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A representação do mundo social é ampla e com limites difusos, onde se podem distinguir aspectos centrais e periféricos. Os pilares centrais da representação social compreendem a política e a economia. Ao seu redor se organizam outros pontos como a nação, a família, a escola, entre outros. Na seqüência, alguns aspectos da representação do mundo social são apontados.

QUADRO 2 - CAMPOS DA REPRESENTAÇÃO DO MUNDO SOCIAL (CONFORME DELVAL, 1989, 1994; DELVAL E PADILLA, 1999).

Os distintos campos da representação do mundo social têm características diferentes e graus de dificuldade desiguais, conforme esclarece Delval (1994):

TEMAS DA REPRESENTAÇÃO ASPECTOS SOBRE OS QUAIS VERSAM AS REPRESENTAÇÕES DA SOCIEDADE

Família A concepção de família

Papéis sexuais

Diversidade social Diferenças de raça

Preconceito

Guerra e paz O conflito social

A guerra, suas causas e soluções

Nascimento e morte

A história A evolução das sociedades

O tempo histórico

En algunos casos se trata simplemente de comprender regulaciones sencillas sobre cierto usos sociales. En otros hay que entender sistemas simples, muchos de cuyos aspectos pueden comprenderse de una forma concreta. Esto sucede, por ejemplo, con muchas viertientes de la ideia de país. En cambio, en otros casos se trata de entender un sistema muy amplio que está fomado, a su vez, por subsistemas que interactúan, como en el caso de la organización económica o la organización política de la sociedad, que resulta muy compleja de entender y su comprensión parece exigir intrumentos de tipo formal (p. 474)

Para construir uma representação ou um modelo de funcionamento do sistema econômico, por exemplo, é necessário ter informações e experiências sobre a atividade financeira; também é preciso organizá-las e construir um sistema em que os diversos pontos se encaixem. A todo momento o indivíduo está se perguntando sobre os fatos sociais : ”de onde vem o dinheiro?”, “quem põe o preço nas coisas?”, entre outras, e tem que organizar todos esses dados, que constituem diversos sistemas, num todo coerente, implicando numa capacidade que a criança mais nova ainda não dispõe.

Segundo Delval:

Cada uno de los distintos campos requiere el empleo de los instrumentos intelectuales que el niño forma a través de su acción sobre el mundo y uno de los problemas de interes en este estudo es ver cómo interactúan los medios intelectuales del sujeto con los conceptos sociales que forma y si esa intección es del mismo tipo que la que se produce respecto a los conceptos físicos o matemáticos. (1994, p. 274).

Delval (1989, 1994) ressalta que há dois fatores interligados que explicam a representação parcial que a criança vai construindo do mundo social, são eles o caráter fragmentário e indireto de sua experiência social e a insuficiência de seus instrumentos intelectuais. Para que a criança construa uma representação da ordem econômica, ela precisa ter informações e experiências sobre a atividade econômica e para organizá-las, isto é, construir seu conhecimento, precisa ter certa capacidade cognitiva. “La falta de información y experiência, y la debilidad de los instrumentos intelectuales son dos aspectos indisociables que explican el carácter de la representación infantil del mundo social.” (DELVAL, 1994, p. 471)

De acordo com o teórico espanhol, a partir de suas pesquisas sobre a compreensão da criança da sociedade, a criança entende a realidade de forma diferente do adulto. Na concepção infantil, a realidade é muito mais harmônica e

cooperativa, pois a sociedade, para a criança, possui uma ordem completamente racional em que cada coisa está situada em um lugar que corresponde à realidade e serve para satisfazer as necessidades do homem.

4. ESTUDOS SOBRE A COMPREENSÃO DE PROBLEMAS ECONÔMICOS E A NOÇÃO DE LUCRO

O objetivo deste capítulo não é realizar uma exaustiva revisão deste campo, mas sim examinar a evolução de alguns estudos sobre a compreensão da noção econômica em crianças, buscando enfocar, em especial, a noção de lucro. Como afirma Delval, “la noción de ganancia es una especie de piedra angular de la comprensión de todo el orden social pues una gran parte de las actividades que realizamos las hacemos porque vamos a obtener um beneficio o una ganancia con ellas” (1989, p. 282).

Compreender como a criança entende a realidade econômica e os conceitos em relação ao dinheiro serve como modelo de estudo da compreensão infantil da realidade social. Dentro da economia aparecem uma gama muito vasta de problemas, cada um com sua complexidade, como o banco, o lucro, o valor do dinheiro, as relações trabalhistas, a distribuição de mercadorias. Como vemos em Delval:

El proceso de funcionamiento económico de la sociedad es algo muy complejo que tiene muchos aspectos todos los cuales mantienen relaciones estrechas entre sí. Se trata de un sistema en el sentido más estricto en el que cada parte influye en todas las demás. La mayor parte de los adultos desconocemos como funciona este sistema económico y cuáles son las relaciones entre las distintas partes cuando el problema se plantea en el detalle, pero, a diferencia de los niños, somos capaces de entender al menos las grandes líneas y muchos de los aspectos más evidentes. (1989, p. 268)

Como já vimos, a organização social é composta por inúmeros eixos inter-relacionados, como o econômico, o político, a nação, a moral, a família, as classes sociais, a religião. Fazendo um recorte neste grande tema que é o conhecimento social, trabalhamos com o fator econômico, aspecto presente prematuramente no cotidiano da criança.

“Además, el niño entra muy pronto en contacto con este aspecto del mundo social, antes que con otros aspectos igualmente importantes pero más elejados de su experiencia inmediata, como la actividad política. A esto se añade que el asunto se presta mejor a ser investigado que otros aspectos del conocimiento social, pues existen elementos materiales, como el dinero o las mercancías, que el niño maneja pronto y que son aparentemente menos abstrusas que las relaciones políticas”, (DELVAL, ECHEÍTA, 1991, p. 72.)

As primeiras investigações sobre a compreensão do mundo econômico surgiram a partir do ano de 1897. Eram observações sobre o comportamento da criança com o dinheiro, sua compreensão do valor das moedas, qual o sentido do dinheiro para elas, a tendência que os pequenos tinham ou não de economizar, para que o dinheiro era necessário, entre outros pontos.

Utilizaremos para este trabalho estudos mais atuais, embora os primeiros ainda não tendo o lucro como foco, são importantes porque estão dentro da perspectiva piagetiana e estudam a atitude que a criança tem em relação ao dinheiro e ao hábito de economizar. Posteriormente alguns estudiosos, ao verificarem a dificuldade que as crianças tinham em compreender o lucro, direcionaram seus estudos para este fim.

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