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Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Portuguesa

2 FUNDAMENTAÇCÃO TEÓRICA

2.3 Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Portuguesa

O objetivo dos Parâmetros Curriculares Nacionais é servir como referência, respeitando as diversidades regionais, culturais e políticas, além de construir referências comuns ao processo educativo.

Considerando que os objetivos do EF II sejam levar o aluno a compreender a cidadania como uma atividade política e social, a posicionar-se criticamente, a valorizar a pluralidade cultural e a utilizar as diferentes linguagens, o PCN-LP surge para reorganizar o EF II e melhorar a qualidade do ensino, fundamentando-se no desenvolvimento da leitura e da escrita.

De acordo com o documento, o processo de ensino-aprendizagem de LP centra-se na tríade aluno, conhecimento e professor / mediação. Centra-se no aluno no tocante aos saberes que são significativos às suas práticas sociais e, no professor, em relação à sua intervenção em sala de aula, mediada pela linguagem.

Tendo os PCN-LP como referência, cabe ao professor planejar e dirigir atividades didáticas que promovam a reflexão sobre os usos da língua, considerando a diversidade de textos e gêneros que circulam socialmente.

Os conteúdos de LP, portanto, devem organizar-se:

(...) em torno do eixo USO-REFLEXÃO-USO e reintroduzidos nas práticas de escuta de textos orais e de leitura de textos escritos, de produção de textos orais e escritos e de análise linguística, os conteúdos de Língua Portuguesa apresentam estreita relação com os usos efetivos da linguagem socialmente construídos nas múltiplas práticas discursivas. Isso significa que também são conteúdos da área os modos como, por meio da palavra, a sociedade vem construindo suas representações a respeito do mundo (...) (BRASIL, 1998, p.40).

Desse modo, os conteúdos propostos pelos PCN-LP para o EF II, são aqueles considerados como relevantes para a constituição da proficiência discursiva e linguística dos alunos, e que, segundo o referido documento, podem organizar-se em módulos didáticos, ou seja, em sequências de atividades e exercícios que, gradativa e progressivamente, permitam aos alunos se apropriarem das características enunciativas, discursivas e linguísticas3 dos gêneros estudados.

3 Os aspectos enunciativos,

discursivos e linguísticos serão aprofundados na seção “Sequência didática na perspectiva genebrina”.

Os PCN de LP servem como referência teórica para esta pesquisa quanto às proposições apresentadas em torno do eixo “reflexão-uso-reflexão”, haja vista que, em sala de aula, a PP tentou promover a reflexão crítica junto aos alunos acerca da função social do gênero currículo, explorando também seus recursos linguísticos e discursivos.

Com base nos PCN-LP, apresento a seguir, as expectativas de aprendizagem propostas pela SME-SP, que servem como referência e justificam minha escolha em relação ao trabalho com o gênero currículo.

2.3.1 Orientações e Proposição de Expectativas de Aprendizagem para o Ensino Fundamental II

As Orientações Curriculares e Proposição de Expectativas de Aprendizagem para o Ensino Fundamental (doravante OCPEA-EF) da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME-SP, 2007) têm como objetivo trazer para reflexão o que os alunos precisam aprender, relativamente, em cada uma das áreas do conhecimento, subsidiando as escolas para o processo de seleção e organização dos conteúdos ao longo do Ensino Fundamental.

Segundo esse documento oficial, a organização curricular funciona como uma ferramenta que apoia a prática docente, superando fronteiras e integrando diversos conteúdos em unidades coerentes, que auxiliam na aprendizagem dos alunos. Desse modo, uma aprendizagem significativa pressupõe:

(...) um caráter dinâmico, que exige ações de ensino direcionadas para que os estudantes aprofundem e ampliem os significados elaborados mediante suas participações nas atividades de ensino e de aprendizagem. Nessa concepção, o ensino contempla um conjunto de atividades sistemáticas, cuidadosamente planejadas, em torno das quais conteúdos e métodos articulam-se e onde professor e estudantes compartilham partes cada vez maiores de significados com relação aos conteúdos do currículo escolar. O professor orienta suas ações no sentido de que o estudante participe de tarefas e atividades que o façam se aproximar cada vez mais dos conteúdos que a escola tem para lhe ensinar (SÃO PAULO, 2007, p.20).

De acordo com as OCPEA-EF, a aprendizagem significativa, portanto, se dá por múltiplos caminhos, o que permite usar diversos meios e modos de expressão,

assumindo-se, assim, que cada indivíduo se apropria do conhecimento de maneiras diferentes. A avaliação, nesse contexto, considera o processo de desenvolvimento de tal forma que contribua para conscientização, tanto do aluno quanto do professor, sobre seus avanços e necessidades de aprendizagem.

No contexto desta pesquisa, cabe ressaltar que a avaliação da aprendizagem ocorreu de maneira formativa, considerando o processo de aprendizagem que leva ao desenvolvimento (NEWMAN e HOLZMAN, 2002), tendo como critérios de análise a participação dos alunos e suas produções escritas em classe durante a realização da SD sobre o gênero currículo, avaliação esta proposta de acordo com os documentos oficiais.

Partindo do pressuposto de que a aprendizagem deve ter significado, as expectativas de aprendizagem baseiam-se em alguns critérios como a relevância social e cultural, as habilidades a serem desenvolvidas, a faixa etária e a interdisciplinaridade. Nesse caso, o ensino de LP tem como finalidade levar o aluno a refletir sobre os usos da língua e a reconhecer os diferentes textos que circulam socialmente.

