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Padrões de metadados originados das tradições biblioteconômicas

3.1 Padrões de metadados

3.1.1 Padrões de metadados originados das tradições biblioteconômicas

I. MARC - Machine Readable Cataloging Record

O MARC é o mais antigo dos padrões de metadados, elaborado em 1960 pela Library of Congress para atender a necessidade de se ter um padrão para entrada de dados bibliográficos nos primeiros sistemas de automação de biblioteca que despontavam na época.

Criado com o objetivo de catalogar eletronicamente o acervo das bibliotecas para permitir o empréstimo entre bibliotecas em redes interligadas, atualmente é o formato padrão adotado para entrada de dados bibliográficos em sistemas de automação bibliotecária e para a catalogação cooperativa.

O MARC nada mais é do que um formato padrão para gerenciamento de acervo eletrônico e intercâmbio entre bancos de dados bibliográfico. A entrada de dados em um

registro MARC e a definição dos pontos de acesso deste registro são baseadas nas normas de catalogação do AARC2. Desta forma o MARC fornecerá os insumos necessários para que um software bibliográfico administre adequadamente o seu banco de dados.

II. DUBLIN CORE

O Dublin Core é um padrão de metadados criado para facilitar a descoberta de recursos informacionais na web. Foi criado pela OCLC (On Line Computer Library) e pelo NCSA (National Center for Supercomputer Applications).

Em 1995 seus elementos descritivos foram baseados nos campos variáveis mais importantes do MARC para descrição de itens informacionais e permite o uso de qualificadores como o MARC para uma especificação maior na descrição de um objeto digital.

O Dublin core possui atualmente 15 elementos descritivos que são: 1. Title – título do objeto

2. Creator – responsáveis pelo conteúdo intelectual do objeto 3. Subject – tópico relacionado ao objeto descrito

4. Description – contém uma descrição textual do objeto

5. Publisher – agente responsável por tornar o objeto disponível 6. Contributor - outros “autores” do conteúdo intelectual do objeto 7. Date – data de publicação

8. Type - tipo do objeto

9. Format – formato de dado do objeto

10. Identifier – identifica o recurso de forma única

11. Source – objetos dos quais o objeto descrito é derivado 12. Language – idioma relativo ao conteúdo intelectual do objeto

13. Relation – indica um tipo de relacionamento com outros objetos 14. Coverage – localização espacial e duração temporal do objeto 15. Rights – contém referencia ou direitos de propriedade

Além dos elementos básicos o Dublin Core possui 24 qualificadores distribuídos entre os elementos principais.

Para Caplan (2001) o Dublin Core é incomum em relação a outros padrões de metadados, a começar pela generalidade de sua aplicação e uso, pois pode ser, e provavelmente é, um descritor para quase todo tipo de recurso de informação. Como o TEI e o EAD, o Dublin Core surgiu de maneira inesperada. Embora originalmente elaborado como um mecanismo que encorajasse os próprios autores de documentos eletrônicos a criarem seus próprios metadados em suas publicações, sua maior utilização Tem sido verificada em projetos associados a Bibliotecas, instituições culturais e agências do governo.

A coisa mais surpreendente sobre o Dublin Core, de acordo com Caplan (2001) é a extensibilidade de sua aplicação, que ironicamente também é sua maior fraqueza, pois a maioria dos projetos que utilizam o Dublin Core acham sua falta de especificidade um problema, acreditando ser necessário também, um pouco mais de refinamento semântico no Dublin Core. Entretanto sua importância no contexto das bibliotecas digitais foi concretizada em 2003, quando o Dublin Core se tornou uma norma ISO.

III. EAD – Encoded Archival Description

O desenvolvimento do EAD foi uma iniciativa da Universidade de Califórnia, Berkeley, em 1993. A meta do projeto era investigar a viabilidade de desenvolver um padrão não proprietário de codificação, para descrição dos recursos informacionais da rede da universidade. O EAD é baseado no “Standard Generalized Markup Language (SGML)”, não

sendo muito difundido na web. Este padrão agrupa seus elementos descritivos em dois segmentos, sendo que cada um deles respectivamente:

Provê informações sobre a “autoria” do arquivo; Provê informações sobre o “corpo” do arquivo.

Com relação a este padrão de metadados Caplan (2001) faz as seguintes considerações:

a) os idealizadores do EAD tiveram o MARC e o TEI como modelos. Entretanto, foi projetado como um auxiliar para a busca eletrônica de recursos em formato eletrônico ou não.

b) o EAD pode ser utilizado para descrever coleções acessíveis remotamente e seu propósito primário é melhorar a consciência de propriedade de arquivos em outros formatos: enquanto a descrição bibliográfica representa um item publicado, a descrição arquivística representa um fundo ou uma coleção gerada organicamente; a descrição bibliográfica enfatiza as características físicas e a descrição arquivística enfatiza a estrutura intelectual e o conteúdo.

c) o EAD foi rapidamente e internacionalmente adotado, particularmente por arquivos de universidades e departamentos de coleções especiais de bibliotecas acadêmicas, devido a sua habilidade de acomodar a prática de arquivo já existente, ao invés de forçar esta prática a se conformar aos limites de um formato de dados ou sintaxe. d) o EAD tem encorajado os arquivistas a reexaminarem conceitualmente a lógica, a

IV. GILS – Government Information Location Service

Este padrão de metadados teve seus estudos iniciados em 1992, em parceria do Office of Management and Budget, do National Archives e da Records Administration, órgãos governamentais dos Estados Unidos. Tendo sido aprovado em 1994 pelo Departamento de Comércio, foi adotado como padrão Federal para processamento de informações do governo americano e em 1995 tornou-se o padrão de metadados obrigatório por lei em todos os departamentos governamentais dos Estados Unidos.

O propósito do GILS é auxiliar o público em geral a localizar e acessar tanto informações como fontes de informações. Para isso, define cerca de 70 atributos, denominados elementos centrais (core elements) além de aproximadamente mais 100 elementos herdados do protocolo Z39.50.

Contudo, cada elemento de GILS pode ser: obrigatório ou opcional;

repetível ou não-repetível; controlado ou não controlado; e

elemento de agrupamento ou não-agrupamento.

Desta forma GILS pode ser entendido como: um serviço de coleta e disseminação de metadados; uma arquitetura para projeto físico e implementação e um esquema para descrição de metadados.

O GILS utiliza como base a linguagem SGML (Standard Generalized Markup Language) e protocolo de comunicação de dados Z39.50 - protocolo de consulta que permite que os dados sejam recuperados de sistemas remotos.

V. RDF – Resource Description Framework Schema

O RDF foi desenvolvido pelo W3C (World Wide Web Consortium), com base nas pesquisas do Dublin Core e da Arquitetura Warwick. Assim, é dividido em duas aplicações: o RDF Schema e o RDF Framework, que é uma arquitetura de metadados.

A parte descritiva deste padrão de metadados é chamada de Esquema RDF e define as propriedades dos recursos (título, autor, assunto, tamanho etc), os tipos de recursos e suas semânticas. Este padrão providencia informação sobre a interpretação das declarações dadas em um modelo de dados RDF e é baseado na linguagem XML. O Esquema RDF constitui a base descritiva da Arquitetura RDF, ou modelo de dados.