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MÉTODO

“O método pode ser definido como o caminho para chegar a um determinado fim” (António Carlos Gil, 1999:26, cit in Silva, 2008:41)

4.1. ÁREADEESTUDO

Como foi referido na primeira parte deste trabalho, este possuiria uma componente essencialmente prática de investigação de forma a permitir um conhecimento mais profundo do fenómeno que se aborda, pretendendo-se desta forma atribuir um cariz mais exequível ao trabalho.

O presente estudo foi realizado em quatro escolas da Área Metropolitana de Lisboa. A área de estudo foi escolhida atendendo a dois critérios: o critério da diversidade de graus e sectores de ensino, ou seja, o estudo deveria incidir preferencialmente sobre professores de estabelecimentos de ensino distintos com diferentes graus e sectores de ensino e o critério da localização, ou seja, a localização dos estabelecimentos de ensino deveria ser vantajosa para o investigador em termos de relação institucional dos mesmos com a polícia, bem como à fácil acessibilidade de contacto com os mesmos70.

Inicialmente procurou-se identificar os estabelecimentos de ensino existentes na área para posterior contacto com os mesmos, tendo sido contactadas quatro direcções escolares, tendo todas elas dado um parecer favorável quanto à realização do estudo, tendo requerido apenas um contacto formal por parte da PSP. Após esta fase procedeu-se à entrega dos questionários nas direcções das escolas que os fariam chegar aos professores, tendo ficado estabelecido que o investigador os iria recolher passadas duas semanas após a entrega, o que sucedeu. De realçar que foram devolvidos 67 questionários por preencher, mas ainda assim consideramos positiva a aderência dos professores a esta investigação, tendo em conta que foram as direcções escolares a solicitar o preenchimento voluntário dos questionários que foi realizado fora da presença do autor.

70 Este critério de localização deriva de o investigador estar ou ter estado a realizar estágio profissional na

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4.2. PARTICIPANTESE CORPUSDEANÁLISE

Os estabelecimentos de ensino onde se realizaram o estudo são: dois do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico do ensino público um dos quais abrangido pelo Programa TEIP; um do Ensino Secundário de ensino público e um de Ensino Profissional de ensino privado.

O universo dos professores que fazem parte dos estabelecimentos de ensino visados, de acordo com informações recolhidas junto das direcções escolares, perfaz um total de 310 professores, aproximadamente. Deste universo apenas 126 professores é que se voluntariaram para responder ao inquérito. Assim, o corpus sobre qual incidiu a análise é constituído por 126 questionários e uma entrevista. De acordo com o universo em estudo constata-se que a percentagem dos professores que respondeu ao questionário é de 40%.

4.3. INSTRUMENTOSDEINVESTIGAÇÃO

Os instrumentos de investigação utilizados nesta parte do estudo foram o inquérito por questionário e a entrevista. O inquérito por questionário foi utilizado para a recolha de dados pois o mesmo “consiste em colocar a um conjunto de inquiridos (…) uma série de perguntas relativas à sua situação social, profissional ou familiar, às suas opiniões, (…) às suas expectativas, [bem como] ao seu nível de conhecimentos ou de consciência de um acontecimento ou de um problema (…) que interesse os investigadores” (Quivy e Campenhoudt, 2005:188). A entrevista também foi utilizada nesta parte e a sua escolha foi tida em conta porque é um instrumento que fornece “ao investigador (…) informações e elementos de reflexão muito ricos e matizados (…) [e] caracteriza-se por um contacto directo entre o investigador e os seus interlocutores” (Quivy e Campenhoudt, 2005:192).

4.3.1. INQUÉRITOPORQUESTIONÁRIO

Na elaboração do questionário procurou-se que as perguntas fossem compreendidas por todos os professores inquiridos, sem que fossem de cariz tendencioso e ambíguo. As questões colocadas foram as tidas por pertinentes e adequadas em função do objecto do estudo, que passaram pelo conhecimento e pela vitimação de casos de violência71 perpetrada contra os professores e a actuação policial nestes casos, de forma a compreender as representações que os mesmos têm da violência.

71 A selecção e definição de comportamentos violentos foi tida em conta de acordo com a definição de

39 O objectivo deste questionário foi identificar as representações dos professores sobre a existência de violência nas escolas contra professores, quais as suas formas, bem como a intervenção da polícia aquando do conhecimento da existência deste fenómeno.

