elétrica, conforme nota-se na Figura 19. Enquanto o consumo registrou um crescimento de 2,9% entre 2013 e 2014, houve redução de 1,6% entre 2014 e 2015, o que foi provocado principal- mente pelo desaquecimento do consumo industrial. Este fato é corroborado pela de- saceleração da atividade econômica em 2014 e 2015, período em que o PIB brasileiro apresentou variação anual de 0,1% e -3,8%, respectivamente. Dados mais recentes da EPE (2017)17 indicam que, em 2016, o consumo de eletricidade manteve-se estável, com

leve queda de 0,9% em relação a 2015, puxada pela redução de 2,9% do setor industrial.

17 EPE. Resenha mensal do mercado de energia elétrica. Ano X, número 112, janeiro 2017.

O histórico mais recente da geração de energia elétrica, contabilizada pelo Monitor Elétrico, pode ser observado no Figura 20, restringindo-se à geração do SIN, mas avan- çando até 2016.

Figura 20 – Evolução anual da geração de eletricidade no SIN (2009-2016)

Fonte: Elaborado a partir da base de dados do SEEG Monitor Elétrico18

Apesar de as usinas hidrelétricas serem as maiores responsáveis, de longe, pelo aten- dimento dessa demanda, a geração termelétrica a partir de combustíveis fósseis tem, desde 2000, aumentado sua participação na geração elétrica, passando de 8,8% para 23,4% em 2015. Quanto à hidroeletricidade, é notória a queda de sua participação, va- riando de 87,2% em 2000 para 61,9% em 2015, como mostra a Figura 21.

Figura 21 - Evolução da participação percentual das fontes primárias na geração de EE (1990-2015)

Fonte: Elaborado a partir do BEN 2016, Ano-Base 2015 (EPE, 2016)

Note-se, na Figura 22, que a geração não hídrica no período esteve alicerçada, princi- palmente, no uso de combustíveis fósseis – gás natural, derivados de petróleo e car- vão mineral – os quais, em 2015, representaram 61,5% de toda a geração não-hídrica, seguidos pela biomassa (22,1%), pela energia eólica (9,8%) e pela nuclear (6,6%). Entre 2012 e 2015, a geração de eletricidade a partir de combustíveis fósseis passou de 80,6 TWh para 136,3 TWh, um crescimento de 69,1%. Par� cipaç ão na g er ão de ele tricidade (%)

Figura 22 - Evolução da geração de eletricidade de origem não hídrica, por fonte (1990-2015)

Fonte: Elaborado a partir do BEN 2016, Ano-Base 2015 (EPE, 2016)

Em decorrência do aumento da participação da termoeletricidade a combustível fóssil, as emissões de GEE na geração de eletricidade aumentaram mais de nove vezes entre 1990 (8,6 MtCO2e) e 2015 (78,2 MtCO2e), representando, em 2015, 17% do total do setor de energia e ocupando a posição de segundo maior emissor, depois dos transportes. Em 2015, das emissões decorrentes da geração termelétrica, aquelas provenientes do uso de gás natural corresponderam a 49%, contra 26% das emissões de derivados de petróleo e 24% do uso de carvão mineral e derivados (Figura 23).

por fonte primária (1990-2015)

Ao detalhar a geração por usinas térmicas a combustível fóssil para cada fonte primá- ria de energia, é possível constatar que, entre 2014 e 2015, o despacho se manteve praticamente constante para o carvão mineral e com uma discreta redução para o gás natural e o petróleo no SIN, conforme pode ser constatado na Figura 24.

Figura 24 – Evolução anual da geração de eletricidade no SIN em usinas térmicas a combustível fóssil por fonte primária de energia (2009-2016)

ração por gás natural (-39,7%) e por derivados de petróleo (-51,8%) em comparação com 2015. Já no que diz respeito às usinas movidas a carvão mineral e derivados, a geração sofreu redução menos acentuada (-10,7%), fato condizente com a maior infl exibilidade19

das usinas que fazem uso dessas fontes energéticas.

Na Figura 25, a seguir, é apresentada a evolução mensal das emissões de GEE provenientes da geração de eletricidade do SIN entre janeiro de 2009 e dezembro de 2016. No período após 2014, é possível constatar que, até o fi m do primeiro quadrimestre de 2015, as emis- sões se mantiveram no mesmo patamar de 2014. Porém, a partir de maio de 2015, inicia-se uma trajetória descendente das emissões mensais, atingindo seu mínimo em maio de 2016, mês em que as emissões alcançaram o patamar mais baixo desde setembro de 2012, devi- do à redução da geração de eletricidade por usinas térmicas a combustíveis fósseis.

