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2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS, ABORDAGEM METODOLÓGICA E ANÁLISE

2.3 O PERFIL E A ANÁLISE DAS PERCEPÇÕES DOS ATORES ESCOLARES

2.3.1 Perfil dos entrevistados

Nesta primeira subseção faremos a apresentação de um quadro que caracteriza os sujeitos pesquisados no trabalho de campo.

Quadro 5 - Perfil da equipe escolar entrevistada

Profissional Identificação do entrevistado no texto Formação Acadêmica Tempo de atuação na

instituição magistério Tempo no

Regime de Contratação

Gestor (a) Gestora da Escola

Normal Superior e Especialização

em Gestão Escolar

7 anos 22 anos Estatutário

Professor (a) Professor(a) A

Normal Superior, Letras – Língua Portuguesa e Especialização em Metodologia do Ensino da LP

15 anos 27 anos Estatutário

Professor (a) Professor(a) B

Licenciatura em Matemática e Pós-graduação em Matemática

4 anos 24 anos Estatutário e Contrato

Professor (a) Professor(a) C

Licenciatura Em Ciências Naturais

3 anos 28 anos estatutário Professor (a) Professor(a) D Superior Normal 17 anos 20 anos Estatutário Professor (a) Professor(a) E Superior e Normal

Teologia 5 anos 22 anos

Estatuário e Contrato Professor (a) Professor(a) F Superior Normal 30 anos Estatutário

O quadro 5 estabelece o perfil dos profissionais da escola que compõem o primeiro bloco de questões da entrevista, tendo como finalidade a identificação dos sujeitos da pesquisa. Tendo em vista preservar a identidade dos sujeitos entrevistados eles serão identificados como Gestora da Escola e os(as) Professores(as) A, B, C, D, E e F.

Pelo quadro podemos verificar que todos os entrevistados possuem formação superior, sendo que a maioria obteve a graduação inicial em Normal Superior, com exceção dos (as) professores(as) B e C que se licenciaram em Matemática e Ciências Naturais, respectivamente.

O(a) professor(a) A, embora hoje possuindo licenciatura em Letras-Língua Portuguesa, portanto, com habilitação específica para atuar na área de Língua Portuguesa, obteve sua primeira licenciatura em Normal Superior, e posteriormente a formação específica através do PARFOR, programa do MEC destinada à formação dos professores da Educação Básica. Segundo ela, após os primeiros anos de seu ingresso no magistério em que atuou nas séries iniciais do EF, a maior parte de sua experiência na docência tem sido especificamente em Língua Portuguesa, embora não tivesse formação específica.

O Professores B e C, com formação específica em Matemática e Ciências Naturais, obtiveram sua formação através de um programa de formação da UFAM em parceria com a SEDUC/AM que foi ofertada em um município distante, mais de 200 km de Anori, onde a universidade possuía um polo, com oferta de vagas limitadas. Essa formação ocorreu anos antes da graduação em Normal Superior que foi estendida a todos os docentes.

Tambémpodemos observar que os Professores A e B possuem formação em nível de Especialização em suas áreas de atuação. O(a) Professor(a) E, antes da graduação em Normal Superior, obteve formação em nível superior na área de Teologia em curso de orientação confessional católica, não reconhecido pelo MEC.

Salientamos que a atuação de professores sem formação específica na educação pública no Amazonas é uma prática comum, visto que há uma carência da oferta de cursos licenciaturas nas diversas áreas de conhecimento ao alcance daqueles que ingressam no magistério. A ausência de um programa de formação inicial por parte da rede ensino estadual tem se tornado um entrave para aqueles que buscam aprimoramento profissional, a exceção de alguns municípios de maior parte, contemplados com unidades da UFAM,

UEA ou de instituições particulares. Somente em 2002 a SEDUC/AM, em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas, lançou um programa de formação em serviço em nível de graduação a todos os municípios e profissionais da rede.

O programa denominado PROFORMAR ofertava acesso ao Normal Superior presencial, duas vezes por ano, em um sistema mediado por tecnologia via satélite. A formação em serviço ocorreu em duas etapas, permitindo que mais de noventa por cento dos profissionais da educação em exercício profissional obtivessem a formação superior específica para Educação Infantil e anos iniciais do EF. Em razão disso, justifica-se que a maioria dos professores entrevistados tenha graduação em Normal Superior.

