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1.3 Contextualização das unidades escolares rurais

1.3.3 Infraestrutura, organização administrativa, estrutura funcional e perfil

1.3.3.6 Perfil do corpo discente

Os alunos atendidos nas unidades escolares em estudo encontram-se na faixa etária de quatro a dez anos, advindos de famílias bem estruturadas e outras com alta vulnerabilidade social, caracterizando uma população de grande diversidade socioeconômica e cultural.

De acordo com dados do PPP (2011), 80% dos alunos, em média, são moradores do bairro rural e adjacências, com residência fixa, e 20% se constituem por alunos pertencentes a uma população flutuante que ora residem na área urbana, ora na área rural. Nesses casos, na maioria das vezes, a casa é cedida para moradia desses alunos e das suas famílias (PPP, 2011).

Por residirem na área rural, a maior parte desses discentes tem limitado acesso à biblioteca pública, sendo que somente 25% alegam ter o hábito de leitura em casa. Cinemas, clubes, teatros, museus, aulas de informática, danças, modalidades esportivas diversificadas também são formas de lazer escassas. A utilização da internetse reduz a 10% dos alunos e de TV a cabo a 5%, pela falta decondições financeiras e/ou indisponibilidade de recursos técnicos que alcancem a propriedade onde residem (PPP, 2011).

A maioria tem como opção de lazer visitas à casa de parentes e amigos, jogos de videogame, programas de televisão e, eventualmente, festividades na igreja mais próxima. Passeios ao shoppinge praças se evidenciam como lazer dos finais de semana próximos ao quinto dia útil, período em que são realizados os pagamentos dos salários. Televisão e rádio se constituem como principal meio de comunicação para informação e conhecimento, sendo os jornais, livros e revistas, utilizados por menos de 40% dos alunos e suas famílias (PPP, 2011).

Diante dessa realidade verifica-se que as escolas, como instituições formadoras, têm papel primordial na ofertaà seus alunos de acesso ao que lhes é limitado, a fim de oportunizar a formação integral.

Faz-se importante destacar as condições sociais e culturais das crianças atendidas pelas escolas estudadas, visto que, ao implementar o projeto de recuperação paralela,é importante que ele seja formulado de forma a possibilitar condições reais de aprendizado frente à realidade na qual vivem.

Em relação à demanda de alunos residentes no bairro e adjacências atendidos nas unidades escolares citadas, verificou-se que, entre os anos de 2009 a 2012, todas as escolas sofreram decréscimo no número de alunos matriculados. A Tabela 1 evidencia que, em decorrência da baixa demanda, já que atende ao meio rural, de 2009 para 2012, a unidade escolar vinculadora apresentou decréscimo de vinte e cinco matrículas, a V1 de dezesseis matrículas, a V2 de doze matrículas e a V3 de cinco.

Tabela 1 - Número de matrículas nas unidades escolares pesquisadas Matriculas no período de 2009 a 2012

EMEIEF Rural Flor do

Campo V1 V2 V3

2009 166 93 41 49

2010 155 89 39 48

2011 142 81 37 46

2012 141 77 29 44

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados do SISTEMA PRODESP (2009 e 2012).

Ao comparar o número de matrículas das unidades escolares às das escolasmunicipais, pode-se verificar que seu decréscimo também ocorre, como mostrado no Gráfico 4.

Gráfico 4 - Número de matrículas nas escolas municipais de Limeira nos anos iniciais do ensino fundamental (2009 a 2012)

Fonte: MEC/ INEP (2013).

Considerando que K representa o valor do gráfico multiplicado por mil, em 2009 o nível de ensino analisado apresentava, em termos absolutos, 16.153 matrículas, caindo para 15.430, em 2010, 13.413, em 2011, chegando a 13.078 matrículas no ano de 2012. Percebe-se que, em 2011, houve uma queda brusca, correspondente a 2.023 matrículas a menos que no ano anterior.

Este fato coloca o decréscimo das matrículas das unidades escolares rurais pesquisadas em paridade com as matrículas a nível municipal.

Aprofundando a investigação,constata-se que esse efeito também pode ser observado no âmbito nacional, o que evidencia essa tendência de progressiva diminuição do número de matrículas, como ilustrado noGráfico 5.

Gráfico 5 - Evolução do número de matrículas no ensino fundamental-Brasil (2007 a 2012)

Fonte:Censo Escolar da Educação Básica - Resumo Técnico (2012, p. 20).

Ao se observar o Gráfico 5, verifica-se que as matrículas nos anos iniciais do ensino fundamental, vêm diminuindo desde 2007, em uma média de 2% a 3% a cada ano. Em 2012, houve um decréscimo em termos absolutos de 344.740 matrículas em relação a 2011, o que corresponde a uma queda de 2,2%.

Embora em um primeiro momento essa tendência pareça ser negativa, tem como uma das explicações a questão demográfica constatada nos últimos anos. Segundo dados do IBGE (2010), a diminuição do número de alunos matriculados no ensino fundamental é resultado da queda da taxa de natalidade, pois, se nas décadas de 1970 e 1980 as mulheres tinham, em média, quatro filhos, a partir de 2005, optaram por, no máximo, dois filhos (IBGE, 2010).

Tal justificativa retrata boa parte do contexto das escolas pesquisadas, visto que, como mostra o Gráfico 6, em relação ao número de pessoas residentes na casa, 15% é formada por duas a três pessoas, 69% por quatro a cinco pessoas, 11% por seis a sete indivíduos e 5% por mais de oito indivíduos. Ao verificar as fichas de matrículas dos alunos pertencentes a essas famílias, observa-se que 84% têm de um a três filhos no máximo, e 16% mais que três filhos.

Gráfico 6 - Número de pessoas residentes na casa

Fonte: PPP. 2011, [s.n.].

Há também a questão da migração de alunos da escola pública para a privada, no entanto, no contexto das escolas pesquisadas, não se constata esse fato. Vale lembrar, ainda, que dentro desta diminuição de matrículas, temos 20% da população flutuante de alunos. Estas famílias geralmente vêm de outros estados, municípios e bairros da cidade para trabalhar na agricultura, se estabelecem na área rural por determinado período e migram novamente para as regiões de onde vieram.

A partir das informações destacadas, pode-se inferir que, no caso das escolas pesquisadas, em virtude de sua localização rural, o decréscimo no número de matrículas pode estar sendo influenciado por um conjunto de variáveis. Essas se caracterizam pelo êxodo rural, pelaconstante migração de uma parcela dos alunos que fazem parte do grupo da população flutuante, assim comopela tendência demográfica relacionada à diminuição da fecundidade por opção dos casais.

15%

69%

11%

5%

Faz-se importante destacar esses dados, visto que a formação de classes regulares e de recuperação paralela depende da demanda de alunos. Hácasos nas escolas pesquisadas, de formação de classes regularesmultisseriadas em decorrência do pequeno número de matrículas.

Além disso, a Resolução SME nº 05/2012 estabelece um número mínimo de alunos, como destacado no seu artigo 7º, parágrafo 1º, para a formação de turmas de recuperação paralela: “Para cumprimento do disposto neste artigo, as escolas poderão agrupar alunos das diferentes classes, sendo que o mínimo é de dez e o máximo é de 15 alunos” (LIMEIRA, RESOLUÇÃO SME nº 05/2012, ART. 7, § 1º). Assim, para a realidade aqui exposta, com uma demanda de matriculas pequena e em gradativa diminuição, torna-se necessário fazer adequações e promover ações para requerer parecer favorável da Secretaria Municipal de Educação para a constituição das turmas de recuperação paralela,que, habitualmente,têm menos de dez alunos.