• Nenhum resultado encontrado

Desde o ano 2000 que estão em plena exploração as infra-estruturas dos sistemas multimunicipais de abaste- cimento de água e de saneamento de águas residuais criados em meados dos anos 90. No período entre 2000 e 2004 verificou-se uma elevada actividade na execução de estudos e projectos e, consequentemente, no lançamento e na reali- zação de empreitadas de construção das infra-estruturas dos sistemas multimunicipais criados no âmbito do PEAASAR. Actualmente as suas actividades estão focalizadas na finalização destas empreitadas e está em fase de conclusão o processo de integração das infra-estruturas que transitaram dos municípios para os sistemas multimunicipais, inician- do-se proximamente, nalguns casos, e a médio prazo, noutros, a sua operação e manutenção. Neste contexto, desde finais do ano 2004 que para as novas empresas multimunicipais as actividades de operação e manutenção adquiriram um peso e importância crescentes.

Atenda-se a que:

• Os sistemas multimunicipais criados no âmbito do PEAASAR 2000-2006 são compostos por um elevado

número de subsistemas de captação, tratamento e adução de água para consumo humano e de recolha, transporte e tratamento de águas residuais urbanas, com forte dispersão geográfica e grande diversidade de dimensão e de complexidade técnica;

• Um dos objectivos complementares a atingir com a implementação das empresas multimunicipais é o

desenvolvimento regional, através da dinamização do mercado, promovendo a utilização de empresas pres- tadoras de serviço nas áreas de projecto, de construção e de operação e manutenção dos sistemas, servindo assim como motor ao fortalecimento das empresas regionais e nacionais que actuam no sector;

• Existe já, em algumas empresas multimunicipais mais antigas (empresas de 1.ª geração), uma experiência

acumulada e resultados práticos demonstrativos do desempenho obtido com determinados modelos de con- tratação externa, que podem ser um contributo importante para a escolha do caminho a seguir nas empresas multimunicipais mais recentes no domínio das actividades de operação e manutenção.

Tendo isto em conta, considera-se como fulcral, na agenda da implementação dos sistemas multimunicipais, a definição das linhas orientadoras para o modelo a seguir nas actividades de operação e de manutenção, tendo em vista uma elevada eficiência na gestão dos sistemas e uma elevada qualidade dos serviços prestados aos utilizadores. Nesse sentido, deve ser elaborado e implementado um Plano de Acção específico sobre esta matéria dirigido às empresas concessionárias de sistemas multimunicipais de abastecimento de água e de saneamento, que será a referência para a sua actuação no período 2007-2013 naquilo que respeita às actividades de operação e manutenção de infra-estruturas. O referido plano terá por base os seguintes pressupostos:

O outsourcing a desenvolver pelas empresas deve visar em primeiro lugar a optimização da gestão de cada

um dos sistemas concessionados e as economias de exploração, de escala e de gama, adoptando soluções ajustadas à especificidade de cada situação;

• Adicionalmente, deverá promover-se uma dinamização e reforço do tecido empresarial;

• Devem ser incentivadas opções de gestão que promovam o aumento da concorrência e da competitividade; • O maior recurso ao outsourcing não deve impedir que as actividades de operação e manutenção continuem

a constituir um dos núcleos fundamentais das competências das empresas;

• As opções a tomar terão que se enquadrar com a necessidade da existência de comparadores públicos para

os contratos de colaboração entre entes públicos e entes privados, nos termos da lei.

A eficácia e o sucesso desta estratégia passarão pela adopção e implementação de um conjunto de medidas relevantes, no domínio dos sistemas multimunicipais:

• Preparação, lançamento e gestão do Sistema de Qualificação de Prestadores de Serviços de Operação e

Manutenção de Sistemas;

• Elaboração de Processos de Concurso Tipo para Prestações de Serviço de Operação e Manutenção de

Sistemas ajustados aos diferentes tipos e dimensões dos sistemas;

• Preparação e desenvolvimento de programas de auditorias técnicas para as actividades de operação e

manutenção;

Sistema de comparação de desempenho (benchmarking) da operação e manutenção de instalações e equi-

pamentos de sistemas de abastecimento de águas e de recolha e tratamento de águas residuais;

• Consolidação do núcleo de especialistas para a área de operação e manutenção.

• Dar continuidade aos contratos de prestação de serviços de operação e manutenção nos quais as empresas

multimunicipais sucederam às Câmaras Municipais.

• Proceder com contenção e especial rigor na contratação de pessoal afecto à área de operação e

manutenção.

• Identificar as situações em que é urgente a tomada de decisão sobre a contratação de serviços externos,

devido, nomeadamente, à transferência de infra-estruturas em exploração das Câmaras Municipais para as empresas multimunicipais.

Da mesma forma, nas restantes entidades gestoras públicas, designadamente autarquias, SMAS e empresas municipais, devem também ser incentivadas soluções que passem pela contratação externa dos serviços de operação e manutenção de sistemas de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais, sempre na perspectiva da optimização da gestão.

7.1. Enquadramento

Nos últimos anos tem vindo a assistir-se a uma intensificação da complexidade e da abrangência do normativo ambiental. Numa primeira fase, de uma abordagem centrada nas várias componentes ambientais (p. ex. Directiva das Águas Residuais Urbanas) passou-se para uma perspectiva de protecção integrada dessas componentes (p. ex. Directiva Quadro da Água). Mais recentemente, o normativo ambiental passou a reflectir outros factores, nomeadamente os relativos ao carácter global dos problemas (p. ex., Protocolo de Quioto), bem como os que pretendem salvaguardar os direitos de acesso à informação e à participação na decisão.

Alguns dos documentos relevantes de transposição para o âmbito nacional deste acervo normativo estão em fase final de preparação ou encontram-se numa fase inicial de aplicação. Este facto coloca uma complexidade acrescida, na medida em que torna mais exigente o alcançar de um equilíbrio entre as diversas perspectivas técnica, económica e ambiental.

Em face do exposto a solução mais razoável será definir objectivos e medidas tão concretas quanto possível, capazes de contribuir para a construção dos já referidos equilíbrios, cabendo ao IRAR, no âmbito do processo de controlo e acompanhamento de indicadores de desempenho, aferir o trabalho desenvolvido pelas entidades gestoras, avaliando-o numa lógica de “melhores práticas”.