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Orientações para elaboração dos Planos Próprios

No documento AGRUPAMENTO VERTICAL DE ESCOLAS DO AMIAL (páginas 69-73)

O Plano Próprio (PP) define-se em função da especificidade da turma e deverá permitir um nível de articulação (horizontal e vertical) entre as várias áreas disciplinares e conteúdos, explicitando as estratégias de ação, de acordo com as linhas definidas no projeto educativo do Agrupamento, identificando as metodologias de diferenciação pedagógica a desenvolver com os alunos.

Tendo em conta os aspetos expostos, apresentam-se algumas linhas orientadoras subjacentes à construção de um PP de grupo/turma.

6.1- O que deve conter

Assim, o desenho do PP pode ser iniciado pela realização de fichas de cariz diagnóstico e inquéritos aos encarregados de educação de forma a ter uma ideia sobre o perfil da turma. Na elaboração deste perfil, podem ser considerados os seguintes aspetos:

Número de alunos

Número de rapazes/raparigas Alunos repetentes (nº de retenções)

Alunos que se encontram fora da escolaridade obrigatória Alunos com necessidades educativas especiais

Enquadramento sócio-económico e cultural Problemas de inserção ou de relações intra-turma Composição do agregado familiar

Identificação dos encarregados de educação Importância da escola para os alunos

Profissão desejada pelos alunos

Expectativas de prosseguimento de estudos após a conclusão da escolaridade básica

Aquisição de aprendizagens anteriores  (…)

Face ao perfil da turma, podem ser identificadas situações muito específicas que devem merecer uma reflexão profunda por parte do Conselho de Turma. Deste modo, os professores que constituem o conselho de turma em colaboração com outros técnicos (por exemplo Psicólogo escolar, Professor Ensino Especial, …) deverão centrar-se no

Caracterização dos alunos (Perfil da Turma) Caracterização da equipa educativa (professores e outros técnicos) Prioridades do PEE e das opções

enunciadas no PEDC

Finalidades educativas do PP

desenvolvimento das competências gerais do ensino básico, privilegiando, em cada momento, as competências adequadas às situações reais do grupo turma, de modo a que todas as áreas curriculares disciplinares contribuam para uma eficaz construção das aprendizagens nos domínios implícitos no currículo nacional (conhecimentos, capacidades e atitudes).

6.2- Definição das finalidades educativas do PP

Face ao perfil da turma, os vários elementos que compõem o conselho turma devem definir metas/objetivos que se propõem alcançar durante o ano letivo.

Elaboração de linhas de atuação uniformes face aos problemas reais da turma (marcação de faltas, métodos de trabalho, formas de avaliação, …)

Definição de modos de articulação horizontal entre as áreas curriculares disciplinares.

Seleção das competências gerais e essenciais consideradas prioritárias face às características da turma.

Planificação de atividades de enriquecimento curricular (visitas de estudo, torneios desportivos, ateliers, clubes, teatro, …)

Elaboração de planos de apoio específicos face às necessidades diagnosticadas.

6.3- Articulação Curricular

Nas áreas curriculares, os professores devem ter presente a necessidade de articulação vertical e horizontal dos programas, trabalhados nos respetivos departamentos curriculares, e que será ajustada face à turma. Aceitando o princípio de que no ensino-aprendizagem se deve respeitar a sequencialidade em espiral dos conteúdos, é importante que os professores, nos diversos níveis de escolaridade, conheçam quer as intenções dos objetivos da formação nos níveis que os antecederam e os que lhes vão seguir, quer os conteúdos programáticos das áreas disciplinares a que se encontram ligados. Já ao nível da turma e do PP, cabe ao respetivo conselho construir uma articulação, já não apenas no pressuposto de que determinado assunto foi ensinado e aprendido, mas que tenha em conta as situações reais dos alunos que constituem a turma.

É importante que na elaboração de um programa próprio se fomente a rutura com a tradicional compartimentação dos conteúdos baseada numa lógica disciplinar. O currículo deve ser visto de uma forma mais ampla de modo a valorizar e a incorporar outras experiências e outras dinâmicas segundo uma perspetiva interdisciplinar. O PP pode, desta forma, auxiliar o esbatimento das fronteiras das áreas disciplinares e organizar o currículo a partir de temas ou centro de interesses dos alunos.

Assim, o PP é um instrumento que, devidamente articulado com as várias áreas disciplinares e não disciplinares, assenta numa visão global das situações, privilegiando o trabalho colaborativo entre professores, entre estes e os alunos e estes entre si.

O PP pode, face à turma em causa, ser construído a partir de uma questão, tema ou problema real da vida dos alunos, abordado e estudado na sua globalidade.

Modos de organização curricular

Temas integradores

Ideias-chave

Atividades globalizadoras

Núcleos interdisciplinares

A nível do conselho de turma, é fundamental que se concretizem modos de articulação curricular, se cruzem competências e se defina claramente o modo de intervenção das áreas curriculares não disciplinares ao nível do PP.