O questionário é composto por 4 grupos de perguntas. O primeiro grupo é composto por 7 perguntas correspondentes aos dados de caracterização do professor, o segundo grupo tem 5 perguntas que correspondem a casos de violência contra professores nas escolas. O terceiro grupo de questões é o maior com 21 perguntas correspondentes à vitimação dos professores sobre a violência nas escolas e à actuação da polícia perante o fenómeno. Por último o quarto grupo com apenas uma questão correspondente a um conjunto de medidas de segurança passíveis de serem propostas para combater a violência. Tentou-se assim construir um questionário com perguntas claras, simples e pouco extensas para não fadigar os inquiridos, escolhendo-se questões do tipo fechadas e abertas. Após a elaboração do questionário, foi realizado um pré-teste que foi distribuído a 8 professores com o intuito de analisar a sua perceptibilidade, detectar erros, para validar as perguntas, bem como para ajustar mais algum pormenor. Depois de analisado o pré-teste foram efectuadas algumas alterações para que o questionário ficasse mais coerente.

4.3.2. ENTREVISTA

Depois de recolhidos e analisados os questionários, procurou-se entrevistar os professores que indicaram ter sido vítimas de violência e que disponibilizavam voluntariamente para o fazer. Os professores que indicaram não ter sido vítimas de violência na escola e se disponibilizaram para a entrevista não foram contados, pois a finalidade era aprofundar as representações de quem tinha sido vítima de violência.

Constatou-se que foram seis os professores que se enquadravam no perfil que era pretendido, razão pela qual foram todos contactados, tendo apenas um professor respondido ao pedido e se prontificado a fazer a entrevista. Os restantes professores que foram contactados ignoraram o pedido. Dado este desfecho inesperado, parte da nossa intenção inicial desvaneceu-se e uma das conclusões imediatas que se pode extrair é que muitos professores continuam a não querer falar da violência de que foram vítimas por razões que não se conseguiram apurar neste trabalho.

Ainda assim, e com apenas uma entrevista agendada, procedeu-se à elaboração de um guião de entrevista com oito questões relacionadas com a violência e com a actuação da polícia, tento a mesma sido realizada presencialmente e num espaço público,

40 encontrando-se transcrita no Anexo E deste trabalho. Esta entrevista serviu somente para uma experimentação e aprofundamento da metodologia, não sendo possível desenvolver a análise que se pretendia, por se ter ficado restrito a um só caso.

4.4. PROCEDIMENTO

Após ter sido aplicado o questionário, os dados das perguntas fechadas recolhidos foram introduzidos e analisados estatisticamente com recurso ao programa informático Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 15.0 para Windows. O uso desta ferramenta permite a análise estatística de dados para o domínio das Ciências Sociais e é um precioso instrumento de trabalho que executa procedimentos estatísticos, transformando os dados em informação compreensível. Quando os questionários foram entregues as variáveis já se encontravam categorizadas/codificadas.

Numa primeira fase, far-se-á uma análise descritiva dos dados obtidos no questionário e numa segunda fase, far-se-á uma análise por associação em função das hipóteses colocadas, bem como outras tidas por importantes no presente estudo. Em todos os testes de hipóteses que se realizaram fixou-se o nível de significância para aceitar a hipótese nula em (α) ≤ 0,05. Os testes de Qui-quadrado de independência foram utilizados quando se pretendeu analisar as diferenças de proporções ou testar a relação entre variáveis categóricas. Nos casos em que se compararam dois grupos em variáveis dependentes de tipo ordinal utilizou-se o teste de Mann-Whitney72.

Quanto à entrevista e às perguntas abertas do questionário, das mesmas extraiu-se as ideias fundamentais expressas em cada uma delas através da análise de conteúdo que se encontra transcrito nos Anexos D e E.

A discussão dos resultados será feita em função dos dados colhidos com maior importância para este estudo, apresentando-se algumas associações entre algumas questões. Apenas serão apresentados em tabela ou em gráfico os dados considerados mais relevantes para este estudo, sendo que os restantes encontram-se no Anexo C.

72 O teste de Mann-Whitney é uma estatística não-paramétrica e a sua escolha depende de quantos grupos ou

amostras estamos a comparar, e se são amostras independentes ou emparelhadas, e do tipo de variáveis que estamos a utilizar (nominais, ordinais ou de escala). Neste caso, como só estamos a comparar dois grupos (duas amostras independentes) e as variáveis são ordinais temos que utilizar este teste.

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CAPÍTULO V