Figura 25 – Evolução mensal das emissões de GEE associadas à geração de eletricidade no SIN por fonte primária de energia (2009-2016)

19 A infl exibilidade termelétrica representa a parcela mínima que uma usina termelétrica deve gerar de eletricidade

(limitação operativa de geração mínima). Esta restrição está principalmente relacionada aos contratos de

fornecimento de combustível (aquisição obrigatória mínima fi rmada em contrato) ou restrições técnicas relacionadas às tecnologias de geração ou processos internos da usina. Estas infl exibilidades são consideradas pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) no processo de planejamento de operação do SIN, ou seja, a parcela infl exível destas usinas é constantemente despachada para atender a demanda do sistema.

A evolução das emissões por fonte primária de energia segue a mesma tendência da geração de cada uma dessas fontes. Entre janeiro de 2015 e dezembro de 2016, as emissões mensais em usinas movidas a gás natural diminuíram 48,0% e as movidas a derivados de petróleo diminuíram 68,9%. Por outro lado, as emissões em usinas a car- vão mineral diminuíram 33,6%.

Apesar da maior participação do gás natural nas emissões de GEE pela geração de ele- tricidade, as fontes de energia mais emissoras por unidade de energia produzida são os derivados de petróleo e o carvão mineral e derivados. A Figura 2620, a seguir, apresenta

o fator de emissão para cada fonte em termos de toneladas de CO2e por GWh de energia elétrica produzida em 2015. Esse fator de emissão pode ser avaliado como indicador da efi ciência, em termos de emissões de GEE, da geração de eletricidade por fonte fóssil.

Figura 26 - Fator de emissão de GEE na geração de eletricidade por fonte primária fóssil em 2015

A Figura 27 detalha a geração de eletricidade por tipo de geração para o período entre 2009 e 2016 para as usinas hidrelétricas, térmicas a combustível fóssil e eólicas no SIN.

20 O fator de emissão correspondente ao consumo de biomassa nas usinas térmicas não foi apresentado no gráfi co,

uma vez que o valor é consideravelmente menor (10,995 tCO2e/GWh), pois, pela metodologia recomendada pelo IPCC, são consideradas apenas as emissões de CH4 e N2O.

Figura 27 – Evolução anual da geração de eletricidade no SIN: usinas hidráulicas, térmicas a combustível fóssil e eólicas (2009-2016)

Fonte: Elaborado a partir da base de dados do SEEG Monitor Elétrico

Entre 2014 e 2015, a geração em usinas hidráulicas e térmicas a combustível fóssil no SIN se manteve praticamente constante, com ligeiras retrações (-2,7% e -5,9%, respec- tivamente), enquanto a geração eólica cresceu 120,4% no mesmo período (de 9,4 para 20,8 TWh). Comparando 2016 com 2015, nota-se que a geração em usinas térmicas a combustível fóssil diminuiu em 35,9%. Por outro lado, a geração hidráulica cresceu 6,7% e a eólica cresceu 45,4%.

Esses aspectos revelados pela Figura 27 apontam importantes tendências após 2014: o crescimento expressivo da geração eólica devido à entrada em operação de di- versas usinas contratadas em anos anteriores, a diminuição do despacho térmico a combustíveis fósseis em 2016 e o crescimento da geração de eletricidade em usinas hidrelétricas, dada a recuperação dos níveis dos reservatórios entre 2015 e 2016, fato que não ocorria desde o período entre 2010 e 2011. Torna-se importante funda- mentar que a elevação da geração de energia elétrica a partir de hidrelétrica só não foi maior devido a situação do sistema Nordeste, que continua extremamente crítica. Este aspecto será discutido adiante.

A evolução anual consolidada das emissões de GEE no SIN até o fi m de 2016 está repre- sentada na Figura 28. Nele é possível constatar a ligeira retração das emissões entre 2014 e 2015 (-9,0%) e a signifi cativa redução das emissões quando comparados os anos de 2015 e 2016 (-33,6%).

