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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.3 Os sujeitos da pesquisa

A determinação do número de sujeitos que participam de pesquisas com abordagem qualitativa consiste em assunto que requer assumir a flexibilidade para tal estabelecimento (TRIVIÑOS, 2012). A seleção não deve seguir critérios de amostragem com base em representatividade estatística; portanto, sem necessidade do estabelecimento prévio deste número. Assim, ocorre flexibilidade para esta definição e para o retorno do pesquisador ao campo no intuito de ampliar a compreensão analítica (GODOI; MATTOS, 2006; MINAYO, 2008). Desta forma, o número de sujeitos foi definido no decorrer do trabalho de campo, no qual a acessibilidade aos pesquisados e o atendimento de critérios estabelecidos para essa participação resultaram em quarenta sujeitos. Ressalte-se que o critério de saturação auxiliou na definição desse limite (SEIDMAN, 1991; CRESWELL, 2007) entendido como o momento em que não emergem novos conteúdos pertinentes e relevantes para pesquisa e a base teórica foi considerada (CRESWELL, 2007).

Os quarenta sujeitos foram divididos em dois grupos: a) o primeiro grupo foi composto por sete profissionais que auxiliaram no levantamento de componentes histórico-contextuais sobre a carreira e a aprendizagem dos gestores públicos; b) e o segundo grupo por trinta e três gestores públicos que relataram suas experiências e interpretações sobre a carreira e a aprendizagem, a partir da passagem pela ENAP e com a inserção na carreira.

Para o primeiro grupo, os potenciais respondentes deveriam estar vinculados, mesmo que por período de tempo restrito, com a história da ENAP ou com o curso preparatório para a carreira dos gestores públicos. Esses sujeitos foram identificados durante a realização do trabalho de campo e por meio da pesquisa documental. Obtidos seus contatos, foram consultados via e-mail, por telefone ou pessoalmente sobre a participação na pesquisa. Para tanto, foi repassada a todos uma carta de apresentação assinada pelo professor orientador, esclarecendo o objetivo da pesquisa e a garantia de anonimato (APÊNDICE A). Os sete profissionais foram referenciados com base na seguinte codificação:

• E (Entrevistado); • C (Contexto);

• 01 em diante (número do participante por ordem cronológica de execução das entrevistas).

A caracterização dos sete pesquisados do grupo EC (Entrevistados sobre o Contexto) está sintetizada no Quadro 4, a seguir. Detalhamentos foram apresentados mantendo o compromisso de preservar o anonimato dos respondentes. A maioria possui: a) formação na área de ciências sociais/sociais aplicadas (4 respondentes); curso superior completo com doutorado (6 respondentes); trabalha em Brasília (6 respondentes); e do sexo masculino ( 4 respondentes).

Quadro 4 – Caracterização dos entrevistados do grupo EC

Item Caracterização Respondentes

(número) Vinculação com a ENAP/curso Ex-dirigente¹ Dirigente¹ 3 3 Servidor público federal

(auxiliou no processo de criação da ENAP) 1 Local de trabalho Brasília 6 São Paulo 1 Sexo Masculino 4 Feminino 3 Educação formal

Superior completo com

mestrado 1

Superior completo com

doutorado 6

Área de conhecimento da

formação²: graduação Ciências Sociais/Sociais Aplicadas Ciências Humanas

4 3

Notas: (1) em funções vinculadas direta ou indiretamente com o curso para inserção na carreira: como professor ou atuante nas áreas de coordenação, direção ou presidência da escola. (2) com base na composição das áreas de conhecimento adotada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (CAPES).

Fonte: dados da pesquisa.

O segundo grupo de pesquisados foi composto exclusivamente por trinta e três egressos da ENAP, os Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental que fizeram o curso de formação inicial para inserção na carreira. São denominados na tese como “gestores públicos”, diante da constatação de distintas referências a tais egressos (gestores governamentais, EPPGG, gestores do Estado, gestores). Para uniformizar a terminologia, adotou-se a nomenclatura vigente na CBO válida a partir de 2002 em todo o território nacional, na qual estes sujeitos são classificados como “gestores públicos”. Na CBO, o grupo dos Analistas de Planejamento e Orçamento, é considerado pertencente à “família ocupacional” dos gestores públicos, mas que não fazem parte do perfil de sujeitos participantes da pesquisa.

