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PEQUENA ESCATOLOGIA

No documento LIVRO DE ISAÍAS AD EXPERIMENTUM (páginas 88-92)

34

Julgamento das nações

1Aproximai-vosa, povos, para escutarb, prestai atenção, gentes!

Escute a terra e tudo o que ela contém, o mundo e tudo quanto ele produz.

a Estes cc. 34-35 funcionam como uma conclusão do livro, antes da inserção dos cc. 36-39, de teor histórico. Os dois capítulos têm em comum o caráter escatológico de julgamento e salvação, dispondo-se num díptico, em que se anuncia o aniquilamento de Edom (c. 34), contrastando com a promessa de bem-estar para Sião (c. 35). Às torrentes de Edom que se transformam em pez (34,9), contrapõem-se as águas que brotarão no deserto e as torrentes da estepe (35,6); os espi-nhos e cardos que crescem nos palácios de Edom (34,13) contrastam com as canas e os juncos que crescem junto dos lagos e das nascentes das águas (35,7); de um lado temos um território inóspito, que ninguém consegue atravessar, e é habitado por animais selvagens (34,11-15); do outro, um caminho aberto por onde caminham os que foram resgatados (35,8-10). Portanto, estes dois capítulos constituem uma unidade, onde se justapõem as forças hostis e a salvação definitiva de Sião. Muitas vezes aparecem associados, pelo estilo e pelos temas, ao Segundo Isaías (cc. 40-55), aspeto mais visível no c. 35.

b A convocação da terra, do céu e dos povos estrangeiros (vv.1-4) é um tema comum na literatura profética, quando se refere uma intervenção de Deus na história humana.

2Porque o SENHOR está indignado contra todos os povos, enfurecido contra todos os seus exércitos.

Votou-os ao extermínio e entregou-os à matança.

3Os seus mortos são lançados fora, os seus cadáveres espalham mau cheiro e pelas montanhas escorre o seu sangue.

4Todo o exército celeste desaparece, os céus enrolam-se como um pergaminho, todos os seus exércitos caem,

como caem as parras da videira, como caem as folhas da figueira.

Condenação de Edom

5Quando a minha espada está inebriada nos céus, eis que ela se abate sobre Edomc,

sobre o povo que votei ao extermínio, para fazer justiça.

6A espada do SENHOR está cheia de sangue,

impregnada com a gordura do sangue de cordeiros e cabritos, com a gordura das vísceras dos carneiros,

porque em Bosra se faz um sacrifício para o SENHOR

e uma grande matança na terra de Edom.

7Os búfalos cairão com eles, os vitelos com os touros,

a sua terra fica inebriada de sangue, o solo fica impregnado de gordura.

8Pois é o dia da vingança para o SENHOR, o ano da desforra pela causa de Sião.

9As suas torrentes transformar-se-ão em pez

c A terra de Edom (vv.5-17), da descendência de Esaú, filho de Isaac (cf. Gn 36,1-19.36-39), está ligada com os filhos de Jacob-Israel. Mas as relações entre Judá e Edom foram, quase sempre, de confronto, porque Edom se aproveitava do enfraquecimento de Judá nas guerras contra a Assíria e a Babilónia, ocupando os seus territórios a sul. Aqui, como em 63,1-6, Edom personifica todas as forças do mal, hostis aos planos de Deus, tal como, noutros lugares, a Babilónia (13,1-22) ou a Assíria (30,27-33). Bosra (v.6) é a cidade capital de Edom. Lilit (v.14) é um demónio feminino referido na cultura mesopotâmica que ficou também conhecida na cultura siro-palestina como demónio da noite.

e o seu solo, em enxofre; a sua terra será pez a arder.

10Não se apagará nem de noite nem de dia, o seu fumo subirá sempre;

ficará em ruínas de geração em geração, mais ninguém ali passará.

11Tomará posse dela as gralhas e os ouriços, as corujas e os corvos farão lá a sua morada; o SENHOR estenderá sobre ela

o fio do caos e o prumo do vazioa.

12Já não haverá nobres nem proclamarão a realeza, todos os seus príncipes ficarão em nada.

13Nos seus palácios crescerão espinhos, ortigas e cardos nas suas fortalezas; será mansão de chacais,

ervab para as crias da avestruz.

14Ali se reunirão hienas e gatos bravos,

o cabrito montês chamará pelo seu companheiro; ali descansará Lilit

e encontrará para si um lugar de repouso.

15Ali faz ninho a serpente, põe os ovos, choca-os e protege-os na sua sombra; também ali se juntam os abutres, cada um junto do seu companheiro.

16Procurai no livro do SENHOR e lede: nenhum deles falta, a nenhum falta o seu par, porque a sua boca o ordenou

e o seu espírito os juntou.

17É Ele que lança para eles as sortes,

a sua mão reparte para eles os lotes à medidac; hão de tomar posse dela para sempre,

de geração em geração ali hão de habitar.

a Lit.: o fio do tohu e o prumo do bohu, expressões que remetem para as duas palavras que des-crevem o estado de caos do mundo no início da criação em Gn 1,1-2.

b Ou: pátio. c Lit.: com a corda.

35

Regresso a Sião

1Alegrem-se o deserto e a terra áridad, exulte e floresça a estepe como o narciso;

2florescerá e exultará, gritando de alegria. Foi-lhe dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e do Saron.

Quanto a eles, hão de ver a glória do SENHOR, o esplendor do nosso Deus.

3Fortalecei as mãos enfraquecidas e revigorai os joelhos vacilantes.

4Dizei aos de coração perturbado: «Sede fortes! Não tenhais medo! Eis aí o vosso Deus.

Vai chegar a vingança, a retribuição da parte de Deus. Ele próprio vem e vos salvará».

5Então se abrirão os olhos dos cegos, abrir-se-ão os ouvidos dos surdos;

6o coxo saltará como um veado e a língua do mudo cantará de alegria, porque brotarão águas no deserto e torrentes na estepe.

7A terra queimada transformar-se-á em lago, a terra seca em nascentes de água;

na mansão onde os chacais se deitavam, a erva transforma-se em canas e juncos.

8Haverá ali uma estrada e um caminho, e o seu nome será Caminho Santo; nenhum impuro passará por ele. Será Ele próprio que o percorrerá e nem os insensatos se extraviarão.

d Este segundo painel (35,1-10), depois do primeiro em Is 34, anuncia o regresso dos exilados a Sião. As imagens realçam a transformação da natureza fazendo o contraste com o caos descrito no c. 34. Em Is 35 a terra de Judá e Jerusalém transformam-se nos lugares mais atrativos para viver. Os temas e as metáforas deste capítulo fazem-no relacionar com a segunda parte do livro de Isaías (cc. 40 a 55), mas também com Is 60-66, os últimos da obra atribuída a este profeta.

9Ali não haverá leões

e os animais ferozes não subirão até lá, nenhum se encontrará por ali.

Os que caminham por ele são o que foram libertados.

10Os resgatados do SENHOR regressarão por ele e chegarão a Sião em júbilo,

com uma alegria eterna no seu rosto. Acompanham-nos a alegria e a felicidade e afastam-se a tristeza e a aflição.

No documento LIVRO DE ISAÍAS AD EXPERIMENTUM (páginas 88-92)

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