Figura 28 – Evolução anual das emissões de GEE associadas à geração de eletricidade no SIN (2009-2016)

Fonte: Elaborado a partir da base de dados do SEEG Monitor Elétrico

Por fi m, cabe trazer alguns dados sobre a expansão tanto da capacidade instalada quanto da geração a partir das renováveis não hídricas. Como já delineado, a fonte eólica foi a que apresentou o maior crescimento nos últimos anos, tanto em termos de capacidade instalada quanto em termos de geração, conforme mostra a Figura 29.

Figura 29 – Evol ução da geração (GWh) e da capacidade instalada (MW) da fonte eólica (2006-2015)

Fonte: BEN 2016, Ano-base 2015

A biomassa também apresentou crescimento nos últimos 10 anos, principalmente devido à expansão da cogeração a partir do bagaço de cana-de-açúcar e signifi cativa contribuição da geração a partir de lixívia21, chegando, em 2015, a uma capacidade

instalada de 13,24 GW, tendo sido responsável pela geração de 47.394 GWh (ver Fi- gura 30), o que a colocou como a terceira principal fonte no provimento de energia elétrica naquele ano, atrás apenas da hidroeletricidade e da termeletricidade fóssil, como já comentado.

21 Resíduo líquido presente na indústria de papel e celulose, disponível como um dos subprodutos da digestão após o

Figura 30 - Evolução da geração (GWh) e da capacidade instalada (MW) da biomassa (2006-2015)

Fonte: BEN 2016, Ano-base 2015

As pequenas centrais hidrelétricas (PCH22), por sua vez, tiveram uma expansão mais

tímida da capacidade instalada, quando comparadas à energia eólica e à biomassa, chegando, em 2015, à 4,88 GW (ver Figura 31). Entretanto, um acompanhamento feito pelo IEMA indica uma retomada desse tipo de empreendimento entre 2015 e 2016. No leilão A-5 ocorrido em 2015 e nos leilões A-5 e de reserva ocorridos em 2016, houve 57 projetos de PCHs vencedores, totalizando 509 MW a serem adicionados à matriz. Parte do crescimento das pequenas centrais hidrelétricas está associado também a um fe- nômeno de reinventariar as bacias e compor pequenos projetos ao invés de grandes projetos. Essa prática facilita o licenciamento ambiental e permite aos empreendedo- res atuar em todas as etapas do projeto. Há riscos signifi cativos nesse processo, sobre- tudo quanto a impactos e efeitos ambientais cumulativos.

22 Unidades de aproveitamento de potencial hidroelétrico com potência instalada maior que 1 MW e menor ou igual

a 30 MW, exploradas nas modalidades de produção independente ou autoprodução e que respeitam as regras impostas pela ANEEL quanto à área inundada à montante do barramento.

Figura 31 – Evolução da capacidade instalada de PCH (MW) entre 2006 e 2015.

Fonte: BEN 2016, Ano-base 2015

Outra fonte que tem apresentado crescimento é a solar fotovoltaica. Praticamente ine- xistente até 2010, hoje esta fonte já conta com 21 MW de capacidade instalada na mo- dalidade centralizada, contribuindo, em 2015, com a geração de 59 GWh (ver Figura 32).

Figura 32 - Evolução da geração (GWh) e da capacidade instalada (MW) de solar fotovoltaica na modalidade centralizada (2006-2015)

Fonte: BEN 2016, Ano-base 2015 6.000 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000

A energia solar fotovoltaica, no entanto, tem-se destacado na mini e microgeração des- centralizada. Dados do Balanço Energético Nacional de 2016 informam que o Brasil já contava, em 2015, com 16,5 MW instalados nessas modalidades, o que correspondeu a uma geração de 20 GWh.

Com base em todos os dados apresentados e discutidos até aqui, alguns pontos cha- mam atenção, razão pela qual são abordados em maior detalhe a seguir:

1. A queda das emissões de GEE verifi cada nos anos de 2015 e 2016 apresenta dois vetores principais – a redução da demanda de energia provocada pela cri- se econômica, por um lado, e a diminuição do despacho térmico em função da recuperação das condições hidrológicas e da entrada de fontes renováveis, em particular a eólica, por outro;

2. Não obstante essa redução das emissões verifi cada nos últimos dois anos, um olhar mais abrangente evidencia uma crescente inserção da geração termelétri- ca na matriz elétrica brasileira;

3. Ao mesmo tempo, também se tem verifi cado a expansão das fontes renováveis que não as médias e grandes hidrelétricas.

4.2 REDUÇÃO DO DESPACHO TÉRMICO EM