Cada gestor público deveria atender dois critérios complementares para que os relatos fossem considerados na pesquisa:

I. Ter passado por todas as fases do curso preparatório para a carreira na ENAP. A justificativa deste critério é pela pertinência de que o pesquisado tenha concluído o curso e, com isso, possa recuperar diferentes facetas dessa experiência. Para esse critério, foram conferidos documentos na ENAP e acessadas informações com os próprios pesquisados por e-mail, telefone ou pessoalmente.

II. Estar em efetivo exercício como servidor público e vinculado à estrutura da carreira por ocasião da coleta de dados. A justificativa é que com isso foi permitida a investigação de analogias pelos sujeitos relativas às suas experiências vividas na escola de governo em face às demandas da carreira. Foi realizada pesquisa no Portal da Transparência, seção Servidor, com consulta sobre situação funcional do gestor público e o órgão no qual estava em exercício4. Também foram mantidos contatos com os gestores públicos

por e-mail, telefone ou pessoalmente para esta conferência.

O perfil para a participação na pesquisa refere-se aos gestores públicos que concluíram o curso preparatório inicial na ENAP e que estavam em exercício na carreira por ocasião da coleta de dados. Cabe esclarecer que não fizeram parte da pesquisa: a) os licenciados; b) gestores públicos em exercício fora de Brasília; c) aqueles que mudaram para outra carreira; d) e aposentados.

Foi repassada a carta de apresentação para os possíveis participantes (APÊNDICE A) com a descrição do objetivo da pesquisa e a garantia do anonimato. Vinte e seis gestores públicos não retornaram o contato com o e-mail enviado e cinco

4 Dados do portal originados do Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos,

disponível em http://www.portaltransparencia.gov.br. Possui atualização periódica e são disponibilizadas informações sobre a situação funcional de servidores e agentes públicos no Poder Executivo Federal.

justificaram impossibilidade de contribuir com o estudo. Trinta e três participaram e foram identificados com a seguinte codificação:

• E (Entrevistado); • GP (Gestor Público);

• 01 em diante (número do entrevistado por ordem de realização das entrevistas).

Assim, foi respeitada a privacidade de cada respondente evitando-se sua identificação ao longo do relato da pesquisa. No Quadro 5, estão apresentadas informações sobre os gestores públicos entrevistados de forma a manter preservado o anonimato desses participantes.

Quadro 5 – Caracterização dos entrevistados do grupo EGP

Item Caracterização Respondentes

(número)

Sexo

Masculino 19

Feminino 14

Educação formal

Superior completo com

mestrado 14

Superior completo com doutorado Superior sem mestrado/doutorado 9 10 Área de conhecimento da formação¹: graduação Ciências Sociais/Sociais Aplicadas Ciências Humanas Ciências Agrárias Ciências da Saúde Engenharias 15 8 3 1 6

Nota: (1) com base na composição das áreas de conhecimento adotada pela CAPES Fonte: dados da pesquisa.

Pode-se constatar que a maioria dos gestores públicos pesquisados: a) é do sexo masculino (58%); b) possui pós-graduação concluída (70%). Isoladamente, o conjunto das Ciências Sociais/Sociais Aplicadas foi a área de conhecimento mais freqüente na formação dos gestores públicos (45%). Nota-se no Quadro 5 a diversidade de áreas de conhecimento referenciadas como formação dos participantes, com a indicação de cursos que abrangem também as Ciências Humanas, Ciências Agrárias, Ciências da Saúde e Engenharias. Acerca dessa variação de áreas de conhecimento, vale aqui esclarecer que desde a primeira seleção para a carreira de gestor público, não foi exigida uma área de conhecimento específica para a graduação dos candidatos.