6.4- Formas de organizar a Integração Curricular

A- Integração relacionando conteúdos de várias disciplinas Respeitar as diferenças entre as disciplinas;

Estabelecer uma coordenação clara entre as disciplinas implicadas, tendo em conta que algumas disciplinas necessitam de conteúdos de outras para poderem ser entendidas (ex: as ciências naturais e as ciências físico-químicas precisam de certas operações matemáticas);

Coordenar as programações para facilitar o trabalho interdisciplinar de temas que dependem de conteúdos e procedimentos que são próprios de outras disciplinas. B- Integração através de temas, tópicos ou ideias

Todas as áreas são atravessadas por um grau de integração, por um interesse comum, de modo a facilitar uma maior compreensão do tópico eleito (por exemplo o tema “Alimentação” permite integrar um vasto leque de conteúdos de diferentes áreas do conhecimento: educação artística, língua portuguesa, matemática, etc…); Todas as áreas de conhecimento passam a estar subordinadas à ideia tópico que serve de base à integração disciplinar.

C- Integração em torno de questões da vida prática /quotidiano

Os problemas da vida quotidiana requerem conhecimentos, destrezas e procedimentos que não estão localizados apenas no âmbito de uma disciplina. Integram-se, neste caso, os denominados temas transversais, como, por exemplo, as relações interpessoais, a paz, a droga, educação sexual, etc…

Trabalhar nesta perspetiva implica comprometer-se em propostas de trabalho integrado que passam por questões sociais e morais e que não cabem apenas no domínio disciplinar.

Os conteúdos a trabalhar não se apresentam aos alunos de forma disciplinar mas deverão ser desenvolvidos de forma transversal e associados a problemas sociais e práticos do quotidiano, para serem melhor compreendidos.

D- Integração a partir de temas ou investigações propostas ou escolhidas pelos alunos

A ideia que está subjacente a esta forma de integração é a de que as crianças e os jovens aprendem melhor os conteúdos se estes estiverem relacionados com as questões e problemas que eles consideram importantes no seu próprio mundo.

A grande diferença em relação às formas de integração anteriores é que, nesta modalidade, são os alunos que decidem qual o tema e o eixo para organizar os conteúdos das distintas disciplinas.

6.5- Recursos humanos e materiais

Neste ponto definem-se as necessidades a nível dos recursos para a implementação do projeto:

- identificação do papel que cada elemento da comunidade escolar (alunos, professores, pessoal auxiliar, encarregados de educação) pode desempenhar;

- listagem / enumeração dos recursos materiais indispensáveis para o desenvolvimento e concretização do projecto. De acordo com as atividades a realizar pelas diversas áreas, podem ser propostos os espaços que serão prioritários utilizar (biblioteca, sala de informática, sala de recursos, vídeo, filmes, máquina fotográfica, …)

6.6- Metodologias, experiências educativas e situações de

aprendizagem a concretizar na turma

É importante que se definam o tipo de atividades que prioritariamente se irão desenvolver na turma em situações de aprendizagem. De entre um conjunto variado de atividades que podem ser concretizadas quer nas áreas disciplinares, quer nas áreas curriculares não disciplinares, podem citar-se: Brainstorming (tempestade de ideias), “Tiro ao alvo”, atividades de observação, resolução de problemas, situações-problema, estudos de caso, visitas de estudo, entrevistas, dramatizações (“role-play”), etc…

6.7- Avaliação do Plano Próprio de Turma

É importante que durante a elaboração de um programa se definam modos de avaliação. O desenvolvimento de práticas de reflexão e análise, individuais e coletivas, permitem a construção de programas coerentes e significativos. Dentro deste domínio, é fundamental a implementação de práticas de autoavaliação quer pelos professores quer pelos alunos. No caso dos alunos pode ser sugerida a construção de portfolios de avaliação. Um portfolio pode conter:

Lista de livros lidos;

Registos gravados, em áudio e vídeo, sobre as aprendizagens realizadas pelo aluno, em diversas situações;

Registos de leituras em grupo, atividades de aprendizagem (trabalhos de grupo), apresentações orais e entrevistas realizadas pelos alunos;

Relatórios escritos;

Vídeos sobre trabalhos realizados pelos alunos; Gráficos, esquemas e diagramas;

Notas realizadas pelos alunos relacionadas como desenvolvimento de projetos; Amostras de registos escritos (testes, fichas, …) e outros trabalhos;

…

Um programa de turma tem subjacente a intenção de dar vez e voz aos alunos a que se destina e de gerar aprendizagens significativas para esses alunos. Deve, pois, ser construído de forma a proporcionar uma visão global das situações de aprendizagem e deve permitir uma construção interdisciplinar e integrada dos saberes.

No documento AGRUPAMENTO VERTICAL DE ESCOLAS DO AMIAL (páginas 69-73)

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