A formação docente enquanto uma dimensão intraescolar que pode contribuir para a melhoria do desempenho escolar está para além do controle da escola, pois depende de políticas de formação de docentes em nível da gestão dos sistemas de ensino, envolvendo grande quantidade de recursos e da estrutura de instituições de formação superior. No caso específico dos anos finais do EF, em que se exige formação específica para as diferentes áreas do conhecimento, a demanda pela oferta de licenciaturas tem se tornado um grande desafio para as unidades de ensino e para os profissionais que atuam sem formação, principalmente nos pequenos municípios. Alguns que por esforço próprio procuram aprimorar seus conhecimentos o fazem com muito sacrifício pessoal, pois precisam deslocar-se a outras cidades, arcando com todos os custos, exceto os custos do curso em si, quando é ofertado por meio de algum programa de formação, como o PARFOR.

As políticas de formação docente implementada pelo sistema de ensino não têm levado em consideração a demanda de formação específica da rede de ensino para os anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, tampouco a importância dessa formação para melhoria da qualidade da educação pública.

Apesar da importância da formação docente, como uma dimensão interna da escola para a aprendizagem do aluno e consequente melhoria do desempenho escolar, a política de formação de professores não depende da unidade de ensino, mas dos órgãos gestores do sistema de ensino..

A Gestora da Escola também é graduada em Normal Superior. Possui pós- graduação em nível de Especialização em Gestão Escolar, formação obtida após assumir a gestão da escola. Segundo relatou na entrevista, não tinha formação específica na área de

gestão escolar quando assumiu a direção da escola, bem como não havia exercido a função anteriormente. Sua nomeação para o cargo se deu por indicação política com apoio da Coordenadora de Educação Estadual no município, modelo adotado pela Secretaria de Educação. Ocupa o cargo de gestora da escola há seis anos.

Antes de assumir a gestão da escola, atuava na educação pública da rede municipal e estadual, possuindo experiência nas séries iniciais e finais do EF. Sua atuação na EEMS sempre foi de gestora, sendo que sua experiência no exercício da docência ocorreu em outras unidades escolares.

Neste bloco de identificação dos profissionais entrevistados, além das quatro questões apresentadas no quadro 5, incluímos no roteiro da Gestora da Escola mais três questões pertinentes à função que consideramos relevantes . As questões tratam da formação quando assumiu o cargo, experiência anterior no cargo de gestão e se atualmente já possui formação na área de gestão escolar.

Pelos relatos dos entrevistados ressaltamos que todos possuem entre 15 a 30 de anos de experiência profissional, alguns em final de carreira. Quando perguntamos sobre o ingresso

no magistério, todos os entrevistados responderam que ingressaram com habilitação para os anos iniciais do EF em curso Técnico em Magistério em nível médio, e os primeiros anos de suas experiências docentes foram com essa formação, às vezes atuando nos finais do EF. Verificamos que o regime de contratação de todos, em pelo menos um contrato são professores efetivos, ou seja, ingressaram na carreira do magistério por meio de concurso público. Vale a pena destacar que a praticamente a totalidade dos entrevistados exerce uma carga horária de 40 horas semanais, com exceção do Professor F que atua apenas com 20 horas.

Observamos que os profissionais entrevistados possuem um tempo razoável de efetivo desempenho de suas funções docentes na escola, fator que favorece o compromisso com os projetos desenvolvidos, com a aprendizagem dos alunos e com a melhoria do desempenho escolar. A escola não tem enfrentado o problema da rotatividade de professores, o que é relativamente comum nas escolas públicas. Pela fala dos professores, podemos verificar que aqueles que possuem um regime de contratação de 40 horas semanais exercem suas atividades nos dois turnos, tendo dedicação total à escola. A única

exceção é a Professor(a) C que neste ano de 2015 está atuando em outra escola no turno noturno. Essa atuação nos dois turnos, sempre que possível, está organizada de tal forma que o professor atue na mesma disciplina e nas mesmas séries/anos.

Concluída a caracterização do perfil dos profissionais da escola entrevistados, passaremos a percepção deles em relação à influência dos fatores intraescolares e o desempenho da escola nos eixos de análises.