O ensino de LP no EF pressupõe que

Interagir pela linguagem significa realizar uma atividade discursiva: dizer alguma coisa a alguém, de uma determinada forma, num determinado contexto histórico e em determinadas circunstâncias de interlocução. É nas práticas sociais, em situações linguisticamente significativas, que se dá a expansão da capacidade de uso da linguagem e a construção ativa de novas capacidades que possibilitam o domínio cada vez maior de diferentes padrões de fala e de escrita (SÃO PAULO, 2007, p.32).

O foco do ensino de LP no EFII está na concepção dos usos que a constituem e, por esse motivo, se faz necessário trabalhar com os gêneros e as esferas discursivas. Nesse sentido, assim como os PCN-LP, as OCPEA-EF possuem como eixos o uso e a reflexão. O uso da língua relaciona-se ao processo de interlocução (historicidade, contexto de produção, organização discursiva e os processos de significação). A reflexão sobre a língua é relativa à análise do funcionamento em situações de interlocução (estrutura composicional dos gêneros, estrutura dos enunciados, padrões da língua escrita, variação linguística e descrição gramatical das unidades linguísticas).

As expectativas de aprendizagem, no referido documento, estão separadas por série, e, dentro de cada esfera discursiva, estão os gêneros a serem trabalhados em sala de aula pelo professor. O foco desta pesquisa não está em apresentar todos os conteúdos programáticos de todas as séries, mas apenas os conteúdos do 4º ano do ciclo II (9º ano). Segue um quadro-síntese com todos os gêneros indicados para o ensino de LP no 9º ano:

Quadro 2: Síntese dos gêneros indicados para o ensino de LP no 9º ano do EFII Gêneros frequentados em atividades

permanentes ou ocasionais

Verbete de enciclopédia, artigo de divulgação científica, biografia; notícia, reportagem, entrevista; crônica, conto, novela; poema, cordel, canção; formulários.

Gêneros selecionados para estudo e aprofundamento em sequências

didáticas ou projetos

Relato histórico, exposição oral; artigo de opinião, comentário; teatro; poema; currículo, entrevista profissional.

Fonte: extraído de OCPEA-EF (SÃO PAULO, 2007, p.80)

Com base no referido documento, foi selecionado para desenvolver a SD com a turma focal o gênero currículo, o qual pressupõe o desenvolvimento das habilidades que são apresentadas no quadro a seguir:

Quadro 3: Expectativas de aprendizagem para o ensino de LP no 9º ano do EFII Gêneros selecionados para estudo e aprofundamento em sequências didáticas ou projetos Expectativas de aprendizagem M od al ida de es cri ta E sfera da vida bl ica e prof iss ion al o G ên eros f oc al izad os e m se qu ên ci as d idá ti ca s/proj et os : cu rrí cu lo Leitura

P81 Relacionar o currículo ao seu contexto de produção

(interlocutores, finalidade, lugar e momento em que se dá a interação) e suporte de cirulação original (objetos elaborados especialmente para a escrita, como livros, revistas, papéis administrativos, periódicos, documentos em geral).

P82 Estabelecer conexões entre o texto e os conhecimentos prévios.

P83 Recuperar informações explícitas.

P84 Estabelecer a relação entre o título ou subtítulos e o corpo do texto.

P85 Comparar currículos quanto ao tratamento temático ou estilístico.

P86 Reconhecer os efeitos de sentido decorrentes da diagramação, de recursos gráfico-visuais (tipo, tamanho ou estilo da fonte).

Produção escrita

P87 Planejar o currículo: reunir informações pessoais presentes e passadas (documentos, escolaridade, experiências, cursos) e colocar em ordem cronológica.

P88 Produzir currículo a partir de modelo, levando em conta o gênero e seu contexto de produção, estruturando-o de maneira a garantir a relevância das partes em relação ao tema e aos propósitos do texto e a continuidade temática.

P89 Revisar e editar o texto focalizando os aspectos estudados na análise e reflexão sobre a língua e a linguagem.

Análise e reflexão sobre a língua e a linguagem P90 Identificar possíveis elementos constitutivos da organização

interna do currículo: identificação (nome, endereço, telefones, fax, e-mail.), formação (escolaridade), experiência.

P91 Examinar em textos o uso da justaposição de enunciados. P92 Examinar em textos o uso de numerais na orientação da

subdivisão do tema ou na enumeração de propriedades. P93 Examinar em textos o uso de recursos gráficos no currículo.

Fonte: adaptado de São Paulo (2007, p.85)

Desse modo, como PP, justifico a escolha de trabalhar com o gênero currículo pautada nas OCPEA-EF e nos critérios de relevância social, cultural e de habilidades a serem desenvolvidas assim como foi proposto pelo referido documento. A relevância social e cultural, nesta pesquisa, está na necessidade de aprendizagem dos alunos que, à época, tinham interesse em trabalhar como jovem aprendiz. Para lograr esse objetivo, a SD foi fundamental no desenvolvimento das habilidades requeridas para o gênero em questão.

Com base nos documentos oficiais, passo à próxima seção, apresentando a perspectiva genebrina sobre a didatização dos gêneros do discurso e, especificamente, justificando minha escolha em trabalhar com o gênero currículo.